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Nascer e Crescer
versão impressa ISSN 0872-0754
Nascer e Crescer vol.24 supl.2 Porto dez. 2015
RESUMO DOS POSTERS / POSTERS PRESENTATIONS - ABSTRACTS
PD_16
Quisto branquial: a propósito de um caso clínico
Ana Sofia Marinho1, Catarina Sousa1, Ana Coelho1, Cidade Rodrigues1, Mónica Recamán1, Fátima Carvalho1
1 Serviço de Cirurgia Pediátrica, Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
Introdução: As anomalias dos arcos branquiais correspondem a 30% de todas as anomalias congénitas cervicais, sendo um importante diagnóstico diferencial a considerar na patologia do pescoço em idade pediátrica. A sua apresentação clínica pode variar entre quistos, sinus ou fistulas, e a sua localização mais comum é ao longo da face anterior do músculo esternocleidomastoideu. Apesar de muitos médicos considerarem o seu diagnóstico fácil e aparente, artigos recentes descrevem baixos índices de acurácia diagnóstica. Uma história clínica detalhada, que inclua a idade do doente, o tamanho e a duração da lesão, bem como a presença ou ausência de sintomas associados é de crucial importância para um correto diagnóstico.
Caso Clinico: Apresentamos um caso clínico de uma criança do sexo feminino com 10 anos, sem antecedentes pessoais de relevo, referenciada à consulta externa de Cirurgia Pediátrica pelo Médico Assistente por uma tumefação cervical direita assintomática, com meses de evolução, detetada no exame objetivo de rotina. Na nossa consulta, detetada tumefação cervical direita no terço médio do pescoço, anteriormente ao músculo esternocleidomastoideu, de consistência elástica, com cerca de 30cm x 25cm. Do estudo complementar realizado apresenta ecografia com descrição de lesão compatível com quisto branquial. Doente submetida a exérese cirúrgica completa da lesão, sob anestesia geral. Resultado anatomopatológico definitivo a confirmar a presença de um quisto branquial do tipo amigdalóide.
Comentários: Os quistos branquiais correspondem a 17% de todas as massas cervicais encontradas em idade pediátrica. A grande maioria destes origina-se a partir do segundo arco branquial. Os quistos branquiais devem ser lembrados no diagnóstico diferencial de qualquer tumefação na porção lateral do pescoço, principalmente quando ocorrem nas primeiras décadas de vida. Um diagnóstico pré-operatório incorreto destas lesões não é incomum, sendo os principais diagnósticos diferenciais o linfangioma, a linfadenite cervical, o quisto do ducto tireoglosso, os quistos dermóides e neoplasias, entre outros. O estudo imagiológico é de crucial importância nesta patologia, quer para orientar o diagnóstico, quer para facilitar a técnica cirúrgica, sendo que apenas a histologia da lesão nos dá o diagnóstico definitivo. O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica completa.