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Nascer e Crescer

Print version ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.23  supl.3 Porto Nov. 2014

 

POSTERS

 

PM-35

Olhar com olhos de ver

 

 

Carlos Pedro MendesI; Ana Luís PereiraI; Ana Pinheiro TorresI; Beatriz SoaresI; Célia SilvaII

IUSF Salvador Machado, ACES Entre Douro e Vouga I
IIUSF Famílias, ACES Entre Douro e Vouga II

 

 

Introdução: A abordagem das situações agudas em idade pediátrica tem características e necessidades específicas e, por isso, a detecção rápida e precoce dos sinais de alarme numa criança doente exige prática, atenção e sensibilidade. O facto de muitas vezes as queixas serem reportadas por um adulto e não pela própria criança acrescenta subjetividade e aumenta a dificuldade na avaliação.

Caso clínico: LYSMC, sexo feminino, 5 anos. Família nuclear, fase III do Ciclo de Vida Familiar de Duvall, classe social média baixa de Graffar. Sem antecedentes pessoais de relevo (parto eutócico às 40 semanas, bom desenvolvimento estatoponderal e psicomotor), sem medicação crónica. Os pais recorreram à consulta aberta por nesse dia terem sido contactados por parte do infantário por recusa da criança em descer as escadas porque “tinha medo de cair”. Da anamnese destaca-se episódios recorrentes de cefaleias com 2 semanas de evolução de predomínio frontal e vespertinas, não associadas a despertares nocturnos, sendo referida alguma irritabilidade durante os episódios. Sem alterações do comportamento (manteve frequência no infantário). Durante este período há agravamento das queixas (tanto em frequência como em severidade) e na última semana teve episódios esporádicos de vómitos sem horário preferencial. Apesar da pouca colaboração da criança, ao exame neurológico foi possível observar: oculomotricidade preservada, sem nistagmo, reflexo pupilar e consensual diminuídos, hipovisão sobretudo no olho direito, capacidade de identificar objetos com o olho esquerdo mas não com o olho direito, sem assimetrias da face, protusão simétrica da língua, elevação do palato simétrica. Tendo em conta as alterações encontradas a criança foi referenciada ao SU do CHEDV, tendo sido posteriormente reencaminhada para o Hospital Geral de Santo António, onde esteve internada durante 7 dias por encefalomielite disseminada aguda.

Discussão: Uma grande percentagem das situações agudas em idade pedi átrica são auto-limitadas e passíveis de resolver nos cuidados de saúde prim ários. Muitas vezes existe dificuldade em atribuir importância a sintomas vagos, inespec íficos e descritos por outra pessoa que n ão o doente. Este caso clínico surge nesse contexto, pretendendo demonstrar a importância de uma boa anamnese e exame físico, uma vez que por detr ás de uma queixa aparentemente simples e possivelmente benigna pode estar algo mais complexo.

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