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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.23  supl.3 Porto nov. 2014

 

COMUNICAÇÕES ORAIS

 

CO-16

O telescópio monocular na consulta de baixa visão pediátrica: um desafio multidisciplinar

 

 

João Pedro MarquesI; José CostaI; João Quadrado GilI; Pedro GilI; Teresa MesquitaI; Catarina PaivaI

ICentro de Responsabilidade Integrado em Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

 

 

Introdução: O telescópio monocular é uma ajuda técnica para indivíduos com baixa visão, especialmente direcionada para a visão de longe. Apesar das inúmeras vantagens proporcionadas pela ampliação de alvos distantes, a correta utilização do telescópio implica uma fusão complexa entre controlo de ação, motricidade fina e coordenação mão-olho. Uma vez que atrasos no desenvolvimento motor são comuns em crianças com baixa visão, manusear um telescópio pode revelar-se uma tarefa árdua e cansativa. Por este motivo, na nossa consulta de baixa visão, é delineado um programa individual de reabilitação que envolve uma equipa multidisciplinar de profissionais altamente diferenciados em áreas que passam da oftalmologia à psicologia clínica, educação especial, medicina física e reabilitação e (neuro)desenvolvimento. O objetivo deste trabalho passa pela avaliação do sucesso da reabilitação visual com telescópio monocular em crianças e adolescentes com baixa visão.

Métodos: Estudo retrospetivo, série de casos. Analisaram-se os registos clínicos dos doentes pediátricos (0 a 17 anos de idade) que frequentam a consulta de Baixa Visão e selecionaram-se aqueles aos quais o telescópio monocular foi prescrito como parte do programa de reabilitação visual.

Resultados: Foram incluídos 19 doentes neste estudo, 11 do sexo masculino e 8 do sexo feminino, com uma idade média de 10,05±4,00 anos. O tempo médio de seguimento foi de 28,00±17,34 meses (mediana 34 meses). A melhor acuidade visual corrigida média inicial era de 62±12 letras ETDRS. Após a introdução do telescópio monocular, verificou-se uma melhoria significativa em todos os doentes (p<0.001). O ganho médio foi de 33±12,14 letras (mínimo 15, máximo 55; mediana 35). O telescópio foi introduzido antes dos 10 anos em 11 doentes (57,89%), 7 dos quais do sexo masculino.

Conclusão: Mesmo na comunidade oftalmológica, há uma considerável falta de informação relativamente às intervenções disponíveis para a reabilitação visual de crianças com baixa visão. Neste estudo, o telescópio monocular revelou-se uma ferramenta de indubitável benefício na reabilitação visual de crianças e adolescentes com baixa visão, demonstrando que o seu uso deve ser amplamente estimulado. É nossa convicção que, sempre que possível e oportuno, a introdução precoce do telescópio (i.e. idade pré-escolar) deve ser tentada, uma vez que influencia de forma dramática a adaptação da criança a esta valiosa ajuda técnica.

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