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Revista Portuguesa de Educação

versão impressa ISSN 0871-9187

Rev. Port. de Educação vol.30 no.2 Braga dez. 2017

https://doi.org/10.21814/rpe.9367 

ARTIGOS

As tecnologias digitais na aprendizagem das crianças e no envolvimento parental no Jardim de Infância: Estudo exploratório das necessidades das educadoras de infância

Digital technologies for learning activities with children and parental involvement in kindergarten: An exploratory study on the needs of kindergarten teachers

Les technologies digitale dans l'apprentissage des enfants et la participation des parents a le jardin d’enfants. Étude diagnostique sur les besoins des éducateurs de l'enfance

 

Dionísia Laranjeiroi, Maria João Antunesii & Paula Santosiii

Universidade de Aveiro, Portugal

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

É cada vez mais comum o uso das tecnologias digitais por pais e educadores de infância para realizar atividades promotoras de aprendizagem com as crianças, tais como fazer uma pesquisa na Internet ou jogar um jogo didático. A conceção de uma plataforma tecnológica que promova a comunicação entre pais e educadores poderá potenciar o envolvimento parental na aprendizagem das crianças e criar novas dinâmicas no jardim de infância. Com este estudo, baseado em entrevistas a quatro educadoras, pretende-se averiguar como é utilizada a tecnologia no jardim de infância para realizar atividades com as crianças e para comunicar com os pais, de forma a facilitar o seu envolvimento. Também se pretende perceber como estas atividades podem ser ampliadas, usando uma plataforma digital com funcionalidades específicas. Os resultados indicam que a plataforma deve reunir informações oficiais do jardim de infância e das atividades realizadas com as crianças, contactos diretos dos pais, sugestões e links para recursos educacionais.

Palavras-chave: Jardim de infância; TIC; Envolvimento parental; aprendizagem

 

ABSTRACT

Digital technologies are being increasingly used by parents and kindergarten teachers to perform learning activities with children, such as access the Internet, make an online search or play an educational game. The development of a technological platform that promotes communication and content sharing between parents and kindergarten teachers can enhance parental involvement in children’s learning and bring new dynamics to kindergarten classrooms. Based on interviews with four kindergarten teachers, this study aims to find out how they use technology in kindergartens to perform learning activities with children and share information with parents, in order to facilitate their involvement and participation. It also aims to understand how these activities could be expanded through the development of a digital platform with specific features. The results indicate that the platform should gather official information from the kindergarten and activities carried out with children, direct contacts of the parents, suggestions and links to educational resources.

Keywords: Kindergarten; ICT; Parental involvement; Learning

 

RÉSUMÉ

L’utilisation des technologies par les parents et les éducateurs du jardin d’enfants pour effectuer des activités qui favorisent l'apprentissage des enfants, par exemple, faire de la recherche à l'Internet ou jouer un jeu éducatif, est de plus en plus commune. La conception d'une plateforme technologique qui favorise la communication entre les parents et les éducateurs peut accroître la participation des parents dans l'apprentissage des enfants et apporter une nouvelle dynamique dans le groupe d’enfants. Cette étude, basée sur des entretiens avec quatre éducateurs, vise à découvrir comment elles utilisent la technologie pour faire des activités d'apprentissage avec les enfants et communiquer avec les parents, afin de faciliter leur participation. Elle cherche également à comprendre comment ces activités pourraient être développées avec une plateforme digitale. Les résultats indiquent que la plateforme devrait recueillir des informations officielles du jardin d’enfants et des activités menées avec les enfants, les contacts directs des parents, les suggestions et les liens ver des ressources éducatives.

Mots-clé: Jardin d’enfants; TIC; Participation des parents; Apprentissage

 

Introdução

Este artigo insere-se numa investigação em curso, mais alargada1, em que se pretende desenvolver uma plataforma tecnológica para o envolvimento parental na aprendizagem das crianças que frequentam o jardim de infância (JI), integrando pais e educadores de infância em todo o processo, desde o levantamento de necessidades para definição das especificações funcionais, aos testes e melhorias do protótipo tecnológico, utilização da plataforma durante um ano letivo, terminando com um estudo sobre o impacto da plataforma no envolvimento parental na aprendizagem das crianças que frequentam o JI. Nesta investigação participam quatro salas de três JI da região de Aveiro: duas salas em duas instituições privadas de solidariedade social (JI1 e JI2) e duas salas numa instituição privada (JI3), envolvendo quatro educadoras de infância e os encarregados de educação dos respetivos grupos de crianças. Numa primeira fase da investigação, foi já realizado um inquérito por questionário aos encarregados de educação para auscultar as suas necessidades e expectativas relativamente à plataforma. Os resultados mostram que os encarregados de educação valorizam algumas funcionalidades: notícias e calendário de eventos, galeria de fotografias e vídeos de projetos das crianças e mensagens privadas com o educador. A maior vantagem da plataforma é aceder a informações atualizadas sobre o trabalho realizado no jardim de infância. Uma preocupação geral dos encarregados de educação é a proteção de informações pessoais, em particular a partilha de fotografias onde as crianças são identificadas (Laranjeiro, Antunes, & Santos, 2016). Nesta fase pretende-se auscultar as educadoras, para incluir as suas perspetivas e necessidades numa plataforma que deve melhorar a comunicação com os encarregados de educação e promover o envolvimento parental na aprendizagem das crianças.

 

Enquadramento

Uso da tecnologia para atividades de aprendizagem com as crianças no jardim de infância (JI)

Atualmente assistimos à proliferação do uso da tecnologia no dia a dia das famílias, para fins diversos, desde o trabalho ao entretenimento, comunicação e organização pessoal. As crianças crescem familiarizadas com tecnologias como os computadores, a Internet, os videojogos, os tablets e os telemóveis, usando-as para brincar, aprender e comunicar. A linguagem digital faz parte das vidas destes nativos digitais, podendo até alterar os seus padrões de pensamento e a forma como aprendem (Prensky, 2001). A aprendizagem das crianças mais novas é intuitiva e orientada à ação. A tecnologia, em particular o computador, pode ser usada para construção do conhecimento, pois oferece inúmeras possibilidades de aprendizagem sobre o mundo envolvente (Papert, 1996). Amante (2007) refere vários estudos que realçam os contributos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na aprendizagem das crianças pequenas, nomeadamente ao nível do desenvolvimento da linguagem (fluência e complexidade de discurso, comunicação verbal e colaboração, linguagem escrita, vocabulário, sintaxe e reconhecimento de palavras, entre outros); pensamento matemático (contagem, classificação, pensamento lógico, geométrico e espacial, resolução de problemas); conhecimento do mundo e contacto com outras realidades naturais, sociais e culturais; educação para a diversidade, multiculturalidade e formação cívica. A importância do tema é reforçada com recomendações para a introdução das TIC na educação (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization [UNESCO], 2011), o Policy Brief da UNESCO para uso das TIC na educação pré-escolar (Kalas, 2012), ou a declaração de posição da National Association for the Education of Young Children (NAEYC, 2012), que defende a integração de tecnologia e media interativos como ferramentas de aprendizagem na educação pré-escolar. As ferramentas tecnológicas devem satisfazer objetivos específicos de aprendizagem, tais como envolver o aluno na construção do conhecimento, potenciar a criatividade e a expressividade, promover a interação e o trabalho colaborativo, explorar formas de aprendizagem autónoma e permitir a apresentação dos seus trabalhos a um público (Crook, 2008).

Naturalmente, e cada vez mais, os JI introduzem dispositivos tecnológicos nas suas atividades com as crianças. Neste domínio, é necessário que o educador de infância tenha a confiança necessária para planear atividades de aprendizagem com recurso às tecnologias (Costa, Rodriguez, & Fradão, 2012). O educador terá como funções proporcionar atividades com materiais adaptados aos interesses das crianças, como jogos digitais; monitorizar o uso e o tempo ao computador; dar suporte técnico; apoiar, intervindo em algumas tarefas, e, gradualmente, ir deixando a criança ser mais autónoma no uso do computador. Poderá ainda preparar questões, incentivar o pensamento crítico, a reflexão e a experimentação, e observar a criança, para compreender o seu processo de aprendizagem e o desenvolvimento do seu pensamento, aquando da utilização da tecnologia (Clements & Sarama, 2002). Brito (2010) efetuou um questionário a educadores de infância de todo o país, para verificar atitudes e práticas na utilização do computador no JI. Das 363 respostas que obteve, pôde concluir que a maioria dos educadores considera a utilização das TIC muito importante para a aprendizagem das crianças, em particular nas áreas de conteúdo, como a Matemática e a Língua Portuguesa. Grande parte dos educadores refere alterações positivas nas crianças, a nível cognitivo e motor, associadas ao manuseamento do computador.

 

Uso da tecnologia para envolvimento parental

O envolvimento parental é um tema muito abrangente, que implica a participação dos pais em atividades relacionadas com os contextos educativos formais frequentados pelos seus filhos (Laranjeiro, Antunes, & Santos, 2016). Na educação pré-escolar, o envolvimento parental compreende a participação em atividades na sala do JI (por ex., ler um livro, fazer um bolo), ações de voluntariado (por ex., organizar um evento), ou mesmo participação na definição do plano pedagógico. O envolvimento parental na aprendizagem pressupõe ainda, por um lado, saber o que a criança aprende no JI, dialogando com ela e comunicando com o educador para conhecer o seu progresso; por outro lado, ajudar a criança a progredir, realizando atividades educativas em casa (Reynolds & Shlafer, 2010). A importância do envolvimento parental tem sido objeto de várias investigações, das quais se destacam, seguidamente, algumas conclusões. O envolvimento parental tem um efeito significativo na adaptação da criança e no sucesso na aprendizagem, independentemente de outros fatores, como a classe social (Desforges & Abouchaar, 2003). O envolvimento em casa tem um papel vital nos resultados dos alunos e na atitude positiva face à escola (Melhuish et al., 2008). As expetativas que os pais transmitem aos filhos sobre o que aspiram para eles a nível académico têm forte influência no seu sucesso (Fan & Chen, 2001). Nas crianças em idade pré-escolar, acresce o impacto do envolvimento parental no desenvolvimento geral, no desenvolvimento cognitivo e na preparação para a escola (Hilado, Kallemeyn, & Phillips, 2013). Há uma relação entre o envolvimento parental no JI e o desempenho das crianças na leitura e na matemática (Sonnenschein, Stapleton, & Metzger, 2014). As relações positivas entre educadores e pais influenciam a aquisição de competências sociais das crianças (Diamond, Justice, Siegler, & Snyder, 2013). Uma comunicação escola-família eficaz está também associada ao sucesso académico (Lunts, 2003). Quando os pais comunicam construtivamente com os professores e participam em atividades escolares, têm uma maior compreensão do que as suas crianças devem aprender e como podem melhorar a sua educação, em casa (Stevenson & Baker, 1987). O feedback e as recomendações dos educadores podem ajudar as famílias a criar experiências de aprendizagem em casa, baseadas no que as crianças aprendem no JI (Fantuzzo et al., 2013). A comunicação entre a escola e a família está na base do envolvimento parental. Como o estilo de vida das pessoas tem vindo a mudar, as formas de comunicação também evoluem. As ferramentas tecnológicas, como websites, sites de redes sociais, blogs ou e-mails, originam novos canais de comunicação de que os educadores podem tirar partido para envolver os pais, partilhar experiências e melhorar a relação escola-família.

Alguns projetos de investigação em que se promoveu o envolvimento parental no JI, através de ferramentas tecnológicas, apresentam resultados positivos a considerar:

− No JI do Campus da Universidade de Michigan-Dearborn, EUA, que recebe 140 crianças entre 1 e 6 anos, a tecnologia é usada como forma de documentação das atividades de aprendizagem, permitindo a organização de ideias, pensamento crítico, reflexão e apresentação a uma comunidade. Neste contexto, promoveu-se o uso de uma rede social privada para partilha entre educadores e pais, o que manteve os pais atualizados sobre as atividades dos filhos e envolveu os pais em atividades conjuntas com os filhos e com os educadores. Os educadores confirmaram que quanto mais publicavam, mais os pais participavam. A tecnologia instituiu-se como uma forma de comunicação e colaboração privilegiada entre os membros da comunidade de aprendizagem da criança (Hong & Trepanier-Street, 2004).

− No Centro de Educação Infantil Maria Bittencourt Saut, no Brasil, o uso de uma plataforma digital para partilhar com os pais os trabalhos desenvolvidos no JI promoveu a participação e o envolvimento a partir de casa. Os pais comentavam, reagiam e acompanhavam o processo educacional dos filhos, de forma mais intensa. As relações virtuais permitiram uma melhoria significativa no processo educacional da instituição (Santos, 2013).

− Num projeto de investigação desenvolvido no JI de Rio Covo – Barcelos, o uso de uma rede social personalizada para comunicação e partilha de trabalhos com os pais facilitou e promoveu a aproximação dos pais à instituição. Os pais participaram ativamente, contribuindo com o seu conhecimento para o desenvolvimento de projetos. Tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido em contexto de sala e prolongar a aprendizagem em casa, comentando, partilhando e sugerindo conteúdos (Faria & Ramos, 2011).

− Num JI do Agrupamento Amadeo de Souza-Cardoso – Amarante, implementou-se um projeto de utilização de recursos digitais para promover o desenvolvimento de multiliteracias, no qual as crianças usaram o computador para criar narrativas e partilhar posteriormente num blog. O acesso ao blog permitiu aos pais participarem e envolverem-se, comentando os projetos das crianças, com afinco. Estes comentários alargaram afetos e relações das crianças, contribuindo para o seu desenvolvimento e para uma aprendizagem construtiva e colaborativa (Teixeira, 2014).

− Um estudo de caso num JI de Felgueiras, onde as crianças produziram vídeos e publicaram na plataforma de vídeos YouTube, veio mostrar que esta tecnologia facilitou o desenvolvimento cognitivo e social, a conversação, colaboração e familiarização com ferramentas de edição de imagem e áudio. A possibilidade de os pais verem, em casa, os vídeos partilhados, o número de visualizações e os comentários deixados aos vídeos suscitou entusiasmo, valorizando e incentivando à continuação do trabalho (Braga, Ramos, & Braga, 2015).

− O uso de um blog para averiguar o seu impacto no processo de aprendizagem digital e intergeracional, que decorreu no JI de Rubiães – Paredes de Coura, envolvendo um grupo heterogéneo de 19 crianças e um grupo de utentes de um centro de convívio, mostrou favorecer o desenvolvimento das crianças e dos idosos. Ao mesmo tempo, a partilha online das atividades intergeracionais incitou o interesse positivo e a participação das famílias. O blog cumpriu uma função informativa e de aproximação da família ao JI, servindo também como ferramenta de e-learning para as crianças (Pereira, 2014).

Destes projetos sintetizam-se alguns benefícios resultantes do envolvimento parental com ferramentas tecnológicas: maior participação e feedback dos pais; maior conhecimento do trabalho desenvolvido no jardim de infância; melhor relação entre pais e educadores; e aumento da capacidade dos pais para promover a aprendizagem das crianças em casa. Estes estudos reforçam a pertinência do desenvolvimento de uma plataforma digital de envolvimento parental na aprendizagem das crianças, dinamizada por educadores de infância e encarregados de educação. As educadoras de infância participantes no projeto serão as principais dinamizadoras da plataforma, pelo que foi primordial compreender o que poderia levar à sua adesão e utilização.

 

Método

Objetivos do estudo

Este artigo focaliza-se num estudo diagnóstico e exploratório com as educadoras, de forma a contemplar as suas necessidades nas especificações funcionais da plataforma. Assim, elaborou-se um inquérito por entrevista, com os seguintes objetivos específicos:

  • Obter informação sobre as práticas das educadoras relativamente à utilização de ferramentas digitais para realizar atividades com as crianças no JI e, também, para comunicar e envolver os encarregados de educação na sua aprendizagem;
  • Averiguar qual a perceção das educadoras sobre o uso de uma plataforma digital específica para envolvimento parental e dinamização de atividades com as crianças: i) suas vantagens e desvantagens; ii) dispositivos a utilizar e frequência de utilização; iii) conteúdos, ferramentas e dinâmicas que a plataforma deverá contemplar.

Sujeitos participantes no estudo

A entrevista foi realizada às quatro educadoras de infância dos JI participantes nesta investigação: uma educadora (Ed1) do JI1, com um grupo de 22 crianças e 20 encarregados de educação; uma educadora (Ed2) do JI2, com um grupo de 24 crianças e 24 encarregados de educação; uma educadora (Ed3) do JI 3, com um grupo de 21 crianças e 20 encarregados de educação; uma educadora (Ed4) do JI3, com um grupo de 23 crianças e 20 encarregados de educação.

Planificação das entrevistas

A entrevista semiestruturada foi o meio escolhido para inquirir as educadoras, uma vez que a intenção da recolha de dados era obter informação mais detalhada e aprofundada, de um pequeno grupo selecionado (Coutinho, 2013).

Para a planificação das entrevistas seguiu-se o modelo de Kvale (cit. por Cohen, Manion, & Morrison, 2007), constituído por sete etapas: 1) definição da temática; 2) conceção do guião; 3) entrevista; 4) transcrição; 5) análise; 6) verificação; e 7) escrita de relatório. A etapa de verificação ocorre em paralelo com as restantes etapas da planificação e consiste em providenciar mecanismos que garantam a fiabilidade e validade dos dados, como por exemplo: a transcrição dos dados para meio escrito, espelhando os dados áudio gravados; uma análise rigorosa e fiel dos dados recolhidos; o relatório transmitindo os resultados de forma justa e rigorosa.

A primeira etapa – definição da temática – foi determinada, desde o início, como sendo a conceção de uma plataforma digital para o envolvimento parental na aprendizagem das crianças que frequentam o JI, tendo em conta as necessidades identificadas pelos educadores de infância.

Foi concebido um guião para as entrevistas semiestruturadas (quadro 1), com questões previamente formuladas, para orientação do entrevistador e para replicação em todas as entrevistas. Desta forma, garantiu-se que todas as educadoras respondessem a perguntas semelhantes, facilitando posteriormente a análise de conteúdo. Quando a entrevista é semiestruturada, o entrevistador tem alguma flexibilidade para aprofundar determinadas questões, dependendo do respondente e da sua experiência e conhecimento, o que poderá trazer contributos diferentes ao estudo (Bogdan & Biklen, 1994). Além disso, o facto de o guião ser comum às quatro entrevistas permitiu comparar os dados gerados (Fraenkel & Wallen, 2009).

 

 

As questões foram pensadas para dar resposta aos objetivos definidos para a entrevista. Optou-se por usar perguntas abertas, que permitissem explorar com mais profundidade o conhecimento do entrevistado. Quanto ao formato, optou-se por questões de experiência, para que o entrevistado descrevesse as suas atividades passadas e presentes; e questões de opinião, para indagar o que pensava acerca de determinados tópicos, podendo incluir as respetivas crenças, atitudes e objetivos (Cohen et al., 2007). Seguidamente, apresenta-se o guião da entrevista semiestruturada (quadro 1).

Realização das entrevistas

O passo seguinte foi a realização das entrevistas. As entrevistadas foram contactadas com antecedência para marcar a data e combinar como seria conduzida a entrevista. Foram explicados o objetivo e o modo como os dados recolhidos seriam usados. Foi concedida autorização para citações verbais e gravação das entrevistas.

As entrevistas foram conduzidas presencialmente. Por coincidir com a época natalícia, de festas e avaliações, para as educadoras, ajustaram-se as datas conforme a sua disponibilidade, tendo sido todas realizadas no decorrer do mês de dezembro de 2015. Ao longo das entrevistas, além da gravação áudio, foram tomadas notas nos guiões impressos, para ajudar a formular novas perguntas ou alterar a ordem das perguntas planificadas. A duração das entrevistas variou entre oito e quinze minutos, aproximadamente.

Metodologia de análise das entrevistas

Após a realização das entrevistas, seguiu-se a etapa de transcrição, na qual os ficheiros de áudio foram convertidos em ficheiros de texto, para posterior análise de conteúdo. A análise de conteúdo tem por objetivo sistematizar e tratar, de forma metódica, o grande volume de dados qualitativos recolhidos. Para isso, numa primeira abordagem procedeu-se a uma leitura do corpus documental para percecionar possibilidades de análise e encontrar aspetos relacionados com os objetivos e questões de investigação (Bardin, 1977).

O texto transcrito foi segmentado em unidades de análise. A unidade de análise escolhida foi o excerto de frase, retirada dos dados gravados dos participantes, que pode ser associada a um tópico representado numa categoria de codificação (Bogdan & Binklen, 1994).

A leitura dos documentos transcritos ajudou a desenvolver um modelo de classificação, ordenação e categorização das unidades de análise.

A análise foi feita com recurso ao software de análise qualitativa de dados NVivo. Este software permite: introduzir fontes, que podem ser diferentes tipos de media (texto, áudio, vídeo); editar, organizar e interligar documentos; criar categorias e codificar, pesquisar e cruzar dados para responder às perguntas de investigação. No NVivo criou-se a lista de categorias de codificação, composta por uma estrutura de nós em árvore, da seguinte forma:

  • Dinâmicas com as crianças – a que se associam aspetos relacionados com o uso da tecnologia pelas crianças no JI, divididas em subcategorias:

o Tecnologias usadas pelas crianças no JI;

o Aplicações e conteúdos digitais usados no JI;

o Atividades que as educadoras realizam com tecnologia;

o Frequência de realização de dinâmicas digitais;

o Constrangimentos às dinâmicas digitais;

  • Dinâmicas com os pais – a que se associam aspetos relacionados com a comunicação pais-JI, com base na tecnologia, sejam os atuais ou os potenciais. Divide-se nas subcategorias:

o Meios digitais usados na comunicação com pais;

o Dinâmicas possíveis com a futura plataforma;

  • Uso da Plataforma – a que se associam questões práticas relacionadas com o uso da futura plataforma. Divide-se nas subcategorias:

o Frequência de uso;

o Dispositivo de uso;

  • Vantagens e desvantagens – a que se associam todas as opiniões das educadoras relativamente aos pontos fortes e/ou fracos da futura plataforma. Subdivide-se em:

o Vantagens na utilização da plataforma;

o Constrangimentos à utilização da plataforma.

Cada subcategoria é ainda subdividida em novos nós, que serão mencionados ao longo da apresentação dos resultados. Após a codificação, o NVivo indica o número de unidades de análise associado a cada categoria, subcategoria e nós das subcategorias, dando uma visão geral da expressividade de cada tópico, mostrando quantas vezes foram codificadas as unidades de análise, em cada categoria, e por que fontes.

 

Resultados

Para a apresentação dos resultados da análise de conteúdo das entrevistas às educadoras, foram criados quadros com alguns exemplos de unidades de registo relativamente a cada nó de cada subcategoria, dentro das categorias de codificação (quadros 2 a 5). Os quadros apresentam ainda o número de fontes (educadoras) que mencionou cada nó. A primeira categoria analisada diz respeito às dinâmicas digitais realizadas com as crianças no JI, começando-se por identificar quais as tecnologias usadas pelas crianças no JI (quadro 2).

 

 

 

 

 

Verificamos que todas as educadoras facultam dispositivos tecnológicos às crianças, sendo referidos o computador, a máquina fotográfica, o telemóvel e a impressora, o que mostra predisposição para a utilização de tecnologia no planeamento das atividades. Não foram mencionados outros dispositivos (scanner, tablet, webcam), embora tenham sido enumerados pela entrevistadora.

Relativamente às aplicações e conteúdos digitais, foram identificados seis tipos de programas utilizados pelas crianças no JI: software didático, programas de desenho e pintura, programas de escrita, apresentações (PowerPoint e Prezi), jogos e histórias digitais (quadro 3). Nesta questão, as educadoras referiam-se à utilização independente por parte das crianças, que, pelas respostas dadas, parece poder associar-se também a atividades de aprendizagem.

As atividades que as educadoras realizam com as crianças na sala de JI, com recurso à tecnologia, são variadas e estão muito relacionadas com a utilização de recursos disponíveis na Internet, tendo algumas educadoras já iniciado as crianças em atividades sociais virtuais (videoconferência e Messenger). As respostas fazem crer que as educadoras do projeto têm facilidade e apetência para o planeamento de atividades com tecnologia (quadro 4).

De acordo com as educadoras, as crianças usam o computador todas as semanas, de forma independente. Esta frequência de acesso à tecnologia no JI permite-lhes familiarizarem-se com a sua utilização (quadro 5).

Os maiores constrangimentos reportados pelas educadoras relacionam-se com meios técnicos (dispositivos desatualizados, falta de Internet na sala, falta de software interessante). Outros constrangimentos estão relacionados com questões de organização (falta de tempo, grupos grandes) e, ainda, falta de formação. Uma educadora identificou também a dificuldade do uso do rato como um problema recente das crianças, devido ao uso de dispositivos touch screen (quadro 6). Contudo, mais do que ser um constrangimento, poderá constituir-se como uma oportunidade para as crianças manusearem este periférico.

 

 

A segunda categoria analisada refere-se às dinâmicas (atuais ou potenciais) de comunicação com os pais, usando a tecnologia (quadros 7 a 10). Todas as educadoras usam o e-mail para comunicação com os pais. De notar que a Ed2 complementa o e-mail com outras estratégias de comunicação digital, combinando a rede social Facebook e o serviço Cloud, para fins diferentes. Segundo esta educadora, seria benéfica uma plataforma específica que agregasse todas as funcionalidades, num espaço seguro, onde os pais tivessem a confiança de partilhar informação privada dos filhos. A Ed1 refere ainda a criação e manutenção de um jornal digital, com divulgação das atividades realizadas com as crianças e partilha de links, entre outros conteúdos. Para esta educadora, a plataforma a desenvolver vem facilitar o seu trabalho, pois gostaria de ter um meio adequado e mais automatizado de partilhar este tipo de informação com os pais (quadro 7).

 

 

 

 

 

Quando inquiridas sobre as funcionalidades e dinâmicas que a plataforma para o envolvimento parental poderia proporcionar, as respostas das educadoras foram variadas, ultrapassando as funcionalidades-padrão de redes sociais já existentes (quadro 8). As educadoras foram propondo funcionalidades que lhes facilitam a comunicação com os pais (comentários), agilizam o envio de informação aos pais (cadernetas digitais, ementas) e envolvem os pais na vida do JI (divulgação das atividades realizadas, fotografias, vídeos e desenhos das crianças, sugestão de atividades para realizar em casa, feedback dos pais). De notar a sugestão de três áreas, pela sua especificidade: 1) o historial da criança e do grupo, ou seja, uma área onde se vá guardando a informação da criança e do grupo para consulta futura, com permissões de acesso individuais e de grupo; 2) uma área privada com informação de saúde, como medicação e doses a ministrar nas doenças, alergias, etc.; 3) a publicação de livros dinâmicos com histórias criadas com trabalhos das crianças, para partilhar com os pais.

Relativamente à frequência de utilização e atualização de informação na plataforma, todas as educadoras mencionaram a utilização semanal; no entanto, uma mencionou que há informação que pode ser atualizada diariamente e outra trimestralmente (quadro 9).

Os dispositivos indicados para utilização da plataforma são o computador e o telemóvel (quadro 10). Nenhuma educadora mencionou o tablet como dispositivo para aceder à plataforma. O computador é visto como uma ferramenta para trabalhar e inserir muita informação. O telemóvel é preferido para consultar informação e responder rapidamente. Esta resposta indica a necessidade de preparar uma plataforma que se adapte a ambos os dispositivos.

As educadoras referiram várias vantagens (quadro 11) e alguns constrangimentos (quadro 12), relativamente ao uso de uma plataforma para o envolvimento parental. As vantagens identificadas pelas educadoras, no que se refere à criação de uma plataforma específica para o envolvimento parental, são: promover a participação ativa dos pais; ser um meio mais dinâmico e interativo de comunicação; centrar informação e serviços; disponibilizar a informação em qualquer hora e local; facilitar a conversa entre pais e filhos sobre a escola; separar o espaço de comunicação pessoal e profissional; permitir a partilha do dia a dia das crianças; favorecer uma comunicação escola-família enriquecedora e possibilitar o envolvimento das crianças. As vantagens foram identificadas, pelas educadoras, de acordo com as funcionalidades e dinâmicas que tinham descrito anteriormente. Embora algumas vantagens sejam genéricas e possam ser satisfeitas com a utilização de ferramentas Web já existentes, algumas estão relacionadas com funcionalidades desenvolvidas especificamente para o objetivo (quadro 11).

 

 

 

Também são referidos alguns constrangimentos ao uso da plataforma, como a falta de tempo das educadoras, a não adesão ou a dificuldade de acesso dos pais, a necessidade de contacto presencial, o mau uso ou uso abusivo da plataforma e as questões de privacidade. Este último ponto terá que ser acautelado, definindo níveis de privacidade no acesso à informação que se publica na plataforma, nomeadamente quais os conteúdos a que acede cada membro, individualmente e em grupo. Exclui-se a possibilidade de acesso ou partilha a pessoas fora do grupo, pois ultrapassa o âmbito do projeto e poderia tornar-se um constrangimento à utilização da plataforma, por parte dos pais.

 

Conclusões

A escolha da entrevista semiestruturada, como técnica de recolha de dados, revelou-se adequada, pois permitiu reunir informação organizada sobre as dinâmicas digitais que as educadoras desenvolvem com as crianças e com os pais, bem como recolher as opiniões e sugestões para o desenvolvimento da plataforma digital para o envolvimento parental, obtendo assim uma visão mais completa e pormenorizada do lado profissional.

Foi possível verificar que as educadoras integradas no projeto têm conhecimento e experiência no uso das tecnologias, tanto para realizar atividades em sala de JI com as crianças, como para comunicar com os pais. Têm uma postura positiva face às tecnologias, promovem frequentemente atividades digitais com as crianças e consideram importante a aproximação à tecnologia, nesta faixa etária. Estas atitudes e práticas são concordantes com a maioria das educadoras questionadas por Brito (2010), mostrando abertura e valorização do uso das tecnologias para aprendizagem no jardim de infância.

Relativamente à plataforma tecnológica, foram apresentadas inúmeras sugestões de funcionalidades e dinâmicas, e identificadas vantagens e constrangimentos, mas domina a opinião de utilidade e benefício na aproximação, comunicação, relação e envolvimento mais ativo dos pais. Esta perspetiva é documentada por vários autores, que associam a comunicação escola-família ao envolvimento parental na aprendizagem (Fantuzzo et al., 2013; Stevenson & Baker, 1987), às boas relações entre pais e educadores (Diamond et al., 2013) e aos bons resultados dos alunos (Hilado et al., 2013; Lunts, 2003; Melhuish et al., 2008).

Por outro lado, há poucas alusões à inclusão da criança na utilização da plataforma e não há menções ao impacto ou benefício que uma plataforma para o envolvimento parental pode trazer à aprendizagem das crianças, o que parece revelar que as educadoras perspetivam uma ferramenta mais centrada na comunicação e partilha de informação entre adultos.

De acordo com os dados recolhidos nas entrevistas às educadoras, conclui-se que a plataforma deve permitir centrar, num só espaço, a informação oficial do JI, contactos diretos dos pais e serviços específicos, como o historial da criança e do grupo, atividades realizadas no JI e ideias de atividades para desenvolver com as crianças. Neste sentido, é útil para as educadoras, pela rapidez e automatização de tarefas de comunicação e partilha de informação.

Em termos de funcionalidades sociais, as educadoras referem que os pais têm problemas com as questões de privacidade das redes sociais. Por este motivo, planeia-se um ambiente fechado ao grupo, sem possibilidade de partilha externa, que gere mais confiança e predisposição à participação, comunicação e feedback. Deverão existir áreas de grupo (em que todos os membros veem a informação) e áreas privadas (para comunicação bilateral entre educador e encarregado de educação), conforme o tipo de informação a partilhar. 

Também foi mencionada pelas educadoras a importância de separar o espaço profissional do espaço pessoal que têm nas redes sociais. Uma plataforma que reúna conteúdos e diferentes formas de comunicação com os pais vai permitir distanciar estes dois espaços, pois os pais não terão necessidade de aceder ao espaço pessoal da rede social para comunicar com a educadora.

As educadoras utilizam o computador e o telemóvel para fins diferentes e associam a execução de algumas tarefas ao computador e a execução de outras ao telemóvel, pelo que a plataforma deverá adaptar-se a diferentes dispositivos, para ter uma utilização mais eficaz.

As educadoras apontam a falta de acesso a recursos educativos digitais atualizados, mas também afirmam que usam a tecnologia para fazer pesquisas, contar histórias, mostrar vídeos e músicas. Por conseguinte, a plataforma deverá ter uma área de links para recursos educativos úteis, que possam ser partilhados pelos membros, para realização de atividades de aprendizagem, em casa e no JI. Os recursos devem ser selecionados criticamente, tendo em conta o seu contributo para o desenvolvimento da linguagem, pensamento matemático e conhecimento do mundo (Amante, 2007). Devem estar adaptados aos interesses da criança (Clements & Sarama, 2002), envolvê-la na construção do conhecimento (Papert, 1996) e potenciar a criatividade e a expressividade (Crook, 2008).

Este estudo permitiu identificar as necessidades das educadoras e conhecer as suas expetativas relativamente a uma plataforma para o envolvimento parental. Esta informação será usada na definição de especificações funcionais que vão orientar o desenvolvimento da plataforma.

 

Referências

Amante, L. (2007). As TIC na escola e no jardim de infância: Motivos e fatores para a sua integração. Sísifo: Revista de Ciências da Educação, 3, 51-64.         [ Links ]

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Notas

1 Investigação com o apoio da FCT e do FSE, no âmbito do III QCA. Ref.: SFRH/BDE/95701/2013.

 

Endereço para Correspondência

Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para: Maria João Antunes, Universidade de Aveiro, Campus Universitário de Santiago, Departamento de Comunicação e Arte, 3810-193 Aveiro. Email: mariajoao@ua.pt

 

Recebido em março 2017

Aceite para publicação em maio 2017

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