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Revista Portuguesa de Educação

versão impressa ISSN 0871-9187

Rev. Port. de Educação v.22 n.1 Braga  2009

 

Editorial

A diversidade temática dos textos acolhidos pela Revista Portuguesa de Educação tem sido invocada, neste lugar, por diversas vezes, pelos seus sucessivos editores, quer como sinal da fecundidade teórica do campo educacional, quer como limitação, sobretudo quando considerado o leitor que, cada vez mais especializado, tenderá a um consumo mais do "texto" do que da Revista e, por isso, se afastará dela, porque nem sempre, em cada número, "aquele texto" está editado.

Talvez porque a questão do Leitor das revistas académicas esteja hoje resolvida com a disponibilização on-line dos textos, e de cada um por si, pronto a ser descarregado, as revistas académicas, apesar da pressão dos indicadores de consulta (mas sempre do "texto") têm vindo a transformar-se num lugar de produção, instituindo-se, neste circuito, como categoria quase exclusivamente relevante, a figura do Autor.

Este número da Revista é composto por oito textos (número que, sem dúvida, reflecte a crescente procura que dela fazem os autores). Mas, com isto, a Revista, na sua edição em papel, apenas parcialmente cumpre a sua missão. Agora, abre-se a porta ao leitor que, independentemente da intenção (in)formativa, mais ou menos especializada, com que procurará um texto ou outro, terá aqui a possibilidade de uma leitura lenta, integradora; aquela que é capaz de sustentar a compreensão efectiva da complexidade do fenómeno educativo. Foi com esta intenção que foram organizados, nas quase duzentas e quarenta páginas deste número, os textos que o integram. Ao leitor cabe agora concluir o processo.

Ana Maria Morais e Isabel Neves descrevem um modelo, sustentado na teoria do discurso pedagógico de Basil Bernstein, que "conceptualiza uma prática pedagógica" com potencial para o sucesso dos alunos e, assim, para a diminuição do "fosso entre alunos socialmente diferenciados".

No texto de Paulo Coelho Dias apresentam-se os dados de um estudo que procurou comparar a "eficácia da aprendizagem" em situações informais (visionamento de documentários científicos sobre a natureza) e formais (aulas de ciências).

No terceiro texto, Ana Lúcia Gomes e Jane Correa analisam a produção verbal em contextos de comunicação instantânea e apresentam dados que indicam "como os adolescentes utilizam a escrita na Internet nas suas práticas sociais" e como as escolhas linguísticas nesse processo são uma função do contexto virtual em que comunicam.

O texto de Maria Cecília Santos elege uma questão de metodologia de investigação como objecto central: o grupo de discussão. As potencialidades e limites da utilização desta metodologia no trabalho de campo, bem assim como o papel e funções do investigador/moderador constituem o núcleo do texto

José Augusto Pacheco, no quinto texto, inscreve a discussão do currículo numa "lógica estruturada de decisão política". Para a análise crítica dos "recentes processos e práticas de educação e formação", o Autor foca a relação entre "globalização, conhecimento e currículo, de modo a salientar as mudanças ao nível da educação formal, não formal e informal para o estudo do currículo".

João dos Reis Silva Júnior examina as actividades e a formação do professor pesquisador das universidades estatais públicas no contexto da transformação da universidade numa instituição "tutelada pelo Estado" com o "mercado como mediador". Formulando uma hipótese para a compreensão das mudanças da identidade da instituição universitária, o Autor discute o impacto de tais transformações no "trabalho dos professores e em sua formação humana em geral, mas em particular no dos professores pesquisadores".

Ione Valle e Elizete Ruschel reflectem igualmente sobre políticas de educação brasileiras, agora no contexto de um Estado específico: Santa Catarina. Da análise documental, resulta a caracterização dos sistemas de ensino e do seu "impacto no acesso ao ensino" como "seletivos, regulados e meritocráticos".

Por fim, Flávio Brayner inquire, no sentido da sua desnaturalização, o estatuto do conceito de diálogo. Em tese, o Autor defende que, apesar da intencionalidade de estabelecimento ou facilitação de "consensos intersubjectivos" subjacente à noção, o seu sentido não é consensual, o que pode contribuir para a "confusão ou imprecisão da nossa linguagem pedagógica".

A Revista inclui ainda uma nota de leitura do livro "Na Girândola dos Significados: Polissemia de Excelências em Escolas Portuguesas do Século XXI", obra que segundo o Autor da nota é mais uma forma de homenagem ao trabalho de Stephen Stoer.

Boa leitura!

Maria de Lourdes Dionísio