1º Encontro sobre ePortefólio/Aprendizagem Formal e Informal

O ePortefólio, no actual contexto europeu, surge como um instrumento de facilitação da mobilidade, da transparência e do reconhecimento das aprendizagens formais e informais realizadas ao longo da vida. Em Portugal, apesar de existir uma significativa tradição de uso de portefólios em educação, o portefólio electrónico não tem sido objecto nem de discussão pública nem de discussão académica. Várias questões se colocam então: O que é um ePortefólio? Porquê construir ePortefólios? Que tipos de ePortefólio existem? Em que contextos se justifica a sua utilização? Que vantagens reais advêm para os cidadãos?

No que respeita a medidas do governo português, não existe, publicamente, qualquer iniciativa especificamente orientada para o uso de ePortefólios, apesar dos esforços visíveis de modernização que têm vindo a ser feitos no quadro da implementação da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico Nacional. Neste contexto de relativo “silêncio” e tendo em conta a importância política e pragmática do tema, pareceu-nos importante suscitar essa discussão.

Assim, teve lugar na Universidade do Minho, nos dias 13 e 14 de Julho de 2006, numa organização conjunta das Universidades do Minho e de Aveiro, do Centro de Competência Nónio (Minho), do Centro de Formação de Professores (CFEC Valongo), da Escola Secundária Alcaides de Faria, da Associação Profissional Quadros Santomenses em Portugal e da Revista Til-Fragmentos de Educação, o 1º Encontro sobre esta temática, cujos objectivos foram os seguintes: divulgar a iniciativa europeia “Objective 2010: e-Portefólio for All” (EifEL); problematizar os conceitos associados ao uso de portefólios (em educação); reunir os investigadores que trabalham na área do ePortefólio, em Portugal, a fim de esboçar o estado da arte no país; divulgar boas práticas (ensino superior, básico, secundário, profissional, Centros RVC-Reconhecimento e Validação de Competências); perspectivar o desenvolvimento e o futuro do ePortefólio. Os eixos temáticos do Encontro corresponderam a estes objectivos e as comunicações apresentadas deram conta de estudos formais, de descrição de práticas no terreno e de discussões conceptuais.

Dado ter-se tratado da primeira reunião sobre o tema, para além da apresentação do ePortefólio for All, foi abordado o ePortefólio enquanto objecto de investigação e foi estabelecida a necessária relação entre o ePortefólio e os Campi Virtuais. Por outro lado, e dada a tradição de uso de portefólios (não electrónicos) em educação, houve espaço para a discussão dos princípios pedagógicos subjacentes ao seu uso, assim como o portefólio de avaliação das aprendizagens, a modalidade mais utilizada. Abordou-se, também, o ePortefólio na formação profissional e no reconhecimento e validação de competências, tendo ficado claro que ainda não é usada nenhuma plataforma específica nestas áreas.

As comunicações apresentadas foram de origem muito diversa, cobrindo a quase totalidade dos eixos do Encontro. Na sua maior parte relataram estudos mais ou menos formais, enquadrados em actividades académicas, sobretudo relativas a experiências no ensino superior e no ensino básico. Vale dizer que foi possível verificar que o uso, quer de portefólios quer de ePortefólios, parece estar centrado na área da formação inicial e contínua de professores, embora também tenham sido reportadas práticas em áreas como a saúde, a empregabilidade e as artes.

Com algumas excepções, os textos apresentados retratam as dificuldades existentes quer em termos da própria conceptualização do portefólio quer em termos do uso/conhecimento de ferramentas apropriadas para a sua implementação. Para além da plataforma ELGG, não é usada nenhuma outra plataforma específica de ePortefólio, em Portugal. Nos casos em que foi possível considerar a prática de ePortefólio, são referidas outras ferramentas que o possibilitam, mas que não foram concebidas para o efeito. Em contrapartida, foram apresentados 3 comunicações de carácter técnico. Uma delas sobre uma plataforma criada na Universidade do Minho (“DeGóis”) que, tendo sido inicialmente desenvolvida como plataforma dinâmica de disponibilização de curricula científicos, revela fortes características de potencial modelo, sobretudo do ponto de vista técnico.

Parecendo existir em Portugal alguma movimentação em torno do portefólio digital, este 1º Encontro veio trazer-lhe visibilidade, em nosso entender extremamente necessária, dado tratar-se de uma opção estratégica para a Europa a generalização do uso destes portefólios.

Lia Raquel Oliveira & Maria Palmira Alves

Universidade do Minho