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Revista de Ciências Agrárias

versão impressa ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias vol.42 no.2 Lisboa jun. 2019

https://doi.org/10.19084/RCA.15209 

ARTIGO

Efeito de preparados homeopáticos no vigor de sementes e desenvolvimento de plântulas de feijão

Effects of homeopathic preparations on seed vigor and seedlings development of common bean

Régis de Araujo Pinheiro1, Violeta Cavalheiro Bachieri Duarte1, Gilberto Antonio Peripolli Bevilaqua2,* e Irajá Ferreira Antunes2

1 Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil

2 Embrapa Clima Temperado, Pelotas, Brasil

(*E-mail: gilberto.bevilaqua@embrapa.br)


RESUMO

A utilização da homeopatia na agricultura é ainda incipiente, apesar de vários estudos mostrarem efeitos quer no crescimento e desenvolvimento de plantas, quer no controle de pragas e doenças. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de diversos preparados homeopáticos no vigor das sementes e no desenvolvimento de plântulas de feijão. Os preparados homeopáticos utilizados foram Penicillium, Phosphorus e Arsenicum em diferentes dinamizações centesimais. As avaliações ocorreram através dos seguintes parâmetros: percentagem de germinação, comprimentos da parte aérea e da raiz e os pesos seco e fresco da biomassa. O tratamento de sementes de feijão com preparados homeopáticos em pré-germinação mostrou que Penicillium CH 7 e Phosphorus CH 15 melhoraram a germinação e o vigor das sementes, enquanto Penicilium CH 24 e CH 200 e Phosphorus CH 15 melhoraram o crescimento das plântulas de feijão, sem, no entanto, afetarem a produção de matéria seca. Novas pesquisas, mais aprofundados e detalhadas, devem ser realizadas utilizando outros procedimentos para tratamentos das sementes com preparados homeopáticos bem como a mistura dos preparados.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, comprimento de raiz, biomassa de plântulas, Phosphorus, Penicillium, Arsenicum.


ABSTRACT

The use of homeopathy in agriculture is still incipient, although several studies showed the effects of the application in the growth and development of plants, as well as in the control of pests and diseases. The objective of this work was to evaluate the effect of several homeopathic preparations on seed vigor and on the development of bean seedlings. The preparations used were Penicillium, Phosphorus and Arsenicum in different dilutions. The evaluations took place through the following parameters: percentage of germination, shoot length and root, dry and fresh biomass weight. The treatment of bean seeds with pre-germinated homeopathic preparations showed that Penicillium CH 7 and Phosphorus CH 15 improved seed germination and vigor, while Penicillium CH 24 and CH 200 and Phosphorus CH 15 improved the growth of bean seedlings, without, however, affecting the production of dry matter. Further research, more in-depth and detailed, should be performed using other procedures for seed treatment with homeopathic preparations as well as mixing the preparations.

Keywords: Phaseolus vulgaris, seedling biomass, Phosphorus, Penicillium, Arsenicum.


INTRODUÇÃO

A utilização de sementes de alta qualidade é uma necessidade para alcançar plantas de alto vigor, de modo a tolerarem melhor os estresses bióticos e abióticos que ocorrerem na fase de implantação da cultura. Tratamentos pré-germinativos são aconselháveis para obter uma boa população de plantas, com alto vigor, principalmente em áreas de cultivo marginais e fora da época preferencial de sementeira. Vários tipos de tratamentos pré-sementeira podem ser utilizados, entretanto, a maioria envolve produtos que apresentam problemas de toxicidade humana e animal ou inadequados em sistemas agroecológicos.

Nos últimos anos, o mercado de produtos orgânicos vem apresentando crescimento considerável e os consumidores têm procurado alimentos saudáveis e que não prejudiquem o meio ambiente. O preço desses produtos, em geral, ainda é mais elevado do que o dos alimentos convencionais, no entanto, a produção no Brasil tem apresentado um crescimento de 25% ao ano (Terrazzan e Valarini, 2009). Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição na América Latina em termos de área com produção biológica (orgânica) e, cerca de 70% da produção brasileira encontra-se nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo (Darolt, 2002). Em conseqüência dessa mudança que engloba os sistemas de produção agrícola, procuram-se alternativas viáveis e eficazes, para um novo modo de produção que concilie as necessidades económicas, sociais e ambientais.

Uma das vantagens da aplicação de preparados homeopáticos em plantas está na produção agrícola livre de agrotóxicos e de resíduos poluentes. A tecnologia homeopática é reconhecida como campo do conhecimento de grande potencial dentro da visão moderna da qualidade alimentar e biossegurança, pelo fato de não deixar resíduos no ambiente ou nos alimentos de origem vegetal e animal (Lisboa et al., 2005).

A homeopatia é uma forma de terapia alternativa com base no equilíbrio total do ser vivo. Atua por estímulos energéticos desencadeados por medicamentos (compostos) homeopáticos com o objectivo de reequilibrar a energia vital dos seres vivos. Esta terapia foi iniciada pelo médico alemão Samuel Hahnemann em 1796 e fundamenta-se na Lei dos Semelhantes, no entanto Hipócrates, pai da medicina, já afirmara essa hipótese no século IV a.C.

Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substâncias extraídas de produtos da natureza, quer seja mineral, vegetal ou animal. Os preparados-base dessas substâncias são as tinturas-mãe a partir das quais são iniciados os processos das diluições sucessivas, pelo que, esta abordagem é considerda a ciência das ultradiluições.

A energia vital das plantas, quando submetida a algum distúrbio, em consequência de estresses bióticos ou abióticos fazem a planta perder a sua homeostase. Os sintomas desse desequilíbrio têm sido solucionados através da aplicação de produtos químicos.

Estudos com homeopatia em plantas têm sido realizados em diversos países do mundo, principalmente na Europa e Índia e mais recentemente no Brasil, demonstrando respostas aos estímulos homeopáticos no controle de pragas e na resistência a doenças. A aplicação da homeopatia tem trazido benefícios ao cultivo de plantas, destacando-se o aumento da "imunidade" da planta, ou seja, o aumento da sua capacidade de resistência a estresses bióticos, produção de sementes mais vigorosas, e o aumento na produção de princípios ativos (Andrade, 2000). O uso da homeopatia tem seu suporte legal na Instrução Normativa n° 7, publicada no Diário Oficial da União em 19 de maio de 1999, que estabelece as normas da produção orgânica no Brasil e permite o uso dos preparados homeopáticos pelos agricultores. Na agricultura familiar, as sementes utilizadas são armazenadas nas mais diversas formas, fato que proporciona em muitos casos a perda da qualidade fisiológica, comprometendo assim a sua plantação. Assim, segundo Tichavisky (2009) essas sementes podem ser revitalizadas através de tratamentos homeopáticos proporcionando um desenvolvimento equilibrado das plântulas em harmonia com o meio ambiente.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diversos preparados homeopáticos na germinação e vigor de sementes velhas de feijão e no seu desenvolvimento em plântulas.

MATERIAL E MÉTODOS

Estes estudos foram conduzidos no Laboratório de Sementes da Universidade Federal de Pelotas. As sementes de feijão, cultivar "BRS Expedito", foram provenientes da Embrapa Clima Temperado, Estação Terras Baixas, Capão do Leão-RS.

Os tratamentos eram constituídos por três preparados homeopáticos: Phosphorus e Arsenicum, nas dinamizações centesimais Hannenmaniana CH 15, CH 50, CH 200 e Penicillium CH 7, CH 24 e CH 200 e pelo controlo (água destilada mais álcool de cereais 20oGL). As matrizes homeopáticas utilizadas foram adquiridas numa farmácia homeopática de referência, preparadas segundo normas da Farmacopéia Homeopática Brasileira (Brasil, 2011).

As soluções foram preparadas diluindo-se 1,6 mL do preparado homeopático em 100 mL de água, onde as sementes foram imersas durante 12-h, à temperatura de aproximadamente 25 oC. Após esse período, as sementes foram distribuídas sobre folhas de papel GERMITEST®, e umedecidas, seguindo a metodologia proposta por Brasil (2009), que é de 2,5 vezes o peso do papel, identificadas e colocadas em sacos plásticos, com a finalidade de isolar os tratamentos e manter a humidade.

Seguidamente, as sementes foram submetidas ao ensaio de germinação (TG), realizado conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), empregando 200 sementes para cada teste, as quais foram agrupadas em 4 sub-amostras (4 papeis GERMITEST®) contendo 50 sementes cada. As 4 sub-amostras foram mantidas a uma temperatura de 25 oC por um período de nove dias, o qual compreende a duração do período do teste de germinação. Para o teste de germinação com tratamento das sementes com frio repetiu-se o processo descrito acima, de 200 sementes divididas em 4 sub-amostras, que foram colocadas em câmara fria, com temperatura entre 7°-10 oC, durante sete dias, após os quais foram transferidas para uma câmara de germinação (procedimento idêntico ao teste de germinação; Marcos Filho, 2005).

A avaliação do ensaio de germinação, foi efetuada contando o número de plântulas "normais"[1], as quais são classificadas de acordo com o estádio de desenvolvimento das estruturas essenciais das plântulas, que deve ser suficiente para permitir uma avaliação correta das mesmas e a diferenciação entre plântulas normais e anormais (Brasil, 2009, p. 166). Os comprimentos da raiz (CR) e a altura da parte aérea (CPA), os pesos fresco e seco foram avaliados em 10 plântulas, selecionadas aleatoriamente em cada tratamento, 9 dias após o início do teste de germinação. As medidas de raiz e parte aérea, foram efetuadas separadamente sendo o resultado expresso em centímetros. Para a determinação do peso seco as plântulas foram colocadas em estufa a 60 °C por aproximadamente três dias até atingirem massa constante, sendo o resultado expresso em gramas.

A experiência foi instalada com um delineamento inteiramente casualizado. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias foram comparadas através do teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Foram utilizadas quatro repetições com quatro sub-amostras de 50 sementes por tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se um efeito significativo dos preparados homeopáticos sobre a germinação de sementes de feijão, com diferenças no número de plântulas normais e anormais, bem como na ocorrência de sementes mortas (Quadro 1). As sementes de feijão utilizadas na testemunha apresentaram uma percentagem de germinação de 65%, enquanto a média após os tratamentos com preparados homeopáticos foi de 72%. Ao verificar-se a percentagem de germinação das sementes que fazem parte do presente estudo, constata-se que ambas apresentaram, baixa germinação e vigor. Para o estudo, foram selecionadas sementes de baixo vigor, as quais geralmente apresentam percentagens de germinação relativamente baixas. Essa estratégia foi adotada com o objetivo de avaliar se os compostos homeopáticos teriam a capacidade de revitalizar essas sementes. Para comprovar essa hipótese, as sementes tratadas teriam que apresentar melhorias na qualidade fisiológica.

No ensaio de germinação sem frio obteve-se 77% de germinação com plântulas "normais" com o preparado homeopático Penicillium CH 7, enquanto que na testemunha esse número foi significativamente inferior com 65%.

Nos outros tratamentos, tais como, Arsenicum CH 50 e CH 200, Penicillium CH 24 e CH 200 e Phosphorus CH 15, CH 50 e CH 200 não se observaram diferenças significativas relativamente à testemunha. Estes resultados mostram que os tratamentos melhoraram a qualidade da semente, já que as percentagens de plântulas "normais" obtidas no ensaio de germinação sem frio com as sementes submetidas aos diferentes tratamentos e dinamizações, foram superiores aos apresentados pela testemunha.

O número de plântulas "anormais" no ensaio de germinação sem frio, foi bastante elevado, variando entre 21% e 30 % (média de 25%), e o número de sementes não germinadas (eventualmente mortas) foi de 4%, ambos valores inferiores aos da testemunha, que foram de 29% e 6 %, respetivamente. A testemunha apresentou valores de sementes mortas estatisticamente superiores aos observados nos tratamentos Arsenicum CH 50 e Penicillium CH 7 e CH 24 (respetivamente 1%, 2% e 1%), os quais também apresentaram os melhores valores de germinação. A elevada presença de plântulas "anormais" ressalta a baixa capacidade germinativa da semente utilizada, enquanto o número de sementes mortas pode ser considerado baixo. É necessário ressaltar que as percentagens de sementes mortas e de plântulas "anormais" são medidas inversamente proporcionais ao vigor das sementes, pelo que, nos tratamentos Arsenicum CH 15 e Penicillium CH 7 se obtiveram as sementes com maior vigor, uma vez que apresentaram o menor número de plântulas "anormais" no teste de germinação.

Na germinação com o tratamento de frio as sementes também evidenciaram baixo vigor, dado que apresentaram uma média de 45% de sementes "normais", ou seja, vigorosas. No entanto, foi possível observar diferenças ocasionadas pelos preparados homeopáticos. As sementes submetidas aos tratamentos com Arsenicum CH 15 e Penicillium CH 7 e CH 200 apresentaram desempenho significativamente superior ao da testemunha. Contudo, nos resultados obtidos após tratamento de frio, o número de plântulas "anormais" observado com os preparados homeopáticos não diferiu do da testemunha.

Ainda no teste de germinação de sementes submetidas ao frio, o número de sementes mortas observadas, nos tratamentos com Penicillium CH 7 e CH 24 apresentaram-se significativamente inferiores à testemunha, o que atestou a eficácia dos tratamentos para melhorar o desempenho das sementes. Os resultados aqui obtidos confirmam o trabalho de Sobral et al. (2013) que verificaram o aumento da germinação de sementes de soja utilizando o preparado homeopático Arsenicum CH 7.

Analisando-se conjuntamente o efeito dos preparados homeopáticos sobre a germinação e o vigor das sementes, pode-se perceber que os tratamentos com Penicillium CH 7 e Arsenicum CH 15 resultaram no melhor desempenho das sementes, podendo ser indicados para tratamento de sementes com baixa germinação. O preparado Penicillium CH 7 apresentou também as menores percentagens de plântulas "anormais" e mortas. Outro fato importante na avaliação da germinação com sementes expostas ao frio foi o acréscimo da percentagem de plântulas "anormais" observado, sem no entanto, afetar a percentagem de sementes mortas. Pode-se, assim, estimar que haja um efeito indutor de germinação das sementes, quando tratadas com baixas concentrações de Penicillium.

Marques (2007) relata que o tratamento de sementes de milho com Antimonium crudum nas concentrações de CH 12 e CH 13 recuperaram a integridade das membranas das sementes de milho, e proporcionaram maior percentagem de plântulas "normais". Os tratamentos reduziram a presença de plântulas "anormais", sem, no entanto, afetar o número de sementes mortas, razão pela qual se pode supor que o acontecimento tenha afetado a integridade da membrana celular das sementes.

No que diz respeito ao tratamento Phosphorus CH 15, apresentou elevada percentagem de plântulas "normais" e "anormais", e baixa ocorrência de sementes mortas. O efeito do tratamento sob teste de frio, mostrou uma semelhança nos resultados, verificando-se que a percentagem de plântulas "normais", é superior à da testemunha, porém analisando os dados de plântulas "anormais" o tratamento foi superior aos demais, o que pode demonstrar a baixa eficiência do tratamento.

Alguns preparados, como Silicea, são utilizados com maior freqüência no tratamento de sementes, pois aumentam a resistência das plântulas a pragas e doenças e os resultados mostram a eficiência dos tratamentos. De acordo com Vijnovsky (2014), Silicea é indicado para organismos que apresentam debilidade e fraqueza. Boff et al. (2011), observou redução da atividade dos gorgulhos em goiabeira serrana após tratamento com Silicea CH 30. Sinha e Singh (1983) verificaram que o preparado Silicea reduziu o crescimento de Aspergilus parasiticus e a produção de aflatoxina em grãos de trigo.

Observou-se um efeito significativo dos tratamentos na germinação das sementes de feijão, conforme observado no Quadro 2. A percentagem de sementes germinadas apresentou um valor médio de 70%, resultado que pode ser considerado baixo para o ensaio de germinação, já que segundo a Instrução Normativa 45/2013, a percentagem mínima exigida para a comercialização de sementes de feijão é de 80%. Os tratamentos das sementes com Arsenicum CH 15, Penicillium CH 7 e Phosphorus CH 15 proporcionaram os melhores resultados na germinação, embora insuficientes.

Quanto ao crescimento da parte aérea das plântulas, destacaram-se os tratamentos Arsenicum CH 15 e CH 200, onde foram observados 9,7 e 9,6 cm, respectivamente, valores estatisticamente superiores aos da testemunha, que apresentou 9 cm como valor médio de comprimento. O comprimento médio da raiz observado na testemunha foi 14,8 cm, valor bastante inferior aos apresentados pelas plântulas submetidas aos tratamentos de Penicilium CH 7, CH 24 e CH 200, e de Phosphorus CH 15 os quais se mostraram estatisticamente superiores ao da testemunha. O período de avaliação do teste que pode ser considerado precoce, mas foi determinante para o baixo crescimento das plântulas.

Com os tratamentos efetuados, a expectativa era de que a capacidade de produção de biomassa das plântulas não fosse afetada pelos tratamentos, pois o período de avaliação foi reduzido e não possibilitou a avaliação da produção de biomassa em decorrência dos tratamentos utilizados. No entanto, foi observado um maior desenvolvimento nas plântulas submetidas aos tratamentos Arsenicum CH 15 e CH 200 pois foi com estes tratamentos onde as plantas apresentaram os maiores valores da biomassa em peso seco.

Os tratamentos com os preparados homeopáticos Arsenicum CH 15, Penicillium CH 7, CH 24 e CH 200 e Phosphorus CH 15 destacaram-se na germinação. Analisando o comprimento de parte aérea, os melhores resultados foram encontrados nos tratamentos Arsenicum CH 15 e CH 200, no que diz respeito ao comprimento radicular o melhor tratamento foi o Phosphorus CH 15.

Avaliando a germinação das sementes de feijão tratadas com compostos homeopáticos de Natrum muriaticum, Copacheski et al. (2013) verificaram que houve um aumento na percentagem de germinação das sementes tratadas, quando comparadas com as sementes tratadas com água destilada.

O tratamento com o preparado Phosphorus CH 15 foi o que possibilitou o maior comportamento radicular, sendo superior aos demais tratamentos. Tais resultados vão parcialmente ao encontro de outros estudos que utilizaram preparados homeopáticos no tratamento de sementes nos quais foi observado o efeito desses preparados no crescimento radicular. Bonfim et al. (2008) verificaram que houve um aumento no comprimento de raízes de Rosmarinus officinalis L. e Lippia alba (Mill), quando tratadas com Arnica montana L. a 3 CH e 6 CH. Bonfim et al. (2010) constataram que houve um aumento no comprimento radicular de alface, quando foram tratadas com Calcarea carbônica e Alumina a CH 6 e CH 12. Os valores mais elevados observados na biomassa em peso fresco foram com os tratamentos Arsenicum CH 15 e CH 200, (10,1 g e 9,8 g, respetivamente) e os valores mais baixos foram observados com os tratamentos Phosphorus CH 50 e CH 200 (8,2g e 8,9g, respetivamente), o que resultou num efeito significativo sobre o desenvolvimento na parte aérea das plântulas. Na literatura encontram-se estudos com diversos preparados homeopáticos que comprovam o aumento da produção de biomassa nas plantas. Silva et al. (2012) verificaram que sementes de soja tratadas com Pulsatilla nigricans Storck. apresentavam maior produção de biomassa, quer na parte aérea, quer na radicular bem como um aumento na percentagem de sementes germinadas. Modolon et al. (2016) verificaram também aumento de peso da matéria fresca da parte aérea e das raízes de milho, quando as suas sementes foram submetidas ao tratamento com composto homeopático de Strychnos nux-vomica L.

Ao analisarmos o peso da biomassa seca, constatamos que ambos os tratamentos não diferiram estatisticamente, no entanto, o tratamento com Arsenicum CH 50 foi numericamente superior aos outros. O trabalho de Betti et al. (2003) mostra a importância do tratamento de plantas com Arsenicum para a indução de resistência à doença causada pelo Vírus do Mosaico do Tabaco (TMV). Os autores observaram o aumento da resistência das plantas de tabaco tratadas até 45 vezes. A escolha do preparado ocorreu pela semelhança da reação da planta, que após tratada com Arsenicum, apresentou sintomas similares aos causados pelo TMV.

O uso de preparados homeopáticos em vegetais ainda é incipiente, mas é uma das alternativas que podem ser utilizadas na agricultura. Castro (2002) e Bonato (2004) afirmam que na ciência homeopática há relatos de que o mesmo preparado pode causar efeitos distintos dependendo da diluição aplicada e, que, em algumas dinamizações, ocorre estímulo e noutras inibição. Com base nos resultados apresentados, é necessária a realização de novos testes em diferentes situações, empregando outras dinamizações e analisando a mistura dos compostos homeopáticos utilizados.

CONCLUSÃO

O tratamento de sementes de feijão com preparados homeopáticos em pré-germinação mostrou que Arsenicum CH 15 e Penicillium CH 7 melhoraram a germinação e vigor das sementes, enquanto Arsenicum CH 15 e CH 200 melhoraram o crescimento de parte aérea das plântulas de feijão, sem, no entanto, afetar a produção de matéria seca.

As sementes tratadas com Arsenicum CH 15 apresentam os melhores índices (uma boa germinação e plântulas de maiores dimensões), mostrando assim que o tratamento de sementes com preparados homeopáticos pode aumentar a capacidade germinativa das sementes e o vigor das plântulas.

 

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Recebido/received: 2018.10.05

Aceite/accepted: 2019.01.18

 

[1] O estádio de desenvolvimento das estruturas essenciais das plântulas deve ser suficiente para permitir uma avaliação correta das mesmas, proporcionando a diferenciação entre plântulas normais e anormais. Dessa forma, se caracteriza por plântulas normais, as que apresentam desenvolvimento padrão, relacionado com a espécie que está sendo avaliada, ou seja, não apresentam anomalias quanto ao desenvolvimento da sua parte aérea e do sistema radicular.

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