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Revista de Ciências Agrárias

Print version ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias vol.37 no.4 Lisboa Dec. 2014

 

ARTIGO

Caracterização biométrica de frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.) na região leste de Mato Grosso, Brasil

Biometric characterization of fruits and seeds baru (Dipteryx alata Vog.) in eastern Mato Grosso, Brazil

Alan M. Zuffo1, Fabrício R. Andrade2 e Joacir M. Zuffo Júnior3

 

1 Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, CEP: 37200-000, Lavras, MG, Brasil. E-mail: alan_zuffo@hotmail.com, author for correspondence

2 Departamento de Ciência dos solos, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, CEP: 37200-000, Lavras, MG, Brasil.

3 Departamento de Agronomia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Nova Xavantina, BR-158, Km 148, CEP: 78690-000, Nova Xavantina, MT, Brasil.

 

RESUMO

Os objetivos do estudo consistiram em caracterizar biometricamente os frutos e sementes de baru e correlacionar com parâmetros dos frutos e sementes de baru, a fim de obter informações sobre a variação das características biométricas em dois anos consecutivos. Analisaram-se 100 frutos frescos e 100 sementes de baru, provenientes de 10 árvores de baruzeiro, da região leste de Mato Grosso, quanto ao comprimento longitudinal, largura, espessura, peso fresco do fruto e da semente, volume do fruto, índice de volume das sementes. As características biométricas foram analisadas mediante distribuição de frequência, calculando-se o coeficiente de correlação de Spearman (rS) e o nível de significância através do teste t. Os frutos apresentaram três classes para os parâmetros avaliados, apresentando variações entre as classes e os anos. Para o peso fresco do fruto, verificou-se que 32% dos frutos pesavam entre 33,6 e 37,9 g, no ano de 2012, e que 36% dos frutos pesavam entre 25,1 a 29,4 g, no ano 2013. Os frutos e sementes de baru apresentaram grandes variações biométricas, principalmente em relação ao volume e peso fresco dos frutos; e do peso fresco e índice do volume das sementes. Houve diferenças significativas entre os anos, com tendências de frutos e sementes maiores em 2012 e menores em 2013. As condições climáticas podem propiciar a expressão das características biométricas.

Keywords: biometria, Cerrado, Cumbaru.

 

ABSTRACT

This study aimed to characterize biometrically the fruits and seeds of baru and to correlate them, in order to obtain information on the variation of the biometric features in two consecutive years. Length, width, thickness, fresh weight of fruit and seed, fruit volume and volume index of the were analyzed, considering 100 fresh fruits and 100 baru seeds, collected from ten Dipteryx alata trees, in eastern Mato Grosso. Biometric characteristics were analyzed using frequency distribution, by calculating the Spearman correlation coefficient (rS) and significance level by t-test. Considering all the parameters evaluated three fruit classes were obtained, with variations between classes and years. For fresh fruit mass, 32% fruit weigh varied between 33.6 and 37.9 g for the year 2012, and 36% of the fruit weighed varied between 25.1 to 29.4 g, in 2013 The fruits and seeds of baru showed great biometric variations, especially in relation to the volume and weight of the fruits, and to fresh weight and volume index of the seeds. Significant differences between the years were observed, with trends from larger fruits and seeds in 2012, and lower in 2013. Climatic conditions can promote the expression of biometric characters.

Palavras-chave: biometrics, Cerrado, Cumbaru.

 

Introdução

O estimulo à expansão da fronteira agrícola a partir da década de 70 provocou a ocupação de áreas do Cerrado. Estas áreas apresentam características edáficas favoráveis à agricultura, no entanto, pouco se conhece sobre o potencial de uso dos recursos naturais deste bioma, em especial o das espécies vegetais de ocorrência natural.

O Cerrado apresenta aproximadamente 30% da biodiversidade de espécies vegetais brasileiras e 5% da mundial, a sua flora é composta por mais de 11627 espécies vasculares (Mendonça et al., 2008). A flora do Cerrado possui diversas espécies frutíferas com grande potencial económico (Silva et al., 2008a), que são tradicionalmente utilizadas pela população local (extrativismo), onde são comercializadas e consumidas “in natura” ou beneficiadas pelas indústrias caseiras nas mais diversas atividades económicas (Gonçalves et al., 2013). De acordo com Avidos e Ferreira (2000), os frutos do Cerrado apresentam sabores sui generis e elevados teores de açúcares, vitaminas, proteínas e sais minerais, havendo mais de 58 espécies frutíferas com potencial de utilização e comercialização.

O baru (Dipteryx alata Vog.) é uma árvore frutífera nativa do Cerrado, pertence à família Fabaceae, apresenta altura média de 15 m, com caule ereto e ramos lisos, floresce de outubro a janeiro e os frutos amadurecem entre março e agosto (Isa, 2009), produzindo em média de 2000 a 6000 frutos por planta (Silva et al., 1992). Oliveira e Sigrist (2008), observaram que a espécie é alógama, ou seja, apresenta um sistema reprodutivo de fecundação cruzada, sendo a polinização realizada por diversos insetos e a dispersão dos frutos realizada por animais (Sano et al., 2004). Tanto a polpa quanto a amêndoa de baru podem ser utilizadas na alimentação humana, sendo a polpa constituída principalmente de hidratos de carbono (63%), predominantemente por amido, fibras insolúveis e açúcares (Alves et al., 2010). A amêndoa é consumida in natura ou torrada, apresenta elevados níveis de lipídicos (42%), proteínas (30%), cálcio, fósforo, manganês e potássio, além de ferro, zinco, selênio e consideráveis teores de hidratos de carbono e fibras (Sousa et al., 2011).

De acordo com Sano et al. (2004), o baru é uma espécie-chave do Cerrado, devido ao amadurecimento dos frutos ocorrerem no período seco, servindo de alimento para a fauna. Alves et al. (2010) relatam que o baru é uma das espécies mais promissoras para cultivo, devido aos seus usos múltiplos, entre eles o alimentar, madeireiro, medicinal, industrial, paisagístico e na recuperação de áreas degradadas. A espécie apresenta uma distribuição esparsa, podendo ser encontrada nos estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, neste estado especificamente na região Sul e Leste (Ratter et al., 2000). Com base no potencial do baru, estudos de biometria se tornam necessários, para caracterização dos frutos e sementes do baru.

As informações obtidas a partir da biometria dos frutos e sementes podem servir de base para a conservação e exploração dos recursos de valor económico, permitindo um incremento contínuo da busca racional e uso eficaz dos frutos (Gusmão et al., 2006). Outro fator relevante quanto à determinação biométrica de frutos, está relacionado ao fato de constituir importante instrumento para detectar a variabilidade dentro de uma mesma população ou entre populações de uma mesma espécie, conforme verificado por Gusmão et al. (2006) e Corrêa et al. (2008). Entretanto, estudos de procedências da descência em diferentes anos de colheita têm mostrado variabilidade genética na espécie, e evidenciam que os frutos e sementes possuem variação anual quanto às suas características morfológicas (Sano et al., 1999, Corrêa et al., 2008).

Para Oliveira (1998), o estudo de populações de espécies nativas, de acordo com as variáveis fenotípicas e genéticas, é de grande interesse, devido à intensa antropização dos sítios de ocorrência, o que levaria a uma quebra no padrão natural de fluxo gênico dessas populações. Nestes pressupostos, caracterizaram-se biometricamente frutos e sementes de baru e correlacionaram-se os parâmetros formados pela espessura, comprimento, largura, volume, peso fresco dos frutos e sementes de baru, a fim de obter informações sobre a variação das características biométricas em dois anos consecutivos.

 

Material e Métodos

Os frutos foram colhidos numa área de vegetação de ocorrência natural, cujas árvores estão localizadas na reserva natural da Fazenda União (14o 50' 41'' S; 52o 22' 49'' W) com aproximadamente 100 hectares, situada no vale da Serra Azul, distante 28 km do município de Nova Xavantina e altitude de 290 m, leste do estado de Mato Grosso, Brasil. A vegetação da área de estudo é do tipo Cerrado sensu stricto, encontra-se pouco antropizada, ainda com presença de várias espécies frutíferas nativas deste bioma, entre elas o baruzeiro, que não é explorado extrativistamente, servindo apenas como alimentação dos animais silvestres.

O clima da região é do tipo Aw, segundo a classificação Köppen, com duas estações climáticas bem definidas, uma seca, que vai geralmente de maio a setembro, e uma chuvosa, de outubro a abril, com temperatura média anual de 24°C e precipitação média de 1500 mm (Silva et al., 2008b). Os dados climáticos foram obtidos na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (Figura 1).

 

 

Os frutos maduros foram recolhidos do solo, na área de projeção da copa de 10 árvores de baruzeiro que apresentavam altura média de 15,0±5,00 m, durante a primeira semana do mês de agosto, em 2012 e 2013, época de seca na região, sendo a colheita dos frutos realizada nas mesmas árvores em ambos os anos. Foram escolhidas dez árvores aleatórias na área, equidistantes no mínimo de 200 m umas das outras. Durante a colheita dos frutos, os mesmos foram acondicionados em caixas para o seu transporte até o Laboratório de Biologia Vegetal da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Nova Xavantina – MT.

Recolheram-se 10 frutos por planta, ou seja 100 frutos, visualmente sadios, inteiros e sem deformação, de acordo com Gonçalves et al. (2013), que nos estudos biométricos de frutos de espécies arbóreas tropicais sugere um mínimo de 100 frutos. De cada fruto determinou-se o comprimento longitudinal (CLF), largura (LF) e a espessura (EF), com auxílio de um paquímetro digital (Clarke-150 mm), o peso fresco (MFF) do fruto e o volume do fruto (VF), a partir do volume de água deslocado após a imersão do fruto em proveta, contendo um volume conhecido de água conforme metodologia descrita por Basso (1999).

A remoção das sementes foi realizada após o rompimento do endocarpo dos frutos, com auxílio de um martelo, e determinou-se o comprimento longitudinal (CLS), largura (LS), espessura (ES) e peso fresco (MFS) de 100 sementes. O índice de volume das sementes (IVS) foi obtido a partir do produto entre o comprimento, largura e espessura (CLS x DES x LS) de cada semente. O peso fresco do fruto e das sementes foi obtido numa balança analítica de precisão (0,001 g).

As características biométricas dos frutos e sementes do baruzeiro foram analisadas mediante distribuição de frequência. Os dados de cada parâmetro nos dois anos de produção foram submetidos à análise de variância, sendo as médias das variáveis significativas comparadas pelo teste t a 5% de significância. Calculou-se o coeficiente de correlação não paramétrico de Spearman (rS) e o respectivo nível de significância entre as variáveis através do teste t (Zar, 1996). As análises estatísticas descritivas, distribuição de frequência e correlação foram realizadas utilizando-se o programa computacional Bioestat 5.0 (Ayres et al., 2007), enquanto as demais realizadas pelo programa estatístico Sisvar (Ferreira, 2008).

Resultados e Discussão

A análise descritiva geral, para as variáveis analisadas nos frutos de baru colhidos no período em estudo, encontra-se no Quadro 1 e Figura 2. De maneira geral, para os frutos de baruzeiro, os valores de média e mediana foram semelhantes, a assimetria e a curtose apresentaram valores próximos de zero, indicando uma aproximação da distribuição normal, com exceção do volume e do peso do fruto no segundo ano de avaliação (Quadro 1). O coeficiente de variação entre todos os parâmetros variou de 4,34 a 21,45%, valores que ficaram dentro dos relatados por Côrrea et al. (2008), para os frutos de baru. Verificam-se diferenças significativas quanto ao coeficiente de variação para os mesmos parâmetros em anos diferentes, sendo o segundo ano o que apresentou maiores valores de coeficiente de variação em relação ao primeiro ano. Relaciona-se a isso ao fato dos frutos no segundo ano apresentarem uma maior amplitude (mínimo e máximo) em todos os seus parâmetros.

 

 

 

 

A análise descritiva geral para as variáveis analisadas na semente de baru está apresentada no Quadro 2 e Figura 2. Os valores de média e mediana foram semelhantes, a assimetria e a curtose apresentaram valores próximos à zero, indicando uma aproximação da distribuição normal (Quadro 2). O coeficiente de variação entre os parâmetros variaram de 5,34 a 18,26%. A espessura dos frutos (EF) apresentou média de 30,18 mm, considerando os frutos colhidos em ambos os anos, sendo que em 2012 os frutos se concentraram em duas classes principais que juntas representam 85%, que foram de 29,95 a 33,55 mm, já em 2013 o maior percentagem de frutos (33%) foi encontrada na classe de 29,95 a 31,75 mm (Figura 2a). Em relação ao comprimento longitudinal dos frutos (CLF) os frutos concentraram-se principalmente na classe de 57,78 a 62,16 mm no ano de 2012, entretanto, em 2013 os frutos foram distribuídos em duas classes centrais que representam 77% dos frutos amostrados, na classe de 49,02 a 53,40 mm, com 41% dos frutos e na classe de 53,40 a 57,78 mm, com 36% dos frutos (Figura 2b), com média de 56,61 mm.

 

 

Cerca de 34% dos frutos apresentaram largura (LF) em uma classe central de 41,10 a 43,08 mm em 2012, no ano seguinte 47% dos frutos se concentraram na classe de 37,14 a 39,12 mm (Figura 2c), já a média deste parâmetro foi 39,20 mm.

Esses valores são semelhantes aos relatados por Corrêa et al. (2000), que verificaram a média de 30,44, 54,32 e 40,65 mm para os valores de ES, CLS e LS, respectivamente, de frutos colhidos em três regiões do Goiás denominadas: I – Mato Grosso Goiano, II -Norte/Nordeste e III - Estrada de Ferro. De acordo com Simão (1971) e Bleinroth et al. (1985) a relação entre comprimento e largura dos frutos deve ser um dos primeiros parâmetros a ser estabelecido para a tipificação de frutos de uma espécie ou variedade/ cultivar. Os frutos de baru medidos no presente estudo apresentaram relação média entre o com primento e largura de 1,45 e 1,42, para as colheitas realizadas em 2012 e 2013, respectivamente, da mesma forma Corrêa et al. (2000) encontraram um valor 1,35, bem próximo do obtido no presente estudo.

Para o volume dos frutos colhidos em 2012, a distribuição apresentou uma classe central de 34,0 a 38,70 cm³, com 50% dos frutos, já em 2013, os frutos distribuíram-se por três classes, com 90% dos frutos, sendo 31,33 cm³ a média para esse parâmetro (Figura 2d). O peso do fruto no ano de 2012 se concentrou em três classes distribuídas entre 29,36 a 42,10 g que representaram juntas 82% do peso dos frutos. Em 2013, a distribuição foi semelhante, mas as classes ficaram no intervalo de 20,87 a 33,61 g e concentraram 90% dos frutos e a média foi de 31,12 g (Figura 1e).

Corrêa et al. (2008) encontraram valor superior para o peso do fruto, com média de 33,24 g por frutos, isso provavelmente deve-se a variações edafoclimáticas entre as áreas dos estudos.

A variação obtida na biometria dos frutos e sementes nos dois anos, foi, possivelmente, promovida pelos fatores ambientais, principalmente pela disponibilidade de água, que é o fator essencial para a formação dos frutos e sementes (Figura 1). Tabarelli et al. (2003) verificaram que na região semiárida nordestina não houve correlação positiva entre o tamanho do fruto e a pluviosidade nos locais analisados, a percentagem de frutos pequenos diminuiu de 20% para 13,2%, e a de frutos grandes aumentou de 6,6% para 14,5%, com pluviosidades médias de 400 mm e 600 mm, respectivamente. Adicionalmente, Vieira et al. (2008) relatam que as variações das características biométricas das sementes podem influenciar a capacidade germinativa e está relacionada aos problemas reprodutivos da espécie.

Ao analisar a distribuição da espessura das sementes (ES) de baru, observou-se que a média foi de 9,64 mm, considerando as duas colheitas realizadas, e no ano de 2012, o ES concentrou-se em duas classes centrais (9,29 a 10,96 mm), que corresponde por 69% das sementes mensurados, em 2013, as sementes concentraram-se principalmente em uma única classe (8,45 a 9,29) com 56% das sementes presentes nela (Figura 2f). Para o comprimento longitudinal das sementes (CLS), em 2012, as sementes se concentraram na classe de 25,25 a 27,40 mm, concentrando 56% destas, em 2013, as sementes se concentraram em uma classe central (20,95 a 23,10) e duas classes intermediarias que juntas agruparam 92% das se-mentes (Figura 2g), com média de 24,12 mm. Para a largura das sementes (LS) a média obtida foi de 9,03 mm, apresentando em 2012 e 2013 duas classes centrais que foram de 8,36 a 9,51 mm, concentrando 63 e 67% das sementes respectivamente (Figura 2h).

Sano et al. (1999) colheram os frutos nos municípios de Goiás (Cristalina, Formosa, Padre Bernardo, Trajanópolis e Simolândia) e em Minas Gerais (Paracatu), e os valores médios ES, CLS e LS foram de 2,82, 5,21 e 3,71 mm, respectivamente, ou seja inferiores aos deste estudo. As diferenças edafoclimáticas das áreas de colheita dos frutos, segundo Barrios e Souza Júnior (2009) podem limitar a expressão do potencial genético em algum momento durante o ciclo. Os caracteres quantitativos ou métricos sofrem grande influência do ambiente, aqueles autores relatam que para estes caracteres é comum a presença da interação de genótipos/ambientes, que pode ser definida como o efeito diferencial dos ambientes sobre os genótipos ou a resposta diferencial dos genótipos à variação ambiental.

Para o índice de volume das sementes medido em 2012 a distribuição apresentou uma classe central (2,26 a 2,55 cm³) e duas intermediárias que concentraram 89% das sementes, da mesma forma ocorreu no ano de 2013, onde a classe central (1,68 a 1,97 cm³) e as duas intermediárias concentraram 94% das sementes (Figura 2i), apresentando média de 2,10 cm³.

O peso da semente no ano de 2012 concentrou-se em duas classes que compreenderam sementes com peso de 1,14 a 1,52 g que representaram 78% das sementes, no ano seguinte ocorreu fato semelhante, porém, o peso das sementes ficou na classe de 0,95 a 1,33 g, concentrando 64% das sementes (Figura 2j), considerando ambos os anos a média foi de 1,25 g.

Corrêa et al. (2008) encontraram valores semelhantes para o peso da semente, com média de 1,26 g por se-mente em frutos colhidos em diferentes regiões do Cerrado Goiano. Ao compararmos os frutos e sementes dos anos de 2012 e 2013, observa-se, que para todas as variáveis analisadas, exceto a largura das sementes, os frutos e sementes colhidos em 2012 apresentaram superioridade aos do ano seguinte, diferindo estatisticamente (Quadro 3). Uma possível explicação para a redução das variáveis analisadas nos frutos e sementes, no ano de 2013, poderá residir na precipitação ocorrida (Figura 1), pois o fato da mesma apresentar uma maior acumulação e melhor distribuição, em 2012, pode ter levado as plantas de baruzeiro a produzirem maior quantidade de frutos e com isso os fotoassimilados foram distribuídos para uma maior quantidade de drenos.

 

 

No Quadro 4 apresentam-se as estimativas dos coeficientes de correlação de Spearman (rS) entre as características biométricas de frutos e sementes de baru. Para Farias Neto et al. (2004), o coeficiente tor-na-se útil ao correlacionar positivamente com uma determinada característica de fácil avaliação, sendo que, o aumento de uma característica tende a ser variação acompanhado pelo aumento de outro ou vice-versa, obtendo ganhos sem restringir a seleção. No ano de 2012, houve efeito significativo das correlações para o ES com CLS, LS e IVS; CLS com IVS e MFS; LS com IVS, já no ano seguinte o ES com IVS; CLS com LS e IVS; LS com IVS. Para todas as correlações entre variáveis anteriormente citadas apenas a correlação do ES com LS apresentou efeito antagónico, ou seja, de acordo com o que aumentou o ES diminuiu o LS (Quadro 4).

 

 

Para Gonçalves et al. (2013) o conhecimento da variação biométrica de caracteres de frutos e sementes é importante para o melhoramento dessas características, seja no sentido de aumentar ou uniformizar as características, podendo ser exploradas por pro-gramas de melhoramento, visando a seleção e melhoramento genético desta fruteira para obtenção de cultivares que propiciem frutos com características importantes para a comercialização.

 

Conclusões

Os frutos e sementes de baru possuem grandes variações biométricas, principalmente em relação ao volume e peso fresco dos frutos e do peso fresco e índice do volume das sementes. Houve diferenças significativas entre os anos, com tendências de frutos e sementes maiores em 2012 e menores em 2013. As condições climáticas podem propiciar a expressão das características biométricas.

 

Agradecimentos

Os autores expressam seus agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela concessão de bolsas de Doutorado, a Universidade do Estado de Mato Grosso e a Universidade Federal de Lavras, pelo apoio logístico.

 

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Recebido/Received: 2014.07.18

Aceite/Accepted: 2014.09.19

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