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Revista de Ciências Agrárias

versão impressa ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias v.30 n.1 Lisboa jan. 2007

 

NOTA INTRODUTÓRIA

Extracto da intervenção da Directora do ICAM na sessão de abertura das Jornadas

A iniciativa do Conselho Directivo do ICAM de realizar estas jornadas científicas, subordinadas ao tema Inovação Tecnológica nos Sistemas Agrícolas Mediterrânicos, prendeu-se com o facto de, em vias de se completar o triénio do último projecto que apresentámos à FCT para financiamento plurianual, considerarmos de grande premência a divulgação, a nível nacional, do trabalho que foi desenvolvido pelo ICAM nesse período.

Pareceu-nos relevante a opção por este tipo de evento, de carácter nacional, em lugar de apenas promover ou facilitar as mais habituais participações individuais em eventos no estrangeiro. Facilita-se aqui, esperamos, a troca de experiências e conhecimentos e a promoção de novas colaborações com equipas que, a nível nacional, desenvolvem investigação em áreas semelhantes ou complementares. Facilita-se assim, supõe-se também, a extensão universitária da investigação do ICAM e a divulgação do conhecimento gerado, junto daqueles que, a nível nacional, serão os seus utilizadores finais. Esta vertente extensionista ou de transferência tecnológica para os utilizadores impõe-se também, com relevo, numa altura em que a inovação tecnológica é tão reconhecida como motor do Desenvolvimento do País. Assim também acontece com a Agricultura Portuguesa, e o ICAM assume aí o seu papel.

De facto, o Instituto de Ciências Agrárias Mediterrânicas (ICAM) da Universidade de Évora, que hoje tem cerca de 130 membros, 70 dos quais doutorados, representa, a nível nacional, um dos maiores centros de investigação na área das Ciências Agrárias. Apresentando uma larga abrangência científica e multidisciplinaridade evidente, o ICAM está, fruto de recente reorganização, estruturado em quatro ”Unidades Organizadas de Investigação” (UOI) e uma unidade especial de divulgação e inovação tecnológica. As Unidades, correspondendo aos 4 grandes domínios das Ciências Agrárias que melhor se identificam na actividade de investigação do ICAM, são as seguintes: Ciências e técnicas da engenharia nos sistemas agrícolas; Sistemas agro-silvo-pastoris; Alimentos, tecnologia e segurança alimentar e Horticultura mediterrânica.

Ao longo de vinte e cinco anos de investigação em Ciências Agrárias, a Universidade de Évora e o seu Instituto de Investigação (ICAM) contribuíram de um modo relevante para o desenvolvimento de aspectos essenciais da Agricultura.

Saliento, sem ser exaustiva, os seguintes aspectos:

-Os estudos para a caracterização e evolução do Montado,

-O desenvolvimento da vitivinicultura e da olivicultura do Alentejo,

-A caracterização e certificação de produtos da região, como o vinho, o presunto de Barrancos, os queijos de Évora e Serpa e a ameixa de Elvas.

-A inovação tecnológica ao nível da preparação do solo, com técnicas culturais como a mobilização mínima e a sementeira directa

-A inovação tecnológica ao nível de sistemas de rega, drenagem e conservação do solo e da água nas condições do Alentejo.

-A adaptação e o desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos agrícolas, contribuindo para o desenvolvimento de novas tecnologias nas operações culturais.

-A utilização dos recursos alimentares das pastagens e forragens, assim como das potencialidades das raças autóctones, de forma a preservar a qualidade do produto final, como é hoje reconhecida a qualidade da carne dos bovinos de raça Mertolenga ou dos porcos Alentejanos e seus produtos conservados.

-A procura de soluções alternativas para a agricultura Alentejana, como as culturas energéticas, as plantas aromáticas ou a utilização de alimentos tradicionais como alimentos funcionais.

No ICAM, é cada vez mais relevante a preocupação com a integração ambiental da agricultura, com o harmonizar do desenvolvimento agrícola e do mundo rural com o ambiente, harmonização que é, como sabemos, o pilar da sustentabilidade do referido desenvolvimento.

Em muitos casos, é investigação de muita qualidade científica a que se está a fazer, sem contudo nunca deixar de se ter uma preocupação acentuada com a utilidade e a aplicabilidade a curto prazo dos resultados da investigação ao desenvolvimento tecnológico.

No ICAM temos consciência que o resultado da avaliação, que determina o financiamento que nos é concedido, depende fundamentalmente do aumento significativo da nossa publicação científica. Com esse objectivo promoveu-se a maior coerência entre investigadores, objectivos e programas, de modo a estruturar equipas fortes, com competência para gerar bons resultados científicos. Por outro lado, procurámos a correcta identificação das áreas de investigação preferenciais ou prioritárias, de onde pudessem vir a originar-se verdadeiras áreas de excelência do ICAM. Em simultâneo, não podia este Instituto deixar de contribuir para o desenvolvimento regional, através do crescimento das capacidades científicas e tecnológicas no Alentejo.

Importa salientar que a maior parte da investigação científica do ICAM decorre no quadro de projectos financiados pela FCT ou pela Comunidade Europeia e que as Universidades, com os cortes orçamentais que têm sofrido, não têm possibilidade de financiar os seus centros de investigação. Estes constrangimentos são ainda mais marcantes na área científica das Ciências Agrárias. A investigação experimental nesta área implica equipamento e infra-estruturas caras mas, ao contrário do que acontece em outras áreas, a participação das empresas na investigação é irrelevante. Precisamos de mais programas que suportem a nossa capacidade de produzir e publicar conhecimento científico útil ao nosso Desenvolvimento. São urgentes medidas que passam também pela criação de programas de incentivo aos jovens investigadores.

Para estas jornadas, a escolha dos temas prendeu-se com os quatro domínios em que os membros do ICAM desenvolvem investigação, promovendo-se a discussão e a troca de experiências, essencial para a pretendida Inovação Tecnológica nos Sistemas Agrícolas Mediterrânicos, tema das nossas jornadas.

Há que salientar o bom acolhimento que esta iniciativa teve dentro da comunidade científica e não só, o qual se traduz pelo elevado número de participantes inscritos.

Um agradecimento é devido a todos os participantes e entre estes, de forma especial, aos oradores convidados, que acederam em dar, com as suas experiências, um contributo de especial valor para estas Jornadas.

Agradece-se também o apoio que nos foi dado pelas várias entidades que tiveram a gentileza de patrocinar esta nossa iniciativa.

Por último, uma palavra de muito apreço para a comissão organizadora destas jornadas, presidida pelo Prof. Lúcio Santos, que desde a primeira hora abraçaram esta ideia de forma entusiástica.

Maria do Rosário Gamito de Oliveira Directora do ICAM

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