SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.33 número1Prevalência de sintomas associados a lesões musculoesqueléticas na atividade profissional dos higienistas oraisConstrangimentos ao controlo da tuberculose no sistema prisional índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Saúde Pública

versão impressa ISSN 0870-9025

Rev. Port. Sau. Pub. vol.33 no.1 Lisboa jun. 2015

https://doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.03.003 

ARTIGO DE REVISÃO

 

Contributo da avaliação psicológica no exame clínico de condutores com doença neurológica e psiquiátrica: revisão teórica

Contribution of the psychological assessment in the clinical examination of drivers with neurological and psychiatric disease: Theoretical review

 

Inês Saraiva Ferreiraa, *, , Mário Rodrigues Simõesb,

a Universidade Europeia, Laureate International Universities, Lisboa. Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria. Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal

b Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria. Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal

 

RESUMO

Contexto

Os condutores com doença neurológica ou psiquiátrica podem apresentar alterações cognitivas e comportamentais suscetíveis de diminuir a aptidão para conduzir um automóvel. Um número considerável de investigações e publicações comprova a utilidade de instrumentos e protocolos de avaliação psicológica para prever o desempenho da atividade de condução.

Objetivo

Documentar dados de investigação empírica relativos a testes psicológicos preditores da atividade de condução em pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica, e contribuir para a sensibilização de médicos profissionais sobre a utilidade de uma avaliação psicológica diferenciada no exame clínico de condutores.

Método

Pesquisa de literatura em bases de dados científicas (B-On, EBSCO, ISI Web of Knowledge, OvidSP, ProQuest, WileyBlackwell), num horizonte temporal de 2000 a julho de 2013. Foram considerados termos de pesquisa específicos e abrangendo patologias como traumatismo crânio-encefálico, acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, depressão, esquizofrenia e perturbação de hiperatividade com défice de atenção.

Resultados

Os dados de investigação empírica corroboram a validade de instrumentos e protocolos de avaliação psicológica, nomeadamente de natureza cognitiva, na identificação de casos com diminuição da capacidade de condução e maior risco de acidente de viação. Os domínios visuo-percetivo, visuo-espacial, atenção visual, funções executivas mas, também, a velocidade de processamento e memória de trabalho, são documentados sistematicamente como determinantes da capacidade de condução.

Discussão e conclusões

Uma avaliação psicológica especializada poderá constituir um contributo decisivo no exame clínico de condutores, permitindo obter elementos relevantes para o processo de tomada de decisão e fundamentação do parecer de aptidão ou inaptidão para a condução. Com a finalidade de aumentar o rigor das avaliações e fundamentar os pareceres emitidos pelos técnicos, é recomendada uma articulação de resultados da avaliação médica e avaliação psicológica para a condução.

Palavras-chave: Avaliação psicológica. Testes cognitivos. Condução automóvel. Aptidão para a condução. Doença neurológica. Doença psiquiátrica.

 

ABSTRACT

Background

Drivers with neurological or psychiatric disease may have cognitive and behavioral deficits likely to reduce the ability to drive a car. Considerable research and publications has shown the utility of instruments and psychological assessment protocols to predict the performance on driving activity.

Objective

To document empirical data regarding to psychological test predictors of driving activity in people with neurological or psychiatric disorders, and contribute to the awareness of medical professionals about the usefulness of a differentiated psychological assessment in the clinical examination of drivers.

Methods

Literature search in scientific databases (B-On, EBSCO, ISI Web of Knowledge, OvidSP, ProQuest, WileyBlackwell), in a time period between 2000 and July of 2013. Were considered specific search terms and covering medical conditions such as traumatic brain injury, stroke, multiple sclerosis, Alzheimer's disease, Parkinson's disease, depression, schizophrenia and attention-deficit hyperactivity disorder.

Results

Research data confirms the validity of instruments and psychological assessment protocols, particularly of cognitive nature, in identifying cases with impaired driving ability and increased risk of crashes. Cognitive domains such as visuo-perceptual, visuospatial, visual attention, executive functions, but also the processing speed and working memory, are documented systematically as determinants of driving ability.

Discussion and conclusions

A specialized psychological assessment may constitute a decisive contribution in the clinical examination of drivers, allowing collecting relevant elements to the process of decision making and justification of the clinical judgment of fit or unfitting to drive. With the purpose of increasing the accuracy of the assessments and support the clinical judgments by experts, it is recommended an articulation of results between medical assessment and psychological assessment for driving.

Keywords: Psychological assessment. Cognitive tests. Automobile driving. Fitness to drive. Neurological disease. Psychiatric disease.

 

Introdução

As pessoas com diversos tipos de doença, nomeadamente doença neurológica ou psiquiátrica, podem apresentar alterações cognitivas e comportamentais suscetíveis de comprometer, de modo temporário ou permanente, o desempenho da atividade de condução automóvel. Um número considerável de estudos corrobora um maior risco de acidente de viação em condutores com doença neurológica, comparativamente a condutores sem doença identificada (casos-controlo) ou com a população condutora em geral, em particular: traumatismo crânio-encefálico1–3 (TCE); acidente vascular cerebral4,5 (AVC); esclerose múltipla6–8 (EM); doença de Alzheimer9–11 (DA) e doença de Parkinson12 (DP). Embora os dados de investigação sobre o risco de acidente de viação em condutores com doença psiquiátrica sejam relativamente escassos, a depressão, a esquizofrenia e a perturbação de hiperatividade com défice de atenção são também consideradas potenciais fatores de risco13–15.

No âmbito da avaliação médica de condutores, um diagnóstico de doença neurológica ou psiquiátrica não representa, no entanto, um indicador conclusivo da aptidão para a condução16. Em pessoas com um mesmo diagnóstico e, inclusivamente, com sintomas com o mesmo nível de gravidade, podem coexistir quadros clínicos heterogéneos, associados a situações de comorbilidade, com distinta influência no funcionamento cognitivo e psicomotor, e no comportamento de condução. Concomitantemente, o consumo regular e/ou prolongado de medicação psicofarmacológica pode ocasionar efeitos secundários na condução de veículos a motor. Referenciando apenas algumas substâncias representativas, as benzodiazepinas17, os antidepressivos18 (nomeadamente os tricíclicos) e os antipsicóticos19 (especialmente os atípicos) são suscetíveis de afetar a capacidade de controlo de comandos (e.g., volante, pedais), o posicionamento lateral do veículo na estrada, a regulação da velocidade e os processos de tomada de decisão. De modo a possibilitar a identificação de casos com alterações cognitivas e psicomotoras suscetíveis de limitar o exercício da condução em segurança, pode ser recomendada uma avaliação psicológica especializada no exame de condutores.

A atividade de condução exige, de modo simplificado, a integridade, coordenação e rapidez de diferentes processos psicológicos de natureza cognitiva: perceber e atender os múltiplos estímulos do ambiente rodoviário, interpretar as situações de trânsito, decidir sobre as ações necessárias, planear e executar ações, e processar o feedback de modo a determinar a necessidade de novas ações13. A presença de défices nestes domínios, incluindo a perceção, atenção e funcionamento executivo, é frequente em pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica14. O exame dos processos cognitivos intrínsecos ao desempenho da tarefa de condução constitui o objetivo central da avaliação psicológica de condutores, cujos resultados evidenciam utilidade na previsão desta atividade.

Existem evidências empíricas de que a avaliação médica é pouco sensível e específica no exame de funções cognitivas que determinam a capacidade de condução. Embora possa ser determinante no processo de avaliação e instrução de condições médicas suscetíveis de influenciar o desempenho da condução (funções sensoriais e motoras, doenças crónicas, comorbilidades, medicação, etc.), não inclui o recurso a instrumentos e técnicas de avaliação psicológica, imprescindíveis para uma avaliação formal, estandardizada e quantificada de alterações cognitivas suscetíveis de afetar a segurança da condução20–22.

Os pedidos de parecer psicológico por parte de médicos responsáveis por atestados para a condução são, no entanto, relativamente escassos em comparação com a proporção de pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica, e que continuam a conduzir. Uma explicação para este fato poderá corresponder à falta de formação formal no domínio do exame clínico de condutores23,24, limitando a possibilidade de uma abordagem avaliativa holística e diferenciada. Neste contexto, é expectável que um largo número de utentes não seja referenciado e examinado de um modo rigoroso nas suas aptidões cognitivas para a condução.

O presente texto tem como objetivo uma revisão teórica da literatura sobre testes psicológicos preditores do desempenho da atividade de condução em pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica, procurando ilustrar a utilidade de uma avaliação psicológica diferenciada no exame clínico de condutores.

 

Método

A presente revisão foi baseada numa pesquisa de literatura em bases de dados científicas (B-On, EBSCO, ISI Web of Knowledge, OvidSP, ProQuest, WileyBlackwell), num horizonte temporal de 2000 a julho de 2013, incluindo os idiomas inglês, francês, espanhol e português. Foram considerados os seguintes termos de pesquisa: driving, automobile, fitness to drive, accidents, crash, road test, cognitive, psychological assessment, neuropsychological assessment, testing, stroke, brain injury, multiple sclerosis, dementia, Alzheimer's, Parkinson's, depression, schizophrenia e attention-deficit hyperactivity disorder.

Os critérios de seleção dos estudos incluíram os seguintes: (a) estudos documentados em artigos de periódicos com arbitragem científica; (b) estudos com dados de investigação empírica que corroboram a validade de instrumentos ou protocolos de avaliação psicológica em relação a medidas de desempenho da condução (provas em contexto real de trânsito e/ou dados sobre acidentes); (c) estudos com amostras referentes a condutores com diagnóstico clínico específico, nomeadamente doença neurológica (acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, traumatismo crânio-encefálico) ou psiquiátrica (depressão, esquizofrenia, perturbação de hiperatividade com défice de atenção).

A escolha das patologias foi baseada em critérios de incidência e de impacto funcional a nível global, incluindo cinco das dez doenças neurológicas mais frequentes (em conjunto com a epilepsia, cefaleias crónicas, neuropatias, perturbações neurológicas associadas a infeções e má nutrição)25 e duas doenças psiquiátricas (depressão e esquizofrenia) com maior risco de incapacidade funcional26. A perturbação de hiperatividade com défice de atenção foi ainda objeto de revisão, sendo referenciada como a doença psiquiátrica com mais dados consistentes de efeito negativo na condução13.

 

Resultados

De acordo com os critérios de seleção dos estudos, foram identificados 36 artigos referentes a condutores com doença neurológica (tabela 1): traumatismo crânio-encefálico (n = 4), acidente vascular cerebral (n = 7), esclerose múltipla (n = 5), doença de Alzheimer (n = 12) e doença de Parkinson (n = 8).

No âmbito dos estudos, a revisão de literatura é apresentada por patologia e de acordo com as seguintes rubricas: características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos; importância da atividade de condução; alterações cognitivas representativas e impacto na condução; testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução.

No campo das doenças psiquiátricas, uma vez que não foram identificados estudos de natureza empírica sobre a associação entre testes psicológicos e medidas de desempenho da condução, foram documentados dados de investigação sugestivos da utilidade da avaliação psicológica para a condução nesta população clínica.

 

Doenças neurológicas

Traumatismo crânio-encefálico

Características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos. O TCE resulta de uma força mecânica na caixa craniana associada a lesões focais ou difusas do encéfalo. O tipo de lesão depende da natureza e magnitude da força aplicada, da sua duração e do local de aplicação, podendo ainda ocorrerem lesões cerebrais secundárias associadas a alterações celulares e nos vasos sanguíneos61. Nos países desenvolvidos, os TCE constituem a principal causa de mortalidade e morbilidade nos adultos jovens. Em Portugal, os dados relativos à incidência de casos de TCE entre 1996-1997 foi de 137/100.000, com uma taxa de mortalidade na ordem dos 17/100.000 em 1997. Estimou-se ainda que em cada ano surgem mais de 3.700 novos casos de incapacidade resultante de TCE, e que os números relativos à prevalência atingem milhares de pessoas62.

Importância da atividade de condução. Em condutores vítimas de TCE, a atividade de condução é considerada um fator determinante na manutenção da independência, no processo de reintegração social e na qualidade de vida63. No entanto, mais de metade dos casos retoma essa atividade sem qualquer avaliação clínica especializada e aconselhamento64,65. As pessoas com TCE grave, em particular, tendem a sobrevalorizar o processo de reabilitação física e a negligenciar os eventuais problemas cognitivos e emocionais persistentes, suscetíveis de diminuir a aptidão para conduzir um automóvel em segurança28.

Alterações cognitivas representativas e impacto na condução. A previsão do desempenho de condução em pessoas com TCE é, na maioria dos casos, complexa e difícil considerando a heterogeneidade de sequelas físicas, cognitivas e comportamentais que podem comprometer a proficiência de condução66. A natureza das lesões cerebrais, a gravidade do traumatismo, o tempo decorrido e a evolução dos défices desde a lesão cerebral, são exemplos de fatores que podem contribuir para a diversidade de sintomas clínicos e subjetivos67. A lentidão no processamento de informação corresponde a uma das sequelas neurocognitivas mais evidentes nos casos de TCE, com impacto negativo na eficiência dos processos percetivos (e.g., perceber e atender a estímulos do ambiente), atencionais (e.g., selecionar os estímulos relevantes ou dar atenção a mais de um estímulo em simultâneo) e executivos (e.g., antecipar, planear, tomar decisões e monitorizar o comportamento), considerados como cruciais na tarefa de condução13–15. Os défices nestes domínios podem ser frequentes e persistentes mesmo após a implementação de um programa de reabilitação neuropsicológica68.

Testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução. Existem evidências sobre a utilidade de testes cognitivos para prever o desempenho de condução real em pessoas vítimas de TCE. Provas que examinam a velocidade de processamento e memória de trabalho (Symbol Digit Modalities Test30, Sequências Letras-Números27,28), a atenção visual e funcionamento executivo (UFOV − 229, Trail Making Test29, Color Trails Test27, Stroop28,30), e capacidades visuo-percetivas (Matrizes27, Judgment of Line Orientation30), constituem preditores significativos. Por exemplo, numa amostra de 52 condutores vítimas de TCE, um modelo de previsão incluindo testes que também examinam estes domínios (Stroke Drivers Screnning Assessment, Stroop e Information Processing), permitiu obter uma classificação correta (critério aptidão/inaptidão em prova de condução) em 87% dos casos28.

 

Acidente vascular cerebral

Características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos. Um AVC é caracterizado pela instalação súbita de um défice neurológico variável, resultante da oclusão (isquemia) ou rotura (hemorragia) de uma artéria cerebral, podendo ainda ocorrer complicações neurológicas associadas a edema e hipertensão intracraniana. Os AVC são a primeira causa de morte em Portugal e a principal causa de incapacidade nas pessoas idosas. Constituem também a segunda causa mais comum de demência, bem como a mais frequente de epilepsia e depressão no idoso69. Não é conhecida, em rigor, a incidência e prevalência dos AVC na população portuguesa, mas foi estimada uma incidência aproximada de 279/100.000 casos por ano70, sendo que metade dos sobreviventes exibem alguma incapacidade e 30% ficam dependentes de cuidadores71.

Importância da atividade de condução. Em pessoas vítimas de AVC, retomar a atividade de condução pode representar um dos principais objetivos do processo de reabilitação, tendo em consideração a frequência de sequelas motoras, nomeadamente hemiparesias e hemiplegias, que limitam a mobilidade e independência72. Os défices motores são, na maioria dos casos, compensados com recurso a adaptações no veículo, ou simplesmente com o uso de um automóvel com caixa de velocidades automática73. Contudo, a presença de défices cognitivos, mesmo subtis, pode diminuir de modo significativo a capacidade de condução, sendo recomendada uma avaliação psicológica especializada74.

Alterações cognitivas representativas e impacto na condução. A manifestação de alterações cognitivas e do comportamento é determinada, em grande parte, pela localização e extensão da lesão vascular. No que concerne à proficiência da condução automóvel, os défices na perceção visual, na atenção e no funcionamento executivo são particularmente relevantes, contrariamente a eventuais défices nos domínios da linguagem ou memória75. Por exemplo, a inatenção hemiespacial seletiva constitui o defeito cognitivo mais frequente nas lesões vasculares do hemisfério cerebral direito, podendo persistir de modo subtil mesmo após um período formal de reabilitação neuropsicológica76. Durante a tarefa de condução, este défice limita a capacidade de perceber, atender e responder a estímulos no hemiespaço esquerdo do campo visual, sendo referenciado como um preditor significativo de envolvimento em acidente de viação77.

Testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução. Vários estudos documentam a utilidade de testes cognitivos específicos para prever o desempenho de condução em contexto real de trânsito em pessoas vítimas de AVC. Os Cubos da WAIS (que examinam capacidades visuo-percetivas e visuo-espaciais, mas também velocidade de processamento, atenção visual e componentes intrínsecos às funções executivas) constituem um teste preditor de erros que comprometem a segurança durante a condução34. Os desempenhos na Figura Complexa de Rey32,34, no UFOV Test34,37 e no Stroke Drivers’ screening Assessment33,35,37 (SDSA) são também preditores significativos da capacidade de condução em mais do que um estudo. Importa ainda destacar um modelo de avaliação baseado no Complex Reaction Time (teste de tempos de reação complexa que envolve vários recursos cognitivos), permitindo obter uma classificação correta (critério aptidão/inaptidão em prova de condução) em 83% dos casos31.

 

Esclerose múltipla

Características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos. A EM é uma doença inflamatória crónica e progressiva do sistema nervoso central, associada a sintomas diversificados em função da localização da inflamação e da desmielinização das células nervosas. A doença pode apresentar-se de várias formas, sendo a mais comum a Esclerose múltipla surto remissão, caracterizada pelo aparecimento de surtos associados a atividade inflamatória exacerbada, intercalados com períodos de remissão da doença, durante os quais pode ocorrer a recuperação de alguns sintomas78. Estima-se, a partir de estudos epidemiológicos, uma incidência de 4,3/100.000 casos por ano na Europa79, afetando cerca de 6.500 pessoas em Portugal. Em regra, a doença manifesta-se clinicamente entre os 20 e 40 anos de idade, sendo a causa mais frequente de incapacidade por doença neurológica não traumática do adulto jovem78.

Importância da atividade de condução. Em pessoas com EM a condução é considerada crucial na manutenção da mobilidade, independência e liberdade, constituindo também um símbolo de capacidade funcional. Aproximadamente 23% dos condutores com EM cessam a condução depois do diagnóstico, e os que continuam a conduzir apresentam melhor funcionamento físico e cognitivo80. Apesar da tendência para reduzirem essa atividade, os condutores com EM correspondem a um grupo clínico com maior risco de acidente em comparação com condutores sem doença identificada6,7.

Alterações cognitivas representativas e impacto na condução. A par de eventuais sintomas visuais (e.g., neurite ótica, nistagmo) e motores (e.g., espasticidade, ataxia), as alterações cognitivas são comuns, nomeadamente na velocidade de processamento, atenção, memória e funcionamento executivo (com frequente preservação da linguagem e do funcionamento intelectual), e podem ter influência negativa na proficiência de condução81. Por exemplo, em comparação com casos-controlo, um grupo de pacientes com EM evidenciou um número significativo de erros no controlo lateral e na regulação da velocidade do veículo durante a condução82.

Testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução. Um estudo de Lincoln e Radford38 é ilustrativo da eficácia dos testes cognitivos para prever o desempenho de condução real em pessoas com EM. Numa amostra de 34 condutores, os desempenhos no Dot Cancellation (atenção e concentração), Design Learning (memória visual), Adult Memory and Information-Processing Task (velocidade de processamento) e Road Sign Recognition (capacidades visuo-espaciais) permitiram obter uma função discriminante com eficiência classificatória de 88%. Akinwuntan et al.39, numa amostra de 44 pessoas com EM, comprovam igualmente a utilidade das provas do SDSA para prever o resultado na condução, com uma eficiência classificatória de 86%. Adicionalmente, um modelo de previsão incluindo três provas do SDSA (Square Matrices Directions, Square Matrices Compass e Road Sign Recognition), o Stroop e o UFOV Test, permitiu aumentar a eficiência classificatória para 91%40. Nas investigações de Schultheis et al.7,8, testes que compreendem velocidade de processamento e atenção visual, como o Symbol Digit Modalities Test8 e Código7 (WAIS), capacidades visuo-espacias, como o 7/24 Spatial Recall Test8 e Cubos7 (WAIS), e funções executivas, como o Stroop e Trail Making Test7, foram preditores significativos de medidas do desempenho da condução, corroborando a utilidade destes instrumentos na avaliação da capacidade de condução em pessoas com EM.

 

Doença de Alzheimer

Características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos. A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada clinicamente por uma demência progressiva e histologicamente pela presença de placas senis, entrançados neurofibrilhares e perda progressiva de neurónios na região límbica e do córtex parieto-temporal. Representa a causa mais frequente de demência e tem início, na maioria dos casos, após os 65 anos. O quadro clínico típico da DA inclui uma deterioração precoce e proeminente da memória recente, seguida de outras alterações cognitivas e comportamentais, interferindo com a capacidade funcional do indivíduo. O funcionamento sensorial e motor é preservado até uma fase avançada da doença83. O envelhecimento demográfico e aumento da esperança média de vida têm contribuído para o aumento da prevalência das demências a nível global, sendo que em Portugal, os dados epidemiológicos no norte do país apontam para uma prevalência de 2,7/100 casos entre 55-79 anos84.

Importância da atividade de condução. De acordo com dados internacionais, cerca de 30 a 45% das pessoas com demência mantém uma condução ativa e durante vários anos após o início da síndrome85. A cessação da atividade de condução constitui um momento decisivo (e difícil) no processo de evolução da doença, confrontando a pessoa com a perda grave de capacidade funcional86. A maioria dos condutores com demência, à semelhança dos condutores idosos, querem ser os próprios a decidir sobre a sua atividade de condução. No entanto, o processo da doença limita a consciência dos défices funcionais e dos problemas na condução, bem como a capacidade de tomar decisões ajustadas à realidade87.

Alterações cognitivas representativas e impacto na condução. Os primeiros sintomas cognitivos da doença incluem, usualmente, o defeito na memória recente e alterações associadas noutras funções como a orientação, atenção, linguagem, função visuo-espacial e executiva. Podem também coexistir sintomas neuropsiquiátricos como apatia, agitação, sintomas depressivos e psicóticos. As alterações neurocognitivas têm impacto no desempenho funcional da condução88, embora existam evidências de que o defeito mnésico não seja preponderante na proficiência de condução e segurança89. As pessoas com demência provável identificada a partir da escala de avaliação global Clinical Dementia Rating90,91 (CDR) podem apresentar um desempenho de condução em segurança ainda durante um longo período de tempo11. Nos casos de demência ligeira, existem evidências de um aumento significativo de erros que colocam em risco a segurança, a título exemplificativo: menor capacidade de deteção dos sinais de trânsito, falhas no controlo lateral e longitudinal do veículo, e condução temerária em cruzamentos, entroncamentos e rotundas44,48.

Testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução. Em pessoas com DA existem evidências de testes específicos com capacidade preditiva significativa em relação ao desempenho de condução, a título ilustrativo: o Código da WAIS50 (velocidade de processamento), o Driving Scenes Test da Neuropsychology Assessment Battery43 (atenção visual), o Maze Navigation Test45 (funções executivas) e escalas de avaliação global como o Blessed Dementia Rating Scale41 e o CDR42. Outros estudos ilustram a utilidade de modelos de avaliação mais abrangentes, incluindo os referidos domínios e as capacidades visuo-espaciais, com uma precisão classificatória variável entre os 78 e 88%46,47,51,52.

 

Doença de Parkinson

Características gerais do quadro clínico e aspetos epidemiológicos. A DP é uma doença neurodegenerativa crónica progressiva caracterizada clinicamente por tremor de repouso, rigidez e bradicinesia. Patologicamente, caracteriza-se por degeneração de neurónios dopaminérgicos no sistema nigroestriado e pela presença de inclusões intraneuronais de corpos de Lewy. A par dos sintomas motores clássicos, a DP é também associada a sintomas cognitivos e comportamentais, mesmo em estádios iniciais da doença e em doentes não demenciados. O risco relativo de desenvolver demência nos doentes de Parkinson é superior ao da população em geral, caracterizando-se por uma síndrome disfuncional executiva predominante, associando-se frequentemente a várias alterações psiquiátricas como a depressão, a ansiedade e os sintomas psicóticos. A prevalência da doença aumenta com a idade e atinge aproximadamente 1% da população mundial com mais de 65 anos de idade92. Em Portugal, foi determinada uma prevalência de 130/100.00093, sendo que o Observatório Nacional de Saúde apontou, em 2005, uma prevalência auto-declarada de 392,4/100.00094.

Importância da atividade de condução. Para pessoas com DP, a tarefa de condução é essencial para a mobilidade, sobretudo com o agravamento dos sintomas motores associados a alterações da marcha e instabilidade corporal. De acordo com dados internacionais, cerca de 60% das pessoas com DP mantém uma condução ativa até um estádio avançado da doença12.

Alterações cognitivas representativas e impacto na condução. A DP é associada a alterações cognitivas, nomeadamente na atenção, memória, velocidade de processamento e funcionamento executivo. Vários estudos documentam o declínio da proficiência de condução real em pessoas com DP. Por exemplo, em comparação com grupos de controlo, foi assinalado um aumento significativo do número de erros de condução que colocam em risco a segurança rodoviária, como condução errática e desvios do veículo para fora da via58,95, ausência de pesquisa visual durante as manobras (e.g., mudança de direção ou de via, marcha-atrás, estacionamento)96, períodos de tempo elevados para iniciação e execução de manobras, assim como dificuldades na regulação da velocidade97.

Testes psicológicos preditores de desempenho na atividade de condução. Considerando a ineficácia de escalas clínicas que examinam o grau de gravidade da DP para prever a capacidade de condução96–98, Devos e colaboradores57,60, testaram um modelo de avaliação incluindo apenas o exame motor da Unified Parkinson's Disease Rating Scale e o CDR, obtendo uma precisão classificatória elevada (7790%). Um outro estudo55 incluindo o Purdue Pegboard Test (destreza manual e coordenação bimanual) e Symbol Digit Verbal Test (velocidade de processamento) permitiu obter um modelo com excelente poder discriminante (90%). O UFOV test53,54,58,59, o Trail Making Test53,54,56 e a Figura Complexa de Rey53,54,58 são também exemplos de preditores do desempenho de condução real em mais do que um estudo, corroborando o valor incremental de testes (neuro)psicológicos específicos na avaliação clínica de condutores com DP.

 

Doenças psiquiátricas

Na literatura atual existe uma escassez de dados empíricos sobre a relação entre doenças psiquiátricas e a capacidade de condução, em grande parte justificado pela dificuldade no controlo de variáveis confundentes, de modo particular, em diferenciar o impacto dos sintomas da doença e os efeitos dos psicofármacos (e.g., antidepressivos, benzodiazepinas, antipsicóticos) nessa atividade13,99. Défices de atenção e concentração, lentidão ou agitação psicomotora, fadiga fácil, ansiedade, consumo abusivo de substâncias e outros comportamentos de risco são sintomas comuns em doentes psiquiátricos e com potencial efeito negativo na tarefa de condução100.

Em pessoas com diagnóstico de depressão, o consumo de antidepressivos com efeitos sedativos foi associado a ligeiro aumento do risco de acidente de viação101. O consumo de fármacos com inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina, também contribui para desempenhos inferiores em provas de condução real, em comparação com casos controlo. As dificuldades no controlo lateral do veículo e na regulação da velocidade constituem os erros mais representativos durante a tarefa condução real em pessoas com depressão102, mas também no desempenho de condução simulada em pessoas com esquizofrenia103. Alguns estudos sugerem um maior número de infrações às regras de trânsito e de acidentes de viação em pacientes esquizofrénicos comparativamente à população não psiquiátrica104, embora esta diferença não tenha sido observada por outros autores105.

No âmbito das doenças psiquiátricas importa ainda assinalar a evidência do efeito negativo da perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA) na capacidade de condução. Os comportamentos de desatenção, agitação motora e impulsividade, bem como outros fatores de risco associados a este grupo clínico como o consumo abusivo de substâncias e comportamento antissocial, foram documentados de modo sistemático como preditores de um maior número de infrações (nomeadamente por excesso de velocidade) e acidentes de viação associados a ferimentos, comparativamente a condutores sem doença identificada (casos controlo) ou com a população condutora em geral106–108.

Em termos globais, é sugestivo que estas condições psiquiátricas, associadas a um consumo prolongado de psicofármacos, possam comprometer o funcionamento neurocognitivo e o comportamento de condução. São necessários estudos sistemáticos sobre a relação entre testes (neuro) psicológicos e a capacidade de condução em pessoas com doença psiquiátrica. Natureza da doença, anos de duração da doença, gravidade dos sintomas, comorbilidades, psicofármacos e testes do protocolo de avaliação são algumas das variáveis a considerar nas investigações.

 

Discussão e conclusões

A avaliação da aptidão física, mental e psicológica para a condução constitui uma preocupação muito atual em Saúde Pública, igualmente expressa num número crescente de investigações e publicações na literatura médica e psicológica13–16,106,107,109,110.

A capacidade de condução pode ser comprometida por alterações cognitivas, frequentes em pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica. O impacto de défices ou de declínio cognitivo na atividade de condução é um dos dados mais consistentes identificados nos grupos clínicos considerados neste trabalho.

Os estudos recenseados corroboram a utilidade de testes psicológicos específicos, nomeadamente cognitivos, na avaliação de condutores com doença neurológica ou psiquiátrica. Do ponto de vista clínico, os domínios visuo-percetivo, visuo-espacial, atenção visual, funções executivas, mas também a velocidade de processamento e memória de trabalho, são documentados sistematicamente como determinantes da capacidade de condução. Uma avaliação psicológica especializada que examine de modo estruturado estes domínios poderá constituir um contributo determinante, permitindo obter elementos clínicos relevantes para o processo de tomada de decisão e fundamentação do parecer de aptidão ou inaptidão para a condução.

Importa também referir que a avaliação da personalidade e de sintomas psicopatológicos, embora não incluída no âmbito das investigações referenciadas, é parte integrante dos protocolos de avaliação psicológica de condutores, conforme o atual Regulamento da habilitação legal para conduzir111. De modo particular, o padrão comportamental do indivíduo deve ser analisado com recurso a técnicas de avaliação psicológica como a entrevista e observação clínica, procurando aferir uma eventual diminuição do controlo de impulsos e a identificação de comportamento social inapropriado (e.g., desinibição, euforia, irritabilidade fácil, agressividade, perseveração e rigidez manifestas). Estas alterações são frequentes nos grupos clínicos considerados e podem ser potenciadas em contexto real de trânsito, uma vez que a tarefa de condução exige também um controlo emocional e comportamental adequado. Por outro lado, a entrevista e observação clínica identificam importantes indicadores do funcionamento cognitivo. Por exemplo, as pessoas com deterioração cognitiva podem apresentar falta de juízo crítico e de capacidade de insight, o que afeta o reconhecimento dos défices funcionais e dos riscos inerentes à atividade de condução87. Estas questões concretas são valorizadas numa avaliação psicológica especializada e contribuem para assegurar maior rigor no exame clínico da aptidão para a condução.

A avaliação psicológica de condutores pode ser conceptualizada, deste modo, como abrangente (englobando as esferas cognitiva, emocional e comportamental) e sistemática (formal, estandardizada, quantificada), concretizando-se através do recurso a instrumentos e protocolos válidos, isto é, fundamentados em estudos empíricos de validade em relação a medidas de condução. Se a condução contribui para a independência e o bem-estar psicológico, e a redução ou restrição desta atividade potencia o isolamento social e a manifestação de sintomas de depressão112, importa uma gestão rigorosa dos instrumentos disponíveis e assegurar a validade de todo o processo de avaliação, de modo a evitar inferências incorretas sobre a capacidade de condução dos indivíduos (e todas as implicações pessoais, familiares e sociais associadas).

O processo de avaliação psicológica deve ainda ser diferenciado em função do diagnóstico e grupo etário a que pertence o condutor (sugestivo de comportamentos e problemas de condução característicos), sem contudo esquecer que a condução automóvel é uma atividade que envolve requisitos universais em termos cognitivos113,114. Do ponto de vista prático, é desejável o reconhecimento de um instrumento ou protocolo básico comum que permita assegurar o grau de exigência das avaliações e a comparabilidade de resultados115.

A abordagem avaliativa deve ser também adaptada à natureza evolutiva da doença. Se em patologias de natureza não progressiva (e.g., TCE, esquizofrenia) pode ser recomendada uma avaliação da aptidão para a condução após um período formal de intervenção terapêutica (e.g., reabilitação cognitiva, psicofarmacológica) e relativa estabilização do quadro de funcionamento neurocognitivo, noutros casos importa reconhecer a necessidade de reavaliações periódicas. Estas são justificadas considerando a obrigatoriedade de monitorizar a natureza progressiva de algumas doenças desde o início de suposição do diagnóstico (e.g., demências, EM), ou o possível impacto da medicação e agravamento nos comportamentos de condução decorrentes de processos evolutivos de envelhecimento inerentes a todos os quadros clínicos. Na abordagem de condutores com doença neurodegenerativa, o psicólogo deve ainda assumir tarefas específicas no âmbito do aconselhamento, com a finalidade de minimizar potenciais consequências psicológicas decorrentes de medidas restritivas de condução109.

No que concerne ao processo da avaliação médica de condutores, destacamos ainda a necessidade de um instrumento breve de rastreio cognitivo que possibilite a identificação de condutores de risco (decorrente da presença de défices cognitivos) e fundamentação dos pedidos de referenciação para uma avaliação psicológica especializada (abrangente, aprofundada, sistemática). Neste contexto, importa referir que o Mini-Mental State Examination116–118 (MMSE), um instrumento breve de avaliação cognitiva global de uso tradicional e generalizado em contexto clínico, carece de evidências suficientemente válidas e consistentes para ser considerado um indicador de risco para a condução, nomeadamente em pessoas com demência119. Embora a prova seja relativamente útil no rastreio de declínio cognitivo com nível de gravidade moderado a severo118, a natureza do teste é essencialmente verbal e limitada na avaliação de domínios cognitivos essenciais para o comportamento de condução, nomeadamente a perceção visual, a atenção e o funcionamento executivo. Neste sentido, e com maior interesse e atualidade para a avaliação médica de condutores, o Addenbrooke's Cognitive Examination Revised120,121 (ACE-R), igualmente um teste de rastreio cognitivo mais completo do que o MMSE (incorporando o próprio MMSE e tarefas de avaliação das funções executivas e visuo-espaciais), poderá corresponder a um potencial método de avaliação para identificação de condutores de risco. Os dados de investigação comprovam que o ACE-R apresenta uma eficiência classificatória superior na deteção de condutores inaptos na condução, e sugerem a utilidade deste indicador para fundamentar um pedido de referenciação para uma avaliação psicológica especializada122. Em consonância com estes resultados, é sugestivo que o Montreal Cognitive Assessment123,124 (MoCA), um instrumento breve de avaliação cognitiva global que examina diferentes domínios, incluindo as funções executivas e capacidades visuo-espaciais, também possa constituir um teste com boas capacidades preditivas do desempenho de condução, mas são necessários estudos de validade que permitam suportar esta hipótese.

No prática clínica, o exame da aptidão para conduzir em pessoas com doença neurológica ou psiquiátrica carece, tradicionalmente, de uma avaliação das funções cognitivas necessárias para o desempenho da atividade de condução em segurança99. Ao longo deste trabalho procurámos evidenciar a utilidade de uma avaliação psicológica diferenciada no exame clínico de condutores pertencentes a grupos clínicos específicos. Com a finalidade de aumentar o rigor dos exames e o grau de certeza dos pareceres clínicos para a condução, é recomendada uma articulação de resultados provenientes da avaliação médica e da avaliação psicológica num contexto mais alargado de colaboração transdisciplinar125.

 

Referências bibliográficas

1 Bivona U., d’Ippolito M., Giustini M., Vignally P., Longo E., Taggi F. Return to driving after severe traumatic brain injury: Increased risk of traffic accidents and personal responsibility. J Head Trauma Rehab.. 2012;27:210-5.

2 Hopewell C.A. Driving and traumatic brain injury. Handbook for the assessment of driving capacity, Academic Press, 2009. pp. 71-94.         [ Links ]

3 Schanke A-K., Rike P-O., Mølmen A. Østen PE. Driving behaviour after brain injury: A follow-up of accident rate and driving patterns 6-9 years post-injury. J Rehabil Med.. 2008;40:733-6.         [ Links ]

4 Lundqvist A., Alinder J., Rönnberg J. Factors influencing driving 10 years after brain injury. Brain Inj.. 2008;22:295-304.         [ Links ]

5 Sagberg F. Driver health and crash involvement: A case-control study. Accident Anal Prev.. 2006;38:28-34.         [ Links ]

6 Lings S. Driving accident frequency increased in patients with multiple sclerosis. Acta Neurol Scand.. 2002;105:169-73.         [ Links ]

7 Schultheis M.T., Garay E., Millis S.R., DeLuca J. Motor vehicle crashes and violations among drivers with multiple sclerosis. Arch Phys Med Rehab.. 2002;83:1175-8.         [ Links ]

8 Schultheis M.T., Weisser V., Ang J., Elovic E., Nead R., Sestito N. Examining the relationship between cognition and driving performance in multiple sclerosis. Arch Phys Med Rehab.. 2010;91:465-73.         [ Links ]

9 Burlaud A., Dufour N., Harboun M., Fétéanu D., Trivalle C. Conduite automobile et démence: Une étude en hôpital de jour gériatrique. NPG Neurologie - Psychiatrie - Gériatrie.. 2012;12:24-30.         [ Links ]

10 Fox G.K., Hopewell A., Rosenman E., Schultheis M.T. Driving and the dementias. Handbook for the assessment of driving capacity, Academic Press, 2009. pp. 95-116.         [ Links ]

11 Ott B.R., Heindel W.C., Papandonatos G.D., Festa E.K., Davis J.D., Daiello L.A. A longitudinal study of drivers with Alzheimer disease. Neurology.. 2008;70:1171-8.         [ Links ]

12 Meindorfner C., Körner Y., Möller J.C., Stiasny-Kolster K., Oertel W.H., Krüger H-P. Driving in Parkinson's disease: Mobility, accidents, and sudden onset of sleep at the wheel. Movement Disord.. 2005;20:832-42.         [ Links ]

13 Marcotte T.D., Scott J.C. Neuropsychological performance and the assessment of driving behaviour. Neuropsychological assessment of neuropsychiatric and neuromedical disorders, Oxford University Press, 2009. pp. 652-87.         [ Links ]

14 Rizzo M., Kellison I.L. The brain on the road. Neuropsychology of everyday functioning, Guilford Press, 2010. pp. 168-207.         [ Links ]

15 Wolfe P.L., Clark J.A. Driving capacity. Civil capacities in clinical neuropsychology: Research findings and practical applications, Oxford University Press, 2012. pp. 121-38.         [ Links ]

16 Carr D., Schwartzberg J., Manning L., Sempek J. Physician's guide to assessing and counseling older drivers. 2nd ed., National Highway Traffic Safety Administration, (2010) .         [ Links ]

17 Rapoport M.J., Lanctôt K.L., Streiner D.L., Bédard M., Vingilis E., Murray B. Benzodiazepine use and driving: A meta-analysis. J Clin Psychiatry.. 2009;70:663-73.         [ Links ]

18 Dassanayake T., Michie P., Carter G., Jones A. Effects of benzodiazepines, antidepressants and opioids on driving: A systematic review and meta-analysis of epidemiological and experimental evidence. Drug Safety.. 2011;34:125-56.         [ Links ]

19 Brunnauer A., Laux G., Zwick S. Driving simulator performance and psychomotor functions of schizophrenic patients treated with antipsychotics. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci.. 2009;259:483-9.         [ Links ]

20 Lundqvist A. Neuropsychological aspects of driving characteristics. Brain Inj.. 2001;15:981-94.         [ Links ]

21 Ott B.R., Anthony D., Papandonatos G.D., d’Abreu A., Burock J., Curtin A. Clinician assessment of the driving competence of patients with dementia. J Am Geriatr Soc.. 2005;53:829-33.

22 Valcour V.G., Masaki K.H., Blanchette P.L. Self-reported driving, cognitive status, and physician awareness of cognitive impairment. J Am Geriatr Soc.. 2002;50:1265-7.         [ Links ]

23 Hawley CA, Galbraith N. National survey of health professionals’ knowledge and attitudes to fitness to drive. London: Department for Transport; 2010, Report No. 91. ISBN No.: 9781906581039..

24 Jang R., Man-Son-Hing M., Molnar F., Hogan D., Marshall S., Auger J. Family physicians’ attitudes and practices regarding assessments of medical fitness to drive in older persons. J Gen Intern Med.. 2007;22:531-43.

25 Neurological disorders: Public health challenges. WHO Press, (2006) .

26 Mental health and development: Targeting people with mental health conditions as a vulnerable group. WHO Press, (2010) .

27 Coleman R.D., Rapport L.J., Ergh T.C., Hanks R.A., Ricker J.H., Millis S.R. Predictors of driving outcome after traumatic brain injury. Arch Phys Med Rehabil.. 2002;83:1415-22.         [ Links ]

28 Radford K.A., Lincoln N.B., Murray-Leslie C. Validation of the stroke drivers screening assessment for people with traumatic brain injury. Brain Inj.. 2004;18:775-86.         [ Links ]

29 Novack T.A., Baños J.H., Alderson A.L., Schneider J.J., Weed W., Blankenship J. UFOV performance and driving ability following traumatic brain injury. Brain Inj.. 2006;20:455-61.         [ Links ]

30 Rapport L.J., Bryer R.C., Hanks R.A. Driving and community integration after traumatic brain injury. Arch Phys Med Rehab.. 2008;89:922-30.         [ Links ]

31 Lundqvist A., Gerdle B., Rönnberg J. Neuropsychological aspects of driving after a stroke: In the simulator and on the road. Appl Cogn Psychol.. 2000;14:135-50.         [ Links ]

32 Akinwuntan A.E., Feys H., DeWeerdt W., Pauwels J., Baten G., Strypstein E. Determinants of driving after stroke. Arch Phys Med Rehab.. 2002;83:334-41.         [ Links ]

33 Lundberg C., Caneman G., Samuelsson S-M., Hakamies-Blomqvist L., Almkvist O. The assessment of fitness to drive after a stroke: The Nordic stroke driver screening assessment. Scand J Psychol.. 2003;44:23-30.         [ Links ]

34 Uc E.Y., Rizzo M., Anderson S.W., Shi Q., Dawson J.D. Driver route-following and safety errors in drivers with stroke. Transportation Res Rec.. 2004;1899:90-5.         [ Links ]

35 Akinwuntan A.E., De W., Feys H., Baten G., Arno P., Kiekens C. The validity of a road test after stroke. Arch Phys Med Rehab.. 2005;86:421-6.         [ Links ]

36 Akinwuntan A.E., Feys H., De W., Baten G., Arno P., Kiekens C. Prediction of driving after stroke: A prospective study. Neurorehab Neural Re.. 2006;20:417-23.         [ Links ]

37 George S., Crotty M. Establishing criterion validity of the useful field of view assessment and stroke drivers’ screening assessment: Comparison to the result of on-road assessment. Am J Occup Ther.. 2010;64:114-22.

38 Lincoln N.B., Radford K.A. Cognitive abilities as predictors of safety to drive in people with multiple sclerosis. Mult Scler.. 2008;14:123-8.         [ Links ]

39 Akinwuntan A.E., Devos H., Stepleman L., Casillas R., Rahn R., Smith S. Predictors of driving in individuals with relapsing-remitting multiple sclerosis. Mult Scler.. 2012;19:344-50.         [ Links ]

40 Akinwuntan A.E., O’Connor C., McGonegal E., Turchi K., Smith S., Williams M. Prediction of driving ability in people with relapsing-remitting multiple sclerosis using the stroke driver screening assessment. Int J MS Care.. 2012;14:65-70.

41 Zuin D., Ortiz H., Boromei D., Lopez O.L. Motor vehicle crashes and abnormal driving behaviours in patients with dementia in Mendoza, Argentina. Eur J Neurol.. 2002;9:29-34.         [ Links ]

42 Duchek J.M., Carr D.B., Hunt L., Roe C.M., Xiong C., Shah K. Longitudinal driving performance in early-stage dementia of the Alzheimer type. J Am Geriatr Soc.. 2003;51:1342-7.         [ Links ]

43 Brown L.B., Stern R.A., Cahn-Weiner D.A., Rogers B., Messer M.A., Lannon M.C. Driving scenes test of the neuropsychological assessment battery (NAB) and on-road driving performance in aging and very mild dementia. Arch Clin Neuropsychol.. 2005;20:209-15.         [ Links ]

44 Uc E.Y., Rizzo M., Anderson S.W., Shi Q., Dawson J.D. Driver landmark and traffic sign identification in early Alzheimer's disease. J Neurol Neurosur Ps.. 2005;76:764-8.         [ Links ]

45 Whelihan W.M., DiCarlo M.A., Paula R.H. The relationship of neuropsychological functioning to driving competence in older persons with early cognitive decline. Arch Clin Neuropsych.. 2005;20:217-28.         [ Links ]

46 Lincoln N.B., Radford K.A., Lee E., Reay A.C. The assessment of fitness to drive in people with dementia. Int J Geriatr Psychiatry.. 2006;21:1044-51.         [ Links ]

47 Ott B.R., Festa E.K., Amick M.M., Grace J., Davis J.D., Heindel W.C. Computerized maze navigation and on-road performance by drivers with dementia. J Geriatr Psych Neur.. 2008;21:18-25.         [ Links ]

48 Dawson J.D., Anderson S.W., Uc E.Y., Dastrup E., Rizzo M. Predictors of driving safety in early Alzheimer disease. Neurology.. 2009;72:521-7.         [ Links ]

49 Dobbs B.M., Schopflocher D. The introduction of a new screening tool for the identification of cognitively impaired medically at-risk drivers: The SIMARD a modification of the DemTect. J Prim Care Community Health.. 2010;1:119-27.         [ Links ]

50 Lafont S., Marin-Lamellet C., Paire-Ficout L., Thomas-Anterion C., Laurent B., Fabrigoule C. The Wechsler digit symbol substitution test as the best indicator of the risk of impaired driving in Alzheimer disease and normal aging. Dement Geriatr Cogn Disord.. 2010;29:154-63.         [ Links ]

51 Lincoln N.B., Taylor J.L., Vella K., Bouman W.P., Radford K.A. A prospective study of cognitive tests to predict performance on a standardised road test in people with dementia. Int J Geriatr Psychiatry.. 2010;25:489-96.         [ Links ]

52 Carr D.B., Barco P.P., Wallendorf M.J., Snellgrove C.A., Ott B.R. Predicting road test performance in drivers with dementia. J Am Geriatr Soc.. 2011;59:2112-7.         [ Links ]

53 Uc E.Y., Rizzo M., Anderson S.W., Sparks J.D., Rodnitzky R.L., Dawson J.D. Driving with distraction in Parkinson disease. Neurology.. 2006;67:1774-80.         [ Links ]

54 Uc E.Y., Rizzo M., Anderson S.W., Sparks J., Rodnitzky R.L., Dawson J.D. Impaired visual search in drivers with Parkinson's disease. Ann Neurol.. 2006;60:407-13.         [ Links ]

55 Worringham C.J., Wood J.M., Kerr G.K., Silburn P.A. Predictors of driving assessment outcome in Parkinson's disease. Movement Disord.. 2006;21:230-5.         [ Links ]

56 Amick M.M., Grace J., Ott B.R. Visual and cognitive predictors of driving safety in Parkinson's disease patients. Arch Clin Neuropsych.. 2007;22:957-67.         [ Links ]

57 Devos H., Vandenberghe W., Nieuwboer A., Tant M., Baten G., De W. Predictors of fitness to drive in people with Parkinson disease. Neurology.. 2007;69:1434-41.         [ Links ]

58 Uc E.Y., Rizzo M., Anderson S.W., Sparks J.D., Rodnitzky R.L., Dawson J.D. Impaired navigation in drivers with Parkinson's disease. Brain.. 2007;130:2433-40.         [ Links ]

59 Classen S., McCarthy D.P., Shechtman O., Awadzi K.D., Lanford D.N., Okun M.S. Useful field of view as a reliable screening measure of driving performance in people with Parkinson's disease: Results of a pilot study. Traffic Inj Prev.. 2009;10:593-8.         [ Links ]

60 Devos H., Vandenberghe W., Nieuwboer A., Tant M., De W., Dawson J.D. Validation of a screening battery to predict driving fitness in people with Parkinson's disease. Movement Disord.. 2013;28:671-4.         [ Links ]

61 Oliveira E., Lavrador J.P., Santos M.M., Antunes J.L. Traumatismo crânio-encefálico: abordagem integrada. Acta Med Port.. 2012;25:179-92.         [ Links ]

62 Santos M.E., De L., Castro-Caldas A. Epidemiologia dos traumatismos crânio-encefálicos em Portugal. Acta Med Port. 2003;16:71-6.         [ Links ]

63 Liddle J., Fleming J., Mckenna K., Turpin M., Whitelaw P., Allen S. Driving and driving cessation after traumatic brain injury: Processes and key times of need. Disabil Rehabil.. 2011;33:2574-86.         [ Links ]

64 Christie N., Savill T., Buttress S., Newby G., Tyerman A. Assessing fitness to drive after head injury: A survey of clinical psychologists. Neuropsychol Rehabil.. 2001;11:45-55.         [ Links ]

65 Hawley C.A. Return to driving after head injury. J Neurol Neurosur Ps.. 2001;70:761-6.         [ Links ]

66 Tamietto M., Torrini G., Adenzato M., Pietrapiana P., Rago R., Perino C. To drive or not to drive (after TBI)?: A review of the literature and its implications for rehabilitation and future research. NeuroRehabilitation.. 2006;21:81-92.         [ Links ]

67 Lillie R.A., Kowalski K., Patry B.N., Sira C., Tuokko H., Mateer C. Everyday impact of traumatic brain injury. Neuropsychology of everyday functioning, Guilford Press, 2010. pp. 302-30.         [ Links ]

68 Ponsford J., Draper R.K., Schönberger M. Functional outcome 10 years after traumatic brain injury: Its relationship with demographic, injury severity, and cognitive and emotional status. J Int Neuropsych Soc.. 2008;14:233-42.         [ Links ]

69 Fonseca A.C., Henriques I., Ferro J.M. Recomendações para o tratamento do AVC isquémico e do acidente isquémico transitório 2008. Sinapse. 2008;8:5-67.         [ Links ]

70 Correia M., Silva M.R., Matos I., Magalhães R., Lopes L.C., Ferro J.M. Prospective community-based study in northern Portugal incidence and case fatality in rural and urban populations. Stroke.. 2004;35:2048-53.         [ Links ]

71 Moon L., Moise P., Jacobzone S. Stroke care in OECD countries: A comparison of treatment, costs and outcomes in 17 countries. OECD Publications, (2003) .         [ Links ]

72 White J.H., Miller B., Magin P., Attia J., Sturm J., Pollack M. Access and participation in the community: A prospective qualitative study of driving post-stroke. Disabil Rehabil.. 2012;34:831-8.         [ Links ]

73 Lawton C., Cook S., May A., Clemo K., Brown S. Postural support strategies of disabled drivers and the effectiveness of postural support aids. Appl Ergon.. 2008;39:47-55.         [ Links ]

74 Ponsford A.S., Viitanen M., Lundberg C., Johansson K. Assessment of driving after stroke: A pluridisciplinary task. Accid Anal Prev.. 2008;40:452-60.         [ Links ]

75 Marshall S.C., Molnar F., Man-Son-Hing M., Blair R., Brosseau L., Finestone H.M. Predictors of driving ability following stroke: A systematic review. Top Stroke Rehabil.. 2007;14:98-114.         [ Links ]

76 Lezak M., Howieson D., Bigler E., Tranel D. Neuropsychological assessment. 5th ed., Oxford University Press, (2012) .         [ Links ]

77 Coeckelbergh T.R.M., Brouwer W.H., Cornelissen F.W., Kooijman A.C. Training compensatory viewing strategies: Feasibility and effect on practical fitness to drive in subjects with visual field defects. Vis Impair Res.. 2001;3:67-83.         [ Links ]

78 Abreu P., Mendonça M.T., Guimarães J., Sá M.J. Esclerose múltipla: epidemiologia, fisiopatologia e diagnóstico diferencial. Sinapse.. 2012;12:5-14.         [ Links ]

79 Pugliatti M., Rosati G., Carton H., Riise T., Drulovic J., Vécsei L. The epidemiology of multiple sclerosis in Europe. Eur J Neurol.. 2006;13:700-22.         [ Links ]

80 Ryan K.A., Rapport L.J., Telmet K., Fuerst D., Bieliauskas L., Khan O. Fitness to drive in multiple sclerosis: Awareness of deficit moderates risk. J Clin Exp Neuropsychol.. 2008;31:126-39.         [ Links ]

81 Schultheis M.T., Garay E., DeLuca J. The influence of cognitive impairment on driving performance in multiple sclerosis. Neurology.. 2001;56:1089-94.         [ Links ]

82 Marcotte T.D., Rosenthal T.J., Roberts E., Lampinen S., Scott J.C., Allen R.W. The contribution of cognition and spasticity to driving performance in multiple sclerosis. Arch Phys Med Rehab.. 2008;89:1753-8.         [ Links ]

83 Jalbert J.J., Daiello L.A., Lapane K.L. Dementia of the Alzheimer type. Epidemiol Rev.. 2008;30:15-34.         [ Links ]

84 Nunes B., Silva R.D., Cruz V.T., Roriz J.M., Pais J., Silva M.C. Prevalence and pattern of cognitive impairment in rural and urban populations from Northern Portugal. BMC Neurol.. 2010;10:42.         [ Links ]

85 Adler G. Driving decision-making in older adults with dementia. Dementia.. 2010;9:45-60.         [ Links ]

86 Man-Son-Hing M., Marshall S.C., Molnar F.J., Wilson K.G. Systematic review of driving risk and the efficacy of compensatory strategies in persons with dementia. J Am Geriatr Soc.. 2007;55:878-84.         [ Links ]

87 Wild K., Cotrell V. Identifying driving impairment in Alzheimer disease: A comparison of self and observer reports versus driving evaluation. Alzheimer Dis Assoc Disord.. 2003;17:27-34.         [ Links ]

88 Reger M.A., Welsh R.K., Watson G.S., Cholerton B., Baker L.D., Craft S. The relationship between neuropsychological functioning and driving ability in dementia: A meta-analysis. Neuropsychology.. 2004;18:85-93.         [ Links ]

89 Anderson S.W., Rizzo M., Skaar N., Stierman L., Cavaco S., Dawson J. Amnesia and driving. J Clin Exp Neuropsychol.. 2007;29:1-12.         [ Links ]

90 Garret C., Santos F., Tracana I., Barreto J., Sobral M., Fonseca R. Avaliação clínica da demência. Escalas e testes na demência, Grupo de Estudos de Envelhecimento Cerebral e Demências, 2008. pp. 17-32.         [ Links ]

91 Morris J. The Clinical Dementia Rating (CDR): Current version and scoring rules. Neurology.. 1993;43:2412-4.         [ Links ]

92 Wirdefeldt K., Adami H-O., Cole P., Trichopoulos D., Mandel J. Epidemiology and etiology of Parkinson's disease: A review of the evidence. Eur J Epidemiol.. 2011;26:1-58.         [ Links ]

93 Dias J.A., Felgueiras M.M., Sanchez J.P., Gonçalves J.M., Falcão J.M., Pimenta Z.P. The prevalence of Parkinson's disease in Portugal: A population approach. Eur J Epidemiol.. 1994;10:763-7.         [ Links ]

94 Branco M., Nogueira P., Contreiras T. Uma observação sobre a prevalência de algumas doenças crónicas em Portugal Continental. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Observatório Nacional de Saúde, (2005) .         [ Links ]

95 Uc E.Y., Rizzo M., Johnson A.M., Dastrup E., Anderson S.W., Dawson J.D. Road safety in drivers with Parkinson disease. Neurology.. 2009;73:2112-9.         [ Links ]

96 Wood J.M., Worringham C., Kerr G., Mallon K., Silburn P. Quantitative assessment of driving performance in Parkinson's disease. J Neurol Neurosur Ps.. 2005;76:176-80.         [ Links ]

97 Cordell R., Lee H.C., Granger A., Vieira B., Lee A.H. Driving assessment in Parkinson's disease: A novel predictor of performance. Movement Disord.. 2008;23:1217-22.         [ Links ]

98 Stolwyk R.J., Charlton J.L., Triggs T.J., Iansek R., Bradshaw J.L. Neuropsychological function and driving ability in people with Parkinson's disease. J Clin Exp Neuropsyc.. 2006;28:898-913.         [ Links ]

99 Kalmar J.H., DeLuca J. Driving and other neurological and psychiatric disorders. Handbook for the assessment of driving capacity, Academic Press, 2009. pp. 131-57.         [ Links ]

100 Galski T., Vocaturo L., Galski T.M. Driving, medical illness, and medications. Handbook for the assessment of driving capacity, Academic Press, 2009. pp. 159-85.         [ Links ]

101 Bramness J.G., Skurtveit S., Neutel C.I., Morland J., Engeland A. Minor increase in risk of road traffic accidents after prescriptions of antidepressants: A study of population registry data in Norway. J Clin Psychiatry.. 2008;69:1099-103.         [ Links ]

102 Wingen M., Ramaekers J., Schmitt J. Driving impairment in depressed patients receiving long-term antidepressant treatment. Psychopharmacology.. 2006;188:84-91.         [ Links ]

103 St. S.A., Kurtz M.M., Pearlson G.D., Astur R.S. Driving simulator performance in Schizophrenia. Schizophr Res.. 2005;74:121-2.         [ Links ]

104 Harris M. Psychiatric conditions with relevance to fitness to drive. Adv Psychiatr Treat.. 2000;6:261-9.         [ Links ]

105 Niveau G., Kelley-Puskas M. Psychiatric disorders and fitness to drive. J Med Ethics.. 2001;27:36-9.         [ Links ]

106 Barkley R.A., Cox D. A review of driving risks and impairments associated with attention-deficit/hyperactivity disorder and the effects of stimulant medication on driving performance. J Safety Res.. 2007;38:113-28.         [ Links ]

107 Jerome L., Habinski L., Segal A. Attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) and driving risk: A review of the literature and a methodological critique. Curr Psychiatry Rep.. 2006;8:416-26.         [ Links ]

108 Fischer M., Barkley R.A., Smallish L., Fletcher K. Hyperactive children as young adults: Driving abilities, safe driving behavior, and adverse driving outcomes. Accident Anal Prev.. 2007;39:94-105.         [ Links ]

109 Ferreira I.S., Maurício A.P., Simões M.R. Avaliação psicológica de condutores idosos em Portugal: legislação e linhas de orientação prática. Rev Iberoam Diagn Ev Psi.. 2013;35:201-23.         [ Links ]

110 Lincoln N.B., Radford K.A. Driving in neurological patients. Clinical neuropsychology: A practical guide to assessment and management for clinicians, Wiley-Blackwell, 2012. pp. 567-88.         [ Links ]

111 Diário da República n.° 129, 1a Série, Decreto-Lei n° 138; 2012..

112 Ragland D.R., Satariano W.A., MacLeod K.E. Driving cessation and increased depressive symptoms. J Gerontol A Biol Sci Med Sci.. 2005;60:399-403.         [ Links ]

113 Barrash J., Stillman A., Anderson S.W., Uc E.Y., Dawson J.D., Rizzo M. Prediction of driving ability with neuropsychological tests: Demographic adjustments diminish accuracy. J Int Neuropsychol Soc.. 2010;16:679-86.         [ Links ]

114 McKenna P. Fitness to drive: A neuropsychological perspective. J Ment Health.. 1998;7:9-18.         [ Links ]

115 Ferreira I.S., Simões M.R., Marôco J. Cognitive and psychomotor tests as predictors of on-road driving ability in older primary care patients. Transportation Research Part F: Traffic Psychology and Behaviour.. 2013;21:146-58.         [ Links ]

116 Folstein M.F., Folstein S.E., McHugh P.R. Mini-mental state: A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res.. 1975;12:189-98.         [ Links ]

117 Guerreiro M., Silva A.P., Botelho M.A. Adaptação à população portuguesa da tradução do Mini Mental State Examination (MMSE). Revista Portuguesa de Neurologia.. 1994;1:9-10.         [ Links ]

118 Morgado J., Rocha C.S., Maruta C., Guerreiro M., Martins I.P. Novos valores normativos do Mini-Mental State Examination. Sinapse.. 2009;2:10-6.         [ Links ]

119 Iverson D.J., Gronseth G.S., Reger M.A., Classen S., Dubinsky R.M., Rizzo M. Practice parameter update: Evaluation and management of driving risk in dementia. Neurology.. 2010;74:1316-24.         [ Links ]

120 Mioshi E., Dawson K., Mitchell J., Arnold R., Hodges J.R. The Addenbrooke's cognitive examination revised (ACE-R): A brief cognitive test battery for dementia screening. Int J Geriatr Psych.. 2006;21:1078-85.         [ Links ]

121 Simões M.R., Firmino H., Pinho S., Cerejeira J., Martins C. Avaliação Cognitiva de Addenbrooke–Revista (ACE-R): versão final portuguesa. Serviço de Avaliação Psicológica, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, (2010) .

122 Ferreira I.S., Simões M.R., Marôco J. The Addenbrooke's cognitive examination revised as a potential screening test for elderly drivers. Accident Anal Prev.. 2012;49:278-86.         [ Links ]

123 Nasreddine Z.S., Phillips N.A., Bédirian V., Charbonneau S., Whitehead V., Collin I. The Montreal cognitive assessment, MoCA: A brief screening tool for mild cognitive impairment. J Am Geriatr Soc.. 2005;53:695-9.         [ Links ]

124 Simões M.R., Freitas S., Santana I., Firmino H., Martins C., Nasreddine Z. Montreal cognitive assessment (MoCA): versão final portuguesa. Serviço de Avaliação Psicológica. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, (2008) .         [ Links ]

125 Schultheis M.T. Final thoughts and future directions. Handbook for the assessment of driving capacity, Academic Press, 2009. pp. 201-15.         [ Links ]

 

Conflitos de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

*Autor para correspondência: Correio eletrónico: mfaduarte1@gmail.com

 

Recebido 29 de Outubro de 2012 .Aceito 17 de Março de 2014