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Análise Psicológica

versión impresa ISSN 0870-8231versión On-line ISSN 1646-6020

Aná. Psicológica vol.36 no.2 Lisboa jun. 2018

https://doi.org/10.14417/ap.1376 

Como é vivida a adoção na adolescência? Construção de um Questionário de Sentimentos relacionados com a adoção

How is adoption experienced in adolescence? Construction of a questionnaire of feelings related to adoption

Raquel Barroso1, Maria Acciaiuoli Barbosa-Ducharne1, Vanessa Coelho1

1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Correspondência

 

RESUMO

As experiências relacionadas com a adoção são processadas emocionalmente e assumem um significado individual que influencia a forma como cada adotado vive a sua história de adoção. Mesmo quando a experiência da adoção é positiva e o adotado manifesta bom ajustamento psicológico, a história de adoção desencadeia um misto de sentimentos sendo as emoções negativas mais dificilmente identificadas e assumidas. O presente estudo teve como objetivo desenvolver um instrumento original de avaliação da valência (positiva ou negativa) de sentimentos associados ao estatuto adotivo. Participaram neste estudo 80 adolescentes adotados com idades compreendidas entre os 12 e 22 anos. A análise fatorial exploratória apontou para a existência de uma estrutura unifatorial com 10 itens, interpretável de acordo com a literatura na área da adoção. O presente estudo foca-se apenas no desenvolvimento do instrumento, pelo que se considera que o atual instrumento terá que ser ainda alvo de estudo posterior. No entanto, salienta-se que este instrumento poderá constituir-se como uma importante mais-valia tanto na investigação em adoção e na intervenção psicológica com adolescentes adotados.

Palavras-chave: Adoção, Adolescentes adotados, Sentimentos relacionados com adoção, Avaliação, Questionário.

 

ABSTRACT

Adoption experiences are emotionally embedded and take on an individual meaning which influences the unique emotionality of the adoptee’s adoption history. Even when the adoption experiences are positive and adoptees show a good psychological adjustment, the adoption history triggers a mixture of feelings and negative emotions are less acknowledged and assumed. The present study aimed at developing a new questionnaire to evaluate the feelings related to the adoption status. Eighty adopted adolescents aged 12 to 22. The exploratory factorial analysis pointed to the existence of a 10 item unifactorial structure, in accordance with adoption literature. The present study only focuses on the development of the instrument, and it is therefore considered that the present instrument must be further studied. However, the Questionnaire on Adoption Related Feelings can be an important added value both in adoption research and in psychological intervention with adolescent adoptees.

Key words: Adoption, Adopted adolescents, Adoption related feelings, Assessment, Questionnaire.

 

O significado que cada adotado atribui à experiência da sua adoção é influenciado por um lado pela sua capacidade de compreensão da adoção e, por outro, pelo tempo que decorreu desde a sua integração na família (Brodzinsky, 2011). A explicação que lhe foi dada acerca da sua adoção e a maneira como lhe foi transmitida a sua história são igualmente importantes neste processo de significação da experiência (Juffer, 2006). O discurso frequentemente utilizado com crianças mais novas é o de que estas surgiram na vida dos pais adotivos como um “presente especial”. Por esta razão, crianças adotadas em idade precoce sentem-se frequentemente mais amadas e especiais em relação aos seus pares que nunca se separaram da família biológica (Hayden, 1998). Com o desenvolvimento aumenta a capacidade de compreensão bem como de reflexão acerca do que significa ter sido adotado (Brodzinsky, 2011), emergindo simultaneamente novos sentimentos acerca do estatuto adotivo. De facto, a entrada na adolescência implica maior frequência, intensidade e profundidade de questões sobre a identidade e, em particular, sobre as origens (Grotevant, Dunbar, Kohler, & Esau, 2000; Von Korff & Grotevant, 2011), sendo evidente para o adolescente o impacto emocional, intelectual e social do seu estatuto de adotado (Hayden, 1998). Neste período desenvolvimental, o adolescente tem maior capacidade de conceptualizar a adoção, percebendo as suas implicações positivas e negativas (Brodzinsky, 2011). Por um lado, consegue reconhecer o importante papel da adoção como um sistema social concebido para melhorar as vidas de crianças que não puderam crescer com as suas famílias biológicas. Por outro, apercebe-se também de que muitas vezes a adoção é vista pela sociedade como “a segunda melhor” via para a parentalidade, vista com menor desejabilidade, levando a que os adolescentes questionem o seu valor no seio da família adotiva e a forma como são vistos pelos pares e outros membros da sociedade. Para além desta consciência social do seu estatuto adotivo, a capacidade de se colocarem no lugar dos pais biológicos torna-se uma especial inquietação, reconhecendo que estes também sofreram perda durante o processo de adoção. O significado do abandono e a consciência de falta de conexão genealógica são também intensificados nesta fase desenvolvimental (Brodzinsky, 1990; Groza & Muntean, 2016).

Não obstante, as emoções que a história de adoção e as vivências específicas de ser adotado evocam são obviamente influenciadas pelo tipo de experiências vividas enquanto adotado, bem como pelas interpretações e avaliações feitas destas mesmas experiências. Por esta razão, crianças entre os 8 e os 12 anos que interpretavam as experiências e a história de adoção de forma relativamente positiva apresentavam uma maior facilidade em lidar com as emoções que advêm da sua história e vivência adotiva (Smith & Brodzinsky, 2002). Pelo contrário, crianças que percecionavam a adoção como estigmatizante, ameaçadora ou desfavorável, estavam sujeitas a um padrão de emoções negativas como stress, confusão, raiva, tristeza, ansiedade e vergonha (Smith & Brodzinsky, 2002).

Apesar do estudo de Smith e Brodzinsky (2002) focar-se no período da infância, este sugere que a forma como o indivíduo adotado perceciona e vive emocionalmente a sua história de vida e de adoção pode influenciar diretamente as suas estratégias de coping e consequentemente o seu ajustamento. Tendo em conta o impacto desta vivência emocional, e as mudanças ocorridas na adolescência e a crescente consciencialização sobre a temática da adoção e sobre si enquanto indivíduo adotado, torna-se ainda mais importante compreender como é que esta vivência emocional é experienciada neste período desenvolvimental. Em particular, afigura-se importante avaliar estes sentimentos tendo em conta a sua valência positiva ou negativa, uma vez que vivências emocionais positivas parecem ter outcomes mais desejáveis, quando comparadas com vivências com uma carga emocional negativa.

Em termos da investigação nacional desconhece-se a existência de estudos que examinem esta valência de sentimentos associados ao estatuto adotivo de crianças e adolescentes adotados. No que respeita à investigação internacional, verifica-se igualmente a escassez destes estudos, verificando-se que os que existem se focam, essencialmente, na adoção internacional (Juffer, 2006; Juffer & Tieman, 2015; Reinoso, Juffer, & Tieman, 2013). Apesar de reduzida, a investigação sobre este tema tem mostrado que nem sempre os adolescentes adotados vivenciam a adoção de forma positiva. Powell e Afifi (2005), demonstram a ambivalência emocional da vivência da adoção durante o ciclo vital do indivíduo adotado, demonstrando que apesar destes indivíduos terem a oportunidade de viver com famílias que supriram as suas necessidades físicas e emocionais (valência positiva), existe um sentimento de perda e incompletude (valência negativa) que origina sentimentos ambivalência na experiência adotiva. Também Juffer (2006) verificou que 27% dos adolescentes participantes, adotados internacionalmente, tinham reportado preferir pertencer a uma família não adotiva, do que ser adotado, uma vez que para os participantes o status adotivo parece ser menos desejável ou favorável do que nascer e permanecer numa mesma família. Estes resultados podem ser lidos à luz do modelo de stress e coping de Brodzinsky (1990) e Smith e Brodzinsky (1994, 2002), o qual afirma que, pela sua natureza, a adoção implica inevitavelmente stress, e a dor e sofrimento de ser diferente. Este sentimento de diferença e incompreensão pode influenciar negativamente a autoestima destes adolescentes e complicar o processo de luto dos mesmos em relação à família de nascimento (Brodzinsky, 2011).

Independentemente de quão bem-sucedida for a adoção, esta é sempre acompanhada por perda e luto (Lifton, 2002; McGinn, 2000), perda dos pais e irmãos biológicos, de conexão genealógica e perda de identidade (Brodzinsky, 1990), que poderão ser traumáticas para a criança. Esta experiência de perda, que se manifesta por sentimentos negativos relativos ao passado, a si mesmos e pela curiosidade relativamente à família biológica (Smith & Brodzinsky, 2002) não termina num período específico da vida do adotado, mas continua ao longo do ciclo de vital (Brodzinsky, Schechter, & Henig, 1992). A gestão destes sentimentos é contínua e permanece como parte integrante da sua narrativa de vida (Schachter & Schachter, 2011).

Perante estas perdas, torna-se extremamente comum que os adotados desejem conhecer os pais biológicos (Brodzinsky, 2011), e que muitas vezes fantasiem acerca das características destes pais (e.g., quem são, como são, as circunstâncias atuais de vida) (Hayden, 1998). As crianças que acreditam que os pais biológicos fizeram uma escolha voluntária no sentido de abdicar de si, interpretam por vezes que esta decisão teve por base um conjunto de características pessoais negativas, atribuindo a sua indesejabilidade à razão pela qual foram abandonados (Brodzinsky, 2011). A separação dos irmãos biológicos é também frequentemente vivida com grande frustração e stress por parte do adolescente adotado (Brodzinsky, 2009), surgindo muitas vezes questões acerca da vida atual dos irmãos e preocupação com a segurança e bem-estar dos mesmos.

O sentimento de perda é também frequentemente evocado pela experiência de adversidade precoce, a qual poderá ter impacto na forma como o adotado vivencia emocionalmente a sua história de adoção. Estas experiências de adversidade precoce podem incluir abuso e negligência por parte de cuidadores primários e/ou abandono e rejeição, podendo traduzir-se em problemas emocionais para a criança ou jovem (Juffer et al., 2011; van Dam, Galusha, Lundberg-Love, & Robinette, 2012). Ou seja, a experiência de adversidade precoce poderá levar, muitas vezes, a sentimentos de perda de controlo e perceção de ausência de poder de decisão nos acontecimentos da sua vida (Hayden, 1998).

A forma como a sociedade e a comunidade percecionam a adoção desempenha igualmente um papel relevante na forma como o adotado se sente em relação ao seu estatuto adotivo. A importância dada à ligação genética e à família com laços biológicos e a ideia de que a adoção é uma solução de segunda opção para a infertilidade poderão conduzir a criança adotada a questionar a legitimidade da pertença à sua família adotiva (Johnson, 2002). É facto que as famílias adotivas são frequentemente alvo de estigma social sendo vistas como diferentes e inferiores às famílias não-adotivas, mantendo-se a ideia que adotar “não é tão bom como ter um nosso” (Fisher, 2003, p. 335). Evan (1997) verificou que 90% das pessoas que percecionavam a adoção como positiva, também consideravam que esta forma de família não era tão favorável como ter um filho biológico, sendo que 25% consideravam mais difícil amar uma criança que não partilha laços genéticos.

Todavia, apesar de ser consensual que a adoção suscita sentimentos ambivalentes, que implica o ganho de uma família, mas também a perda de outra, apenas se tem conhecimento de um instrumento que tem como objetivo a avaliação dos sentimentos de perda em relação aos pais biológicos, o Birthparent Loss Appraisal Scale (BLAS; Smith & Brodzinsky, 2002). Este é um questionário de autorrelato constituído por 10 itens, dos quais cinco avaliam a perda em termos dos afetos negativos associados aos pais biológicos e os outros cinco medem a perda em termos da curiosidade relativamente aos pais biológicos. Apesar dos sentimentos relativos à família biológica, nomeadamente aos pais biológicos, serem fundamentais na definição da vivência da perda inerente à adoção, esta perda integra igualmente as experiências relacionadas com o estatuto adotivo vivenciadas nos contextos onde os adotados são integrados após a adoção e do significado atribuído a essas mesmas experiências, dimensões não abordadas no BLAS.

De facto, uma das justificações mais frequentemente fornecidas para as dificuldades acrescidas dos adotados é a vivência do sentimento de perda inerente ao estatuto adotivo (Brodzinsky, 2011). Esta vivência parece ter grandes implicações no ajustamento psicológico e emocional dos sujeitos adotados (Brodzinsky, 1990; Brodzinsky & Pinderhughes, 2002; Leon, 2002; Nickman, 1985). Todavia, apesar de esta justificação ser apresentada de forma recorrente na discussão dos resultados obtidos pelas investigações com a população de adotados, não existem instrumentos estruturados com o objetivo de identificar e avaliar a valência sentimentos (positivos ou negativos) relacionados com a adoção, os quais poderão, posteriormente, ser utilizados com o intuito de desenhar planos de intervenção que se adequem à experiência real dos adotados. Esta ausência pode advir de parecer óbvio que existem sentimentos e experiências menos favoráveis relacionadas com o estatuto adotivo e dos investigadores poderem ter alguma relutância em construir instrumentos para esta população que se foque nos aspetos negativos desta experiência, já que a adoção para além de uma medida de proteção à infância, se constitui como uma intervenção de sucesso (van IJzendoorn & Juffer, 2006) para crianças que sofreram de adversidade precoce, permitindo a recuperação desenvolvimental no plano físico, socio-emocional e cognitivo (Juffer et al., 2011). Contudo, compreender como o adolescente adotado se perceciona a si mesmo enquanto indivíduo que foi adotado, e que sentimentos e emoções a sua história de adoção desencadeia em si, torna-se particularmente relevante.

O presente estudo propõe descrever o processo de construção e desenvolvimento de um instrumento original de avaliação da valência (positiva ou negativa) dos sentimentos relacionados com o estatuto adotivo, que possa ser utilizado com adolescentes adotados, com o intuito de avaliar os seus sentimentos e negativos relacionados com o estatuto adotivo.

 

Método

 

Participantes

Participaram neste estudo 80 adolescentes adotados, 43 do sexo masculino (53.8%), com idades compreendidas entre os 12 e os 22 anos (M=15.08, DP=2.36). Estes adolescentes foram adotados, em média, com 4.36 anos (DP=3.45, Min=0.10, Max=17.00), variando o tempo de adoção entre 2 e 21.5 anos (M=10.70, DP=3.76).

 

Instrumento

O estudo Investigação sobre o Processo de Adoção: Perspetiva de Pais e Filhos (Barbosa-Ducharne, Soares, Ferreira, & Barroso, 2015) possibilitou a realização de entrevistas semiestruturadas sobre a vivência da adoção junto de 19 adolescentes adotados, entre os 12 e os 15 anos (M=14.16, SD=1.68). O IPA beneficiou de um protoloco com o Instituto de Segurança Social, Instituto Público (ISS, IP) para recrutamento dos participantes. Após as famílias demonstrarem interesse em participar neste estudo, as entrevistas foram realizadas por investigadores treinados e com formação em psicologia da adoção. A análise destas entrevistas, nomeadamente a sua transcrição integral, possibilitou a análise do seu conteúdo e a criação de categorias para as perguntas abertas (realizadas com recurso ao programa NVivo para a codificação das respostas), permitindo a emergência de categorias relativas aos sentimentos inerentes ao estatuto adotivo. Estas categorias foram selecionadas e operacionalizadas em itens. Assim, inicialmente formularam-se 15 itens que foram partilhados com 4 especialistas da área da adoção. Da discussão com os especialistas, que sugeriram pequenas alterações ao nível da redação dos itens, concluiu-se igualmente que existiam cinco itens redundantes e/ou pouco compreensíveis, pelo que os mesmos foram eliminados. Por fim obteve-se um conjunto de 10 itens, os quais foram submetidos ao procedimento de reflexão falada junto de uma pequena amostra (N=10) de adolescentes adotados do 3º ciclo do ensino básico e secundário, de ambos os sexos. Com o procedimento da reflexão falada procurou-se avaliar a forma como o questionário foi percecionado no que respeita: (a) ao formato e à compreensão das instruções; (b) à compreensão dos diversos itens; (c) ao formato de resposta e (d) à aparência visual do questionário. Desta atividade resultaram alterações ao nível da formulação dos itens, com vista a garantir uma compreensão mais clara e objetiva dos conteúdos. Na sua fórmula final, o questionário incluía itens relativos a uma panóplia de sentimentos relacionados com a adoção, como dor, tristeza, mal-estar, zanga, sentimentos de incompletude e de auto-desvalorização.

No início do questionário é referido que “as afirmações que se seguem dizem respeito à tua adoção e à forma como te sentes contigo mesmo em relação à vivência da adoção”. A resposta é registada segundo uma escala tipo Likert de seis pontos (de 1=discordo totalmente a 6=concordo totalmente).

 

Procedimento geral

Este estudo beneficiou de um protocolo de colaboração com o ISS, IP para recrutamento e primeiro contacto com os participantes. Quando as famílias adotivas cumpriam o critério de seleção da amostra – ter um filho adolescente adotado há mais de 1 ano – e estavam recetivas a participar no estudo, a equipa de investigação procedia ao agendamento da recolha de dados. À data da seleção da amostra, 410 famílias adotivas na área geográfica do estudo cumpriam o critério de seleção. Destas, 120 famílias foram aleatoriamente selecionadas e contactadas para participar no estudo, sendo que apenas 80 (66.7%) deram uma resposta positiva.

Os participantes assim como os seus pais foram informados, oralmente e por escrito, dos objetivos do estudo, tendo-se solicitado o consentimento à sua participação. Não foi fornecido tempo limite para o preenchimento do questionário, tendo sido recomendada a verificação final da resposta integral ao questionário.

As análises estatísticas foram conduzidas com recurso ao IBM Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 24.0 para Windows (IBM Corp Released, 2015).

 

Resultados

Na Tabela 1 são apresentadas as intercorrelações entre os itens que foram submetidos a uma Análise Fatorial Exploratória (AFE), pela técnica dos componentes principais.

Esta análise teve como objetivo identificar uma estrutura latente e reduzir os dados, tornando operacionais as variáveis em estudo. Como requisitos prévios apenas foram submetidas à AFE itens avaliados em escalas ordinais ou métricas, com distribuição normal univariada confirmada em todas as variáveis, recorrendo ao teste de Kolmogorov–Smirnov e ao critério da assimetria (valores <) e curtose (valores <), definidos por Kline (2011), e os outliers (|z|<3; Kline, 2011) foram previamente eliminados.

 

 

Verificou-se que o ratio número de sujeitos por item é de 8/1 (80/10), respeitando-se o critério sugerido de 5/1 como condição importante para a obtenção de fatores com fiabilidade e interpretáveis (Marôco, 2014).

Não se definiu o número de fatores a extrair. Definiu-se como critérios de exclusão dos itens: (1) baixo poder discriminativo, considerando-se não aceitável a presença de uma percentagem superior a 60% numa única alternativa de resposta; (2) uma saturação inferior a 0.40 num fator; (3) a saturação simultânea em dois fatores, sendo que a distância entre ambos os valores não diste mais do que 0.10 e (d) ausência da contribuição do item para o aumento da consistência interna. Foi igualmente estabelecido como critério que a estrutura explicasse, pelo menos, 50% da variância total (Hair, Anderson, Tatham, & Black, 2005).

A medida de KMO garantiu a adequação da amostra para a análise – KMO=.91 (excelente de acordo com Field, 2009). O teste de esfericidade de Bartlett, χ2(45)=584.74, p<.001, mostrou que as correlações entre os itens são suficientemente altas para a realização deste teste estatístico. A configuração obtida sugere uma estrutura fatorial composta por todos os itens iniciais (10), unifatorial, que explica 58.17% da variância total. A estrutura fatorial do Questionário de Sentimentos Relacionados com a Adoção pode ser observada na Tabela 2.

 

 

Nesta solução todos os itens apresentaram pesos fatoriais satisfatórios, variando entre os 0.61 e 0.92. Estes itens avaliam as perceções do sujeito relativamente à valência (positiva ou negativa) dos sentimentos vivenciados por ser adotado. Valores superiores indicam a existência de sentimentos mais negativos relativamente ao estatuto adotivo. A pontuação final do questionário obtém-se através da média das pontuações dos itens do questionário. Para a avaliação da consistência interna do questionário recorreu-se à utilização do coeficiente alfa de Cronbach, no qual se obteve um valor de .94, o que representa um valor excelente (Hair et al., 2005).

Na Tabela 3 são apresentados os alfas de Cronbach se os itens forem excluídos, as correlações médias inter-itens, assim como as medidas descritivas dos vários itens do questionário de Sentimentos Relacionados com a Adoção.

 

 

A análise dos valores do alfa de Cronbach no caso de exclusão de algum item demonstrou que a consistência interna do instrumento não sofreria alterações significativas com a exclusão de itens.

Degual forma, as correlações médias inter-itens obtidas variaram entre .54 e .89, o que se traduzem em correlações moderadas ou fortes.

A média da pontuação total do questionário foi de 2.60 (DP=1.40), o que não representa um valor muito elevado de sentimentos negativos, considerando-se um intervalo máximo entre 1 e 6, em que pontuações mais elevadas correspondem a maior intensidade de sentimentos negativos vivenciados com o estatuto adotivo.

No que respeita à recolha de elementos que suportem a validade de constructo do instrumento, foram exploradas diferenças de médias nas pontuações obtidas no questionário de Sentimentos Relacionados com a Adoção associadas ao sexo, não tendo sido encontradas diferenças significativas entre participantes femininos e masculinos na pontuação total do questionário. No entanto, verificou-se a existência de uma correlação negativa fraca entre a valência dos sentimentos inerentes ao estatuto adotivo e a idade dos participantes no momento da recolha de dados, r=-.24, p=.03. Assim, quanto maior era a idade dos adolescentes participantes menos sentimentos negativos relacionados com o estatuto adotivo identificaram. Todavia, não se encontrou uma associação entre a valência dos sentimentos e a idade de adoção dos participantes, r=-.08, ns.

 

Discussão

Com o presente estudo pretendeu-se descrever o desenvolvimento de um instrumento original de avaliação da valência dos sentimentos que se associam ao estatuto adotivo. Para tal, elaboraram-se os itens, aferiu-se a validade facial dos mesmos junto de especialistas e de uma pequena amostra (N=10), realizou-se um estudo de sensibilidade dos itens e, por fim, uma análise fatorial exploratória. Estes procedimentos contribuem para a validade ecológica e de constructo do instrumento.

A estrutura fatorial obtida na análise fatorial exploratória apontou para a existência de uma estrutura unifatorial com 10 itens, interpretável de acordo com a literatura da área da adoção, visto considerar-se que, nesta estrutura, estão representados os aspetos teóricos e concetuais capazes de definir e caracterizar a valência dos sentimentos relacionados com o estatuto adotivo, na medida em que reúnem uma panóplia de sentimentos suscetíveis de qualificar a experiência emocional da adoção, como dor, tristeza, zanga, mal-estar, incompletude ou auto-desvalorização, salientados na literatura prévia sobre a valência dos sentimentos associados ao estatuto adotivo (e.g., Smith & Brodzinsky, 1994, 2002; Lifton, 2002; McGinn, 2000; Powell & Afifi, 2005).

O fator obtido apresentou níveis de consistência interna e pesos fatoriais satisfatórios, sugerindo a adequação do conjunto de itens para representar o fator.

Verificou-se a existência de uma associação entre a valência dos sentimentos inerentes ao estatuto adotivo e a idade dos participantes, com os adolescentes mais velhos a identificarem menos sentimentos negativos relacionados com o estatuto adotivo. Estes resultados parecem demonstrar que os adolescentes mais velhos podem evidenciar uma maior capacidade para lidar com os desafios da adoção. Há que ressaltar a ausência de diferenças ao nível da valência dos sentimentos em função da idade de adoção. Esta ausência revelou-se uma surpresa, visto que se esperava que as lembranças relativamente à família biológica das crianças adotadas mais velhas pudessem influenciar a valência dos sentimentos relacionados com o estatuto adotivo. Estas recordações podiam levar a um aumento dos sentimentos negativos em relação à experiência adotiva, pois nestes casos a família biológica era a única realidade conhecida da criança e a adoção, apesar de implicar rutura de relações com figuras significativas, não interfere nos pensamentos e nas preocupações com estas figuras, o que poderia suscitar sentimentos mais negativos relativamente à experiência adotiva.

Quanto se analisam os resultados descritivos do presente questionário constatou-se que os participantes do presente estudo parecem não vivenciar muitos sentimentos negativos relacionados com a sua experiência adotiva. Pese embora a solicitação aos participantes para, ao responderem, se focarem nos aspetos da sua adoção e na forma como se sentiam naquele momento consigo mesmos em relação a este tema, pensamos que as respostas são influenciadas tanto por características da relação com os pais adotivos, como pelo meio envolvente, e também pelos modelos que o sujeito foi construindo ao longo do seu percurso de vida e do estabelecimento de diferentes relações e que se constituem como grelhas de leitura pessoais sobre si próprio e as suas vivências.

São, pois, vários os fatores suscetíveis de explicar os presentes resultados. Por um lado, o admitir a presença de sentimentos menos positivos relacionados com a adoção a terceiros poderia ser interpretado pelos adolescentes como indicadores de fragilidades em relação ao seu estado atual e à sua história de adoção. O facto de atribuírem sentimentos tão favoráveis em relação ao seu estatuto poderá dever-se não apenas a uma vivência feliz da adoção, mas também à necessidade de preservar o próprio estatuto, pelo medo de transmitir a imagem de uma adoção mal sucedida. Por outro lado, os sentimentos relativos à experiência adotiva dependem da conotação emocional atribuída à história de adoção, às vivências específicas de cada história, aos significados que o sujeito lhes atribui e à forma como consegue integrar estas vivências num eu coerente e com passado, presente e futuro. Desta forma, tal como Smith e Brodzinsky (2002) encontraram na sua investigação, também os participantes do presente estudo podem ser capazes de interpretar de forma positiva todas as vivências da história adotiva e apresentar uma maior facilidade em lidar com as emoções e sentimentos que advêm da sua história. Por fim, a ausência de uma maior expressão de sentimentos negativos pode resultar dos contextos onde estes jovens estão integrados. O estigma social a que as famílias adotivas são sujeitas depende das conceções de parentalidade existentes em determinada comunidade. As famílias participantes do presente estudo podem estar incluídas em contextos em que a ligação genética e os laços biológicos não são sobrevalorizados, e como tal, não são alvos de sentimentos de diferença e de estigma, o que suscitará menos sentimentos negativos, por parte dos adotados, em relação ao seu estatuto.

Face ao exposto e às características do instrumento construído considera-se que os baixos relatos de sentimentos negativos relacionados com a adoção não se devem à inadequação do questionário, mas sim ao significado, às vivências de cada participante e aos contextos onde estão inseridos, já que a valência dos sentimentos que surgem face ao estatuto adotivo é mediada pelas interpretações e avaliações que os jovens retiram destas mesmas experiências (Smith & Brodzinsky, 2002).

Apenas se tem conhecimento de um instrumento com o intuito de avaliar os sentimentos de perda relativamente aos pais biológicos (BLAS; Smith & Brodzinsky, 2002). No entanto este instrumento, apenas se foca num dos tópicos inerentes ao conceito da perda, os sentimentos relativos aos pais biológicos, não integrando a valência dos sentimentos associados ao estatuto adotivo, o que se constitui igualmente como parte do conceito da perda inerente ao estatuto adotivo. Consequentemente, o presente instrumento teve como objetivo aumentar o corpo de conhecimento existente acerca de um constructo que ainda é pouco estudado na temática da adoção, os sentimentos de perda inerentes ao estatuto adotivo, mas que é frequentemente utilizado como justificação para as dificuldades acrescidas dos adotados (Brodzinsky, 1990; Brodzinsky, 2011; Brodzinsky & Pinderhughes, 2002; Leon, 2002; Nickman, 1985). Consequentemente, este primeiro estudo realizado com o questionário de Sentimentos Relacionados com a Adoção enriquece o estado de arte, uma vez que, daqui emerge uma estrutura fatorial passível de ser submetida a uma análise fatorial confirmatória, que foi impossível de realizar no presente estudo dada a dimensão da amostra. A realização desta análise, em investigações futuras, mostra-se de grande relevância a fim de confirmar a estrutura encontrada. Neste estudo posterior deverão, igualmente, ser adicionadas informações sobre a validade concorrente e discriminante do instrumento. Consequentemente, salienta-se que embora se tenha alcançado o objetivo proposto, reconhece-se a existência de limitações do instrumento atual, considerando que o atual instrumento terá que ser ainda alvo de reformulações e de estudos posteriores.

A principal limitação diz respeito ao tipo de instrumento criado, um questionário de autorrelato, com itens respondidos segundo uma escala tipo Likert. Contudo, a informação obtida com este instrumento poderá ser enriquecida através de questões abertas que permitam perceber de forma aprofundada quais os sentimentos e experiências que estão associados ao estatuto adotivo, o contexto onde ocorrem e o que os faz surgir. Esta modalidade de exploração após a aplicação do Questionário poderá ser particularmente útil em contexto de intervenção psicológica.

O instrumento poderia igualmente ser enriquecido com a criação de histórias fictícias acerca de adolescentes adotados em determinadas situações, nas quais se pediria aos participantes para se colocarem no lugar do adotado da história referindo qual o sentimento que nutriam perante determinada situação. Esta metodologia poderia diminuir a desejabilidade social presente nos instrumentos de autorrelato.

A segunda limitação refere-se ao facto de apenas se ter recorrido aos adolescentes como informantes. A recolha de dados junto dos pais dos adolescentes adotados participantes poderia contribuir para a validação das autoavaliações dos filhos. Por fim, a terceira limitação relaciona-se com a participação voluntária dos participantes, o que pode provocar algum viés, uma vez que podem apenas ter participado adolescentes que conseguem integrar melhor a sua experiência enquanto adotados.

Apesar das limitações enunciadas, consideramos que em termos de implicações práticas, este instrumento se apresenta como uma mais-valia, visto que possibilita a revisão das práticas ligadas à intervenção em adoção, de forma a contemplar apoio efetivo às famílias adotivas, nos temas que realmente as preocupa, e durante um período de tempo alargado. Com a criação deste instrumento, pretende-se também chamar a atenção para o grupo de adolescentes adotados, como requerendo uma atenção específica e diferenciada das crianças, tendo em conta que nesta fase desenvolvimental surge uma maior capacidade de compreensão e reflexão acerca do estatuto adotivo (Brodzinsky, 2011), que pode originar novos sentimentos acerca do self enquanto pessoa que foi adotada. Consequentemente, considera-se que este instrumento constitui importante mais-valia em contexto clínico com esta população, pois permite obter informação estruturada sobre a valência dos sentimentos inerentes à experiência adotiva, sendo capaz de identificar a intensidade destes mesmos sentimentos e de ajudar na construção de uma intervenção baseada nas necessidades dos adolescentes.

Em termos de investigação, assim que se concluir o estudo de validação deste instrumento, o mesmo permitirá que o estudo sobre as experiências e sentimentos relacionados com o estatuto adotivo seja realizado de uma forma mais sistemática e estruturada, permitindo a replicação e a comparação entre estudos e entre populações, assim como a análise da relação entre a valência dos sentimentos relacionados com o estatuto adotivo e diversas dimensões do ajustamento psicossocial dos adotados. Apesar de considerarmos que o presente instrumento pode ser utilizado para efeitos de investigação e de avaliação, com o intuito de planear investigações com a população de adolescentes adotados, neste artigo apenas se pretendeu dar início ao seu processo de desenvolvimento, sendo necessários mais estudos empíricos com o objetivo de avaliar a validade do mesmo. Relativamente a investigações futuras, além da realização da análise fatorial confirmatória, emerge a relevância da realização de estudos longitudinais com o intuito de se compreender como evoluem os sentimentos relacionados com o estatuto adotivo e quais as implicações destes sentimentos no bem-estar do adotado ao longo do seu ciclo vital, nomeadamente no seu ajustamento psicológico, no processo de busca das origens, no processo de comunicação sobre a adoção, na sua autoestima, na vinculação que estabelece com os pais e nas relações com os pares, entre outros. Seria igualmente pertinente continuar a desenvolver investigação na temática da adoção com a população específica dos adolescentes, visto que como já foi referido a investigação realizada com este grupo ainda é escassa, pese embora as suas especificidades enquanto grupo, sendo imperioso aumentar o conhecimento sobre esta população, de forma a ser possível desenhar intervenções cientificamente baseadas nas suas necessidades reais, com o objetivo de melhorar o seu bem-estar.

 

Referências

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CORRESPONDÊNCIA

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Raquel Barroso, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto, Portugal. E-mail: pdpsi12032@fpce.up.pt

 

Este trabalho foi parcialmente financiado pela FCT – Fundação Para a Ciência e Tecnologia (Bolsa de doutoramento: SFRH/BD/87021/2012).

 

Submissão: 27/01/2017 Aceitação: 08/09/2017

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