SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.35 número1Diferenças entre expectativas e adaptação acadêmica de universitários de diversas áreas do conhecimentoAnalysis of the relationship between the syndrome of frailty and cognitive deficit in older adults with independent living índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020

Aná. Psicológica vol.35 no.1 Lisboa mar. 2017

https://doi.org/10.14417/ap.1191 

Percepções dos portugueses sobre os imigrantes: Indispensabilidade, acção colectiva e distância social

Raquel Antónios1, Rita Guerra1, Samuel L. Gaertner2, Matthew Deegan2

1ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL)

2Department of Psychological Brain Sciences, University of Delaware, USA

Correspondência

 

RESUMO

O presente estudo analisa o impacto de diferentes formas de indispensabilidade grupal na acção colectiva e distância social de um grupo maioritário em relação a diferentes grupos de imigrantes. Mais especificamente, examinamos se a indispensabilidade percebida de diferentes grupos de imigrantes, para a identidade nacional e para o funcionamento da sociedade, (a) reduz a distância social e (b) aumenta o apoio a acções colectivas que beneficiam os imigrantes, (c) através da adopção de diferentes representações grupais (grupo-único, dupla-identidade). 172 Portugueses nativos preencheram um questionário com as medidas de interesse. Os resultados revelaram a mediação esperada. As percepções dos Portugueses acerca da indispensabilidade dos imigrantes estavam associadas a menor distância social e a uma maior participação em acções colectivas, através da adopção de representações identitárias mais inclusivas. Replicando estudos anteriores, estes efeitos positivos devem-se a diferentes tipos de indispensabilidade, para os diferentes grupos de imigrantes, dadas as diferenças nas suas relações históricas com a sociedade de acolhimento.

Palavras-chave: Indispensabilidade, Imigrantes, Acção colectiva, Identidade comum.

 

ABSTRACT

This study investigated the impact of different forms of group indispensability on majority collective action and social distance toward different immigrant groups. Specifically, we examined if perceived indispensability of different immigrant groups for the national identity, and the functioning of the society, (a) reduce social distance and (b) increase the support for collective actions benefiting immigrants, (c) by adopting different group representations (one-group, dual-identity). 172 native Portuguese completed a survey with the measures of interest. Results revealed the expected mediation. Portuguese perceptions of immigrants’ indispensability were associated with less social distance and more participation in collective actions, through the adoption of more inclusive identity representations. Replicating previous studies, these positive effects were driven by different types of indispensability for the different immigrant groups, given the differences in their historical relations with the host society.

Key words: Indispensability, Immigrants, Collective action, Common identity.

 

Introdução

Dados recentes do Observatório das Migrações revelam que, nos últimos dez anos, os imigrantes contribuíram positivamente para a demografia portuguesa e reforçaram o número de activos jovens no mercado de trabalho nacional. De acordo com o mesmo observatório, existem ainda numerosas queixas de discriminação de base racial e étnica, que ocorrem maioritariamente em contexto laboral e em estabelecimentos comerciais (Observatório das Migrações; Oliveira & Gomes, 2015).

A investigação sugere que as reacções às diferenças culturais dos imigrantes dependem, por exemplo, das ideologias políticas (Schwartz, Vignoles, Brown, & Zagefka, 2014), da ameaça à identidade nacional (Louis, Esses, & Lalonde, 2013) e da percepção de competição por recursos (Esses, Brochu, & Dickson, 2012). A maioria dos estudos acerca das consequências da integração de imigrantes tem-se centrado sobretudo ou na perspectiva dos grupos de imigrantes, analisando por exemplo o impacto da adopção de diferentes estratégias de aculturação (e.g., Celenk & van de Vijver, 2014), ou na perspectiva da sociedade de acolhimento, examinando, entre outros, o impacto do preconceito e das percepções de ameaça com a chegada de imigrantes (e.g., Louis et al., 2013).

O presente estudo pretende compreender as atitudes dos Portugueses (i.e., sociedade de acolhimento) em relação aos imigrantes, através de uma perspectiva de indispensabilidade identitária (i.e., se os imigrantes são parte de ‘nós’) e funcional (i.e., se os imigrantes contribuem para o funcionamento do país). Mais especificamente, pretende-se replicar e alargar os resultados de estudos anteriores (Guerra, Gaertner, António, & Deegan, 2015; Verkuyten, Martinovic, & Smeekes, 2014), analisando se as diferentes formas de indispensabilidade propostas por Guerra e colegas (Guerra, António, Deegan, & Gaertner, 2013; Guerra, Gaertner, António, & Dagan, 2015) influenciam não apenas as atitudes da maioria face a diferentes grupos de imigrantes, mas também se as mobilizam para a mudança social através da adesão/apoio à acção colectiva (i.e., um dos principais mecanismos de mudança social).

 

Indispensabilidade identitária e funcional

A indispensabilidade percebida dos grupos surge como uma nova abordagem para a compreensão do impacto das identidades comuns nas relações intergrupais (Guerra et al., 2015; Verkuyten et al., 2014). Foi inicialmente definida como indispensabilidade categórica (i.e., identitária), ou seja, a noção de que os grupos, dentro de uma categoria supraordenada, são percebidos como partes necessárias para a definição de uma identidade social (Ng Tseung-Wong & Verkuyten, 2010; Verkuyten et al., 2014). A investigação tem revelado que as percepções de indispensabilidade endogrupal relativa podem surgir como um mecanismo de afirmação da superioridade endogrupal, estando desta forma relacionadas com atitudes intergrupais menos positivas (Ng Tseung-Wong & Verkuyten, 2010; Verkuyten & Khan, 2012). No entanto, outros estudos revelaram que a indispensabilidade percebida do exogrupo esteve associada a atitudes intergrupais mais positivas. Especificamente, a percepção, por parte de um grupo maioritário, dos imigrantes como indispensáveis para a categoria nacional esteve associada a elevados níveis de aceitação dos direitos culturais dos imigrantes, através do aumento de representações identitárias comuns (duplas-identidades) e da “desprovincialização” (i.e., uma visão menos centrada no endogrupo; Verkuyten et al., 2014).

Mais recentemente, alguns autores propõem que, em contextos interétnicos, os imigrantes podem ser considerados como sendo indispensáveis ou não, relativamente a outras dimensões que não apenas a identidade nacional, nomeadamente no que se refere às suas contribuições económicas e sociais para a sociedade de acolhimento (Guerra et al., 2013, 2015). De acordo com os autores, os grupos podem ser vistos como indispensáveis a nível funcional (i.e., indispensabilidade funcional), contribuindo para a economia, sem necessariamente serem considerados como uma parte importante para a definição da identidade nacional. Um estudo recente, realizado em laboratório com uma amostra de 118 estudantes universitários portugueses, examinou a ideia de que diferentes grupos podem ser vistos como indispensáveis de diferentes formas, conforme as relações históricas e socio-estruturais com a sociedade de acolhimento (Guerra et al., 2015). De facto, do ponto de vista da sociedade de acolhimento, as percepções de indispensabilidade de diferentes grupos de imigrantes para a identidade nacional e as suas contribuições para o funcionamento da sociedade estiveram associados a atitudes mais positivas em relação a esses grupos (Guerra et al., 2015).

Os efeitos positivos das percepções de indispensabilidade não são exclusivos dos grupos maioritários (i.e., autóctones). Estudos recentes revelaram que a indispensabilidade endogrupal percebida de diferentes grupos de imigrantes relativamente à identidade nacional da sociedade de acolhimento e ao seu funcionamento da esteve associada com a adopção de estratégias de aculturação mais integracionistas (Guerra et al., 2013). Mais especificamente, quanto mais os imigrantes se consideram como indispensáveis para a definição de identidade nacional da sociedade de acolhimento, ou para o funcionamento económico e social da sociedade, mais adoptaram representações identitárias de grupo-único, que por sua vez se relacionaram com a adopção de estratégias de integração (Guerra et al., 2013).

Assim, e em linha com estes estudos, propomos que os diferentes grupos de imigrantes podem ser percebidos como sendo indispensáveis em diferentes dimensões, que poderão reflectir as suas contribuições funcionais ou relações históricas com a sociedade de acolhimento, e que quanto maior a indispensabilidade percebida, maior a adopção de representações identitárias mais inclusivas e mais positivas as atitudes intergrupais.

 

Representações identitárias e acção colectiva

Tradicionalmente, a acção colectiva tem sido determinada por factores como a identidade social, percepções de injustiça e de eficácia do grupo (Van Zomeren, Postmes, & Spears, 2008). Mais recentemente, vários estudos têm-se também focado no impacto que diferentes representações identitárias têm na mudança social e na participação em acções colectivas. A investigação tem mostrado que diferentes representações identitárias têm consequências distintas na mobilização para a mudança social, tanto de grupos maioritários como minoritários. Se por um lado criar identidades mais inclusivas, onde deixa de existir a separação “nós” vs. “eles” leva a relações intergrupais mais harmoniosas (Dovidio, Gaertner, & Saguy, 2009), por outro, representações identitárias mais assimilacionistas que não mantém qualquer diferenciação subgrupal reduzem ou inibem a participação em acções colectivas, em parte porque reduzem as emoções negativas sentidas face à injustiça, e ainda porque reduzem as percepções de desigualdades entre os grupos (Dovidio et al., 2009). Um estudo recente que se focou nas motivações dos membros de grupos desfavorecidos para a mudança social, demonstrou que representações identitárias de dupla-identidade (i.e., com ênfase nas semelhanças e diferenças entre grupos) levaram a maior desejo de contacto e mudança social, do que representações mais inclusivas de grupo-único (Glasford & Dovidio, 2011). Os autores defendem que um foco nas representações de duplas-identidades (multiculturalismo) pode, na perspectiva dos membros de grupos desfavorecidos, levar a mudança social positiva de duas formas, isto é, de forma indirecta, através de uma melhoria nas relações com grupos favorecidos e de forma mais directa, através das motivações para a mudança social.

Os mesmos resultados foram encontrados do ponto de vista do apoio a acção colectiva por parte de grupos maioritários, usualmente referida como acção colectiva de base solidária (Van Zomeren & Iyer, 2009). Tal como aconteceu com grupos desfavorecidos, foi a indução de uma representação de dupla-identidade, e não uma identidade grupal comum, que esteve associada a acção colectiva por parte do grupo maioritário, em defesa da discriminação contra minorias (Banfield & Dovidio, 2013). Num estudo mais recente, que analisou o papel da raiva e eficácia grupais para explicar os efeitos da identificação com o subgrupo (étnico) e com a categoria supraodenada (europeu) na acção colectiva, verificou-se que uma elevada identificação com a categoria supraordenada (i.e., grupo-único) esteve negativamente associada a manifestações de acção colectiva (Ufkes, Dovidio, & Tel, 2015).

Assim, neste estudo esperamos que seja a adopção de representações identitárias mais integrativas, ou seja, de dupla-identidade, que esteja associada ao apoio por parte do grupo maioritário a diferentes manifestações de acção colectiva. Concretamente, e alargando os resultados de estudos anteriores, esperamos que quanto maior a indispensabilidade percebida dos imigrantes, maior o apoio a manifestações de acção colectiva, através da adopção de representações de dupla-identidade.

 

Objectivos do estudo

Este estudo pretende replicar e alargar os resultados de estudos anteriores (Guerra et al., 2015; Verkuyten et al., 2014), analisando se as diferentes formas de indispensabilidade propostas por Guerra e colegas (2013, 2015) influenciam não apenas as atitudes da maioria face a diferentes grupos de imigrantes, mas também se as mobilizam para a mudança social através da adesão/apoio à acção colectiva. Mais especificamente, iremos examinar se a indispensabilidade percebida de diferentes grupos de imigrantes, para a identidade nacional e para o funcionamento da sociedade, aumentam o apoio a manifestações de acção colectiva e reduzem a distância social face a imigrantes, através da adopção de representações identitárias mais inclusivas (i.e., grupo-único e dupla-identidade). Iremos analisar estas relações face a dois grupos de imigrantes em Portugal, um com relações históricas com a sociedade de acolhimento (i.e., Africanos) e outro sem relações históricas (i.e., Ucranianos).

Desta forma, propomos 3 hipóteses:

 

1) Dadas as relações históricas entre vários países Africanos e Portugal, e replicando os resultados de estudos anteriores (Guerra et al., 2015), esperamos que as percepções acerca da indispensabilidade identitária de imigrantes Africanos surjam como o principal factor impulsionador de (a) atitudes positivas em relação a este grupo; (b) maior apoio a manifestações de acção colectiva em prol destes imigrantes. Ou seja, tendo em conta o longo passado colonial, pressupomos que os Portugueses irão perceber os Africanos como grupo mais relevante e preciso para a definição da identidade nacional Portuguesa.

 

2) Devido à inexistência de relações históricas e ao facto de os imigrantes Ucranianos serem considerados altamente qualificados e trabalhadores (Lages, Policarpo, Marques, Matos, & António, 2006), e com base em estudos anteriores (Guerra et al., 2015) esperamos que as percepções acerca da sua indispensabilidade funcional serão o factor chave na melhoria das atitudes dos Portugueses face a este grupo de imigrantes. Esperamos ainda que seja a percepção de indispensabilidade funcional, e não a identitária, que se relacione com um maior suporte por diferentes formas de acção colectiva em favor deste grupo.

 

3) No geral, esperamos que a percepção dos imigrantes como indispensáveis, tanto para a identidade nacional, como para o funcionamento da sociedade, esteja associada a representações identitárias mais inclusivas (Guerra et al., 2015). No entanto, esperamos que os mecanismos associados aos efeitos positivos das indispensabilidades identitária e funcional dos Portugueses nas atitudes face aos imigrantes e no apoio e adesão a manifestações de acção colectiva, sejam diferentes. Estudos anteriores mostraram que nos grupos maioritários a adopção de representações mais inclusivas ou assimilacionistas (i.e., grupo-único) está mais associada a efeitos intergrupais positivos (e.g., atitudes mais favoráveis) (Dovidio, Gaertner, Niemann, & Snider, 2001; Dovidio et al., 2009). Assim esperamos que níveis elevados de indispensabilidade percebida dos imigrantes estejam associados a atitudes mais positivas através da adopção da representação inclusiva de grupo-único, e não de dupla-identidade. Por outro lado, e com base nos estudos anteriores que mostraram que é a adopção de representações identitárias de dupla-identidade que leva um grupo maioritário a demonstrar maior acção colectiva solidária (Banfield & Dovidio, 2013), esperamos que o efeito positivo da indispensabilidade na acção colectiva ocorra através da adopção da representação identitária dupla-identidade, que mantém algum grau de diferenciação subgrupal.

 

Método

 

Participantes

Participaram no estudo 172 cidadãos portugueses nativos (27% do sexo masculino e 73% do sexo feminino), com idades entre os 17 e os 53 anos (M=23.8, DP=5.48) sendo que 45.3% eram licenciados, 30.2% pós-graduados ou com graus avançados (Mestrado, Doutoramento, Pós-Doutoramento), 22.7% com ensino secundário, 1.2% com bacharelato e 0.6% com o ensino básico.

 

Procedimento

Os participantes foram recrutados via email e completaram um questionário online, através do software de recolha de dados Qualtrics. O questionário foi apresentado como sendo um estudo sobre imigração, emigração e opinião pública na sociedade portuguesa. As questões foram apresentadas tendo em conta o modelo teórico proposto: demográficas, indispensabilidade percebida do exogrupo (identitária e funcional com itens aleatorizados), seguido de questões relativas às representações grupais, acção colectiva e distância social1. Foram também informados acerca do carácter voluntário da sua colaboração, sendo garantido o anonimato e confidencialidade das suas respostas. No final, os participantes foram informados acerca do real objectivo do estudo e foi realizado um sorteio de cinco vouchers de 25€ como agradecimento pela sua participação. A recolha de dados ocorreu entre 19 e 25 de Novembro de 2013. O questionário esteve activo online durante uma semana.

 

Instrumentos

 

Indispensabilidade percebida do exogrupo. Foi utlizada a escala de indispensabilidade identitária e funcional desenvolvida e validada por Guerra et al. (2015). Os participantes indicaram até que ponto concordavam ou discordavam de cada item para cada grupo de imigrantes, isto é, Africanos e Ucranianos (1=discordo totalmente a 7=concordo totalmente) (e.g., “Eu sentir-me-ia muito diferente acerca do que significa ser Português se ‘grupo-alvo de imigrantes’ não fossem parte de Portugal; “grupo-alvo de imigrantes’ são uma parte essencial do carácter de Portugal”; ’grupo-alvo de imigrantes contribuem para a força da economia Portuguesa.”, “O futuro económico de Portugal depende das contribuições dos ‘grupo-alvo de imigrantes’”).

Foi conduzida uma Análise Factorial Exploratória aos 23 itens para cada grupo-alvo (método de rotação Oblimin e usando o critério de Principal-Axis para extracção de factores). Depois de removidos os itens com baixos loadings e cross loadings, a solução final revelou dois factores, que diferenciam claramente os itens de indispensabilidade identitária e funcional para cada grupo de imigrantes. Uma vez que os participantes avaliaram dois alvos distintos, foram seleccionados apenas os itens que foram comuns aos dois grupos de imigrantes (indispensabilidade identitária, 3 itens, αAfricanos=.82, αUcranianos=.76; e indispensabilidade funcional, 6 itens, αAfricanos=.92, αUcranianos=.90).

 

Representações grupais. Foram utilizados itens com base em estudos anteriores (Gaertner, Mann, Murrell, & Dovidio, 1989; Guerra et al., 2015). Os participantes indicaram até que ponto se sentem como um grupo de Portugueses (“Quando penso no “exogrupo” e no meu grupo vejo-nos como: Um grupo de Portugueses”), dois grupos separados (“Quando penso no “exogrupo” e no meu grupo vejo-nos como: Dois grupos separados”), e dois subgrupos de Portugueses (“Quando penso no “exogrupo” e no meu grupo vejo-nos como: Dois subgrupos de Portugueses.”). As representações grupais foram avaliadas separadamente para cada grupo de imigrantes (1=discordo totalmente a 7=concordo totalmente).

 

Acção colectiva. Foi utilizada uma versão adaptada de 4 itens com base em estudos anteriores (Van Zomeren et al., 2008). Foi pedido aos participantes que avaliassem até que ponto fariam determinadas acções em favor dos imigrantes (1=nada a 7=muitíssimo; e.g., “Eu participaria numa manifestação contra a discriminação de imigrantes”, “Eu assinaria uma petição a favor dos direitos dos imigrantes”). Os itens apresentaram uma boa consistência interna e foram agregados num índice de acção colectiva (α=.92).

 

Atitudes em relação ao exogrupo. Com base em estudos anteriores que utilizaram a distância social como medida de atitudes face a grupos étnicos (Binder et al., 2009), foi pedido aos participantes que avaliassem em que medida eram favoráveis a ter cada grupo de imigrantes como colegas de turma, professores, vizinhos, hóspedes ou sogros (1=nada a 5=muito). Os itens foram agregados para cada um dos respectivos grupos-alvo (αUcranianos=.92, αAfricanos=.90). Pontuações mais elevadas significam menos distância social em relação aos grupos-alvo.

 

Resultados

Os resultados descritivos, médias e correlações são apresentados na Tabela 1. A análise do modelo de mediação esperado, foi realizada através da PROCESS bootstrapping macro (Hayes, 2013) para SPSS com 1,000 resamples e 95% bias-corrected standardized bootstrap CI. Testámos dois modelos para cada variável dependente, para testar o modelo de mediação proposto. Os resultados principais estão apresentados na Tabela 2. No geral, a indispensabilidade percebida dos imigrantes teve um efeito positivo indirecto na acção colectiva e na redução da distância social. Além disso, e como previsto, foram diferentes os tipos de indispensabilidade que originaram este efeito para os dois grupos de imigrantes.

 

 

 

 

Alvo – Imigrantes Africanos

Para este alvo, explorámos o efeito indirecto da indispensabilidade na acção colectiva e na distância social, através das representações grupais de grupo-único e dupla-identidade. Neste modelo, a indispensabilidade identitária entrou como preditor, a indispensabilidade funcional como covariável2, as representações grupais como mediadores simultâneos e a acção colectiva e a distância social como variáveis dependentes.

 

Acção colectiva

Os resultados revelaram que quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Africanos como indispensáveis para a identidade nacional, maior a adopção de representações identitárias de grupo-único (b=.38, p<.01). A indispensabilidade percebida dos imigrantes Africanos não esteve associada com a representação identitária de dupla-identidade. Contrariamente ao esperado (H3), apenas a representação grupo-único esteve positivamente associada com a acção colectiva (b=.47, p<.01), ou seja, quanto maior a adopção de representações identitárias assimilacionistas (i.e., grupo-único), maior o apoio a manifestações de acção colectiva em relação aos imigrantes Africanos. O efeito indirecto da indispensabilidade identitária percebida dos imigrantes Africanos na acção colectiva, através da representação identitária de grupo-único foi significativo (b=.18, CI [0.0913, 0.2987]). Assim, quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Africanos como indispensáveis para a identidade nacional, maior a adopção de representações de grupo-único, que por sua vez se associaram a um maior apoio a manifestações de acção colectiva face a este grupo de imigrantes.

 

Distância social

Replicando os resultados descritos para a acção colectiva, os resultados do modelo de mediação para a distância social revelaram que quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Africanos como indispensáveis para a identidade nacional, maior a adopção de representações identitárias de grupo-único (b=.38, p<.01). Apenas a representação identitária grupo-único (b=.34, p<.01) esteve positivamente associada com a distância social. Ou seja, quanto maior a adopção de representações de grupo-único, maior a proximidade sentida em relação aos imigrantes Africanos. Assim, como previsto, o efeito indirecto da indispensabilidade identitária dos imigrantes Africanos na distância social, através da representação identitária de grupo-único foi significativo (b=.13, CI [0.0780, 0.2028]).

 

Alvo – Imigrantes Ucranianos

Para o alvo Ucranianos, explorámos o efeito indirecto da indispensabilidade na acção colectiva e na redução da distância social, através das representações grupais de grupo-único e dupla-identidade. Neste modelo, a indispensabilidade funcional entrou como preditor, a indispensabilidade identitária como covariável, as representações grupais como mediadores simultâneos e a acção colectiva e a distância social como variáveis dependentes.

 

Acção colectiva

Os resultados demonstraram que, de acordo com a H2, quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Ucranianos indispensáveis para o funcionamento da sociedade, maior a adopção das representações identitárias de grupo-único (b=.29, p<.01), e de dupla-identidade (b=.29, p<.01). No entanto, contrariamente ao esperado (H3), apenas a representação grupo-único (b=.36, p<.01) esteve positivamente associada com a acção colectiva, ou seja, quanto maior a adopção de representações identitárias assimilacionistas (i.e., grupo-único), maior o apoio a manifestações de acção colectiva em relação aos imigrantes Ucranianos. Como esperado, o efeito indirecto da indispensabilidade funcional dos imigrantes Ucranianos na acção colectiva, através da representação identitária de grupo-único foi significativo (b=.11, CI [0.0432, 0.2020]).

 

Distância social

Replicando os resultados descritos para a acção colectiva, os resultados do modelo de mediação para a distância social revelaram que quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Ucranianos indispensáveis para o funcionamento da sociedade, maior a adopção das representações identitárias de grupo-único (b=.29, p<.01) e dupla-identidade (b=.29, p<.01). Tal como esperado (H3), apenas o grupo-único esteve positivamente associado com menores níveis de distância social (b=.30, p<.01). Ou seja, quanto maior a adopção de representações identitárias inclusivas (i.e., grupo-único), menor a distância social em relação aos imigrantes Ucranianos. O efeito indirecto da indispensabilidade funcional dos imigrantes Ucranianos na distância social, através da representação identitária de grupo-único foi significativo (b=.09, CI [0.0382, 0.1546]). Ou seja, quanto mais os Portugueses consideram os imigrantes Ucranianos como indispensáveis para o funcionamento da economia, maior a adopção de representações identitárias inclusivas (i.e., grupo-único), que por sua vez se relacionam com menor distância social em relação a este grupo de imigrantes.

 

Discussão

O presente estudo analisou se as diferentes percepções de indispensabilidade relativamente a dois grupos de imigrantes, para a identidade nacional e para o funcionamento da sociedade, aumentam o apoio a manifestações de acção colectiva e reduzem a distância social, nomeadamente através da adopção de representações grupais mais inclusivas. São poucos os estudos que incidem sobre a forma como a indispensabilidade percebida melhora as atitudes intergrupais, especificamente sobre os mecanismos subjacentes a esses efeitos positivos nas atitudes e comportamentos em relação aos imigrantes. Este estudo permitiu alargar a investigação anterior, explorando os mecanismos subjacentes aos efeitos positivos da indispensabilidade, não apenas nas atitudes intergrupais, como também no apoio a acções de mudança social.

Uma das principais contribuições deste estudo foi a replicação dos efeitos positivos dos dois tipos de indispensabilidade, identitária e funcional, nas atitudes intergrupais. Como previsto, os Portugueses avaliaram de forma diferente a indispensabilidade dos dois grupos de imigrantes, para a identidade nacional e para o funcionamento da sociedade. Globalmente, e tendo em conta as relações históricas existentes e o passado colonial, os imigrantes Africanos foram considerados mais indispensáveis para a identidade nacional. Neste sentido, para os imigrantes Africanos, foi a indispensabilidade identitária que se relacionou com a redução da distância social e aumento de acção colectiva (H1). O mecanismo através do qual a indispensabilidade se relacionou com a distância social e a acção colectiva foi, contrariamente ao esperado, o mesmo. Ou seja, quanto mais os Portugueses consideraram os imigrantes Africanos como indispensáveis para a definição de identidade nacional, maior a adopção da representação grupo-único, reduzindo assim a distância social e aumentando o apoio a manifestações de acção colectiva. Tal como esperado, e replicando estudos anteriores (Guerra et al., 2015), os resultados para o grupo-alvo imigrantes Ucranianos revelaram que apesar de não serem avaliados como mais indispensáveis para o funcionamento da economia, comparativamente com os imigrantes Africanos, a sua indispensabilidade funcional percebida foi superior à identitária. Assim, tal como esperado, a indispensabilidade funcional dos Ucranianos esteve relacionada, tanto com a redução da distância social, como com o apoio a manifestações de acção colectiva (H2). Contrariamente ao esperado, e tal como para alvo imigrantes Africanos, o mecanismo subjacente ao efeito positivo na distância social e na acção colectiva foi o mesmo. Quanto mais os Portugueses consideraram os imigrantes Ucranianos como indispensáveis para o funcionamento da economia, mais adoptaram representações de grupo-único, que por sua vez se relacionaram com uma redução da distância social e um aumento do apoio à acção colectiva.

De uma forma geral, estes resultados suportam a investigação anterior, ou seja, considerar os imigrantes como indispensáveis para a categoria nacional e para o funcionamento da economia aumenta a aceitação dos seus direitos e as atitudes positivas em relação aos imigrantes (Guerra et al., 2015; Verkuyten et al., 2014). Como previsto, os grupos não são necessariamente percebidos como indispensáveis nas mesmas dimensões, mas os diferentes tipos de indispensabilidade estão associados a consequências positivas para os dois grupos de imigrantes. Este estudo permitiu também confirmar que grupos maioritários tendem a preferir o modelo assimilacionista de grupo-único, tal como em estudos anteriores (Guerra et al., 2015; Verkuyten, 2006). No entanto, contrariamente ao encontrado anteriormente (e.g., Glasford & Dovidio, 2011; Ufkes et al., 2015), foi a representação identitária de grupo-único (e não a de dupla-identidade) que esteve relacionada com o aumento de apoio a manifestações de mudança social. A interacção entre identidades étnicas e nacionais (subgrupos e identidades comuns) é complexa e depende largamente do contexto social. A investigação tem demonstrado que as preferências de integração/assimilação de grupos maioritários e minoritários são funcionais e variam conforme o contexto e as necessidades dos grupos (Guerra et al., 2010; Hehman et al., 2012).

Existe um largo debate na literatura actual sobre os efeitos da utilização de diferentes estratégias de redução do preconceito, concretamente da promoção de identidades inclusivas, na (des)mobilização para a mudança social (Dixon, Tropp, Durrheim, & Tredoux, 2010; Dovidio et al., 2009). No entanto, os resultados deste estudo sugerem que, contrariamente a resultados de estudos anteriores, representações de grupo único podem também estar associadas a maior mobilização para a acção colectiva. É importante considerar algumas diferenças entre o presente estudo e os anteriores, já que não foram incluídas aqui medidas de percepção de injustiça ou eficácia do grupo, medidores clássicos nos estudos de acção colectiva (Van Zomeren et al., 2008). Na mesma linha, em estudos anteriores as representações identitárias surgiam como preditores do apoio à acção colectiva, sendo no caso presente mediadores, ou seja, antecedem a acção colectiva mas são determinados pelas percepções de indispensabilidade do grupo.

Por fim, consideramos ainda que o efeito positivo encontrado entre a representação de grupo único e o apoio à acção colectiva pode ser explicado por outras variáveis que não foram incluídas neste trabalho, como por exemplo a empatia. Estudos anteriores mostram que a empatia aumenta os comportamentos pro sociais, nomeadamente de ajuda intergrupal (Dovidio, Piliavin, Schroeder, & Penner, 2006). Estudos futuros podem explorar se o efeito positivo da representação de grupo único pode ser mediado pela empatia sentida face ao exogrupo.

Assim, e dada a natureza correlacional deste trabalho, estudos futuros devem tentar replicar este efeito e ainda explorar factores que expliquem o facto de ser uma representação assimilacionista, e não a dupla-identidade, o mecanismo subjacente ao apoio à mudança social.

 

Limitações e sugestões

O presente estudo apresenta algumas limitações, relacionadas sobretudo com a sua natureza correlacional, apesar de os seus resultados replicarem e alargarem a investigação anterior. A metodologia de recolha de dados, através de um questionário online, também apresenta algumas limitações, uma vez que não permite garantir alguns aspectos importantes (e.g., resposta única por participante, controlo das condições de resposta). Estudos futuros poderão testar as hipóteses propostas com procedimentos experimentais e em contextos laboratoriais; assim como em outros contextos sociais e explorando outros potenciais mediadores. Por exemplo, poderão manipular os dois tipos de indispensabilidade, identitária e funcional, de forma a testar o seu impacto nas diferentes representações grupais, atitudes de aculturação, emoções e comportamentos intergrupais.

Estudos futuros poderão ainda debruçar-se sobre a perspectiva dos grupos de imigrantes acerca da sua indispensabilidade para a definição da identidade nacional e para o funcionamento da economia e sobre o impacto dos dois tipos de indispensabilidade nas atitudes de aculturação dos imigrantes. Um outro aspecto importante a abordar em estudos futuros é examinar outros factores que expliquem a relação entre a representação identitária de grupo-único e o aumento de apoio a manifestações de mudança social (e.g., explorando outros contextos sociais).

Apesar de algumas limitações, este estudo permitiu confirmar que os imigrantes são considerados indispensáveis em diferentes dimensões, ou seja, para a identidade nacional e para o funcionamento da sociedade de acolhimento, e também o papel subjacente de representações identitárias mais inclusivas nas atitudes intergrupais positivas. A indispensabilidade percebida dos imigrantes poderá servir não só como forma de aceitação e redução dos estereótipos em relação aos imigrantes, mas também como mecanismo impulsionador de mudança social.

 

Referências

Banfield, J. C., & Dovidio, J. F. (2013). Whites’ perceptions of discrimination against Blacks: The influence of common identity. Journal of Experimental Social Psychology, 49, 833-841. doi: 10.1016/j.jesp.2013.04.008

Binder, J., Zagefka, H., Brown, R., Funke, F., Kessler, T., Mummendey, A., Maquil, A., Demoulin, S., & Leyens, J. P. (2009). Does contact reduce prejudice or does prejudice reduce contact? A longitudinal test of the contact hypothesis among majority and minority groups in three European countries. Journal of Personality and Social Psychology, 96, 843-856. doi: 10.1037/a0013470

Celenk, O., & van deVijver, F. J. R. (2014). 10 Assessment of psychological acculturation and multiculturalism: An overview of measures in the public domain. In V. Benet-Martinez & Y.-Y. Hong (Eds.), The Oxford handbook of multicultural identity (pp. 205-226). Oxford: Oxford University Press.         [ Links ]

Dixon, J., Tropp, L. R., Durrheim, K., & Tredoux, C. (2010). “Let them eat harmony”: Prejudice-reduction strategies and attitudes of historically disadvantaged groups. Current Directions in Psychological Science, 19, 76-80. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1177/09637214103633669

Dovidio, J. F., Gaertner, S. L., Niemann, Y. F., & Snider, K. (2001). Racial, ethnic, and cultural differences in responding to distinctiveness and discrimination on campus: Stigma and common group identity. Journal of Social Issues, 57, 167-188. doi: 10.1111/0022-4537.00207        [ Links ]

Dovidio, J. F., Gaertner, S. L., & Saguy, T. (2009). Commonality and the complexity of “we”: Social attitudes and social change. Personality and Social Psychology Review, 13, 3-20. doi: 10.1177/1088868308326751

Dovidio, J. F., Piliavin, J. A., Schroeder, D. A., & Penner, L. A. (2006). The social psychology of prosocial behavior. Mahwah, NJ: Erlbaum.         [ Links ]

Esses, V. M., Brochu, P. M., & Dickson, K. R. (2012). Economic costs, economic benefits, and attitudes toward immigrants and immigration. Analyses of Social Issues & Public Policy, 12, 133-137. doi: 10.1111/j.1530-2415.2011.01269.x        [ Links ]

Gaertner, S. L., Mann, J., Murrell, A., & Dovidio, J. F. (1989). Reducing intergroup bias: The benefits of recategorisation. Journal of Personality and Social Psychology, 57, 239-249. doi: 10.1037/0022-3514.57.2.239        [ Links ]

Glasford, D. E., & Dovidio, J. F. (2011). E pluribus unum: Dual identity and minority group members’ motivation to engage in contact, as well as social change. Journal of Experimental Social Psychology, 47, 1021-1024. doi: 10.1016/j.jesp.2011.03.021

Guerra, R., António, R., Deegan, M., & Gaertner, S. L. (2013, December). Are we indispensable? How inclusive national identities impact majority and minority groups.         [ Links ] Paper presented at the meeting doing citizenship in multi-cultural and multi-faith societies. Kingston University London.

Guerra, R., Gaertner, S. L., António, R., & Deegan, M. (2015). Do we need them? When immigrant communities are perceived as indispensable to national identity or functioning of the host society. European Journal of Social Psychology, 45, 868-879. doi: 10.1002/ejsp.2153        [ Links ]

Guerra, R., Rebelo, M., Monteiro, M. B., Riek, B., Mania, E., Gaertner, S. L., & Dovidio, J. (2010). How should intergroup contact be structured to reduce bias among majority and minority group children?. Group Processes and Intergroup Relations, 13, 445-460.         [ Links ]

Hayes, A. F. (2013). Introduction to mediation, moderation, and conditional process analysis. New York: The Guilford Press.         [ Links ]

Hehman, E., Gaertner, S. L., Dovidio, J. F., Mania, E. W., Guerra, R., Wilson, D. C., & Friel, B. M. (2012). Group status drives majority and minority integration preferences. Psychological Science, 23, 46-52. doi: 10.1177/0956797611423547        [ Links ]

Lages, M., Policarpo, V., Marques, J. C. L., Matos, P. L., & António, J. H. C. (2006). Os imigrantes e a população portuguesa: Imagens recíprocas. Lisboa: ACIME.         [ Links ]

Louis, W. R., Esses, V. M., & Lalonde, R. N. (2013). National identification, perceived threat, and dehumanization as antecedents of negative attitudes toward immigrants in Australia and Canada. Journal of Applied Social Psychology, 43, E156-E165. doi: 10.1111/jasp.12044        [ Links ]

Ng Tseung-Wong, C., & Verkuyten, M. (2010). Intergroup evaluations, group indispensability, and prototypical judgments: A study in Mauritius. Group Processes & Intergroup Relations, 13, 621-638. doi: 10.1177/1368430210369345        [ Links ]

Oliveira, C. R., & Gomes, N. (2015). Observatório das migrações: Imigração em números – Estatísticas de bolso. Alto Comissariado para as Migrações (ACM, IP).

Schwartz, S. J., Vignoles, V. L., Brown, R., & Zagefka, H. (2014). The identity dynamics of acculturation and multiculturalism: Situating acculturation. In Y.-Y. Hong & V. Benet-Martinez (Eds.), The Oxford handbook of multicultural identity (pp. 57-93). Oxford: Oxford University Press.         [ Links ]

Ufkes, E. G., Dovidio, J. F., & Tel, G. (2015). Identity and collective action among European Kurds. British Journal of Social Psychology, 54, 176-186. doi: 10.1111/bjso.12084        [ Links ]

Van Zomeren, M., & Iyer, A. (2009). Introduction to the social and psychological dynamics of collective action. Journal of Social Issues, 65, 645-660. doi: 10.1111/j.1540-4560.2009.01618.x        [ Links ]

Van Zomeren, M., Postmes, T., & Spears, R. (2008). Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, 134, 504-535. doi: 10.1037/0033-2909.134.4.504        [ Links ]

Verkuyten, M. (2006). Multicultural recognition and ethnic minority rights: A social identity perspective. European review of social psychology, 17, 148-184.         [ Links ]

Verkuyten, M., & Khan, A. (2012). Interethnic relations in Malaysia: Group identifications, indispensability and inclusive nationhood. Asian Journal of Social Psychology, 14, 132-139. doi: 10.1111/j.1467-839X.2012.01374.x        [ Links ]

Verkuyten, M., Martinovic, B., & Smeekes, A. (2014). The multicultural jigsaw puzzle: Category indispensability and the acceptance of immigrants’ cultural rights. Personality and Social Psychology Bulletin, 1-14. doi: 10.1177/0146167214549324

 

CORRESPONDÊNCIA

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Raquel António, CIS-IUL – Centro de Investigaçãoe Intervenção Social, Edifício ISCTE – IUL, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal. E-mail: raquelmantonio@gmail.com

 

Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/PSI-PSO/119534/2010).

 

Submissão: 10/11/2015 Aceitação: 08/06/2016

 

NOTAS

1 Como parte de um projecto de investigação mais alargado, o questionário também incluiu itens para avaliar concepções de identidade nacional, atitudes de aculturação e emoções intergrupais, que não foram relevantes para o presente estudo.

2 A PROCESS estima modelos com múltiplos preditores através do uso de covariáveis. De forma a serem estimados todos os efeitos directos e indirectos de todas as K variáveis a PROCESS é executada K vezes, cada vez com uma das Xi do modelo e mantendo as restantes Xi variáveis como covariáveis. Matematicamente, todos os efeitos directos e indirectos são os mesmos que seriam obtidos se fossem considerados como preditores simultâneos (Hayes, 2013). Foram estimados todos os modelos alternativos para o alvo Africanos (i.e., utilizando a indispensabilidade funcional como preditor e a identitária como covariável) e para o alvo Ucranianos (i.e., utilizando a indispensabilidade identitária como preditor e a funcional como covariável) e não foram encontrados outros efeitos directos ou indirectos significativos.

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons