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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica vol.32 no.2 Lisboa jun. 2014

https://doi.org/10.14417/ap.803 

A homofobia perspetivada à luz da abordagem da identidade social: Níveis de autodefinição identitária e atitude em relação a pessoas homossexuais

 

Irene Santos Gomes*; Rui Guedes Serôdio*

* FPCE, Universidade do Porto

Correspondência

 

RESUMO

A abordagem da identidade social (cf. Turner & Reynolds, 2004) defende a existência de uma motivação-base para aquisição de uma identidade social positiva, que está na génese das estratégias de diferenciação intergrupal. Quando é contextualmente saliente o nível social da identidade, emergem tais processos grupais, nomeadamente a manifestação de comportamentos discriminatórios face a membros de exogrupos relevantes. É propósito deste estudo testar a relação entre os níveis de autodefinição e a atitude dirigida às pessoas homossexuais.

Os 184 participantes responderam a várias medidas: valorização dos níveis pessoal e social de autodefinição (EIPS; Monteiro, Ribeiro, & Serôdio, 2009), medidas de atitudes em relação a pessoas homossexuais e de rejeição à proximidade com pessoas homossexuais (Pereira, Monteiro, & Camino, 2009).

Os resultados mostraram que quando à forte valorização do nível pessoal de autodefinição se conjugou um contexto que focaliza na identidade pessoal, emergiram atitudes de diferenciação negativa face a pessoas homossexuais. Verificou-se também que os jovens focalizados na dimensão social da sua identidade reportaram atitudes mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais, do que aqueles focalizados na dimensão pessoal, verificando-se padrão inverso entre os adultos. Discutimos em que medida este padrão indicia a emergência de uma norma de não-discriminação das pessoas homossexuais.

Palavras-chave: Homofobia, Níveis de autodefinição da identidade, Atitudes e discriminação em relação a pessoas homossexuais.

 

ABSTRACT

Social identity approach (cf. Turner & Reynolds, 2004) proposes the existence of a basic motivation to acquire a positive social identity, which sets of intergroup differentiation strategies. When social self- definition level is contextually salient, such group processes emerge, namely manifested by the discrimination of relevant outgroup members. It is the purpose of the present study to test the relation between the levels of self-definition and the attitude directed at homosexual people.

Participants (N=184) answered to several dependent measures: value ascribed to personal and social levels of self-definition (PSIS; Monteiro, Ribeiro, & Serôdio, 2009), measures of attitudes toward homosexuals and of rejection to proximity with homosexuals (Pereira, Monteiro, & Camino, 2009). Results showed that negative differentiation attitudes towards homosexuals emerged when strong appreciation of personal self-definition was concomitant with a context that focused participants on this same level of identity. Results also showed that younger participants who were focused on the social dimension of their identity reported more favorable attitudes towards homosexuals than those focused on the personal dimension, and also that a reverse pattern occurred amongst older participants. We discuss the extent to which such pattern indicates the emergence of a norm of non-discrimination towards homosexual people.

Key-words: Homophobia, Self-definition levels of identity, Attitudes and discrimination towards homosexual people.

 

 

Em 1972 foi publicado o livro de Weinberg “Society and the Healthy Homosexual”, onde foi introduzido o conceito de homofobia e em 1973 a homossexualidade foi removida do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Estes dois acontecimentos tiveram importantes consequências na despatologização da homossexualidade e foram fundamentais para a investigação sobre as atitudes dos heterossexuais em relação às pessoas homossexuais (Herek, 1994).

A homofobia foi definida por Herek (2000) como uma atitude negativa direcionada a uma pessoa resultante da sua orientação sexual e está, segundo Carneiro (2009), ao serviço de um sistema ideológico heterossexista, que dificulta a aceitação da diversidade sexual.

Inquéritos realizados ao longo dos anos 70 e 80 mostraram que as atitudes em relação à homossexualidade se tornaram mais favoráveis (e.g., Yang, 1997), assistindo-se a uma crescente aceitação relativamente aos direitos civis fundamentais das pessoas homossexuais e também a uma crescente relutância em tolerar discriminação baseada na orientação sexual das pessoas. No entanto, a maioria das pessoas heterossexuais continuam a condenar moralmente a homossexualidade e a rejeitar ou sentir-se pessoalmente desconfortáveis com pessoas homossexuais (e.g., Herek, 1991). Ou, nas palavras de Matias (2007) “(...) Verificando-se actualmente uma maior abertura relativamente às pessoas que se identificam como não sendo heterossexuais, podemos igualmente observar tentativas constantes e sub-reptícias de questionar os avanços sociais propostos por essa população, nomeadamente em questões de parentalidade ou de reconhecimento por parte da sociedade quanto às suas relações íntimas.”

Algumas investigações recentes continuam a fornecer dados acerca da existência de discriminação baseada na orientação sexual. Lacerda, Pereira e Camino (2002), constataram que três quartos de um total de 220 estudantes universitários se mostraram preconceituosos em relação a pessoas homossexuais. Pereira, Torres, Pereira e Falcão (2011), verificaram num estudo com 374 estudantes de teologia, que todos manifestaram preconceito relativamente a pessoas homossexuais e Costa e Davies (2012), encontraram resultados similares junto de uma amostra de 188 jovens do ensino secundário. Outros estudos que vão no mesmo sentido são os de Herek (2007), em que 38% dos homens gay e 11 a 13% das mulheres lésbicas e dos homens e mulheres bissexuais, reportaram terem sido alvo de violência ou crimes de propriedade, decorrentes da sua orientação sexual. E também os de Moreno e Bondenhausem (2001) que encontraram numa amostra de estudantes de psicologia, que se definiam como igualitários, a manifestação de preconceito naqueles que reportavam valência afetiva antigay elevada, quando lhes era fornecida uma pista situacional aparentemente legitimadora de avaliações negativas.

Outras investigações tentam perceber que variáveis predizem o preconceito homofóbico. Assim, foi possível identificar um conjunto de variáveis sociodemográficas e psicológicas que aparecem sistematicamente associadas à atitude das pessoas heterossexuais em relação às pessoas homossexuais. A saber, as pessoas com uma atitude negativa em relação a pessoas homossexuais: (1) tendem a ter atitudes mais conservadoras face aos papéis de género (e.g., Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Simon, 1998); (2) são do sexo masculino (e.g., Seltzer, 1992, in Crawford, McLeod, Zamboni, & Jordan, 1999; Gato & Fontaine, 2011); (3) têm uma maior tendência para serem mais religiosas e subscreverem ideologias morais mais conservadoras (e.g., Herek, 1991, 1994; Marsiglio, 1993, Seltzer, 1992, in Crawford et al., 1999; Simon, 1998), (4) são mais velhas e têm níveis de escolaridade mais baixos (e.g., Herek, 1991; Simon, 1998), e (5) são mais propensas a apresentarem valores baixos de contato pessoal com pessoas homossexuais (e.g., Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Simon, 1998).

Gato e Fontaine (2011) identificaram numa amostra de 385 estudantes portugueses do ensino superior (36% de homens e 64% de mulheres), um conjunto de correlatos das atitudes negativas face à homossexualidade. Por exemplo, concluíram que 20% da amostra reportou atitudes desfavoráveis em relação a pessoas homossexuais e que algumas variáveis demográficas e valores sociais também lhe estão associados. Entre estas, ser do sexo masculino, ter baixa familiaridade com pessoas homossexuais, ou ter valores sociais de conservação e autopromoção (por oposição a valores sociais de autotranscendência e de abertura à mudança), tem associação direta com atitudes mais desfavoráveis.

 

Alguns indicadores da discriminação das pessoas homossexuais em Portugal

Na análise à situação em Portugal, centramo-nos, num primeiro momento, nos dados provenientes de sondagens europeias, nas quais Portugal se inclui, relativos especificamente a atitudes face a esta categoria social, e, de seguida, em evoluções históricas, legais e políticas recentes que sustentam mudanças sociais com potencial impacto relevante em vários domínios da vida das pessoas LGBT.

Por exemplo, verifica-se pelos dados recentes do Eurobarómetro (2012), que os portugueses, quando questionados acerca do nível de conforto que sentiriam se uma pessoa gay, lésbica ou bissexual ocupasse o cargo político mais elevado no seu país, reportaram um nível de conforto de 5.7 (escala de 1=totalmente desconfortável a 10=totalmente confortável), contra uma média europeia de 6.6. Adicionalmente, dos 8 grupos considerados (mulher, pessoa com incapacidade, pessoa com uma religião não-maioritária, pessoa com orientação sexual gay, lésbica ou bissexual, pessoa de etnia não-maioritária, pessoa com menos de 30 anos de idade, pessoa transgénero/transsexual e pessoa com mais de 75 anos de idade), apenas manifestaram níveis de conforto inferiores (5.5) para pessoa transgénero/transsexual. Por seu turno, na Europa os grupos que pontuaram mais baixo foram pessoa transgénero/transexual, com 5.7 e pessoas acima dos 75 anos de idade, com 5.4.

Assistimos também na atualidade à emergência de um conjunto de evoluções legais relativas aos direitos civis das minorias sexuais. Os casais homossexuais passaram, em 2001, a estarem também incluídos na Lei das Uniões de Facto, em 2004 foi a aprovada a inclusão da orientação sexual no Princípio da Igualdade (artigo 13) da Constituição Portuguesa e, através da lei 9/2010, foi aprovada da possibilidade do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Depois de traçado um panorama geral a respeito do preconceito homofóbico, passamos a apresentar em traços gerais, o enquadramento teórico que utilizaremos nesta investigação, para analisarmos a atitude face a pessoas homossexuais.

 

Abordagem da identidade social e preconceito

A categorização é um processo cognitivo global fundamental, que possibilita o agrupamento dos objetos de acordo com características comuns, permitindo um acesso mais fácil às informações relevantes acerca dessas categoria (e.g., Herek, 1998). O processo de categorização engloba também a categorização social, ou seja, a categorização dos seres humanos.

A categorização social tem implicações diretas sobre o self, na medida em que implica a auto- categorização do indivíduo, que se percebe a si mesmo como membro de uma categoria social, com cujos membros compartilha uma identidade social comum (e.g., Hogg & Abrams, 1988), definindo as relações categóricas entre o self e os outros, sejam estes membros do endogrupo, ou membros do exogrupo (e.g., Hogg & Abrams, 1988).

Tajfel (1959, in Brown, 1995) apontou duas consequências cognitivas da categorização: (1) diferenças pré-existentes entre as categorias serão acentuadas e (2) diferenças pré-existentes dentro das categorias serão atenuadas – o chamado processo de acentuação percetiva (Tajfel & Wilkes, 1963).

De acordo com a abordagem da identidade social (Tajfel, 1978; Tajfel & Turner, 1986; Turner, 1975), a acentuação percetiva e viés endogrupal são fundamentais para a formação dos estereótipos (e.g., Oakes, Haslam, & Turner, 1994), que são definidos como “generalizações sobre as pessoas baseadas na sua pertença categorial” (Hogg & Abrams, 1988, p. 65). De acordo com esta abordagem, os estereótipos e preconceitos são o resultado de um processo psicológico adaptativo e racional, que serve funções sociais fundamentais e, nomeadamente, propósitos grupais específicos (e.g., Tajfel, 1981), sendo a busca de uma identidade social positiva a base do preconceito e da discriminação intergrupal.

Estereotipar e discriminar são comportamentos de natureza essencialmente social, dado que derivam de processos que, embora sejam cognitivos, têm por base relações intra e intergrupais, e são definíveis, de acordo com Tajfel e Turner (1986), num continuum que varia entre o comportamento interpessoal e o comportamento intergrupal.

A teoria da auto-categorização (Turner, Hogg, Oakes, Reicher, & Wetherell, 1987) deriva da teoria da identidade social, e assenta nesta distinção entre o comportamento interpessoal e intergrupal, e da possibilidade de uma distinção paralela entre a identidade pessoal e a identidade social (Turner, 1978, 1982, in Turner & Reynolds, 2004).

Dependendo do nível de identidade saliente num determinado momento, o comportamento é qualitativamente diferente (e.g., Hogg & Abrams, 1988) e à medida que passamos de uma definição individual do self para uma definição do self em termos de identidade social, o comportamento grupal emerge (e.g., Turner & Reynolds, 2004).

Identidade e homofobia. Quando os indivíduos se encontram num contexto que torna saliente as suas pertenças grupais, passam a manifestar atitudes e comportamentos de natureza grupal, que servem o propósito fundamental de contribuírem para uma identidade social positiva. Segundo a teoria da autocategorização, esta identidade grupal pode ser ameaçada pela falta de clareza das fronteiras entre o endogrupo e o exogrupo, ou seja, pela redução da distintividade intergrupal. A distintividade intergrupal é definida a partir do estabelecimento de relevantes critérios diferenciadores entre os grupos.

Assim, em relação ao critério da identidade sexual, as pessoas homossexuais são um grupo de comparação relevante para as pessoas heterossexuais e podem, por definição, ser percebidos pelo grupo heterossexual dominante, como uma ameaça à distintividade intergrupal, uma vez que violam as expectativas indexadas aos papéis tradicionais de género.

O preconceito homofóbico dirigido às pessoas homossexuais, por parte das pessoas heterossexuais, ao permitir aumentar a clareza das fronteiras grupais (“nós” por oposição a “eles”), assegura a distintividade intergrupal, contribuindo para fomentar a positividade da identidade social dos membros do grupo heterossexual dominante.

 

Contributo desta investigação

Nesta investigação ambicionamos materializar objetivos de duas ordens. Por um lado, e à semelhança de estudos anteriores, procuramos analisar o papel de um conjunto de variáveis sociodemográficas nas atitudes manifestadas em relação a pessoas homossexuais aproveitando para confirmar ou infirmar resultados de estudos anteriores com preditores da homofobia (e.g., Costa, Pereira, Oliveira, & Nogueira, 2010; Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Marsiglio, 1993, Seltzer, 1992, in Crawford et al., 1999; Simon, 1998).

Por outro lado, e como objetivo central, baseando-nos nos pressupostos teóricos apresentados, pretendemos analisar a possível existência de uma relação entre os níveis de auto-definição pessoal e social e as atitudes manifestadas em relação a pessoas homossexuais. Concretamente, entre estes pressupostos, referimo-nos àqueles decorrentes da abordagem da identidade social, que apontam os processos identitários subjacentes às relações entre categorias sociais enquanto fatores fundamentais para compreender a emergência do preconceito e da discriminação, independentemente do alvo dos mesmos.

Assim, sustentados no quadro conceptual da abordagem da identidade social (Tajfel & Turner, 1986; Turner et al., 1987) e dos estudos empíricos anteriormente apresentados, delineámos o seguinte conjunto de hipóteses: as participantes do sexo feminino apresentarão atitudes mais favoráveis e menor rejeição à proximidade com pessoas homossexuais, do que os participantes do sexo masculino (hipótese 1); os participantes com níveis de escolaridade mais elevados apresentarão atitudes mais favoráveis e menor rejeição à proximidade com pessoas homossexuais, do que os participantes com níveis de escolaridade mais baixos (hipótese 2); os participantes mais jovens apresentarão atitudes mais favoráveis e menor rejeição à proximidade com pessoas homossexuais, do que os participantes mais velhos (hipótese 3); quanto maior o contato interpessoal com pessoas homossexuais (hipótese 4), quanto mais liberal a ideologia moral (hipótese 5) e menos tradicionais as crenças de papéis de género (hipótese 6), mais favorável será a atitude em relação às pessoas homossexuais e menor será a rejeição à proximidade com pessoas homossexuais.

Como vimos discutindo, a teoria da identidade social preconiza que a emergência de comportamentos discriminatórios tem origem na necessidade de garantir uma identidade social positiva, que pode ser assegurada através de estratégias que maximizem uma distintividade intergrupal favorável ao endogrupo, como sejam a manifestação de atitudes desfavoráveis relativamente a exogrupos relevantes. Por seu turno, a teoria da autocategorização propõe que o comportamento do indivíduo é contextualmente dependente: um contexto que torne saliente uma definição em termos de identidade social desencadeia comportamentos baseados em pertenças grupais. Nesta linha de ideias, prevemos que a interação entre o nível de autodefinição mais valorizado e o contexto de focalização determine o posicionamento face às pessoas homossexuais. Concretamente, prevemos que será entre os participantes que valorizem mais o nível social de autodefinição e simultaneamente estejam focalizados neste mesmo nível de autodefinição, que se verificarão as atitudes menos favoráveis em relação às pessoas homossexuais e maior rejeição à proximidade com pessoas homossexuais (hipótese 7).

 

MÉTODO

 

Participantes

Participaram no estudo 184 adultos portugueses (123 mulheres), com idades compreendidas entre os 17 e os 71 anos (M=27.43, DP=13.35) e com escolaridade entre os quatro e os 24 anos (M=12.46, DP=2.83), que foram aleatoriamente distribuídos pelas quatro condições (efetivos entre n=11 e n=21, para o sexo masculino; entre n=24 e n=39, para o sexo feminino), estando equitativamente distribuídos em função de Sexo, de Idade e de Escolaridade, maior c2(3, N=184)=1.44, ns.

 

Procedimento

Solicitamos a estudantes de psicologia que respondessem a um questionário e que pedissem a uma ou duas pessoas dos seus conhecimentos, que o fizessem também. O questionário foi-lhes descrito como um inquérito de opinião, no âmbito de um estudo que fazia parte de uma investigação ao abrigo do programa doutoral em psicologia. Foram também informados que do carácter voluntário da sua colaboração e garantido o anonimato e confidencialidade das suas respostas.

Na primeira página do questionário era feito um enquadramento geral do estudo, bem como fornecida uma instrução relativa ao procedimento de resposta a adotar.

Efetuamos uma manipulação, da qual resultaram duas condições experimentais. O fator Focalização foi manipulado por meio do tipo de instrução e perguntas a que os participantes tiveram de responder, existindo duas condições: Focalização na Identidade Pessoal e Focalização na Identidade Social. Na condição Focalização na Identidade Pessoal os participantes tiveram de (1) assinalar, de entre um conjunto de características pessoais, aquelas que consideravam possuir; (2) escrever outras características que consideravam possuir mas que não estavam listadas na questão anterior; (3) de todas as características assinaladas ou evocadas anteriormente, indicar as três que consideravam que melhor os definiam e, finalmente, (4) selecionar a característica mais importante de todas, e avaliá-la através de quatro medidas. Na condição Focalização na Identidade Social os participantes realizaram a mesma sequência de tarefas, mas neste caso estas eram relativas a pertenças grupais.

 

Medidas Dependentes

 

Características Sociodemográficas. Pedimos aos participantes que reportassem o seu sexo, idade e anos de escolaridade.

Valor Atribuído aos Níveis Pessoal e Social da Identidade. Medido por um conjunto de 18 itens focalizados na valorização da identidade pessoal e social (PSIS – Personal and Social Identity Scale; Monteiro, Ribeiro, & Serôdio, 2009), com uma escala de resposta de 9 pontos (de 1=discordo totalmente a 9=concordo totalmente). Estes itens foram submetidos a uma Análise em Componentes Principais (ACP), com rotação varimax, que extraiu duas componentes: Valorização da Identidade Pessoal (IP), com oito itens (item com saturação mais baixa de .60) e um a de.73 e Valorização da Identidade Social (IS), com oito itens (item com saturação mais baixa de .47) e um a de .85 (KMO=.79, Teste de Esfericidade de Bartlett c2 120, N=184=943.13, p<.001; variância total explicada de 43.39%, respetivamente de 17.74% para IP, e 25.65% para IS).

Crenças morais e de papéis de género. As crenças morais foram medidas pelos oito itens da Moral Traditionalism Scale (adaptada a partir de Conover & Feldman, 1985, in Knight, 1999). As crenças de orientação dos papéis de género foram avaliadas utilizando 12 itens revistos e adaptados (do conjunto inicial total de 24 itens originalmente utilizados por Tomeh, 1978). Todas estas medidas em escalas de 9 pontos (1=discordo totalmente a 9=concordo totalmente).

Os itens das duas escalas foram submetidos a uma ACP, com rotação varimax, que extraiu para os itens das crenças morais duas componentes: Moral Liberal, com quatro itens (item com saturação mais baixa de .72) e um a de .75 e Moral Tradicional, com quatro itens (item com saturação mais baixa de .72) e um a de .73 (KMO=.72, Teste de Esfericidade de Bartlett c2 28, N=184=361.84, p<.001, variância explicada de 57.70%, respetivamente de 32.80% para Moral Liberal, e 24.90% para Moral Conservadora,).

E para os itens das crenças relativas aos papéis de género outras duas componentes: Igualdade- Partilha, com sete itens (item com saturação mais baixa de .62) e um a de .86 e Família-Trabalho, com três itens (item com saturação mais baixa de .53) e um a de .39 (correlação média é de r=.173; com esta correlação média e oito itens o valor de a seria de .63). Foram retirados os itens “No casamento, a responsabilidade do marido para com a esposa e filhos é mais do que económica.”, por ser o único a saturar um dos fatores e “O homem não deve esperar que a sua família se ajuste às exigências colocadas pela sua profissão.”, por saturar em dois fatores (KMO=.85, Teste de Esfericidade de Bartlett c2 45, N=184=564.32, p<.001, variância explicada de 52.47%, respetivamente de 40.12% para Igualdade-Partilha, e 12.35%, para Família-Trabalho,).

Familiaridade com pessoas homossexuais. Esta medida era composta pelos seguintes sete itens: ‘Na minha vizinhança (atual ou anteriores) há (havia) pessoas homossexuais.’; ‘Tenho (tive) colegas de trabalho que são homossexuais.’; ‘Tenho (tive) colegas de escola que são homossexuais.’; ‘Tenho (tive) amigos que são homossexuais.’; ‘Tenho (tive) colegas de desporto/hobbies que são homossexuais.’; ‘Conheço (conheci) pessoas que são homossexuais.’; e ‘No meu dia-a-dia interajo com pessoas que são homossexuais.’ (quatro participantes não responderam a nenhuma destas medidas). Nos primeiros 6 itens foi utilizada uma escala “Não/Sim” e, no último, uma escala de 9 pontos (0=Nunca a 8=Muitas vezes). Com os seis primeiros itens foi criada uma medida-soma das respostas afirmativas (KR20=.70), variável, portanto, entre 0 e 6.

Atitude em relação a pessoas homossexuais. A atitude em relação a pessoas homossexuais foi avaliada em nove itens: “Seria melhor para os homossexuais se, em relação à sexualidade, adotassem os valores dos heterossexuais.”, “A homossexualidade fragiliza a nossa cultura e costumes.”, Os homossexuais contribuem para a diversidade.”, “Os homossexuais devem sentir- se livres para interagir socialmente com as outras pessoas.”, “Devíamos tratar os homossexuais como iguais.”, Os casais homossexuais devem sentir-se igualmente livres para manifestarem publicamente os seus afetos, assim como os casais heterossexuais.”, “A presença de pessoas com orientação sexual homossexual enriquece as dinâmicas das relações entre as pessoas.”, “O problema dos homossexuais irem para uma boa vizinhança é que eles vão-lhe dando, gradualmente, uma atmosfera tipicamente homossexual.” e “De modo a manter uma boa vizinhança é melhor evitar que aí vivam homossexuais.”. A escala de resposta tinha 9 pontos (1=discordo totalmente a 9=concordo totalmente).

A ACP, com rotação varimax, extraiu duas componentes: Atitude Favorável, com cinco itens (item com saturação mais baixa de .68) e um a de .87 e Atitude Desfavorável, com quatro itens (item com saturação mais baixa de .55) e um a de .76 (KMO=.86, Teste de Esfericidade de Bartlett c2 36, N=184=865.03, p<.001, variância explicada de 65.35%, respetivamente de 50.46% para Atitude Favorável, e 14.89% para Atitude Desfavorável,).

Rejeição à proximidade com pessoas homossexuais. Avaliada através de 10 itens (anteriormente validados por Pereira, Monteiro, & Camino, 2009): “Ter no seu trabalho uma pessoa homossexual.”, “Receber em sua casa um casal homossexual.”, “Ter amigos que sejam homossexuais assumidos.”, “Ver casais homossexuais a namorar.”, “Ter um(a) filho(a) homossexual.”, “Saber que um familiar próximo é homossexual”, “Ter um(a) professor(a) homossexual.”, “Conversar com homossexuais.”, “Se um(a) filho(a) seu (sua) tivesse amizades com homossexuais.” e “Morar com homossexuais assumidos.”. Todos estes itens com uma escala de resposta de 9 pontos (1=Muitíssimo constrangido, 9=Nada constrangido). Estes itens foram submetidos a uma ACP, com rotação varimax, que extraiu duas componentes: Proximidade Distante, com seis itens (item com saturação mais baixa de .75) e um a de .96 e Proximidade Íntima , com quatro itens (item com saturação mais baixa de .69) e um a de .91 (KMO=.92, Teste de Esfericidade de Bartlett c2 45, N=184=1988.96, p<.001, variância explicada de 81.68%, respetivamente de 73.53% para Proximidade Distante, e 8.16% para Proximidade Íntima,).

Para todas as variáveis dependentes reportadas criamos medidas correspondentes à média dos itens correspondentes. A única exceção foi a medida Grau de Familiaridade com Homossexuais.

 

Plano do estudo

Utilizamos um plano quasi-experimental intersujeitos 2 (Nível de Autodefinição da Identidade mais Valorizado: Pessoal vs. Social) x 2 (Focalização: Identidade Pessoal vs. Identidade Social).

 

RESULTADOS

Atitude em Relação a Pessoas Homossexuais em Função de Sexo, Nível de Escolaridade e Grupo Etário

Para efetuar análises em função das variáveis sociodemográficas, criámos dois grupos etários, jovens (=23 anos) com 122 participantes (M=19.12, DP=1.28) e adultos (=24 anos) com 62 participantes (M=43.77, DP=11.03) e 2 grupos quanto à escolaridade, com 62 participantes no grupo dos menos escolarizados (=12 anos; M=9.79, DP=2.66) e 122 no grupo dos mais escolarizados (=13 anos; M=13.81, DP=1.76). Verificámos efeitos de Sexo, Nível de Escolaridade e Grupo Etário em todas as medidas de preconceito.

Tal como previsto, as mulheres reportaram uma atitude mais favorável em relação às pessoas homossexuais, do que os homens, tanto para Atitude Favorável (M=7.27, DP=1.44 vs. M=5.84, DP=1.58, t182=-6.18, p<.001), como para Atitude Desfavorável (M=2.52, DP=1.35 vs. M=3.93, DP=1.65, t100.54=5.75, p<.001). No mesmo sentido, as mulheres revelaram menor rejeição à proximidade com pessoas homossexuais do que os homens, tanto na Proximidade Distante (M=7.96, DP=1.51 vs. M=6.09, DP=2.26, t87.34=-5.85, p<.00) como na Proximidade Íntima (M=6.38, DP=2.12 vs. M=4.89, DP=2.43, t182=-4.30, p<.001).

Também os participantes mais escolarizados reportaram atitudes significativamente mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais, do que os participantes menos escolarizados, tanto para Atitude Favorável (M=5.60, DP=1.51 vs. M=7.40, DP=1.33, t182=-8.29, p<.001), como para Atitude Desfavorável (M=4.20, DP=1.46 vs. M=2.38, DP=1.28, t182=8.70, p<.001).

Reportaram, igualmente, uma rejeição à proximidade com pessoas homossexuais significativamente inferior à dos participantes menos escolarizados, tanto para Proximidade Distante (M=6.18, DP=2.25 vs. M=7.93, DP=1.54, t91,00=-5.51, p<.001), como para Proximidade Íntima (M=4.74, DP=2.28 vs. M=6.47, DP=2.14, t182=-5.07, p<.001).

Finalmente, verificamos que os participantes jovens reportaram atitudes mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais, do que os participantes adultos, tanto para Atitude Favorável (M=7.23, DP=1.58 vs. M=5.95, DP=1.38, t182=5.39, p<.001), como para Atitude Desfavorável (M=2.58, DP=1.44 vs. M=3.80, DP=1.58, t182=-5.26, p<.001) e também uma rejeição à proximidade com pessoas homossexuais inferior à dos adultos, tanto para Proximidade Distante (M=7.71, DP=1.86 vs. M=6.60, DP=2.05, t182=3.70, p<.001), como para Proximidade Íntima (M=6.45, DP=2.25 vs. M=4.78, DP=2.08, t182=4.89, p<.001)

Obviamente, este resultado também seria expectável atendendo à relação entre as variáveis idade e escolaridade dos participantes. Estes resultados no seu conjunto deram suporte às hipóteses 1, 2 e 3 e foram de encontro a resultados de investigação precedente (e.g., Costa, Pereira, Oliveira, & Nogueira, 2010; Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991; Seltzer, 1992, in Crawford et al., 1999; Simon, 1998).

 

Atitude em Relação a Pessoas Homossexuais em Função de Familiaridade e Grau de Contacto com Homossexuais

A hipótese 4 recebeu amplo suporte empírico. Por um lado, verificamos correlações significativas entre as duas medidas de familiaridade com pessoas homossexuais e as medidas de atitudes. Os valores de correlação variam entre o mínimo de r(N=180)=.29, p<.001, entre Atitude Favorável e Grau de Familiaridade com Pessoas Homossexuais, e o máximo de r(N=184)=-.43, p<.001, entre Atitude Desfavorável e Grau de Contacto Diário com Pessoas Homossexuais. As duas medidas de familiaridade também tiveram correlação positiva com as duas medidas de rejeição à proximidade com pessoas homossexuais. Estas correlações variaram entre o mínimo de r(N=180)=.30, p<.001, entre Rejeição à Proximidade Íntima e Grau de Familiaridade com Pessoas Homossexuais e o máximo de r(N=184)=.42, p<.001, entre Rejeição à Proximidade Distante e Grau de Contacto Diário com Pessoas Homossexuais. Ou seja, em linha com a nossa predição, quanto maior a familiaridade dos participantes com pessoas homossexuais mais favorável foi a sua atitude e menor a sua rejeição à proximidade com pessoas homossexuais.

Estes resultados deram suporte à ideia de que as atitudes em relação a pessoas homossexuais foram influenciadas pelo nível de contato interpessoal com esta categoria social, tal como preconizado em investigações anteriores (e.g., Costa, Pereira, Oliveira, & Nogueira, 2010; Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Simon, 1998).

 

Atitude em Relação a Pessoas Homossexuais em Função de Crenças Morais e de Papéis de Género

Tal como esperado, constatámos que posicionamentos morais mais liberais estiveram associados a (1) atitudes mais favoráveis tanto na medida Atitude Favorável, r(N=184)=.42, p<.001, como na medida Atitude Desfavorável, r(N=184)=-.41, p<.001, e (2) a menor rejeição à proximidade tanto na Rejeição à Proximidade Distante, r(N=184)=.48, p<.001, como na Rejeição à Proximidade Íntima, r(N=184)=.41, p<.001. No mesmo sentido, posicionamentos morais mais conservadores estiveram associados a posicionamentos mais negativos nas mesmas medidas. Os valores de correlação correspondentes foram r(N=184)=-.38, p<.001, entre Moral Conservadora e Atitude Favorável, r(N=184)=. 54, p<.001, entre Moral Conservadora e Atitude Desfavorável, r(N=184)=-.32, p<.001, entre Moral Conservadora e Rejeição à Proximidade Distante e r(N=184)=-.27, p<.001, entre Moral Conservadora e Rejeição à Proximidade Íntima.

Os resultados nas dimensões dos papéis de género foram também consistentes com as nossas predições. Constatámos que quanto mais os participantes concordaram com a dimensão Igualdade- Partilha (e, portanto, mais liberais os seus posicionamentos face aos papéis de género), mais favoráveis foram as suas atitudes em relação a pessoas homossexuais [r(N=184)=.49, p<.001 e r(N=184)=-.47, p<.001, com Atitude Favorável e com Atitude Desfavorável, respetivamente] e menor foi a sua rejeição à proximidade com pessoas homossexuais [r(N=184)=.49, p<.001 e r(N=184)=.35, p<.001, com Proximidade Distante e com Proximidade Íntima, respetivamente].

Uma vez mais, este conjunto de resultados, suportou empiricamente as hipóteses 5 e 6 e esteve em linha com resultados de estudos anteriores nos quais se verificou que posicionamentos menos conservadores estão associados a atitudes mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais (e.g., Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Simon, 1998).

 

Atitude em Relação a Pessoas Homossexuais em Função da Valorização dos Níveis de Autodefinição da Identidade e da Focalização nos Níveis de Autodefinição

A hipótese final implicava a interação entre o nível de autodefinição da identidade mais valorizado e o contexto de focalização, na manifestação da atitude relativamente a pessoas homossexuais. Concretamente, prevíamos que seriam os participantes que, simultaneamente, valorizassem mais o nível social de autodefinição e que estivessem focalizados nesse mesmo nível no contexto de julgamento, aqueles que apresentariam atitudes menos favoráveis em relação a pessoas homossexuais.

Para testarmos esta hipótese criámos duas novas variáveis, que designamos de Valorização Diferenciada IP e Valorização Diferenciada IS. Valorização Diferenciada IP foi criada a partir do valor da mediana da variável IP (Md=6.50), resultando na criação de dois grupos, os que valorizaram o nível de autodefinição pessoal abaixo da mediana (1=IP<6.50) e os que o valorizaram acima desse valor (2=IP=6.50). De forma similar, Valorização Diferenciada IS foi criada a partir do valor da mediana da variável IS (Md=6.13), resultando na criação de dois grupos, os que valorizaram o nível de autodefinição social abaixo da mediana (1=IS<6.13) e os que o valorizaram acima desse valor (2=IS=6.13).

Efetuámos ANOVAs entrando os fatores Valorização Diferenciada IP, Valorização Diferenciada IS e Focalização, através das várias medidas de preconceito. Estas análises revelaram a interação de segunda ordem requerida pela nossa hipótese apenas nas medidas Atitude Desfavorável, F(1,176)=10.46, p=.001, h2=.056 (e ainda a interação Focalização x Valorização Diferenciada IP, F1,176=4.36, p=.038, h2=.024) e Proximidade Distante, F(1,176)=5.03, p=.026, h2=.028 (nenhum outro efeito ou interação significativa, maior F1,176=2.39, ns). Nas restantes medidas de preconceito as ANOVAs não revelaram efeitos significativos. A decomposição pelo fator

Valorização Diferenciada IS não revelou o padrão previsto na nossa hipótese (não foi encontrado qualquer efeito ou interação significativa nos participantes que valorizaram IS acima da mediana. Maior F1,84=2.89, ns, para fator Valorização Diferenciada IP, na medida Atitude Desfavorável). No Quadro 1 apresentamos os padrões de resultados relativos a estas duas medidas.

 

 

Decompondo a interação de segunda ordem na Atitude Desfavorável em função do fator Focalização, verificamos uma interação Valorização Diferenciada IP vs. Valorização Diferenciada IS, F(1,86)=11.68, p=.001, h2=.12, na condição de Focalização IP. O mesmo não se verificou na condição Focalização IS, F(1, 90)=1.83, ns. Aquela interação mostrou que entre os participantes focalizados em IP, e que valorizaram IP acima da mediana, os que, simultaneamente, valorizaram IS abaixo da mediana reportaram atitudes mais desfavoráveis (M=3.80), do que aqueles que valorizaram IS acima da mediana (M=2.32), F(1,43)=12.36, p=.001. Já entre os participantes focalizados em IP, mas que valorizaram IP abaixo da mediana (baixo IP), este efeito não foi significativo (F1,43=1.70, ns).

A mesma decomposição da interação de segunda ordem na medida Proximidade Distante revelou aquela mesma interação na condição de Focalização IP, F(1,86)=7.29, p=.008, h2=.078. Também neste caso, o mesmo não se verificou na condição Focalização IS, F(1,90)<1. O padrão de resultados foi consistente com o que acima reportámos, neste caso, entre aqueles mesmos participantes (i.e., focalizados em IP e que valorizaram IP acima da mediana), os que valorizaram IS abaixo da mediana reportaram maior rejeição à proximidade distante (M=6.32), do que os que valorizaram IS acima da mediana (M=7.83), F(1,43)=5.60, p=.023. Uma vez mais, entre os participantes focalizados em IP, mas que valorizaram IP abaixo da mediana, este efeito não foi significativo (F1,43=1.87, ns).

No conjunto, estes dois resultados, não foram consistentes com a nossa predição, e revelaram um padrão que não prevíramos: verificaram-se atitudes mais desfavoráveis em relação a pessoas homossexuais entre os participantes que valorizaram mais fortemente IP (e pouco IS) e que foram focalizados neste nível de auto-definição.

De seguida fizemos análises de variância em função das variáveis sociodemográficas Sexo, Nível de Escolaridade e Grupo Etário. Devido ao efetivo insuficiente para efetuar análises de variância entrando os três fatores, estas foram realizadas entrando um fator de cada vez.

Nas análises efetuadas com o fator Sexo não foram encontrados quaisquer efeitos significativos. Nas análises com o fator Nível de Escolaridade verificámos uma interação Nível de Escolaridade x Focalização, na medida Proximidade Distante, F(1,180)=3.94, p=.049, h2=.021.

Decompondo esta interação encontrada em função do fator Focalização, constatou-se que os participantes menos escolarizados, independentemente de estarem focalizados em IP ou IS, reportaram maior rejeição à proximidade, do que os participantes mais escolarizados nas mesmas condições (M=6.57, DP=2.37 vs. M=7.78, DP=1.63, F1, 88=8.23, p=.005, h2=.086, para menos escolarizados e mais escolarizados focalizados em IP e M=5.74, DP=2.06 vs. M=8.07, DP=1.47, F1, 92=39.04, p<.001, h2=.298, para menos escolarizados e mais escolarizados focalizados em IS).

Finalmente as análises com Grupo Etário revelaram duas interações Grupo Etário x Focalização, uma na medida Proximidade Distante, F(1,180)=6.22, p=.014, h2=.033 e outra na medida Proximidade Intima, F(1, 180)=4.95, p=.027, h2=.027. Verifica-se ainda uma interação Grupo Etário x Valorização Diferenciada IS na medida Atitude Favorável, F(1,180)=4.51, p=.035, h2=.024. Nos Quadros 2 e 3 estão sumarizados os resultados destas análises.

 

 

 

Como apresentado no Quadro 2, a decomposição da interação Grupo Etário x Focalização, na medida Proximidade Distante, em função de Focalização revelou que os participantes adultos focalizados em IS reportaram maior rejeição à proximidade distante (M=6.11), do que os participantes jovens focalizados em IS (M=7.95), F(1,92)=21.96, p<.001, h2=.193. O mesmo não se verificou na condição Focalização IP, F(1,88)<1.

Decompondo esta mesma interação pelo fator Grupo Etário, constatou-se que nos participantes adultos, os que foram focalizados em IS reportaram uma rejeição à proximidade distante marginalmente superior (M=6.11), aos que foram focalizados em IP (M=7.10), F(1,60)=3.74, p=.058, h2=.059. Entre os participantes jovens este efeito não foi significativo (F1,120=2.20, ns).

No que concerne à medida Proximidade Íntima, decompondo a interação Grupo Etário x Focalização em função deste último fator encontrou-se um padrão similar ao verificado na Proximidade Distante. Neste caso verificou-se que entre os participantes focalizados em IS, os adultos reportaram maior rejeição à proximidade íntima (M=4.39), do que os jovens (M=6.80), F(1,92)=30.19, p<.001, h2=.247. Na condição em que os participantes foram focalizados em IP, não se verificou este efeito de Grupo Etário, F(1,88)=3.05, ns.

Por outro lado, decompondo, em alternativa, esta mesma interação em função de Grupo Etário, verificou-se que entre os participantes jovens, aqueles que foram focalizados em IS, reportaram uma rejeição à proximidade íntima marginalmente menor (M=6.80), do que os que foram focalizados em IP (M=6.08), F(1,120)=3.23, p=.075, h2=.026. Entre os participantes adultos este efeito não foi significativo, F(1,60)=2.25, ns.

Analisando o Quadro 3, constatámos que, de forma consistente com o resultado anterior, quando decompusemos a interação Grupo Etário x Valorização Diferenciada IS na medida Atitude Favorável, em função do fator Grupo Etário, verificámos que os jovens que valorizaram IS acima da mediana reportaram uma atitude mais favorável (M=7.52), do que os jovens que valorizaram IS abaixo da mediana (M=6.90), F(1,120)=4.97, p=.028, h2=.04. Entre o grupo dos adultos o efeito de Valorização Diferenciada IS não foi significativo, F(1,60)=1.13, ns.

Alternativamente, a decomposição desta interação em função de Valorização Diferenciada IS, revelou que entre os participantes que valorizaram IS abaixo da mediana, os jovens reportaram atitudes mais favoráveis (M=6.90) do que os adultos (M=6.10), F1,94=6.16, p=.015, h2=.06, verificando-se o mesmo padrão entre os participantes que valorizaram IS acima da mediana, sendo a diferença entre os jovens (M=7.52) e adultos (M=5.72) simplesmente mais acentuada (F1,86=26.86, p<.001, h2=.24).

Uma vez que nas análises efetuadas com as variáveis demográficas cada fator foi analisado separadamente, os resultados encontrados nestas análises apenas poderiam fornecer apoio parcial à última hipótese em estudo. De facto, entre os resultados obtidos o único que parcialmente suportou esta hipótese foi aquele reportado entre os participantes adultos. Em linha com a teoria da autocategorização, na condição em que este grupo de participantes foi focalizado nas suas pertenças grupais (um contexto Focalização em IS), verificou-se maior rejeição à proximidade. Os demais resultados, que serão discutidos em pormenor adiante, embora relevantes, não deram suporte empírico à hipótese enunciada.

 

DISCUSSÃO

As análises nas medidas de preconceito, em função, quer de variáveis sociodemográficas (sexo, nível de escolaridade, idade), quer de variáveis psicossociais (posicionamentos morais, de papéis de género e familiaridade com homossexuais) revelaram padrões consistentes com a investigação neste domínio. Os resultados estão em linha com evidência prévia, nomeadamente ao verificar-se que atitudes mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais estão mais associadas ao sexo feminino (e.g., Costa, Pereira, Oliveira, & Nogueira, 2010; Gato & Fontaine, 2011; Seltzer, 1992, in Crawford et al., 1999), à menor idade e a níveis de escolaridade mais elevados (e.g., Herek, 1991; Simon, 1998), bem como a graus de familiaridade mais elevados com pessoas homossexuais (e.g., Costa, Pereira, Oliveira, & Nogueira, 2010; Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Simon, 1998) e a posicionamentos morais e de papéis de género menos tradicionais (e.g., Gato & Fontaine, 2011; Herek, 1991, 1994; Marsiglio, 1993, Seltzer, 1992, in Crawford, McLeod, Zamboni, & Jordan, 1999; Simon, 1998). Este conjunto de resultados permitiram sustentar as nossas primeiras seis hipóteses em estudo.

A hipótese 7 configurou a principal inovação neste estudo, no domínio das atitudes em relação a pessoas homossexuais, ao testar a existência de relação entre níveis contrastantes de autodefinição da identidade e o preconceito. Nomeadamente, o potencial efeito de uma valorização diferenciada dos níveis de autodefinição, bem como a saliência contextual desses níveis de autodefinição na manifestação de comportamentos discriminatórios.

No entanto, o conjunto dos resultados que testaram esta última hipótese, não forneceu evidências claras e inequívocas que a possam sustentar.

Nas análises com a amostra global não foi possível encontrar evidência que sustentasse a nossa hipótese. De facto, encontrámos um padrão de resultados oposto ao que esperávamos. Nem a valorização do nível social de autodefinição, nem a focalização neste nível de auto-definição contribuiu para a manifestação de posicionamentos mais desfavoráveis em relação a pessoas homossexuais. Pelo contrário, entre os participantes que valorizaram mais fortemente o nível pessoal de autodefinição e que foram focalizados neste nível de autodefinição, a valorização simultânea do nível social de autodefinição conduziu à manifestação, quer de uma atitude menos desfavorável, quer de menor rejeição à proximidade distante. Isto é, a valorização das pertenças grupais, contribuiu para um posicionamento mais favorável em relação a pessoas homossexuais, o que não seria de esperar, no quadro conceptual que enunciámos. De facto, o que verificámos foi que a valorização mais forte do nível pessoal da identidade em conjunção com a focalização contextual neste mesmo nível de autodefinição, conduziu à manifestação de atitudes mais desfavoráveis e de maior rejeição à proximidade distante.

Os resultados destas análises globais, quando articulados com os resultados das análises parciais, fornecem resultados que, embora não tenham sido conceptualmente previstos são, em nosso entender, relevantes na análise das atitudes dirigidas à categoria social dos homossexuais em particular mas, porventura, também nas atitudes em geral face a grupos alvo de discriminação social.

Em primeiro lugar, quando a uma forte valorização do nível pessoal de autodefinição se conjugou um contexto que focalizou os participantes nessa identidade pessoal, assistiu-se à emergência de atitudes de diferenciação negativa em relação a pessoas homossexuais.

Na identidade pessoal, o foco encontra-se na diferenciação entre o self e os outros, e a identidade é definida a partir das características que diferenciam o indivíduo dos outros indivíduos. Daí que, quando o sujeito valoriza mais fortemente a dimensão pessoal da sua identidade, qualquer outro que apresente uma ou mais características não partilhadas com ele, poderá ser alvo de apreciações mais desfavoráveis, na tentativa de preservação do self e da sua individualidade. Em função dos objetivos do presente estudo recorremos a um grupo social particular – as pessoas homossexuais. Para se testar a hipótese de que as atitudes discriminatórias que verificámos resultam de um processo de individualização, seria necessário acrescentar no estudo um, ou mais alvos pertencentes a outras categorias sociais. Se o mesmo padrão de resultados ocorresse, tal evidência sustentaria esta interpretação.

Em segundo lugar, alguns resultados parecem fornecer evidências acerca de uma mudança de atitudes, no que concerne à interiorização de uma norma social de não-discriminação das pessoas homossexuais. Por um lado, os participantes adultos focalizados na dimensão social da sua identidade manifestaram maior rejeição à proximidade, do que os participantes jovens nas mesmas condições e também do que os adultos focalizados na dimensão pessoal da sua identidade. Por outro lado, entre os jovens, tanto a valorização do nível social de autodefinição, como a focalização neste nível de autodefinição, conduziu à manifestação de atitudes mais favoráveis e menor rejeição à proximidade, do que a valorização do nível pessoal de autodefinição ou a focalização neste nível de autodefinição. Isto é, enquanto os jovens quando focalizados na dimensão social da sua identidade reportaram atitudes mais favoráveis, do que os jovens focalizados na dimensão pessoal da sua identidade, com os adultos passou-se o oposto.

A interpretação conjunta destes resultados permite, em nosso entender, sugerir que quando os adultos, cuja socialização ocorreu em parte num contexto social onde não era saliente a norma de não-discriminação, são confrontados com um contexto que torna saliente as suas pertenças grupais, adotam os comportamentos de diferenciação positiva preconizados pela abordagem da identidade social, derrogando os membros deste exogrupo relevante. Já entre os jovens, cujo processo de socialização ocorreu mais provavelmente num contexto social onde a norma de não-discriminação esteve saliente, a evocação de um contexto que os focaliza nas suas pertenças grupais, não conduz à manifestação de diferenciação positiva face à categoria social dos homossexuais. Porventura, porque o critério diferenciador – a orientação sexual – é menos aceite socialmente para elicitar tais atitudes discriminatórias. Isto não quer necessariamente dizer que os jovens não sejam sensíveis a um contexto que torne saliente as suas pertenças sociais. Para se poder aferir se se trata de uma mudança de atitude em relação a uma categoria social em particular, ou se se trata de uma mudança de atitude em relação à discriminação, seria necessário realizar outras investigações, no sentido de verificar se o padrão de resultados aqui encontrado se replica relativamente a membros de outras categorias sociais, com critérios de diferenciação (ainda) socialmente vigentes.

Finalizamos referindo algumas limitações, bem como alguns contributos e pistas para investigações futuras. Uma limitação inerente a este estudo prende-se com o desconhecimento acerca da orientação sexual dos participantes. No entanto, e tendo em conta que (1) se estima em 10% a percentagem de pessoas homossexuais na população (estimativa que, em Portugal, não foi ainda confirmada por nenhum estudo; cf. Savin-Williams, 2006 e Bagley & Tremblay, 1998, para estudos sobre prevalência da homossexualidade) e que (2) seriam de esperar respostas mais favoráveis e menos estereotipadas de participantes homossexuais, pode-se dizer com alguma segurança, que esta limitação não invalida, por si mesma, as conclusões aqui extraídas.

É também importante exercer prudência ao nível da generalização dos resultados por dois motivos: (1) embora a amostra inclua participantes de idade e escolaridade variada e de ambos os sexos, foi utilizada uma amostragem de conveniência e, (2) apenas se verificaram resultados significativos nas análises que testam o efeito moderador de variáveis sociodemográficas.

Este estudo contribuiu para identificar numa amostra portuguesa mais representativa (ainda existem poucos estudos feitos em Portugal e muita investigação anterior, quer nacional, quer internacional, utilizou maioritariamente amostras constituídas por jovens altamente escolarizados) a relação estabelecida entre algumas variáveis sociodemográficas e psicossociais e as atitudes em relação a pessoas homossexuais.

Finalmente, parece-nos que o principal contributo deste estudo se situa na análise entre as possíveis conexões entre os níveis de autodefinição da identidade e as atitudes dirigidas a pessoas homossexuais, concretamente, perceber de que forma a definição de identidade do indivíduo opera ao nível das suas atitudes e qual o impacto que os contextos podem ter na manifestação de comportamentos discriminatórios.

 

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Correspondência

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Irene Santos Gomes, FPCE, Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto. E-mail: imariagomes@gmail.com

 

Submissão: 06/01/2014 Aceitação: 11/03/2014

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