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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica vol.32 no.2 Lisboa jun. 2014

https://doi.org/10.14417/ap.854 

Percepção de Competência Parental: Exploração de domínio geral de competência e domínios específicos de auto-eficácia, numa amostra de pais e mães portuguesas

 

Bruno Ferreira*; Lígia Monteiro**; Carla Fernandes*; Jordana Cardoso*; Manuela Veríssimo*; António J. Santos*

* UIPCDE, ISPA – Instituto Universitário;

**ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, CIS-IUL

Correspondência

 

RESUMO

A avaliação que os pais fazem sobre o seu próprio desempenho pode ter um papel directo ou indirecto no desenvolvimento das crianças. Neste trabalho, estudamos o sentimento de competência parental face ao papel global da parentalidade e as percepções de auto-eficácia em domínios específicos da parentalidade, procurando identificar diferenças entre pais e mães, e discernir efeitos possíveis face a características demográficas, como preditores das cognições da parentalidade. Os resultados vão de encontro a evidência disponível na literatura, contudo revelam especificidades na nossa amostra que permitam equacionar singularidades, em particular face aos preditores sociodemográficos da auto- eficácia, levantando questões relativas aos factores de contexto e culturais da parentalidade.

Palavras-chave: Cognições parentais, Sentimento de competência parental geral, Domínios de auto- eficácia parental.

 

ABSTRACT

The assessment parents make about their skills and competence can have direct or indirect consequences in their child’s development. In this paper we studied parents sense of competence in their global role of parenting and their perceptions of self-efficacy in specific domains of parenting, aiming to identify differences between fathers and mothers, and to understand if some of the sociodemographic characteristics controlled were predictors of the parental cognitions. The results support the evidence available in the literature, but also show some singularities, in terms of predictors of self-efficacy. Questions about context and cultural factors affecting parenting should be consider in this discussion.

Key-words: Parental cognitions, General parenting sense of competence, Parental self-efficacy domains.

 

 

INTRODUÇÃO

A parentalidade representa, muito provavelmente, o papel mais satisfatório desempenhado pelo adulto, e ao mesmo tempo, o desafio mais exigente no seu ciclo de vida adulta, dadas as demandas intelectuais, emocionais e físicas que implica, tanto para as mães, como para os pais. No entanto, cada pai pode vivenciar este papel de diversas formas, sentindo-se mais ou menos competente no desempenho do mesmo (Meunier & Roskam, 2009).

A avaliação que os pais fazem sobre a sua parentalidade e a forma como estes fazem críticas ao seu próprio desempenho pode ter um papel directo ou indirecto no desenvolvimento das crianças (Colman & Karreker, 1997; Jones & Prinz, 2005; Shumow & Lomax, 2002; Teti & Gelfand, 1991). Identificar quais as cognições parentais mais suscetíveis de estarem relacionadas com um bom ajustamento pessoal ao papel parental e às práticas parentais positivas (Bornstein et al., 2003) é, ainda, um objectivo importante da investigação actual, tanto pelas implicações no adulto, como no desenvolvimento da criança (Okagaki & Bingham, 2005).

Na literatura sobre a parentalidade, diferentes construtos que se referem ao sentimento de competência parental têm sido descritos, nomeadamente “agency” parental (Dumka, Stoerzinger, Jackson, & Roosa, 1996), locus-de-controlo parental (Campis, Lyman, & Prentice-Dunn, 1986), competência parental percebida (Ballenski & Cook, 1982), sentimento de competência parental geral (Johnston & Mash, 1989) e crenças de auto-eficácia (Bandura, 1982), sendo, segundo Bornstein et al. (2003) esta diversidade devido ao facto de o constructo sentimento de competência parental poder ser composto por diferentes componente modelares: satisfação, investimento, autoeficácia, balanço entre papéis da vida adulta.

De um modo geral, estas diferentes abordagens referem-se às expectativas e crenças que o indivíduo tem acerca da sua capacidade para desempenhar o papel parental de forma competente e eficaz (Teti & Gelfand, 1991). Considera-se que um pai é eficaz quando é capaz de reconhecer as necessidades da criança e satisfazê-las de modo adequado, na medida em que possui conhecimento para tal e tem confiança nas suas competências para desempenhar essas tarefas (Bandura, 1982).

A capacidade para lidar com as exigências do papel parental, sem sentimentos de frustração ou incompetência elevados (Junttila, Vauras, & Laakkonen, 2007) é, também, um aspeto a considerar, o que tem levado alguns autores a ter em conta dimensões como satisfação (Johnston & Mash, 1989) e/ou investimento/interesse no papel parental (Ferreira, Veríssimo, Santos, Fernandes, & Cardoso, 2011; Rogers & Matthews, 2004) ou controlo (Gilmore & Cuskelly, 2008).

 

Autoeficácia Parental Percebida

Nas últimas década tem-se dado particular atenção aos aspectos do sentimento de competência parental relacionados com as componentes de percepções de auto-eficácia, e procurado estabelecer complementarmente como a capacidade percebida pelos pais pode influenciar positivamente o comportamento e o desenvolvimento dos seus filhos (Coleman & Karraker, 1997; Meunier & Roskam, 2009). Alguns estudos longitudinais sugerem que a percepção de autoeficácia é relativamente estável ao longo do tempo (Coleman & Karraker, 2003) e que as mães revelam ter níveis de percepção de autoeficácia parental superiores aos dos pais (Salonen et al., 2009). No entanto, de acordo com Bandura (1989), a autoeficácia é dinâmica, podendo estar sujeita a modificação se os determinantes da tarefa, da situação ou do processo de desenvolvimento individual forem alterados.

De acordo com a teoria da autoeficácia (Bandura, 1982), a aquisição de novas competências é facilitada pela percepção de autoeficácia, destacando-se os pais como mais competentes na disciplina e as mães como mais competentes no afeto e cuidado instrumental, o que vai de encontro às crenças relativas às diferenças entre géneros, que apontam para a mãe como mais carinhosa e o pai mais rígido (Meunier & Roskam, 2009). Os pais com níveis mais baixos de escolaridade são os que se sentem menos competentes a ensinar e a cuidar da criança mas, por sua vez, têm maior controlo sobre as crenças nos resultados. Pais com três ou mais filhos sentem-se menos competentes a brincar e os que têm apenas um filho sentem-se mais competentes no afeto (Meunier & Roskam, 2009). Relativamente à figura materna, existem estudos que indicam a associação entre uma elevada percepção de autoeficácia e práticas parentais positivas, tais como a capacidade de fornecer à criança um ambiente saudável e feliz, e a habilidade para entender os sinais da criança.

Quando a percepção de autoeficácia é baixa surge associada a diversos resultados negativos, como a depressão ou dificuldades externalizantes na criança (Coleman & Karraker, 1997; Salonen et al., 2009; Teti & Gelfand, 1991). Com base na sua revisão, Coleman e Karreker (1997) referem ainda que a percepção de autoeficácia é baixa, e se encontra associada a diferentes variáveis parentais, tais como, indisponibilidade psicológica, comportamentos defensivos ou de controlo, afecto negativo, stress, e uma elevada sensibilidade e evitamento face a situações em que as crianças expressam comportamentos difíceis. Por outro lado, e relativamente ao pais, alguns estudos encontraram uma associação positiva entre a percepção de autoeficácia paterna e o envolvimento nos cuidados à criança (Jacobs & Kelley, 2006; Juntilla et al., 2007; Tremblay & Pierce, 2011), bem como a satisfação e autoestima dos pais (Meunier & Roskam, 2009).

Alguns estudos têm revelado que a percepção de autoeficácia paterna possui preditores diferentes dos da materna (Sevigny & Loutzenhiser, 2009), sendo mais influenciável por fatores externos, como as políticas, leis e valores de cada país (Hofferth, 2003; Kiehl & White, 2003), assim como pelo tamanho e funcionamento da família (Meunier & Roskam, 2009; Salonen et al., 2009). Os pais são, também, influenciados pelas características da criança (e.g., idade) (Salonen et al., 2009), assim como por variáveis intrínsecas a eles próprios (Sevigny & Loutzenhiser, 2009). A idade dos pais, a educação e o estado matrimonial não parecem influenciar a percepção de autoeficácia parental (Meunier & Roskam, 2009; Salonen et al., 2009).

Um aspeto importante da investigação actual é o modo como a autoeficácia percebida pelos pais é analisada. Existem três abordagens disponíveis na literatura. A primeira, refere-se a tarefas específicas (Task-specific approach) e foca as percepções que os pais têm acerca da sua competência relativamente a eventos específicos da parentalidade, tais como mudar fraldas, dar banho, deitar ou tratar de uma criança com febre (Ballenski & Cook 1982; Teti & Gelfand, 1991). A segunda abordagem reporta-se a domínios específicos da parentalidade (Domain specific approach) e avalia a percepção genérica de competência dos pais em áreas discretas da parentalidade, tais como ensinar algo aos filhos, brincar, estabelecimento de limites, prestar cuidados físicos, dar afecto e ter disponibilidade emocional, etc. (Coleman & Karraker, 2003; Meunier & Roskam, 2009). A terceira abordagem, de domínio geral do papel (Domain general approach) onde a auto-eficácia parental é vista como uma forma conceptual distinta da percepções de auto-eficácia global dos indivíduos e coloca o foco nas percepções de competência percebida dos pais relativamente ao domínio da parentalidade como um todo (e.g., se o sujeito se considera um bom modelo de pai para outros pais – Ferreira et al., 2011; Gilmore & Cuskelly, 2008; Johnston & Mash, 1989).

 

Domínio específico e Domínio geral da auto eficácia percebida

A literatura tem demonstrado moderada associação entre o domínio específico e domínio geral de autoeficácia parental percebida (Coleman & Karraker, 2003; Meunier & Roskam, 2009). Ambos os níveis de análise de autoeficácia parental percebida pelos pais têm obtido associações significativas com dimensões de funcionamento parental e ajustamento das crianças, tais como, comportamento parental mais adequado e de suporte (Izzo, Weiss, Shanahan, & Rodriguez-Brown, 2000), baixo stress e depressão (Gross, Conrad, Fogg, & Wothke, 1994), ajustamento socio- emocional (Bohlin & Hagekull, 1987) e sucesso académico (Ardelt & Eccles 2001).

Resultados disponíveis na literatura especializada demonstram maior validade preditiva quando a autoeficácia é medida em relação a domínios específicos da parentalidade (e.g., brincadeira, disciplina) do que quando é medida a autoeficácia parental de forma geral (Coleman & Karraker, 1997, 2003; Meunier & Roskam, 2009; Sanders & Woolly 2005), de acordo com a hipótese teórica de Bandura (1989). No estudo de Coleman e Karraker (2003), 68 mães preencheram o questionário da autoeficácia parental de domínio geral e de domínio específico e, em laboratório, os comportamentos maternos e da criança foram observados durante episódios de interação. Muito embora o domínio geral e específico de crenças acerca da auto-eficácia parental não se encontrasse associados com a competência parental observada em situação de laboratório, os resultados revelaram associações significativas entre crenças de domínio específico e outras seis variáveis: Evitamento da mãe, afeto dirigido à mãe, condescendência, entusiasmo, e negatividade.

Os resultados disponíveis na literatura parecem indicar que crianças de mães com níveis mais elevados de autoeficácia apresentaram índices de desenvolvimento superiores e interagem de modo mais positivo, apresentando menos comportamentos negativos. Contudo, a abordagem dominante tem sido o uso das medidas gerais (e.g., Johnston & Mash, 1989), o que poderá dever- se ao facto de as medidas específicas serem ainda raras, comparativamente às medidas gerais.

Torna-se necessário aprofundar a compreensão dos processos subjacentes às percepções de autoeficácia geral e específica, bem como compreender associações com características indivi- duais, contextuais e sociodemográficas, resultados no âmbito da parentalidade e desenvolvimento das crianças. Por outro lado, a grande maioria dos estudos tem-se focado em amostras constituídas por mães. No estudo recente de Meunier e Roskam (2009), os autores compararam pais com mães utilizando uma medida de domínio específico e, consistentemente com os estereótipos, as mães revelaram-se mais competentes que os pais. Os pais percepcionaram-se mais competentes no domínio da disciplina e as mães nos domínios de cuidados instrumentais e disponibilidade e suporte emocional e valorização.

Considerando que a promoção do sentimento de competência parental tem sido um dos focos mais salientes dos programas de formação/educação parental (e.g., Peterson, Tremblay, Ewigman, & Saldana, 2003; Sofronoff & Farbotko, 2002), é fundamental compreender as associações entre as percepções de auto-eficácia parentais de domínio geral e específico, quer para as mães, quer para os pais. Neste sentido, o presente estudo constitui-se como um contributo para este inquérito.

 

MÉTODO

 

Participantes

Participaram 198 famílias bi-parentais. 75.1% destes pais estão casados (75.1%) ou em união de facto (24.9%). As mães tinham idades compreendidas entre 19 e 47 anos (M=33.91; DP=9.32) e os pais entre 21 e 62 anos (M=35.43; DP=4.72). As mães tinham em média 12.68 (DP=3.77) de escolaridade e os pais 10.84 (DP=3.6). Em 159 (80,7%) famílias ambos os pais trabalham, em 32 (16,2%) famílias só um dos pais está empregado e em 6 (3%) famílias ambos os pais estão desempregados. As mães trabalhavam em média 38.57 (DP=7.59) horas semanais e os pais 41.03 (DP=9.80). As crianças tinham entre 18 e 61 meses (M=42.54; DP=9.32); 84 são raparigas e 114 rapazes. Destas, 112 têm irmãos. As crianças frequentam creches/jardins-de-infância do ensino público e privado (onde passam em média 8.25 horas; DP=1.34), pertencentes ao distrito de Lisboa e Santarém. As famílias foram recrutadas através da creche/jardim-de-infância das crianças.

 

Instrumentos/Procedimento

Após as autorizações necessárias de escolas e pais, os questionários foram entregues pelas educadoras das salas frequentadas pelas crianças às mães e aos pais em momentos distintos, contrabalançando-se a ordem de entrega: 50% primeiro às mães e 50% primeiro aos pais.

 

Ficha de identificação e caracterização sociodemográfica (Veríssimo, s.d.)

Foi preenchida pelas mães e pretendia recolher informação relativa a dados como a idade, as habilitações literárias, o estado civil, o trabalho dos pais, nº de irmãos das crianças, respectivas idades e sexo, e o tipo escola das crianças.

 

Sentimento de Competência Parental

A Escala de Sentimento de Competência Parental (Ferreira et al., 2011) é uma adaptação para a língua portuguesa da Parenting Sense of Competence Scale (Johnston & Mash, 1989). Assumindo uma forma de questionário de 17 itens, a ESCP permite avaliar a percepção geral de competência parental, enquanto domínio geral, e é composta por três subescalas: (1) Eficácia (composta por 7 itens), que indica o grau em que cada pai se sente competente/capaz de resolver os problemas da criança (e.g., “Se há alguém que consegue perceber quando algo não está bem com o meu filho(a), sou eu.”); (2) Satisfação (composta por 5 itens), que indica o grau em que cada pai se sente frustrado, ansioso e pouco motivado no seu papel pai (e.g., “Ser pai faz-me sentir tenso e ansioso.”); e (3) Interesse (composta por 3 itens), que indica o interesse dos progenitores na tarefa da parentalidade (e.g., “Se ser pai de uma criança fosse um pouco mais interessante, eu estaria motivado para desempenhar melhor esse papel.”). Oito itens são invertidos (1, 6, 7, 10, 11, 13,15, 17). Com base nos resultados obtidos por Johnston e Mash (1989) e Ferreira et al. (2011), os itens 8 e 17 foram retirados das análises por não cumprirem o critério de fiabilidade individual. Os pais indicam o seu nível de concordância com as afirmações numa escala de 6 pontos (1-concordo fortemente; 6-discordo fortemente). Análises de consistência interna das subescalas através do coeficiente de alfa-Cronbach revelaram fiabilidade moderada e forte, respectivamente para as subescalas de satisfação (.74) e eficácia parental (.94). A subescala de interesse parental foi excluída das análises sucessivas por não ter obtido valores de consistência interna aceitáveis (.53).

 

Perceção de Autoeficácia das Tarefas Parentais

A Escala de Percepção de Eficácia das Tarefas Parentais (PETP) é uma adaptação para a língua portuguesa da escala original The Self-efficacy for Parenting Tasks Índex – Toddler Scale (Coleman & Karraker, 2003). Avalia a perceção que o pai/mãe tem da sua eficácia em 7 domínios específicos – delineados por Zeanah e colaboradores (1997) e originalmente propostos por Emde (1989) – que se encontram conceptualmente relacionados com o desenvolvimento da criança, no que diz respeito a dimensões de cuidados relacionais e de socialização nas vivências familiares. Na versão original, a escala PETP é constituída por 53 itens organizados em sete dimensões: (1) a Disponibilidade emocional, composta por sete itens que analisam a perceção que os pais têm da prontidão e facilidade para atenderem às necessidades afectivas dos filhos (e.g., Quando o meu filho(a) precisa de mim, tenho facilidade em deixar de lado o que estiver a fazer.) e cuja consistência interna, computada por coeficiente de a-Cronbach, foi de .67; (2) a Ternura, valorizar a criança e capacidade de responder empaticamente composta por oito itens que analisam a perceção dos pais acerca do reconhecimento, valorização e crença dos filhos nas suas capacidades para responderem de forma empática às suas necessidades (e.g., O meu filho(a) sabe que eu compreendo quando os seus sentimentos são magoados.) e com um a-Cronbach de .71; (3) a Proteção, constituída por sete itens que analisam a percepção de dificuldade por parte dos pais nas tomadas de decisão, nomeadamente nas questões de segurança da criança, (e.g., Eu tenho dificuldade em determinar o que é e o que não é seguro para o meu filho(a) fazer), apresentando um a-Cronbach de .53 (.63 com remoção do item 16); (4) a Disciplina e definição de limites, composta por sete itens, que avalia o modo como os pais percecionam a sua capacidade e facilidade em disciplinar e estabelecer limites aos filhos (e.g., É relativamente fácil para mim estabelecer limites ao meu filho), e com um a-Cronbach .81; (5) a Brincadeira, composta por sete itens, que avalia a percepção de facilidade e envolvimento dos pais em actividades de brincar com os filhos (e.g., Consigo sempre pensar em alguma coisa para brincar com o meu filho(a), a-Cronbach .92; (6) a dimensão Ensinar, constituída por nove itens que avalia a percepção de facilidade e envolvimento dos pais em actividades de ensinar (e.g., Acredito que o meu filho(a) aprende muito como resultado do meu esforço em lhe mostrar diversas coisas.), com um a-Cronbach de .73; e, por fim, (7) a dimensão Cuidado instrumental e criação de estruturas e rotinas, constituída por oito itens que avalia a percepção acerca das capacidades para implementarem estruturas e rotinas de cuidado e funcionamento para os filhos (e.g., Eu tenho sido capaz de estabelecer uma rotina diária com o meu filho que parece confortável para ambos), apresentando um a-Cronbach de .46 (.60 com remoção de item 51).

O estudo original foi realizado com 68 mães e as correlações entre as subescalas variaram entre r=.26 e r=.71. Em relação à computação de valores globais da escala, não foram retirados itens porque os autores verificaram que a eliminação de itens particulares não afetava significativamente a consistência interna da escala completa (a-Cronbach .91). Os itens são respondidos pelos pais numa escala de Likert de seis pontos, variando entre “Discordo Totalmente” e “Concordo Totalmente”.

Na versão portuguesa da escala de Percepção de Eficácia das Tarefas Parentais, seguindo as indicações dos autores da escala, optou-se por usar a versão reduzida da mesma, retirando-se os itens correspondentes às dimensões da Proteção e do Cuidado instrumental e criação de estruturas e rotinas, visto que na versão original as suas consistências internas eram fracas e sujeitas a futura reconfiguração (Coleman & Karraker, 2003). Análises de consistência interna revelaram os seguintes coeficientes de Alfa de Cronbach para as subescalas em estudo: (1) Disponibilidade emocional – a-Cronbach .67; (2) Ternura, valorizar a criança e capacidade de responder empaticamente – a-Cronbach .75 (a-Cronbach .56 depois de eliminado o itens 21, correspondendo ao item 13 na versão original); (3) Disciplina e definição de limites – a-Cronbach .70 (a-Cronbach .65 depois de eliminado o itens 10, corres- pondendo ao item 28 na versão original); (4) Brincadeira – a-Cronbach .74 (a-Cronbach .70 depois de eliminados os itens 5 e 27, correspondendo, respetivamente, aos itens 35 e 34 na versão original); (5) Ensinar – a-Cronbach .73 (a-Cronbach .68 depois de eliminado o item 11, correspondendo ao item 43 na versão original). Para valores globais da escala o a-Cronbach é de .88.

 

RESULTADOS

 

Valores descritivos do Sentimento de Competência Parental e da Eficácia das Tarefas Parentais

Na Tabela 1 pode observar-se os valores médios e os desvios padrões globais e por género parental para as medidas de competência geral da parentalidade e de autoperceção de eficácia em domínios específicos.

 

 

Com exceção das médias de sentimento geral de satisfação parental (M=4.72, DP=.83) e da percepção de autoeficácia no domínio específico das tarefas disciplinares e estabelecimento de limites (M=4.58, DP=.71), os pais apresentam médias inferiores quando comparados com os valores médios das mães. De igual modo, as mães obtêm valores médios mais elevados, ora na computação dos valores globais da escala PETP (M=4.88, DP=.44), ora na subescala eficácia da ESCP (M=4.88, DP=.44), respectivamente, percepção de autoeficácia em domínios específicos da parentalidade e sentimento geral de eficácia parental.

 

Relação entre os dados sócio demográficos e os valores de Sentimento de Competência Parental e da Eficácia das Tarefas Parentais

A idade das mães encontra-se relacionada fraca e negativamente com os seguintes domínios espe- cíficos de autoperceção de eficácia: ternura, valorização e responsividade empática (r(196)=-.222, p=.002); disponibilidade emocional (r(196)=-.189, p=.008); e brincar (r(196)=-.269, p=.000). De igual modo, a idade das mães revela associações fracas e negativas com autoperceção de eficácia dos pais nos mesmos domínios específicos: ternura, valorização e responsividade empática (r(196)=-.252, p=.000); disponibilidade emocional (r(196)=-.208, p=.004); e brincar (r(196)=-.253, p=.000).

As habilitações literárias das mães mostram uma associação fraca e negativa com o sentimento geral de eficácia parental da parentalidade (r(194)=-.211, p=.003). Inversamente, constata-se uma relação positiva e moderada com a autopercepção de eficácia no domínio específico ensinar (r(193)=-.313, p=.000).

As habilitações literárias das mães estão fraca e negativamente associadas à sua autopercepção de eficácia do pai no domínio específico brincar (r(193)=-.153, p=.034) e ao sentimento geral de eficácia parental do pai (r(194)=-.178, p=.013).

No que diz respeito à variável emprego, as mães que trabalham mostram valores médios de auto percepção significativamente mais eficazes nos domínios específicos da disciplina e estabelecimento de limites (t(193)=3,03, p<.001, M=4.54) e ensinar (t(193)=2,83, p<.001, M=4.93). As mães que trabalham também apresentam valores médios de satisfação geral na parentalidade significativamente superiores (t(194)=2,01, p<.046, M=4.66).

A idade dos pais está fraca e negativamente associada à autopercepção no domínio específico ternura, valorização e responsividade empática (r(196)=-.176, p=.014). A idade do pai correlaciona-se, adicionalmente, de forma negativa e fraca com a autopercepção de eficácia das mães nos domínios específicos da parentalidade disponibilidade emocional (r(196)=-.154, p=.031) e brincar (r(196)=-.157, p=.028).

As habilitações literárias dos pais estão associadas fraca e positivamente com o sentimento geral de satisfação parental (r(194)=.208, p=.004) e com o domínio específico de disciplina e estabelecimento de limites (r(196)=.170, p=.018). O número de horas de trabalho semanal do pai revela-se associado fraca e negativamente com a auto-percepção do pai de eficácia no domínio específico ensinar (r(138)=-.177, p=.038) e com o sentimento geral de satisfação parental das mães (r(139)=-.172, p=.043).

A idade das crianças encontra-se associada fraca e negativamente com a percepção de autoeficácia das mães em tarefas de ensinar (r(152)=-.172, p=.034). Os filhos primogénitos tendem a distinguir significativamente o sentimento de autoeficácia nos domínios específicos de brincar (t(177)=2.33, p<.005) e disponibilidade emocional (t(177)=2.03, p<.005), apresentando as mães, respectivamente em ambos os domínio, valores médios mais elevados para os primeiros filhos (M=4.94; M=4.95).

 

Diferenças entre o pai e a mãe ao nível do sentimento geral de eficácia parental

O t-student revelou diferenças significativas entre pais e mães no que diz respeito ao sentimento geral de eficácia parental (t(392)=2.67, p<.001), com as mães a obterem médias superiores. A mesma tendência pode ser observada, nas diferenças significativas obtidas entre os dois géneros, para os domínios específicos de ternura, valorização e responsividade empática (t(390)=3.88, p<.001) e disponibilidade emocional (t(390)=1.97, p<.005) (ver Tabela 1 para consultar médias).

 

Associação entre o Sentimento de Competência Parental e da Eficácia das Tarefas Parentais

Na Tabela 2 podem ver-se as associações entre todas as variáveis em estudo da ESCP e PETP. As variáveis da ESCP, sentimento geral de satisfação parental e sentimento geral de eficácia parental encontram-se fraca ou moderadamente associadas com as variáveis computadas para a escala PETP. O sentimento geral de satisfação parental apresenta a sua maior associação positiva com o domínio específico disciplina e estabelecimento de limites (r(391)=.51, p<.000), ao passo que a associação mais fraca é com a variável de domínio específico ternura, valorização e responsividade empática, (r(391)=.23, p<.000). O sentimento geral de eficácia parental tem a sua correlação mais forte com a variável de domínio específico ternura, valorização e responsividade empática (r(391)=.51, p<.000), e mais fraca com a variável de auto-percepção de eficácia no domínio específico Ensinar (r(391)=.32, p<.000).

 

 

Adicionalmente, o sentimento geral de eficácia parental encontra-se associado positiva e moderadamente com o valor global obtido na escala PETP (r(391)=.52, p<.000).

Todas as subescalas de autopercepção de eficácia de domínio específico apresentam associações positivas e elevadas com os valores globais da escala PETP. Entre si, as subescalas de autopercepção de eficácia de domínio específico encontram-se associadas positivamente. As correlações mais fracas observadas são entre a ternura, valorização e responsividade empática e a disciplina e estabelecimento de limites (r(391)=.37, p<.000), e entre o brincar e a disciplina e estabelecimento de limites (r(391)=.36, p<.000). A disponibilidade emocional está associada forte e positivamente com todas as subescalas que compõem a escala PETP, com exceção da correlação moderada que apresenta com a disciplina e estabelecimento de limites (r(391)=.43, p<.000).

 

DISCUSSÃO

O sentimento de competência parental e as percepções de auto-eficácia em domínios específicos têm sido considerados na literatura sobre cognições parentais como um correlato dos comportamentos parentais, provavelmente com o estabelecimento de estratégias parentais e ambientes relacionais e educativos de qualidade que maximizam o desenvolvimento das crianças (Bornstein et al., 2003; Bugental & Johnston, 2000; Coleman & Karraker, 2003; Jones & Prinz 2005; Meunier & Roskam, 2009; Okagaki & Bingham, 2005; Teti & Gelfand, 1991).

No presente estudo, explorámos dois constructos relevantes no âmbito das percepções de competência parental, sentimento de competência parental face ao papel global da parentalidade (Johnston & Mash, 1989) e as percepções de auto-eficácia em domínios específicos da parentalidade (Coleman & Karraker, 2003; Meunier & Roskam, 2009), procurando estudar diferenças entre pais e mães e discernir efeitos possíveis face a características demográficas dos pais, mães e crianças, como preditores das cognições da parentalidade.

De forma geral, os resultados obtidos no nosso estudo, estão em linha com outros reportados na literatura especializada, contudo revelam especificidades na nossa amostra que permitam equacionar singularidades, em particular face aos preditores sociodemográficos da auto-eficácia, o que levanta questões relativas aos factores de contexto e culturais da parentalidade. As mães auto percepcionam-se significativamente mais competentes que os pais no sentimento geral de eficácia parental como reportado em estudos anteriores (e.g., Gilmore & Cuskelly, 2008; Salonen et al., 2009) e os domínios específicos de ternura, valorização e responsividade empática e disponibilidade emocional de acordo com os dados reportados por Meunier e Roskam (2009). Contudo, contrariamente ao estudo realizado por Meunier e Roskam (2009), na nossa amostra os pais não se revelaram significativamente mais eficazes na disciplina do que as mães, nem como seria de esperar não se revelaram significativamente mais satisfeitos no papel global da parentalidade, muito embora se possa observar essa tendência.

Relativamente à idade dos pais, as mães mais velhas tendem significativamente a percepcionar-se como menos eficazes em domínios de cuidados face a necessidades afectivas das crianças (disponibilidade emocional e ternura, valorização e responsividade empática), e no domínio específico de brincar. O mesmo efeito se observa para os pais no que diz respeito ao domínio específico de ternura, valorização e responsividade empática, pais mais velhos, percepcionam-se como menos eficazes. Estes resultados contrariam evidência produzida noutros estudos, que não encontraram relação entre a perceção de autoeficácia parental e a idade dos pais (Meunier & Roskam, 2009; Salonen et al., 2009).

Curiosamente, obtivemos resultados significativos, ainda não reportados na literatura, quanto à associação da idade de um pai nas perceções de auto eficácia do outro. Quanto mais velhas as mães são, menor percepção de eficácia os pais têm (disponibilidade emocional e ternura, valorização e responsividade empática) e quanto mais velhos os pais são, menor sentimento de eficácia as mães revelam face ao domínio de disponibilidade emocional. Estes resultados não corroboram os encontrados por Jacobs e Kelley (2006), que encontram relações positivas significantes entre a perceção de autoeficácia dos pais. Salientamos no entanto que os efeitos correlacionais observados são fracos, e que podemos estar apenas perante associações espúrias de sobreposição, uma vez que podem ser devido ao facto de os casais parentais tenderem a ter idades aproximadas, e por essa via se observar esta associação, uma vez que a idade dos pais está negativamente associada com as auto-percepções nos mesmos domínios.

No que diz respeito às habilitações literárias, as mães com mais estudos revelaram percepcionar- se menos eficazes no domínio geral da parentalidade, ao passo que no domínio específico de ensinar consideram-se mais eficazes. Por sua vez, os pais com mais anos de escolaridade apresentam maior satisfação parental global e percecionam-se como mais eficazes no domínio de disciplina estabelecimento de limites. Novamente, encontramos associações nas percepções de um pai para as do outro, em relação às habilitações literárias. A maior escolaridade das mães está associada à menor percepção de eficácia dos pais no papel parental como um todo e no domínio de brincar.

No que diz respeito à variável emprego, as mães que trabalham, percepcionam-se mais eficazes nos domínios de ensinar e disciplina e estabelecimento de limites e os pais que trabalham mais horas percepcionam-se menos eficazes no domínio específico de ensinar. Por sua vez, as mães sentem-se menos satisfeitas com o papel da parentalidade quando os pais trabalham mais horas.

Estes resultados, para além de contrariarem a ideia linear de que pais com mais escolaridade se sentem mais eficazes, sugerem processos de interacção entre as variáveis mais complexos do que aqueles descritos na literatura (e.g., Meunier & Roskam, 2009). Novos estudos, com amostras maiores e mais diversificadas, poderão procurar esclarecer melhor estes processos.

Face às características das crianças, os nossos resultados mostram que as mães percepcionam-se como menos eficazes com o aumento da idade dos filhos, o que pode ser explicado por as tarefas educativas assumirem gradualmente características mais escolares, a transferência destas competências para outras figuras de referência e o progressivo acréscimo de autonomia. Por outro lado, as mães realizam juízos mais positivos quanto à sua eficácia nos domínios de disponibilidade emocional e brincar com filhos primogénitos, resultado que parece, em parte, ir de encontro a resultados obtidos por Meunier e Roskam (2009) relativamente a pais de famílias com menos filhos, e pode revelar o efeito de um maior investimento e atenção dos pais nas tarefas da parentalidade durante a primeira gravidez e filho.

No nosso estudo, ambas as escalas utilizadas revelaram valores de consistência interna que suportam a possibilidade de uso futuro em estudos fundamentais sobre percepções de competência parental, geral e de domínios específicos, desenvolvimento, avaliação de eficácia de programas de parentalidade, bem como, para fins de observação em contextos clínicos da parentalidade e ajustamento infantil.

Efectivamente, as associações positivas moderadas e fortes encontradas entre ambas as escalas, oferecem boas indicações quanto à solução factorial proposta num estudo anterior para a ESCP (Ferreira et al., 2011), e reforçam a validade interna e discriminante de ambas as escalas (ESCP e PETP), sugerindo também, que parece ser valida a estratégia dominante na literatura de se considerar importante o estudo de ambos os construtos de percepção de auto-eficácia geral da parentalidade e percepção de auto-eficácia em domínios específicos da parentalidade (Coleman & Karraker, 2003; Meunier & Roskam, 2009) para se esclarecer os processos cognitivos subjacentes ao sentimento de competência parental.

Por exemplo, o facto de na nossa amostra a satisfação global com a parentalidade se encontrar mais fortemente associada (positiva e moderada) com a percepção de auto-eficácia nos domínios específicos disciplina e estabelecimento de limites e ensinar, face aos restantes domínios específicos, pode sugerir a hipótese de que as percepções de eficácia dos pais nestes domínios específicos possam ser mais determinantes para o seu sentimento geral de satisfação/gratificação com o seu papel parental. Igualmente, o sentimento de eficácia global na parentalidade encontra-se mais fortemente correlacionado (positiva e moderada) com as percepções de auto-eficácia dos pais nos domínios específicos referentes à esfera emocional (disponibilidade emocional e ternura, valorização e responsividade empática). Dito de outra forma, estes resultados permitem-nos considerar a hipótese de existir um processo cognitivo subjacente à construção de apreciações globais da competência na parentalidade com base nas percepções de auto-eficácia em domínios específicos. Os pais que se percecionam mais eficazes em lidar com a exigências disciplinares e do ensino sentem-se mais satisfeitos no papel parental, ao passo que as percepções de eficácia nos cuidados face às necessidade afectivas e emocionais dos filhos, têm maior peso em promover o sentimento de eficácia global no desempenho do papel parental. Estas associações são evidência que suporta a proposta teórica sugerida por Bornstein et al (2003) de conceber o sentimento de competência parental como um conjunto modelar de cognições parentais, contudo as hipóteses por nós sugeridas requerem investigação futura, levando em linha de conta não só variáveis socio-demograficas como, por exemplo, o envolvimento parental (Monteiro et al., 2010) efectivo nas tarefas.

 

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Correspondência

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Bruno Ferreira, UIPCDE, ISPA – Instituto Universitário, Rua Jardim do Tabaco, 34, 1149-041 Lisboa. E-mail: brunoraposoferreira@gmail.com

 

Submissão: 29/04/2014 Aceitação: 06/05/2014

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