SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 issue4Teoria da mente ao longo do desenvolvimento normativo: Da idade escolar até à idade adultaAprendizagem social e emocional: Reflexões sobre a teoria e a prática na escola portuguesa author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Análise Psicológica

Print version ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica vol.31 no.4 Lisboa Dec. 2013

 

Estilos parentais e relações de vinculação

Jordana Cardoso*; Manuela Veríssimo*

* U.I.P.C.D.E., ISPA — Instituto Universitário

Correspondência

 

RESUMO

A qualidade dos cuidados parentais, no contexto das relações precoces, tem sido apontada como fundamental para o desenvolvimento das crianças. No presente artigo abordamos a tipologia dos estilos educativos parentais proposta por Baumrind, e o impacto dos estilos parentais no desenvolvimento infantil. Seguidamente, são explicitados conceitos como o de relação de vinculação, base-segura e sensibilidade parental, com referência também à investigação que se debruça sobre o impacto das relações de vinculação no desenvolvimento. Finalmente, destacam-se os pontos em comum entre estes dois domínios da parentalidade, os estudos encontrados e uma reflexão sobre o futuro da investigação neste campo

Palavras-chave: Vinculação, Estilos parentais.

 

ABSTRACT

The quality of parental care in the context of early relationships has been identified as critical to children’s development. In the present article we present the typology of parenting styles proposed by Baumrind and the impact of parenting styles on child development. In the second part of the paper we explore the concepts of attachment relationship, secure-base and parental sensitivity, as well as the research focusing on the impact of attachment on social development. Finally, we highlight the common points between these two domains of parenting, the studies about attachment and parenting styles and we raise some questions about future research.

Key-words: Attachment, Parenting styles.

 

As famílias, como primeiro contexto de socialização, desempenham um papel fundamental no comportamento e desenvolvimento das crianças (Baumrind, 1991; Parke & Buriel, 2006). As relações precoces têm sido identificadas como fundamentais para o desenvolvimento da criança (Baumrind, 1978; Bornstein, 2002, 2006; Maccoby, 2000; Sroufe, 2000), sendo a qualidade dos cuidados parentais apontada frequentemente como a variável mais importante para o desenvolvimento infantil (Sroufe, 2002).

ESTILOS EDUCATIVOS PARENTAIS

A investigação tem mostrado diversos resultados que apontam para a importância das relações precoces e das atitudes e comportamentos parentais neste âmbito, nomeadamente no que respeita aos padrões educativos dos pais. Numa abordagem tipológica, Baumrind prestou um contributo fundamental para o debate em torno da influência dos pais no desenvolvimento das crianças, com a sua proposta de três estilos parentais: Autoritário, autorizante e permissivo (Baumrind, 1967, 1971; Darling & Steinberg, 1993; Parke & Buriel, 2006).

Na definição da autora, os pais com um estilo autoritário apresentam valores reduzidos de afectividade e elevados níveis de controlo e restritividade. Exercem um controlo psicológico rígido, desencorajam a independência e individualidade da criança e as trocas verbais entre eles. Tentam influenciar, controlar e avaliar o comportamento e atitudes dos filhos de acordo com um padrão absoluto, dão valor à obediência e favorecem a punição, e tentam incutir à criança valores tradicionais como o respeito pela autoridade, o trabalho, tradição e preservação da ordem (Baumrind, 1966, 1967, 1971).

Numa configuração autorizante (o estilo ideal para Baumrind), os pais exercem um controlo firme e são afectuosos, calorosos e responsivos às necessidades das crianças. Encorajam a comunicação aberta e as trocas verbais entre si e os seus filhos, e promovem a sua autonomia e individualidade. Partilham as razões das decisões tomadas, reconhecem os seus direitos e os direitos da criança, tentam orientar as suas actividades de modo racional e têm uma atitude de confronto face às divergências, sem exagerar nas restrições. Afirmam os seus valores de modo claro, esperando das crianças que cumpram as normas que lhes dizem respeito e partilham com elas as razões das decisões. Estes pais têm níveis elevados de exigência mas também de afectividade e promovem um ambiente intelectualmente estimulante para os seus filhos. Os pais autorizantes estão altamente comprometidos e investem bastante na educação dos seus filhos (Baumrind, 1967, 1971, 1993). Baumrind sugere que este estilo aumenta a eficácia da parentalidade, alterando as características das crianças que, por sua vez, fortalecem as capacidades dos pais como agentes de socialização (Darling & Steinberg, 1993).

Os pais com um estilo permissivo têm uma atitude tolerante e de aceitação face aos impulsos, desejos e acções da criança e evitam tomar posições de autoridade e impor controlo ou restrições aos seus filhos. São pais pouco punitivos, permitem às crianças regular o seu próprio comportamento e tomar as suas próprias decisões sempre que possível, e exigem poucas regras de rotina (Baumrind, 1967, 1971). Tanto os pais com um estilo permissivo como os pais com um estilo autoritário fazem, segundo Baumrind, poucas exigências de maturidade e comunicam de modo ineficaz (Baumrind, 1967).

Maccoby e Martin (1983) distinguiram os estilos parentais em função das dimensões exigência e responsividade, com os pais autorizantes a manifestarem níveis elevados nas duas dimensões e os autoritários apenas na dimensão exigência, com responsividade reduzida. Os autores distinguem também dois padrões distintos de baixa exigência, sendo os pais do tipo indulgente responsivos mas pouco exigentes e tendo os pais do tipo negligente valores reduzidos nas duas dimensões (Maccoby & Martin, 1983). Para além de Dornbusch e colaboradores (Dornbusch, Ritter, Leiderman, Roberts, & Fraleigh, 1987), que fizeram referência aos estilos indulgente e negligente dentro da configuração permissiva, também Baumrind assinalou as dimensões exigência e responsividade, bem como o estilo rejeitante-negligenciador, enquadrado num padrão não-envolvido e caracterizado igualmente por baixa exigência e responsividade (Baumrind, 1989, 1991).

Assim, a responsividade refere-se, segundo Baumrind (1991; Baumrind, Larzelere, & Owens, 2010) à medida em que os pais intencionalmente promovem a individualidade, auto-regulação e auto-afirmação da criança através do apoio, afecto, suporte emocional, complacência e sintonia com as necessidades e exigências da criança. Para Maccoby e Martin (1983), a responsividade pode ser referente ao reforço contingente, controlo ou à sensibilidade e adaptação aos sinais, estados e necessidades da criança. A dimensão exigência remete para as exigências de maturidade, supervisão, disciplina e prontidão para confrontar a criança que desobedece, no sentido da sua integração no contexto familiar (Baumrind, 1991; Baumrind, Larzelere, & Owens, 2010).

ESTILOS PARENTAIS E RESULTADOS DESENVOLVIMENTAIS

As crianças expostas a um estilo autoritário tendem a ter valores mais reduzidos no autoconceito, a ser mais apreensivas, receosas, inseguras, agressivas, dependentes, socialmente inibidas, com dificuldades na regulação das emoções e insatisfação, tendem também a ter mais comportamentos de externalização e delinquência, e parecem ter níveis reduzidos de responsabilidade social (Baumrind, 1967, 1971; Baumrind & Black, 1967; Brar, 2003; Dornbusch et al., 1987; Hart, Newell, & Olsen, 2003; Hart, Nelson, Robinson, Olsen, & McNeily-Choque, 1998; Lamborn, Mounts, Steinberg, & Dornbusch, 1991; Nix et al., 1999; Odubote, 2008; Steinberg, Dornbusch, & Brown, 1992). As raparigas apresentaram-se com níveis elevados de assertividade social e, quando comparadas com os filhos de pais autorizantes, parecem ser mais dependentes e dominadoras e os filhos mais hostis e resistentes às directrizes do adulto (Baumrind 1967, 1971, 1989). Alguns autores encontraram ainda associações negativas entre este estilo e as competências académicas e a adaptação escolar (Dornbusch et al., 1987; Shumow, Vandell, & Posner, 1998) e associações positivas com sintomas depressivos (Darling, McCartney, & Taylor, 2006). Este estilo surge também relacionado com afecto negativo (Lagacé-Séguin & d’Entremont, 2006).

Já uma configuração permissiva parece comprometer o desenvolvimento académico e social das crianças, nomeadamente no que respeita à sua assertividade e responsabilidade social, demonstrando dificuldades na autonomia, regulação das emoções, baixos níveis de auto-controlo, auto-confiança, auto-estima, persistência e de realização, imaturidade, dependência, impulsividade e agressividade, bem como mais comportamentos disruptivos (Baumrind, 1967, 1971, 1977, 1989; Cole & Cole, 2001; Dornbusch et al., 1987; Lamborn et al., 1991; Maccoby & Martin, 1983; Sommer, 2007). O estilo permissivo parece também estar relacionado com o afecto negativo (Lagacé-Séguin & d’Entremont, 2006). Em comparação com o estilo autoritário e o estilo autorizante, estas crianças revelam níveis reduzidos de autonomia, auto-estima, auto-controlo e capacidade de exploração. Quando comparados com os filhos de pais autorizantes, os rapazes são também menos orientados para a realização e as raparigas menos assertivas do ponto de vista social (Baumrind, 1971, 1977, 1989).

Os filhos de pais autorizantes parecem ser crianças com melhor desempenho académico, mais competentes e pró-sociais e ter menos problemas de internalização e externalização (Baumrind, 1966, 1971, 1977, 1989; Dornbusch et al., 1987; Grolnick & Ryan, 1989; Lamborn et al, 1991; Steinberg, Blatt-Eisengart, & Cauffman, 2006; Steinberg, Dornbusch, & Brown, 1992; Steinberg, Elmen, & Mounts, 1989; Steinberg, Lamborn, Dornbusch, & Darling, 1992; Steinberg, Lamborn, Darling, Mounts, & Dornbusch, 1994) e menor tendência para a internalização de sintomas (Williams et al., 2009). As raparigas parecem ser mais independentes, intencionais, dominantes e orientadas para a realização e os rapazes socialmente mais responsáveis, isto é, demonstram uma atitude amigável e cooperante com pares e adultos, são socialmente maduros e altruístas (Baumrind, 1971, 1989, 1991). Um estilo parental autorizante parece, então, promover resultados mais favoráveis no desenvolvimento das crianças, que apresentam menores níveis de problemas de comportamento, ansiedade e depressão, maior número de comportamentos exploratórios, maior assertividade, auto-confiança, auto-estima, competência social, auto-regulação, criatividade, persistência, auto-controlo, e mais competências académicas e de liderança (Baumrind, 1966, 1967, 1971, 1991, 1993; Baumrind & Black, 1967; Eiden, Edwards, & Leonard, 2007; Grolnick & Ryan, 1989; Lamborn et al., 1991; Maccoby & Martin, 1983; Reitman & Gross, 1997; Steinberg, Mounts, Lamborn, & Dornbusch, 1991; Steinberg, Lamborn, Darling, Mounts, & Dornbusch, 1994) e avaliam-se a si próprias como mais competentes ao nível social e académico (Lamborn et al., 1991).

Assim, elevada responsividade parece estar associada a resultados positivos quando conjugada com elevada exigência (no estilo autorizante) mas, quando conjugada com baixos níveis de exigência (como na configuração permissiva), parece ter resultados menos benéficos ao nível desenvolvimental (Baumrind, 1967, 1971, 1991). Os resultados desenvolvimentais são também benéficos quando a exigência passa não sî por um reforço rigoroso mas igualmente por padrões de comportamento adequados ao desenvolvimento, ao contrário de uma exigência que passe por tipos de afirmação de poder coercivos-autoritários (como a disciplina arbitrária, controlo psicológico ou críticas verbais hostis), cujos efeitos sobre as crianças são raramente benéficos (Baumrind, Larzelere, & Owens, 2010).

Como resposta a algumas questões levantadas ao longo dos anos desde a apresentação da tipologia de Baumrind, nomeadamente no que respeita às diferenças nos resultados obtidos relativamente às especificidades culturais, vários autores (Darling & Steinberg, 1993; Grusec & Goodnow, 1994; Mize & Pettit, 1997; Stevenson-Hinde, 1998) têm também trabalhado a identificação e distinção empírica entre práticas e estilos parentais. Darling e Steinberg (1993) propõem que as práticas parentais englobam os comportamentos definidos por conteúdos específicos e objectivos de socialização, sendo avaliadas em termos de conteúdos e frequência do comportamento, e operacionalizadas a diferentes níveis consoante a relação colocada em hipótese entre o objectivo de socialização e o resultado desenvolvimental. Já os estilos parentais são definidos como uma constelação de atitudes face à criança, que lhe são comunicadas, e que criam um clima emocional no qual os comportamentos dos pais são expressos. Estes incluem comportamentos específicos, dirigidos para um objectivo e através dos quais os pais exercem as suas obrigações (práticas parentais) e comportamentos não dirigidos para um objectivo ou definidos por um objectivo, como o tom de voz ou a linguagem corporal. As práticas podem, então, ser definidas enquanto estratégias específicas e os estilos parentais como o clima ou atitude global de um vasto leque de interacções pai-criança (Darling & Steinberg, 1993; Grusec & Goodnow, 1994; Mize & Pettit, 1997; Stevenson-Hinde, 1998).

RELAÇÕES DE VINCULAÇÃO

Uma relação de vinculação pode ser definida como o forte laço afectivo, estabelecido por volta dos 7/8 meses, que liga a criança a uma ou mais figuras estáveis e tidas como únicas, ao longo da sua vida. Estas relações são construídas no contexto das interacções entre a criança e a figura de vinculação e funcionam como um sistema de controlo comportamental que regula os comportamentos de proximidade e de exploração do meio, isto é, a segurança na vinculação reflecte-se pela forma como as crianças organizam os seus comportamentos de modo a manter um equilíbrio entre a sua necessidades de protecção e conforto e a sua necessidade de explorar o ambiente ao seu redor (Bowlby, 1971; Monteiro, Veríssimo, Vaughn, Santos, & Fernandes, 2008). A figura de vinculação funciona então como base segura — a criança afasta-se e regressa para junto dela, periodicamente, para brincar ou estabelecer um breve contacto, afastando-se novamente para explorar objectos ou interagir com outras pessoas (Ainsworth, 1967; Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978; Bowlby, 1971, 1989).

Quando o sistema de vinculação é activado devido às necessidades sentidas pela criança, vai despertar o sistema de prestação de cuidados do cuidador, que irá ao encontro das necessidades da criança (Marvin, Cooper, Hoffman, & Powell, 2002). Diferenças individuais na organização dos comportamentos de base segura estão fortemente relacionadas com as respostas comportamentais da figura de vinculação ao nível da sua sensibilidade aos sinais da criança, da aceitação do papel de cuidador e das necessidades da criança, da cooperação com os comportamentos da criança e da disponibilidade nas interacções diárias com a criança (Ainsworth et al., 1978). È a percepção que a criança tem do suporte disponível que aparece mais directamente associada à segurança na figura de vinculação, ao permitir a exploração activa do mundo à sua volta (Booth, Rubin, & Rose-Krasnor, 1998; Rubin, Hymel, Mills, & Rose-Krasnor, 1991; Sroufe, 2000). Mães de crianças com relações de vinculação seguras são frequentemente mais responsivas e sensíveis (Ainsworth, 1982; Ainsworth et al., 1978).

De facto, a segurança das relações de vinculação está frequentemente associada a uma parentalidade responsiva e sensível (Ainsworth & Bell, 1969; Ainsworth et al., 1978; Bell & Ainsworth, 1972). Ainsworth (Ainsworth & Bell, 1969; Ainsworth, Bell, & Stayton, 1974; Ainsworth et al., 1978) introduziu o conceito de sensibilidade (também referido, por vezes, como responsividade sensível (Ainsworth & Bowlby, 1991; Ainsworth et al., 1978; De Wolff & Van IJzendoorn, 1997; Fearon et al., 2006) como a capacidade que a figura cuidadora tem de perceber e interpretar os sinais da criança, respondendo de forma pronta e adequada de acordo com as suas necessidades desenvolvimentais. Tal como outros autores (Bowlby, 1971; Pederson & Moran, 1995; van IJzendoorn et al., 2007), assinala a sensibilidade da figura de vinculação como uma característica de grande importância no desenvolvimento de relações de vinculação seguras.

Bornstein (2002) refere-se à responsividade como um componente fundamental na parentalidade, na medida em que, ao responderem pronta e adequadamente e de modo confiável aos sinais dos seus filhos, os pais transmitem-lhes a mensagem de que os mesmos podem confiar neles e na sua disponibilidade. Já De Wolff e van IJzendoorn (1997) definiram responsividade (contiguity of response) como conceito distinto do de sensibilidade, na medida em que o definem apenas pela prontidão ou frequência de respostas da mãe aos sinais da criança, independentemente se esses comportamentos são apropriados ou não, ou seja, sem uma avaliação qualitativa do comportamento da mãe. No entanto, o termo responsividade é também utilizado na literatura com referência à prontidão, contingência e adequação das reacções dos pais (Ainsworth, Bell, & Stayton, 1974; Ainsworth et al., 1978; Baumrind, 1967, 1978; Bell & Ainsworth, 1972; Bornstein, 1989a,b; Bowlby, 1971; De Wolff & van IJzendoorn, 1997).

A teoria da vinculação tem sido largamente utilizada na investigação sobre parentalidade, nomeadamente a propósito do seu potencial impacto no desenvolvimento infantil. Diversos estudos têm focado a influência das relações de vinculação nos resultados desenvolvimentais das crianças (Sroufe, 2000). Mães de crianças com relações de vinculação seguras apresentam níveis mais elevados de sensibilidade, aceitação, cooperação e disponibilidade emocional (Ainsworth, 1967). Por sua vez, as crianças com histórias de cuidados responsivos e vinculação segura revelam valores mais elevados de competência social (Veríssimo, Fernandes, Santos, Peceguina, Vaughn, & Bost, 2012), mais comportamentos de partilha afectiva e mais competências de resolução de problemas, parecem ser também mais autónomas, perseverantes, cognitivamente flexíveis (Ainsworth et al., 1978), empáticas e flexíveis na gestão dos seus impulsos e emoções e apresentar maiores níveis de auto-estima e autoconfiança (Bowlby, 1988; Sroufe, 1983). Estas crianças tendem a responder mais frequentemente com emoções positivas às iniciativas dos pares e apresentam menor número de problemas emocionais, ao contrário das crianças com relações de vinculação inseguras, com maior frequência de perturbações ansiosas e do comportamento (Sroufe, 2000), mais sintomas depressivos (Graham & Easterbrooks, 2000) e mais problemas de isolamento, auto-conceito, e nas relações de um modo geral (Bowlby, 1988).

VINCULAÇÃO E ESTILOS PARENTAIS

A ligação entre uma vinculação segura e os estilos parentais de Baumrind foi indicada pela primeira vez por Bowlby (1973), que referiu o estilo autorizante como o mais vantajoso na promoção de uma vinculação segura (Page & Bretherton, 2001). Bowlby (1973) apontou para a ligação entre as características do estilo autorizante e os comportamentos parentais sensíveis, cooperativos e de aceitação, tidos como fundamentais nas relações de vinculação seguras (Breterthon, Golby, & Cho, 1997). Assim como Ainsworth e colegas descreveram as mães de crianças com relações de vinculação seguras com níveis mais elevados de sensibilidade, aceitação, cooperação e disponibilidade emocional, também Baumrind descreveu as mães autorizantes com elevados níveis de responsividade afectuosa e de suporte (Nair & Murray, 2005).

Parecem, assim, existir semelhanças entre o conceito de sensibilidade (ou responsividade, segundo Bornstein) apresentando por Ainsworth, que a teoria da vinculação tem destacado como principal promotor de uma vinculação segura, e que remete para a capacidade de percepção e interpretação dos sinais da criança e respectiva capacidade de resposta às suas necessidades e o estilo parental autorizante (Karavasilis, Doyle, & Markiewicz, 2003), bem como o conceito de responsividade referido por Baumrind e por Maccoby e Martin, que aludem a uma sintonia com as necessidades dos filhos, à sensibilidade e adaptação a esses mesmos sinais e necessidades.

Algumas investigações debruçaram-se sobre estas duas abordagens à parentalidade. Karavasilis e colaboradores (Karavasilis, Doyle, & Markiewicz, 2003) apontam que uma parentalidade autorizante parece promover relações de vinculação seguras, tendo encontrado associações positivas entre o estilo autorizante e uma vinculação segura à mãe em crianças (M=10.6, SD=1.0) e adolescentes (M=15.1, SD=1.2). Os autores utilizaram o Parenting Styles Questionaire (PSQ; Lamborn et al., 1991) para aceder às percepções sobre as práticas parentais; a versão curta do Coping Stretegies Questionaire (CSQ; Finnegan, Hodges, & Perry, 1996) para aceder aos padrões de vinculação insegura das crianças; a escala de suporte social do Network of Relationships Inventory (NRI; Furman & Buhrmester, 1985) que acede a 11 dimensões de relacionamentos interpessoais das crianças; o Relationship Questionnnaire (RQ; Bartholomew & Horowitz, 1991) para aceder à segurança da vinculação à mãe nos adolescentes; e o Children’s Social Desirability Questionnaire (CSD; Crandall, Crandall, & Katkovsky, 1965) para aceder à auto-apresentação positiva para controlo estatístico.

No estudo de Roelofs e colaboradores (Roelofs, Meesters, & Muris, 2008), com crianças entre os 9 e os 12 anos, os autores utilizaram o Relationship Questionnaire (RQ; Bartholomew & Horowitz, 1991) como medida do estilo de vinculação romântico; o Relationship Questionnaire for Children (RQ-C), a versão para crianças do questionário anterior; e o Parenting Practices Questionnaire (PPQ; Robinson, Mandleco, Olsen, & Hart, 1995) para avaliar os comportamentos parentais. As crianças com relações de vinculação inseguras ao pai têm pais com valores mais reduzidos no estilo autorizante, comparadas com as crianças com relações de vinculação seguras aos pais.

Nair e Murray (2005) apontam para a contribuição directa dos estilos parentais para a segurança na vinculação em crianças entre os 2 e os 6 anos. Estes autores utilizaram o Attachment Q-set (Waters, 1995) para aceder às relações de vinculação; o Parental Authority Questionnaire (PAQ; Buri, 1991) para aceder aos estilos parentais; o Daily Hassles Scale (DHS; Lazarus, Cohen, Folkman, Kanner, & Schaefer, 1980) para medir o stress relativo que caracteriza a vida quotidiana; o Beck Depression Inventory (BDI; Beck, Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh, 1961) como índice de depressão materna; o Conflict Tactics Scale (CTS; Strauss & Gelles, 1990) como medida do conflito; o Arizona Social Support Interview Schedule (ASSIS; Barrera, 1981) para medir o suporte social; e o Behavioral Style Questionnaire (BSQ; McDevitt & Carey, 1978) para medir o temperamento.

No estudo de Neal e Frick-Horbury (2001) com estudantes universitários, 92% dos estudantes que reportaram pais com um estilo autorizante tinham também relações de vinculação seguras com os mesmos. Para avaliar as percepções dos participantes acerca da sua história de vinculação, os autores utilizaram uma versão modificada do Descriptions of Parental Caregiving Style (Hazan & Shaver, 1986); o Attachment and Object Relations Inventory (AORI; Buelow, McClain, & McIntosh, 1996) para aceder às relações com os outros e às características relacionais de si próprio; eo Parenting Practices Survey (Robinson et al., 1995) para avaliar os estilos parentais.

Muris e colaboradores (Muris, Meesters, & van der Berg, 2003) encontraram, numa amostra de adolescentes, associações entre relações de vinculação seguras e práticas educativas parentais menos rejeitantes e mais afectivas e calorosas. Os autores utilizaram o Attachment Questionnaire for Children (AQC; Muris, Mayer, & Meesters, 2000) para aceder aos padrões de vinculação; a versão infantil do EMBU (EMBU-C; Castro, Toro, Van der Ende, & Arrindell, 1993) para medir percepções acerca dos comportamentos parentais; e o Youth Self-Report (YSR; Achenbach, 1991), para aceder a problemas emocionais e de comportamento.

Um outro estudo de Muris e colaboradores (Muris, Meesters, Merckelbach, & Hulsenbeck, 2000) utilizou as descrições prototípicas dos padrões de vinculação de Hazan e Shaver (1986); uma versão modificada do EMBU-C (Castro et al., 1993) para avaliar os comportamentos parentais; e o questionário PSWQ-C (Chorpita, Tracey, Brown, Collica, & Barlow, 1997) para avaliar a preocupação em crianças entre os 9 e os 13 anos. As crianças com relações de vinculação ambivalentes reportaram mais frequentemente comportamentos educativos parentais ansiosos que as crianças com relações de vinculação seguras e as crianças com relações de vinculação evitantes reportaram mais frequentemente rejeição parental que as crianças com relações de vinculação seguras.

Nos resultados do estudo de Roelofs e colaboradores (Roelofs, Meesters, Ter Huurne, Bamelis, & Muris, 2006) as crianças com relações de vinculação inseguras obtiveram valores significativamente superiores na rejeição parental e sobreprotecção e significativamente inferiores na afectividade, comparadas com as crianças com relações de vinculação seguras. Os autores utilizaram, numa amostra com crianças entre os 9 e os 12 anos, o The Revised Child Anxiety and Depression Scale (RCADS; Chorpita, Yim, Moffitt, Umemoto, & Francis, 2000) para avaliar sintomas de internalização; uma versão de auto-relato do Teacher Rating Scale of Aggression (TRA; Brown, Atkins, Osborne, & Milnamow, 1996) para os sintomas de etxernalização; uma versão modificada do EMBU-C para os comportamentos educativos parentais percebidos (Muris, Messters, & Van Brajel, 2003); e para o estilo de vinculação o The Relationship Questionnaire for Children (RQC; Bartholomew & Horowitz, 1991).

Num estudo de Kerns (Kerns, Aspelmeier, Gentzler, & Grabill, 2001), uma vinculação segura estava relacionada com monitorização mais próxima por parte dos pais. Os autores utilizaram a Security Scale (Kerns, Klepac, & Cole, 1996) para aceder às percepções de segurança das crianças nas suas relações; o Child Rearing Practices Report (CRPR; Block, 1965) para avaliar a aceitação e vontade dos pais como figuras de vinculação; a monitorização foi avaliada através de entrevistas telefónicas (Crouter & McHale, 1993; Crouter, MacDermid, McHale, & Perry-Jenkins, 1990); e foi utilizado um conjunto de perguntas construídas pelos autores e colocadas aos pais e às crianças, para avaliar o contributo da criança para o processo de monitorização.

Bosmans e colaboradores (Bosmans, Braet, Leeuwen, & Beyers, 2006) realizaram um estudo com adolescentes entre os 10 e os 18 anos, utilizando o The Youth Self-Report (YSR; Achenbach, 1991) para avaliar problemas de comportamento; o Inventory of Parent and Peer Attachment (IPPA; Armsden & Greenberg, 1987; traduzido por Noom, Decovic, & Meeus, 1999) para avaliar as relações de vinculação à mãe e ao pai; e o Ghent Parental Behavior Scale (GPBS, Van Leeuwen & Vermulst, 2004) para aceder aos comportamentos parentais. Os resultados mostraram que a vinculação à mãe e ao pai medeia o controlo negativo e os problemas de comportamento nos grupos entre os 10 e os 12 anos e entre os 13 e os 15 anos.

Os autores van Brakel, Muris, Bogels e Thomassen (2006) realizaram um estudo com adolescentes entre os 11 e os 15 anos, utilizando o Behavioral Inhibition Scale (BIS) para avaliar a inibição comportamental (Muris, Merckelbach, Wessel, & Ven de van, 1999); o Attachment Questionnaire for Children (AQ-C) para descrever os sentimentos das crianças e as suas percepções acerca das suas relações com os pares; a versão modificada do EMBU-C (Castro et al., 1993; Muris, Bosma, Meesters, & Schouten, 1998) para avaliar os comportamentos educativos parentais; e o Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders (SCARED) para medir sintomas de pânico, fobia social, ansiedade de separação, ansiedade generalizada e fobia escolar (Birmaher et al., 1999). Níveis elevados de inibição comportamental, vinculação insegura, controlo parental e práticas educativas ansiosas estavam associados a níveis elevados de sintomas ansiosos.

Num estudo de Simões e colaboradores (Simões, Farate, Soares, & Pocinho, 2011), com uma amostra de crianças entre os 7 e os 11 anos, as mães que providenciam maior suporte emocional identificam nos seus filhos um comportamento de vinculação mais seguro e as mães que utilizam com os seus filhos mais comportamentos de rejeição consideram que os mesmos têm um comportamento de vinculação mais inseguro. Os autores utilizaram a versão portuguesa do EMBUP (Canavarro, Pereira, & Canavarro, 2003) para avaliar a percepção da mãe relativamente ao seu estilo educativo parental; e a Escala de Percepção Materna do Comportamento de Vinculação da Criança (Dias, Soares, & Freire, 2002) para avaliar a percepção da mãe sobre os comportamentos de vinculação do filho.

Diversos estudos têm, assim, focado a influência das relações precoces nos resultados desenvolvimentais das crianças, nomeadamente ao nível da adaptação psicológica, social e académica. No entanto, são poucos os estudos que se debruçam sobre a ligação entre estilos parentais e as relações de vinculação, o que reflecte uma lacuna na investigação em parentalidade. Esta escassez é superior no que respeita aos efeitos das relações de vinculação e dos estilos parentais nos resultados desenvolvimentais das crianças. Ao mesmo tempo, são também poucos os estudos que utilizem medidas que abranjam ambos os progenitores e com método multiinformadores.

Face às duas grandes dimensões na parentalidade que podem ser distinguidas — uma relativa ao controlo (psicológico ou comportamental) e outra relacionada com o suporte/afecto, isto é, a parentalidade enquanto aceitação, disponibilidade emocional, sensibilidade e ligação emocional pai-criança (Cummings, Davies, & Campbell, 2000) — Cummings (Cummings & Cummings, 2002; Cummings et al., 2000), tal como Baumrind, sugere a integração das várias abordagens de investigação em parentalidade, especificamente destas duas grandes dimensões, para uma melhor compreensão das influências da parentalidade no desenvolvimento das crianças.

 

REFERÊNCIAS

Achenbach, T. M. (1991). Manual for the youth self-report. Burlington, VT: University of Vermont, Department of Psychiatry.         [ Links ]

Ainsworth, M. D. S. (1967). Infancy in Uganda: Infant care and the growth of love. Baltimore: Johns Hopkins University Press.         [ Links ]

Ainsworth, M. D. S. (1982). Attachment: Retrospect and prospect. In C. M. Parkes & J. Stevenson-Hinde (Eds.), The place of attachment in human behavior (pp. 3-30). New York: Basic Books.         [ Links ]

Ainsworth, M. D. S., & Bell, S. M. (1969). Some contemporary patterns of mother-infant interaction in the feeding situation. In A. Ambrose (Ed.), Stimulation in early infancy (pp. 133-170). San Diego, CA: Academic Press.         [ Links ]

Ainsworth, M., & Bowlby, J. (1991). An Ethological Approach to Personality Development. American Psychologist, 46(4), 333-341.         [ Links ]

Ainsworth, M. D. S., Bell, S. M., & Stayton, D. J. (1974). Infant-mother attachment and social development: Socialization as a product of reciprocal responsiveness to signals. In M. J. M. Richards (Ed.), The integration of a child into a social world (pp. 99-135). London: Cambridge University Press.         [ Links ]

Ainsworth, M., Blehar, M., Waters, E., & Wall, S. (1978). Patterns of attachment: A psychological study of the strange situation. Hillsdale, N.J.: Erlbaum.         [ Links ]

Armsden, G. C., & Greenberg, M. T. (1987). The inventory of parent and peer attachment: Individual differences and their relationship to psychological well-being in adolescence. J. Youth Adolesc., 16, 427-454.         [ Links ]

Barrera, M. (1981). Social support in the adjustment of pregnant adolescents: Assessment issues. In B. Gottlieb (Ed.), Social networks and social support (pp. 69-96). Beverly Hills, CA: Sage.         [ Links ]

Bartholomew, K., & Horowitz, L. M. (1991). Attachment styles among young adults: A test of a four-category model. Journal of Personality and Social Psychology, 61, 226-244.         [ Links ]

Baumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child behavior. Child Development, 37(4), 887-907.         [ Links ]

Baumrind, D. (1967). Child care practices anteceding three patterns of preschool behavior. Genetic Psychology Monographs, 75, 43-88.         [ Links ]

Baumrind, D. (1971). Current patterns of parental authority. Developmental Psychology, 4(1, Pt.2), 1-103.         [ Links ]

Baumrind, D. (1977). The development of instrumental competence through socialization. In Minnesota Symposium on child development (pp. 3-46). University of Minnesota Press, Minneapolis, MN.         [ Links ]

Baumrind, D. (1978). Parental disciplinary patterns and social competence in children. Youth & Society, 9, 239-276.         [ Links ]

Baumrind, D. (1989). Rearing competent children. In W. Damon (Ed.), Child development today and tomorrow (pp. 349-378). San Francisco: Jossey-Bass Inc, Publishers.         [ Links ]

Baumrind, D. (1991). The influence of parenting style on adolescent competence and substance use. Journal of Early Adolescence, 11(1), 56-95.         [ Links ]

Baumrind, D. (1993). The average expectable environment is not good enough: A response to scarr. Child Development, 64, 1299-1317.         [ Links ]

Baumrind, D., & Black, A. E. (1967). Socialization practices associated with dimensions of competence in preschool boys and girls. Child Development, 38, 291-327.         [ Links ]

Baumrind, D., Larzelere, R., & Owens, E. (2010). Effects of preschool parents’ power assertive patterns and practices on adolescent development. Parenting: Science and Practice, 10, 157-201.

Beck, A.,Ward, C., Mendelson, M., Mock, J., & Erbaugh, J. (1961). An inventory for measuring depression. Archives of General Psychiatry, 4, 561-571.         [ Links ]

Bell, S. M., & Ainsworth, M. D. S. (1972). Infant crying and maternal responsiveness. Child Development, 43, 1171-1190.         [ Links ]

Birmaher, B., Brent, D. A., Chiappetta, L., Bridge, J., Monga, S., & Baugher, M. (1999). Psychometric properties of the Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders (SCARED): A replication study. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 38, 1230-1236.         [ Links ]

Block, J. H. (1965). The child-rearing practices report (CRPR): A set of Q-Sort items for the description of parental socialization attitudes and values. Unpublished manuscript, University of California, Berkeley.         [ Links ]

Booth, C., Rubin, K., & Rose-Krasnor, L. (1998). Perceptions of emotional support from mother and friend in middle childhood: Links with social-emotional adaptation and preschool attachment security. Child Development, 69, 427-442.         [ Links ]

Bornstein, M. H. (1989a). Between caretakers and their young: Two modes of interaction and their consequences for cognitive growth. In M. H. Bornstein & J. S. Bruner (Eds.), Interaction in human development (pp. 197-214). Hillsdale, NJ: Erlbaum.         [ Links ]

Bornstein, M. H. (1989b). Maternal responsiveness: Characteristics and consequences. San Francisco: Jossey-Bass.         [ Links ]

Bornstein, M. H. (2002). Parenting infants. In M. H. Borstein (Ed.), Handbook of parenting: Vol. 1. Children and parenting (2nd ed., pp. 3-43). Mahwah, NJ: Erlbaum.         [ Links ]

Bornstein, M. (2006). Parenting: Science and practice. In W. Damon, K. A. Renninger, & I. E. Sigel (Eds.), Handbook of child psychology: Vol. 4. Child psychology in practice (6th ed., pp. 893-949). Hoboken, NJ: Wiley.         [ Links ]

Bosmans, G., Braet, C., Leeuwen, K., & Beyers, W. (2006). Do parenting behaviors predict externalizing behavior in adolescence, or is attachment the neglected 3rd factor? Journal of Youth and Adolescence, 35(3), 373-383.         [ Links ]

Bowlby, J. (1971). Attachment and loss: Vol. 1. Attachment. New York: Basic Books.         [ Links ]

Bowlby, J. (1973). Attachment and loss: Vol. 2. Separation. New York: Basic Books.         [ Links ]

Bowlby, J. (1988). A secure base – Clinical applications of attachment theory. London and New York: Routledge.

Bowlby, J. (1989). The role of attachment in personality development and psychopathology. In S. Greenspan & G. Pollack (Eds.), The course of life: Vol. 1. Infancy (pp. 229-270). Madison Connecticut: International University Press.         [ Links ]

Brar, S. (2003). Child temperament, parenting style and externalizing and internalizing behavior of young children of Indian immigrants in Canada (Doctoral dissertation, University of Massachusetts).         [ Links ]

Bretherton, I., Golby, B., & Cho, E. (1997). Attachment and the transmission of values. In J. Grusec & L. Kucszynski (Eds.), Parenting and children’s internalization of values (pp. 103-134). New York: Wiley.

Brown, K., Atkins, M., Osborne, M., & Milnamow, M. (1996). A revised teacher rating scale for reactive and proactive aggression. Journal of Abnormal Child Psychology, 24, 473-480.         [ Links ]

Buelow, G. D., McClain, M., & McIntosh, I. (1996). A new measure for an important construct: The attachment and object relations inventory. Journal of Personality Assessment, 66, 604-623.         [ Links ]

Buri, J. (1991). Parental Authority Questionnaire. Journal of Personality Assessment, 57, 110-119.         [ Links ]

Castro, J., Toro, J., Van der Ende, J., & Arrindell, W. A. (1993). Exploring the feasibility of assessing perceived parental rearing styles in Spanish children with the EMBU. International Journal of Social Psychiatry, 39, 47-57.         [ Links ]

Chorpita, B. F., Tracey, S. A., Brown, T. A., Collica, T. J., & Barlow, D. H. (1997). Assessment of worry in children and adolescents: An adaptation of the Penn State Worry Questionnaire. Behaviour Research and Therapy, 35, 569-581.         [ Links ]

Chorpita, B. F., Yim, L., Moffitt, C., Umemoto, L. A., & Francis, S. E. (2000). Assessment of symptoms of DSM-IV anxiety and depression in children: A revised child anxiety and depression scale. Behaviour Research and Therapy, 25, 377-395.         [ Links ]

Cole, M., & Cole, S. R. (2001). The development of children (4th ed.). New York: Worth Publishers.         [ Links ]

Crandall, V. C., Crandall, V. J., & Katkovsky, W. (1965). A children’s social desirability questionnaire. Journal of Consulting Psychology, 29, 27-36.

Crouter, A. C, MacDermid, S. M., McHale, S. M., & Perry-Jenkins, M. (1990). Parental monitoring and perceptions of children’s school performance and conduct in dual-and single-earner families. Developmental Psychology, 26, 649-657.

Crouter, A. C., & McHale, S. M. (1993). Temporal rhythms in family life: Seasonal variation in the relation between parental work and family processes. Developmental Psychology, 29, 198-205.         [ Links ]

Cummings, E., & Cummings, J. (2002). Parenting and Attachment. In M. Bornstein (Ed.), Handbook of parenting: Vol. 3. Pratical issues in parenting (2nd ed., pp. 35-58).         [ Links ]

Cummings, E., Davies, P., & Campbell, S. (2000). Developmental psychopathology and family process. New York: Guilford.         [ Links ]

Darling, N., & Steinberg, L. (1993). Parenting style as context: An integrative model. Psychological Bulletin, 113, 487-496.         [ Links ]

Darling, E., McCartney, K., & Taylor, B. (2006). Within-child associations between family income and externalizing and internalizing problems. Developmental Psychology, 42, 237-252.         [ Links ]

De Wolff, M., & van IJzendoorn, M. (1997). Sensitivity and attachment: A meta-analysis on parental antecedents of infant attachment. Child Development, 68, 571-591.         [ Links ]

Dias, P., Soares, I., & Freire, T. (2002). Percepção materna do comportamento de vinculação da criança aos 6 anos: Construção de uma escala. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, 2, 335-347.         [ Links ]

Dornbusch, S. M., Ritter, P. L., Leiderman, P. H., Roberts, D. F., & Fraleigh, M. J. (1987). The relation of parenting style to adolescent school performance. Child Development, 58, 1244-1257.         [ Links ]

Eiden, R. D., Edwards, E. P., & Leonard, K. E. (2007). A conceptual model for the development of externalizing behavior problems among kindergarten children of alcoholic families: Role of parenting and children’s self-regulation. Developmental Psychology, 43, 1187-1201.

Fearon, P., Van IJzendoorn, M., Fonagy, P., Bakermans-Kranenburg, M., Schuengel, C., & Bokhorst, C. (2006). In search of shared and nonshared environmental factors in security of attachment: A behavior-genetic study of the association between sensitivity and attachment security. Developmental Psychology, 42(6), 1026-1040.         [ Links ]

Finnegan, R. A., Hodges, E., & Perry, D. (1996). Preoccupied and avoidant coping during middle childhood. Child Development, 67, 1318-1328.         [ Links ]

Furman, W., & Buhrmester, D. (1985). Children’s perceptions of the personal relationships in their social networks. Developmental Psychology, 21, 1016-1024.

Graham, C., & Easterbrooks, M. (2000). School-aged children’s vulnerability to depressive symptomatology: The role of attachment security, maternal depressive symptomatology, and economic risk. Development and Psychopathology, 12(2), 201-213.

Grolnick, W., & Ryan, R. (1989). Parent styles associated with children’s self-regulation and competence in school. Journal of Educational Psychology, 81(2), 143-154.

Grusec, J., & Goodnow, J. (1994). The impact of parental discipline methods on the child’s internalization of values: A reconceptualization of current points of view. Developmental Psychology, 30, 4-19.

Hart, C. H., Newell, L. D., & Olsen, S. F. (2003). Parenting skills and social/communicative competence in childhood. In J. O. Greene & B. R. Burleson (Eds.), Handbook of communication and social interaction skill (pp. 753-797). Mahwah, NJ: Erlbaum.         [ Links ]

Hart, C., Nelson, D., Robinson, C., Olsen, S. & McNeilly-Choque, M. (1998). Overt and relational aggression in Russian nursery-school-age children: Parenting style and marital linkages. Development Psychology, 34, 687-697.         [ Links ]

Hazan, C., & Shaver, P. (1986). Parental caregiving style questionnaire. Unpublished questionnaire.         [ Links ]

Karavasilis, L., Doyle, A., & Markiewicz, D. (2003). Associations between parenting style and attachment to mother in middle childhood and adolescence. International Journal of Behavioral Development, 27(2), 153-164.         [ Links ]

Kerns, K. A., Klepac, L., & Cole, A. (1996). Peer relationships and preadolescents’ perceptions of security in the child-mother relationship. Developmental Psychology, 32, 457-466.

Kerns, K. A., Aspelmeier, J., Gentzler, A., & Grabill, C. (2001). Parent-child attachment and monitoring in middle childhood. Journal of Family Psychology, 15(1) 69-81.         [ Links ]

Lagacé-Séguin, D., & d’Entremont, M. (2006). The role of child negative affect in the relations between parenting styles and play. Early Child Development and Care, 176(5), 461-477.

Lamborn, S. D., Mounts, N. S., Steinberg, L., & Dornbush, S. M. (1991). Patterns of competence and adjustment among adolescents from authoritative, authoritarian, indulgent and neglectful families. Child Development, 62, 1049-1065.         [ Links ]

Lazarus, R., Cohen, J., Folkman, S., Kanner, A., & Schaefer, C. (1980). Psychological stress and adaptation: Some unresolved issues. In H. Seyle (Ed.), Seyle’s guide to stress research (vol. 1, pp. 90-117). New York: Van Nostrand Reinhold.

Maccoby, E. E. (2000). Parenting and its effects on children: On reading and misreading behavior genetics. Annual Review of Psychology, 51, 1-27.         [ Links ]

Maccoby, E., & Martin, J. (1983). Socialization in the context of the family: Parent-child interaction. In P. Mussen (Ed.), Handbook of child psychology: Vol.4. Socialization, personality, and social development (4th ed., pp. 1-101). New York: John Wiley.         [ Links ]

Marvin, R. S., Cooper, G., Hoffman, K., & Powell, B. (2002). The circle of security project: Attachment-based intervention with caregiver-pre-school child dyads. Attachment & Human Development, 4, 107-124.         [ Links ]

McDevitt, S., & Carey, W. (1978). The measurement of temperament in 3-to 7-year-old children. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 19, 245-253.         [ Links ]

Mize, J., & Pettit, G. S. (1997). Mothers’ social coaching, mother-child relationship style, and children’s peer competence: Is the medium the message? Child Development, 68, 291-311.

Monteiro, L., Veríssimo, M., Vaughn, B., Santos, A. J., & Fernandes, M. (2008). Análise do fenómeno de base segura em contexto familiar: As relações criança/mãe e criança/pai. Psicologia, 22(1), 104-125.         [ Links ]

Muris, P., Mayer, B., & Meesters, C. (2000). Self-reported attachment style, anxiety, and depression in children. Social Behavior and Personality, 28, 157-162.         [ Links ]

Muris, P., Meesters, C., & Van Brakel, A. (2003). Assessment of anxious rearing behaviors with a modified version of “Egna Minnen Bestr¨affende Uppfostran” Questionnaire for Children. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment, 25, 229-237.

Muris, P., Meesters, C., & van den Berg, S. (2003). Internalizing and externalizing problems as correlates of self-reported attachment style and perceived parental rearing in normal adolescents. Journal of Child and Family Studies, 12(2), 171-183.         [ Links ]

Muris, P., Bosma, H., Meesters, C., & Schouten, E. (1998). Perceived parental rearing behaviours: A confirmatory factor analytic study of the Dutch EMBU for children. Personality and Individual Differences, 24, 439-442.         [ Links ]

Muris, P., Meesters, C., Merckelbach, H., & Hulsenbeck, P. (2000). Worry in children is related to perceived parental rearing and attachment. Behaviour Research and Therapy, 38(5), 487-497.         [ Links ]

Muris, P., Merckelbach, H., Wessel, I., & Ven de van, M. (1999). Psychopathological correlates of self-reported behavioural inhibition in normal children. Behaviour Research and Therapy, 37, 575-584.         [ Links ]

Nair, H., & Murray, A. (2005). Predictors of attachment security in preschool children from intact and divorced families. The Journal of Genetic Psychology, 166(3), 245-263.         [ Links ]

Neal, J., & Frick-Horbury, D. (2001). The effects of parenting styles and childhood attachment patterns on intimate relationships. Journal of Instructional Psychology, 28(3), 178-183.         [ Links ]

Nix, R., Pinderhughes, E., Dodge, K., Bates, J., Pettit, G., & McFadyen, S. (1999). The relation between mothers’ hostile attribution tendencies and children’s externalizing behavior problems: The mediating role of mothers’ harsh discipline practices. Child Development, 70(4), 896-909.

Noom, J. M., Decovic, M., & Meeus, W. H. J. (1999). Autonomy, attachment and psychosocial adjustment during adolescence: Adoubleedged sword? Journal of Adolescence, 22, 771-783.         [ Links ]

Odubote, B. A. (2008). Parenting style, race and delinquency: A comparative study of European American, African American and Nigerian families (Doctoral dissertation, University of Minnesota).         [ Links ]

Page, T., & Bretherton, I. (2001). Mother-and father-child attachment themes in the story completions of preschoolers from post-divorce families: Do they predict relationships with peers and teachers? Attachment & Human Development, 3(1), 1-29.         [ Links ]

Parke, R., & Buriel, R. (2006) Socialization in the family: Ethnic and ecological perspectives. In W. Damon, M. Lerner (Series Eds.), & N. Eisenberg (Vol. Ed.). Handbook of child psychology: Vol 3. Social, emotional, and personality development (6th ed., pp. 429-504).         [ Links ]

Pederson, D. R., & Moran, G. (1995). A categorical description of infantmother relationships in the home and its relation to Q-sort measures of infant-mother interaction. Monographs of the Society for Research in Child Development, 60(2-3), 111-132.         [ Links ]

Reitman, D., & Gross, A. M. (1997). The relation of maternal child-rearing attitudes to delay of gratification among boys. Child Study Journal, 27, 279-302.         [ Links ]

Robinson, C. C., Mandleco, B., Olsen, S. F., & Hart, C. H. (1995). Authoritative, authoritarian, and permissive parenting practices: Development of a new measure. Psychological Reports, 77, 819-830.         [ Links ]

Roelofs, J., Meesters, C., & Muris, P. (2008). Correlates of self-reported attachment (in)security in children: The role of parental romantic attachment status and rearing behaviors. Journal of Child and Family Studies, 17, 555-566.         [ Links ]

Roelofs, J., Meesters, C. M. G., Ter Huurne, M., Bamelis, L., & Muris, P. (2006). On the links between attachment style, parental rearing behaviors, and internalizing and externalizing problems in nonclinical children. Journal of Child and Family Studies, 15, 331-344.         [ Links ]

Rubin, K. H., Hymel, S., Mills, R., & Rose-Krasnor, L. (1991). Conceptualizing different pathways to and from social isolation in childhood. In D. Cicchetti & S. Toth (Eds.), The Rochester Symposium on Developmental Psychopathology (vol. 2, pp. 91-122). New York: Cambridge University Press.         [ Links ]

Simões, S., Farate, C., Soares, I., & Pocinho, M. (2011). A importância dos estilos educativos parentais para o comportamento de vinculação das crianças em idade escolar. I Congresso Internacional de Psicologia do Desenvolvimento, 2 a 5 de Fevereiro. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada.         [ Links ]

Shumow, L., Vandell, D. L., & Posner, J. K. (1998). Harsh, firm, and permissive parenting in low-income families. Journal of Family Issues, 19, 483-507.         [ Links ]

Sommer, K. L. (2007). The relationship between parenting style, parental reading involvement, child behavior outcomes, child classroom competence and early childhood literacy (Master thesis, University of Oklahoma state).         [ Links ]

Sroufe, L. A. (1983). Infant-caregiver attachment and patterns of adaptation in preschool: The roots of maladaptation and competence. In M. Perlmutter (Ed.), Minnesota Symposium in Child Psychology (vol. 16, pp. 41-83). Hillsdale, NJ: Erlbaum Associates.         [ Links ]

Sroufe, L. A. (2000). Early relationships and the development of children. Infant Mental Health Journal, 21(1-2), 67-74.         [ Links ]

Sroufe, L. A. (2002). From infant attachment to promotion of adolescent autonomy: prospective, longitudinal data on the role of parents in development’. In J. G. Borkowski, S. L. Ramey, & M. Bristol-Power (Eds.), Parenting and the child’s world: Influences on academic, intellectual, and socioemotional development (pp. 187-202).

Steinberg, L., Blatt-Eisengart, I., & Cauffman, E. (2006). Patterns of competence and adjustment among adolescents from authoritative, authoritarian, indulgent, and neglectful homes: A replication in a sample of serious juvenile offenders. Journal of Research on Adolescence, 16, 47-58.         [ Links ]

Steinberg, L., Dornbusch, S. M., & Brown, B.B. (1992). Ethnic differences in adolescent achievement: An ecological perspective. American Psychologist, 47, 723-729.         [ Links ]

Steinberg, L., Elmen, J. D., & Mounts, N. S. (1989). Authoritative parenting, psychosocial maturity, and academic success among adolescents. Child Development, 60, 1424-1436.         [ Links ]

Steinberg, L., Lamborn, D. S., Dornbusch, S. M., & Darling, N. (1992). Impact of parentingpractices on adolescent achievement: Authoritative parenting, school involvement, and encouragement to succeed. Child Development, 63, 1266-1281.         [ Links ]

Steinberg, L., Mounts, N., Lamborn, S., & Dornbusch, S. (1991). Authoritative parenting and adolescent adjustment across varied ecological niches. Journal of Research on Adolescence, 1, 19-36.         [ Links ]

Steinberg, L., Lamborn, S.D., Darling, N., Mounts, N. S., & Dournbush, S. M. (1994). Overtime changes in adjustment and competence among adolescents from authoritative, authoritarian, indulgent, and neglectful families. Child Development, 65, 754-770.         [ Links ]

Stevenson-Hinde, J. (1998). Parenting in different cultures: Time to focus. Development Psychology, 34, 698-700.         [ Links ]

Strauss, M., & Gelles, R. (1990). Physical violence in American families: Risk factors and adaptations to violence in 8.145 families. New Brunswick, NJ: Transaction.         [ Links ]

Van Brakel, A., Muris, P., Bogels, S., & Thomassen, C. (2006). A multifactorial model for the etiology of anxiety in non-clinical adolescents: Main and interactive effects of behavioral inhibition, attachment and parental rearing. Journal of Child & Family Studies, 15(5), 568-578.         [ Links ]

van IJzendoorn, M., Rutgers, A., Bakermans-Kranenburg, M., Swinkels, S., van Daalen, E., Dietz, C., Naber, F., Buitelaar, J., & van Engeland, H. (2007). Parental sensitivity and attachment in children with autism spectrum disorder: Comparison with children with mental retardation, with language delays, and with typical development. Child Development, 78(2), 597-608.         [ Links ]

Van Leeuwen, K. G., & Vermulst, A. A. (2004). Some psychometric properties of the Ghent Parental Behavior Scale. European Journal of Psychological Assessment, 20, 283-298.         [ Links ]

Veríssimo, M., Fernandes, C., Santos, A., Peceguina, I., Vaughn, B., & Bost, K. (2012). A relação entre a qualidade da vinculação à mãe e o desenvolvimento da competência social em crianças de idade pré-escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 24(2), 292-299.         [ Links ]

Waters, E. (1995). The Attachment Q-Set (Version 3.0). In E. Waters, B. Vaughn, G. Posada, & K. Kondo-Ikemura (Eds.), Caregiving, cultural, and cognitive perspectives on secure-base behavior and working models. New growing points on attachment theory and research. Monographs of the Society for Research and Child Development, 60(2-3, Serial No. 244), 234-246.

Williams, L., Degnan, K., Perez-Edgar, K., Henderson, H., Rubin, K., Pine, D., Steinberg, L., & Fox, N. (2009). Impact of behavioral inhibition and parenting style on internalizing and externalizing problems from early childhood through adolescence. Journal of Abnormal Child Psychology, 37(8), 1063-1075.         [ Links ]

 

Correspondência

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Manuela Veríssimo, U.I.P.C.D.E., ISPA — Instituto Universitário, Rua Jardim do Tabaco, 34, 1149-041 Lisboa. E-mail: mveriss@ispa.pt

 

Os autores gostariam de agradecer a todas os jovens que aceitaram participar neste estudo, financiado em parte pela F.C.T. (SFRH/BD/77570/2011 e PTDC/MHC-PED/3929/2012). As autoras gostariam ainda de agradecer a todos os colegas da linha 1, Psicologia do Desenvolvimento, da UIPCDE pelos seus comentários valiosos.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License