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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica vol.29 no.4 Lisboa nov. 2011

 

Pais responsáveis, filhos satisfeitos: As responsabilidades paternas no quotidiano das crianças em idade escolar

José Albino Lima*; Rui G. Serôdio* e Orlanda Cruz*

* Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Correspondência

 

RESUMO

A paternidade deve perspetivar-se de forma plural realçando a sua matriz biológica, social, legal e simbólica. Consubstancia-se em formas concretas de envolvimento, como a assunção de responsabi lidades paternas. Estas dizem respeito ao envolvimento do pai na orientação ética e moral da criança, no sustento económico da família, no apoio emocional, prático e psicossocial à companheira, ou na educação e cuidado dos filhos. Participaram no estudo 346 crianças (8-10 anos; 175 rapazes e 171 raparigas). Utilizou-se a Escala de Responsabilidade Parental para avaliar a perceção das crianças relativamente à forma como os pais assumem responsabilidades parentais, e a Escala de Satisfação com o Envolvimento Parental para avaliar o grau de satisfação dos filhos com as formas de envolvi mento. Os resultados mostram que as crianças consideram que o pai assume mais responsabilidade na dimensão Cuidado e Interesse, a qual relaciona a responsabilidade do pai pelos cuidados básicos, atividades e rotinas do filho. Verifica-se também que o pai continua a desempenhar um papel relevante na dimensão Autoridade e Disciplina, em particular com os rapazes. A assunção da responsabilidade materna relaciona-se com o nível de responsabilidade assumida pelo pai, com exceção da dimensão Escola. Além disso, o jogo e o brincar pai-filho aparece associado com a satisfação da criança e verifica-se que quanto mais o pai assume responsabilidades, maior é a satisfação da criança com o envolvimento do seu pai. Os resultados são enquadrados no modelo tripartido de envolvimento paterno salientando a importância dos processos proximais e o contributo fundamental do pai para o desenvolvimento da criança.

Palavras-chave: Envolvimento paterno, Parentalidade, Paternidade, Satisfação da criança.

 

ABSTRACT

Fatherhood must be broadly approached in order to highlight its biological, social, legal and symbolic matrix. It refers to concrete forms of involvement, such as the assumption of paternal responsibilities. These refer to father’s involvement in the ethical and moral guidance of the child, family’s economical sustenance, the emotional, practical and psychosocial support to the partner, or to the education and care of children. The study included 346 children (8-10 years, 175 boys and 171 girls). The Parental Responsibility Scale was used to assess the perception of children regarding the way their parents assume parental responsibilities and the Parental Involvement Satisfaction Scale to assess the degree of children’s satisfaction with parental involvement. Results show that children consider that fathers assume more responsibility in the Care and Concern dimension, which was related to the parent’s responsibility for basic care, activities and routines of the child. Another finding is that father continues to play an important role in the Authority and Disciplinary dimension, particularly with boys. The assumption of maternal responsibility relates to the level of responsibility assumed by the father, with the exception of the School dimension. Additionally findings also show that father-child play is associated with child satisfaction and it is clear that the more the father assumes responsibilities the higher is the child’s satisfaction with paternal involvement. These results are framed in a three-level paternal involvement model emphasizing the importance of proximal processes and the fundamental contribution of the father to child development.

Key-words: Child satisfaction, Father involvement, Fatherhood, Parenthood.

 

INTRODUÇÃO

Contemporaneamente tem-se assistido a uma transformação na forma como a Psicologia tem considerado o envolvimento paterno enquanto objeto de estudo, uma vez que, historicamente, a investigação sobre o envolvimento parental tem-se centrado sobre os processos de interação entre a mãe e a criança. De acordo com Camus e Frascarolo (2003), para esta mudança, os contributos no âmbito da Psicologia do Desenvolvimento têm sido fundamentais. Recordam-se as investigações profícuas de Lamb (1975), Clarke-Stewart (1978) ou Parke (1981) pois representam bem uma nova forma de investigar o envolvimento do pai no processo desenvolvimental da criança enfatizando a participação, a importância e os efeitos desse mesmo envolvimento.

Para melhor compreender a forma plural, multidimensional e complexa do envolvimento do pai é fundamental fazer o seu enquadramento conceptual numa perspetiva bioecológica do desenvol vimento humano, nomeadamente, concebendo os processos proximais enquanto “motor” das trajetórias desenvolvimentais (cf. Bronfenbrenner, 2005).

O envolvimento paterno deve ser estudado no seu nicho ecológico compreendendo a interde pendência dos diferentes sistemas sociais. Neste sentido, o enfoque em formas de envolvimento concretizadas na interação com os filhos, ou na partilha de responsabilidades parentais, aparece associado a diversas transformações sociohistóricas. Destas podem-se realçar a profissionalização massiva do trabalho feminino, as transformações nas configurações familiares e as mudanças nas expectativas da própria sociedade face ao papel paterno.

Com efeito, a paternidade assume uma matriz biológica, social, legal e simbólica mas concretiza-se em formas específicas de envolvimento, sejam elas a interação com os filhos, a acessibilidade ou a assunção de responsabilidades parentais (cf. Lamb, 1997, 2004, 2010). O papel de pai já não se define tanto a partir da comparação das situações em que a criança vive com ou sem ele, mas sobretudo pelo sublinhar da contribuição ligada à presença (Camus, 2000).

Reconhecendo o interesse de perspetivar o envolvimento paterno à luz do que Palkovitz (1997) designava por “contínuo” de envolvimento, o papel de pai liga-se a diferentes dimensões que passam por orientar ética e moralmente a criança, por sustentar economicamente a família, por educar, estimular e cuidar dos filhos e pelo apoio emocional, prático e psicossocial à companheira.

Na realidade, a forma abrangente como diferentes autores têm procurado operacionalizar e avaliar as formas de envolvimento paterno (Nelson, 2004) reflete também o esforço para aceder a formatos cada vez mais pluridimensionais. De modo particular, é de salientar o modelo tripartido de envolvimento paterno – Interação, Acessibilidade e Responsabilidade – proposto por inicialmente por Lamb, Pleck, Charnov e Levine (1987), e que tem vindo a influenciar consideravelmente a investigação neste domínio (Lamb, 2005; McBride & Rane, 1998; Parke, 2000) abarcando as formas de envolvimento consideradas fundamentais da vivência da paternidade (Pleck, 1997).

Relativamente a estas três formas de envolvimento, Lamb (1992, 2000) sugere que a Responsa bilidade é a forma mais significativa. Contudo, é também a dimensão menos estudada (Pleck & Masciadrelli, 2004) e a mais difícil de avaliar uma vez que, por um lado, não diz respeito somente ao contacto direto com a criança e por outro, é difícil mensurar o “empenho” (por exemplo, o sentimento de ansiedade e a preocupação) com que os pais se envolvem nessas tarefas (Lamb, 2000). Segundo Palkovitz (1997), um pai pode passar pouco tempo com os filhos e estar muito envolvido na tomada de decisões acerca do dia-a-dia da criança. Ou, de outro modo, pode procurar passar um tempo de qualidade com os filhos, mesmo numa conjuntura em que o tempo é sempre escasso (cf. Milkie, Mattingly, Nomaguchi, Bianchi, & Robinson, 2004). O mesmo se passa nas situações em que indiretamente os pais contribuem para o bem-estar e desenvolvimento dos filhos, como o apoio e o suporte à companheira (Marsiglio & Cohan, 2000).

Para além da dificuldade inerente à operacionalização e avaliação da forma de envolvimento Responsabilidade, cuja manifestação comportamental, afetiva e cognitiva nem sempre é facilmente observável (Pleck & Masciadrelli, 2004), diversos autores salientam ainda a relevância de avaliar dimensões mais qualitativas do envolvimento paterno, tais como, as preferências e a satisfação das crianças face às atividades e ao seu relacionamento com os pais (e.g., Lamb, 1997, 2004, 2010; Parke, 2000). Simultaneamente esta avaliação do grau de satisfação da criança com o envolvi mento dos pais serviria como um indicador do nível e da qualidade desse mesmo envolvimento parental (cf. Finley, Mira, & Schwartz, 2008).

Os trabalhos de Finley e Schwartz (2004, 2006) são ilustrativos deste enfoque avaliando a satisfação dos filhos relativamente a um conjunto de itens que relacionam o envolvimento paterno, quer com uma dimensão mais “instrumental” de prestação de cuidados, e de organização e estrutura do quotidiano dos filhos; quer com uma outra dimensão que se centra sobre a interação social, o lazer e a estimulação.

No presente estudo atende-se à forma de envolvimento Responsabilidade e à Satisfação da criança com esse envolvimento. Resumidamente pretende-se a prossecução de quatro objetivos:

(1) Caracterizar a assunção da responsabilidade paterna para com os filhos em idade escolar; (2) Analisar em que medida a assunção de responsabilidades por parte do pai varia em função da assunção da responsabilidade materna; (3) Caracterizar a satisfação da criança com o envolvimento paterno; (4) Testar em que medida a satisfação da criança com o envolvimento paterno varia em função da assunção de responsabilidades por parte do pai.

MÉTODO

Participantes

Participaram no estudo 346 crianças do 3º ano de escolaridade (sexo masculino, n=175; sexo feminino, n=171) de 23 turmas distribuídas por 10 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico do Centro da Área Educativa do Porto. A idade dos participantes varia entre os 8 e os 10 anos (M=8.17, DP=0.47). A variável Sexo distribui-se equitativamente pelas turmas χ2(22, N=346)=23.55, ns, pelas escolas, χ2(9, N=346)=9.46, ns, e também pela Idade das crianças, t(344)=1.06, ns. Os pais e as mães vivem com as crianças participantes no estudo.

Instrumentos

Utilizou-se a Escala de Responsabilidade Parental – ERP (Lima, 2009) para avaliar a perceção das crianças relativamente à forma como os pais e as mães assumem responsabilidades parentais. Este instrumento é composto por 27 itens com escalas de autorrelato de cinco níveis de resposta, rotulados da seguinte forma: “nunca” (=0), “raramente” (=1), “algumas vezes” (=2), “muitas vezes” (=3), “sempre” (=4). A escala é constituída por quatro subescalas relativas às seguintes dimensões: Cuidados e Interesse (CI), Apoio Emocional e Estimulação (AEE), Escola (Esc.) e Autoridade e Disciplina (AD).

Sumariamente, CI diz respeito à assunção de responsabilidades implicando o interesse pelos cuidados, atividades e quotidiano da criança (por exemplo, “O teu pai mostra interesse pelo teu dia-a-dia?”); AEE considera o assumir da responsabilidade do pai pelo bem-estar emocional e estimu lação do filho (por exemplo, “O teu pai conversa contigo quando estás preocupado ou triste?”); Esc. incide sobre formas que relacionam o envolvimento paterno nas atividades escolares (por exemplo, “O teu pai vai às reuniões da tua escola?”); AD relaciona a responsabilidade com aspetos relativos à autoridade, supervisão e disciplina da criança (por exemplo, “O teu pai manda lá em casa?”).

Os resultados de uma Análise em Componentes Principais (ACP, com rotação Varimax) mostram que estas subescalas explicam 50.74% da variância (KMO=.93; teste de esfericidade de Bartlett, χ2(300)=3025.02, p<.001; menor MSA=.83.). As subescalas CI e AEE apresentam valores elevados de consistência interna (α=.87 e α=.86, respetivamente), sendo mais baixos nas subescalas Esc. e AD (respetivamente, α=.65 e α=.55). A consistência interna total da escala é de α=.91.

Foi também utilizada a Escala de Satisfação com o Envolvimento Parental – ESEP (Lima, 2009). Esta escala é composta por 13 itens e procura avaliar o grau de satisfação das crianças com tarefas e atividades consideradas representativas das formas de envolvimento parental. Engloba itens relacionados com os cuidados, a autoridade, a escola, o apoio emocional e estimulação.

A resposta às questões é dada na seguinte escala de 5 pontos: “Não gosto nada” (=0), “Gosto pouco” (=1), “Gosto mais ou menos” (=2), “Gosto bastante” (=3), “Gosto muito” (=4). Cada uma das questões era colocada relativamente ao pai e à mãe.

A ACP indica que a ESEP se organiza em duas componentes: (1) Social e Estimulação; (2) Cuidado e Interesse. A variância explicada é de 60.79%; KMO=.95; teste de esfericidade de Bartlett, χ2(78)=2335.69, p<.001; menor MSA=.93. As duas subescalas apresentam valores elevados de consistência interna (ambos os α=.88).

Procedimento

O procedimento utilizado na administração da Escala de Responsabilidade Parental – ERP, e na administração da Escala de Satisfação com o Envolvimento Parental – ESEP, foi muito similar pelo que será reportado em conjunto.

Para cada um dos grupos de crianças participantes (na maioria das situações pertencentes a uma mesma turma) a administração foi coletiva e decorreu numa sala ou outro espaço considerado adequado e autorizado pela escola. Foram realizadas duas sessões pelo que a administração da ESEP foi realizada numa segunda ocasião e após os participantes terem respondido à ERP. Cada uma das sessões foi orientada por dois entrevistadores. Um destes elementos explicava aos participantes o objetivo geral do estudo e o formato de resposta dos instrumentos. Seguidamente, de forma clara e pausada, era lida cada uma das partes que constituem a Escala de Responsabi lidade Parental. Para além de se procurar respeitar o ritmo de resposta de cada um dos partici pantes, um dos entrevistadores, procurava estar particularmente atento para esclarecer quaisquer dúvidas que fossem colocadas pelas crianças.

RESULTADOS

Para tornar mais clara a apresentação dos resultados e das respetivas análises, optou-se por estruturar esta secção tendo em conta as questões de investigação formuladas.

Q1: Como se caracteriza a assunção da responsabilidade paterna para com os filhos em idade escolar?

Começou-se por analisar o padrão de envolvimento do pai através dos quatro fatores da Escala de Responsabilidade Paterna. AANOVA de medidas repetidas revelou diferenças significativas entre as quatro dimensões de responsabilidade paterna, F(3,1023)=234.37, p<.001, η2=.41. Este efeito mostra que o pai assume mais responsabilidade em tarefas relativas à dimensão Cuidado e Interesse, M=3.45, DP=0.78, seguindo-se a dimensão de Apoio Emocional e Estimulação, M=2.72, DP=0.77, a dimensão Autoridade e Disciplina, M=2.57, DP=0.96, e, finalmente, a dimensão relativa à Escola, M=2.00, DP=1.15 (menor t341=2.82, p=.005).

Pode-se ainda constatar que as crianças consideram que os seus pais assumem responsabilidade mais do que “muitas vezes” (=3) nas tarefas que dizem respeito à dimensão Cuidado e Interesse (t341=10.67, p<.001), e que nas que dizem respeito às dimensões de Apoio Emocional e Estimulação e de Autoridade e Disciplina o seu pai assume responsabilidade mais do que “algumas vezes” (valor 2, menor t341=6.72, p<.001). Já no que concerne à sua assunção de responsabilidade em tarefas relacio nadas com a Escola, as crianças consideram que o pai apenas se envolve “algumas vezes” (=2), t341<1.

Considerando as variáveis Sexo, Número de Irmãos e Posição na Fratria, reportam-se duas ANOVAs de medidas repetidas, incluindo, respetivamente, os fatores inter-sujeitos Sexo e Número de Irmãos e os fatores Sexo e Posição na Fratria. Assim, a ANOVA de medidas repetidas entrando as quatro dimensões de Responsabilidade Paterna (AEE, CI, Esc., AD) e Sexo e Número de Irmãos (categorizados em: filho único vs. com um irmão vs. dois ou mais irmãos) como fatores inter-sujeitos revelou os seguintes efeitos: Número de Irmãos, F(2,294)=3.14, p=.05, η2=.02; Responsa bilidade Paterna, F(3,882)=187.24, p<.001, η2=.39; Responsabilidade Paterna x Sexo, F(3,882)=4.50, p=.004, η2=.02 (maior efeito restante, F6,882=1.19, ns).

O efeito principal de Responsabilidade Paterna foi já acima descrito e corresponde à ordenação da frequência percebida da assunção de cada uma das dimensões de responsabilidade por parte do pai: CI, AEE, AD e Esc. Por seu turno, o efeito principal de Número de Irmãos mostra que, inde pendentemente da dimensão de Responsabilidade considerada – que se pode assumir como a responsabilidade como um todo – os participantes que têm dois ou mais irmãos, M=2.51, DP=0.77, consideram que o seu pai assume menos Responsabilidade consigo (menor t136=2.03, p=.05) do que aqueles que têm apenas um irmão, M=2.74, DP=0.67, ou são filhos únicos, M=2.75, DP=0.58. Estes não diferem entre si, t(136)<1.

No Quadro 1 apresentam-se os resultados da análise relativa à interação Responsabilidade Paterna x Sexo. Esta indica que no que concerne à dimensão Apoio Emocional e Estimulação e à dimensão Escola, não há diferenças entre rapazes e raparigas quanto à perceção da responsabi lidade paterna a esse respeito (maior efeito F1,340=2.10, ns).

 

 

Porém, e como se pode observar na Figura 1, as raparigas percecionam maior Responsabilidade do pai na assunção de tarefas relacionadas com a dimensão Cuidado e Interesse, F(1,340)=4.69, p=.03, verificando-se o inverso no que se refere à dimensão Autoridade e Disciplina, F(1,340)=4.48, p=.04. Nesta, são os rapazes que percecionam uma maior participação do pai.

 

 

A ANOVA sobre as quatro dimensões de Responsabilidade Paterna entrando os factores Sexo e Posição na Fratria revelou os seguintes efeitos: Responsabilidade Paterna, F(3,876)=187.42, p<.001, η2=.39; Responsabilidade Paterna x Sexo, F(3,876)=3.69, p=.01, η2=.01 (maior efeito restante, F9, 876=1.43, ns). Estes efeitos foram já descritos acima.

Q2: Em que medida a assunção de responsabilidades por parte do pai varia em função da assunç ão da responsabilidade materna?

A ANOVA de medidas repetidas revelou efeitos de Responsabilidade Parental (AEE, CI, Esc., AD), F(3,897)=254.88, p<.001, η2=.46; Pais, F(1,299)=149.17, p<.001, η2=.33; Responsabilidade Parental x Pais, F(3,897)=59.48, p<.001, η2=.17. O efeito principal de Responsabilidade Parental mostra que as crianças consideram que os pais, conjuntamente, assumem mais Responsabilidade no que diz respeito a Cuidado e Interesse, M=3.62, DP=0.46, segue-se o Apoio Emocional e Estimula ção, M=2.89, DP=0.57, a Autoridade e Disciplina, M=2.72, DP=0.75, e, finalmente, consideram que os pais assumem menos Responsabilidade no que toca a Escola, M=2.58, DP=0.68 (menor diferença, F1,299=8.61, p=.004). Por seu turno, o efeito de Pais indica que as crianças consideram que, no geral, a mãe, M=3.16, DP=0.47, assume mais Responsabilidade do que o pai, M=2.74, DP=0.60.

A interação entre os dois fatores, como podemos verificar no Quadro 2, indica um padrão diferente de assunção de Responsabilidade por parte do pai e da mãe através das quatro dimensões consideradas.

 

 

As crianças consideram que a mãe assume mais Responsabilidade no Cuidado e Interesse, seguidamente no Apoio Emocional e Estimulação e na Escola, e finalmente, que assume menor Responsabilidade na dimensão Autoridade e Disciplina. Já relativamente ao pai, elas consideram igualmente que este assume mais Responsabilidade no Cuidado e Interesse do que nas restantes dimensões, seguindo-se, respetivamente, o Apoio Emocional e Estimulação, a Autoridade e Disciplina e a Escola. Merece destaque o facto de as crianças considerarem que o pai assume muito menos Responsabilidade na Escola do que a mãe, sendo a única dimensão em que estas fazem uma apreciação que não ultrapassa o ponto médio da escala (entre 0 a 4; t299=1.38, ns).

Para analisar em que medida a assunção de Responsabilidade por parte da mãe tem efeito na Responsabilidade assumida pelo pai, procedeu-se à categorização do nível de responsabilidade materna partindo do valor da Mediana nesta variável, Md=3.19. O grupo que se convencionou designar por nível de responsabilidade “baixo” é composto por 151 mães, M=2.79, DP=0.32, e o grupo com nível de responsabilidade “alto” é composto por 149 mães, M=3.54, DP=0.21, t(298)=24.33, p<.001.

A ANOVA de medidas repetidas sobre a assunção de responsabilidade pelo pai através das quatro dimensões da escala (Responsabilidade Paterna), entrando Nível de Responsabilidade Materna como fator inter-sujeitos, revelou os seguintes efeitos: Responsabilidade Paterna, F(3,894)=202.47, p<.001, η2=.41; Nível de Responsabilidade Materna, F(1,298)=25.09, p<.001, η2=.08; Responsabilidade Paterna x Nível de Responsabilidade Materna, F(3,894)=5.75, p=.001, η2=.02. O efeito principal de Responsabilidade Paterna foi descrito acima, e corresponde ao padrão de assunção de Responsabilidade pelo pai através das quatro dimensões.

Por seu turno, o efeito de Nível de Responsabilidade Materna mostra que a criança considera que o pai assume maior Responsabilidade, independentemente da dimensão, quando a mãe assume nível “alto” de responsabilidade, M=2.91, DP=0.60, do que quando esta tem nível “baixo”, M=2.57, DP=0.55. Contudo, a interação qualifica estes dois efeitos e corresponde ao facto de o pai assumir mais Responsabilidade com a criança, nas várias dimensões, quando a mãe tem um nível de responsabilidade “alto”. Como podemos observar na Figura 2, a única exceção refere-se à dimensão Escola, na qual, o pai assume Responsabilidade equivalente, quer a mãe tenha nível “alto” ou “baixo” de responsabilidade (F1,299=1.03, ns).

 

 

Q3: Como se caracteriza a satisfação da criança com o envolvimento paterno?

Comparando o nível de satisfação das crianças verifica-se que estão mais satisfeitas com o envolvimento do pai na componente Social e Estimulação, M=3.42, DP=0.72, do que na compo nente Cuidado e Interesse, M=3.07, DP=0.85, t(295)=11.26, p<.001. De todo o modo, as crianças manifestam-se satisfeitas com o grau de envolvimento paterno em ambas as dimensões (escala entre 0=nada satisfeito, 4=muito satisfeito), como revela a sua comparação com o ponto médio da escala (menor t295=21.66, p<.001)

Ao comparar o nível da satisfação da criança com o envolvimento de cada um dos pais, nas duas dimensões de ESEP verifica-se que a ANOVA de medidas repetidas revelou o efeito de Satisfação com o Envolvimento (SE vs. CI), F(1,295)=88.33, p<.001, η2=.23, e de Pais (Pai vs. Mãe), F(1,295)=50.59, p<.001, η2=.15, qualificados pela interação dos dois factores intra-sujeitos, F(1,295)=67.50, p<.001, η2=.19. Esta interação indica que, apesar das crianças reportarem estarem sempre mais satisfeitas com o envolvimento da mãe, a magnitude da diferença entre os dois pais é maior na dimensão Cuidado e Interesse, F(1,295)=80.74, p<.001, do que em Social e Estimula ção, F(1,295)=13.24, p<.001. Os valores médios são os seguintes: (1) Cuidado e Interesse – Pai, M=3.07, DP=0.85; Mãe, M=3.45, DP=0.57; (2) Social e Estimulação – Pai, M=3.42, DP=0.72; Mãe, M=3.55, DP=0.48.

Efetuando uma análise através dos 13 itens, comparando a satisfação com o envolvimento do pai e com o envolvimento da mãe, constata-se que apenas no item relativo a “brincar ou jogar” não se verifica uma média de satisfação mais elevada com o envolvimento da mãe, t(298)=1.24, ns (restantes diferenças, t298>2.33, p=.02).

Finalmente, verifica-se também que a satisfação das crianças com o envolvimento do pai está positivamente correlacionada com a satisfação relativa ao envolvimento da mãe, qualquer que seja a dimensão considerada, SE ou CI (menor r=.55, p<.001).

Q4: Em que medida a satisfação da criança com o envolvimento paterno varia em função da assunção de responsabilidades por parte do pai?

Numa abordagem correlacional entre a satisfação manifesta pela criança com o envolvimento do pai e a responsabilidade paterna verifica-se que existe uma forte relação direta entre a satisfação da criança e a assunção de responsabilidade por parte do pai, tanto na dimensão Social e Estimula ção como na dimensão Cuidado e Interesse (ambos r=.54). Portanto, quanto mais o pai assume responsabilidade, maior a satisfação da criança com o seu envolvimento.

Para se analisar em que medida a assunção de responsabilidades pelo pai afeta a satisfação manifesta pela criança com o envolvimento do pai, categorizou-se aquela variável em dois níveis – baixo vs. alto – partindo dos valores da medianas (Md=2.79).

A ANOVA relativa ao Nível de Responsabilidade Paterna revelou efeitos de Satisfação com o Envolvimento Paterno (SE vs. CI), F(1,293)=131.02, p<.001, η2=.31, e de Nível de Responsa bilidade Paterna (baixo vs. alto), F(1,293)=60.74, p<.001, η2=.17. Estes efeitos são qualificados pela interação de 1ª ordem, F(1,293)=9.94, p=.002, η2=.03.

Como se pode verificar pelo padrão de médias apresentado no Quadro 3, esta interação indica que, quer o nível de responsabilidade assumida pelo pai seja baixo ou seja alto, as crianças estão mais satisfeitas com o envolvimento do pai na dimensão Social e Estimulação do que na dimensão Cuidado e Interesse.

 

 

Contudo, verifica-se que esta é mais acentuada no grupo de crianças que consideram mais baixa a assunção de responsabilidades por parte do pai. Noutros termos, entre estas crianças, é menor o grau de satisfação com o Cuidado e Interesse manifesto pelo pai (M=2.71).

 

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Em conformidade com a literatura neste domínio, a mãe continua a assumir mais responsabi lidades do que o pai nas atividades e tarefas desenvolvimentais quotidianas das crianças (e.g., Craig, 2006; Lamb & Lewis, 2004; Yeung, Sandberg, Davis-Kean, & Hofferth, 2001). Contudo, a exceção reporta-se precisamente ao tipo de interação Jogo, no qual os pais não se diferenciam. Nesse mesmo sentido, quando se compara a satisfação da criança com o envolvimento do pai e com o envolvimento da mãe, constata-se que apenas no item relativo a “brincar ou jogar” não se verifica uma média de satisfação mais elevada com o envolvimento da mãe. De resto, o jogo e o brincar com a criança parece continuar a ser uma marca do envolvimento paterno (cf. Paquette, 2004; Pleck & Masciadrelli, 2004).

Reconhece-se alguma mudança e uma progressiva maior assunção de responsabilidades paternas em dimensões relativas aos cuidados, ao apoio emocional e à estimulação das crianças (nas quais o pai tradicionalmente não se envolvia). Com efeito, os resultados indicam que é na dimensão Cuidado e Interesse (a qual, relaciona a responsabilidade do pai pelos cuidados básicos, atividades e dia-a-dia do filho) que a criança considera que o pai assume mais responsabilidade.

Apesar disto, o pai também continua a desempenhar um papel relevante na dimensão autoridade e disciplina, em particular para com os filhos. Encontramos aqui mais uma especificidade na forma de envolvimento com um filho, que de resto é encontrada na literatura (cf. Pleck & Pleck, 1997), acentuando que os pais procuram ser um modelo de Autoridade e Disciplina em especial quando de trata de um rapaz. De facto, é de mencionar a relevância e atualidade de muitos dos aspetos que caracterizam um papel mais tradicional do envolvimento paterno, como sejam a proteção, a disciplina ou a orientação ética e moral (e.g., Andrews, Luckey, Bolden, Whiting-Fickling, & Lind, 2004). Curiosamente as crianças consideram que é precisamente nesta dimensão que as mães assumem menor responsabilidade, o que indiciará uma complementaridade de papéis parentais, já percecionada e distinguida pelas próprias crianças (cf. Lamb, 2005), concebendo que esta dimensão de Autoridade e Disciplina na família fica sob maior responsabilidade do pai.

Neste sentido, o jogo, o sustento económico da família, a autoridade e a disciplina, surgem como dimensões reveladoras da ideia de paternidade.

Outro elemento que merece destaque diz respeito ao facto das crianças considerarem que o pai assume muito menos responsabilidade na dimensão Escola do que a mãe, assumindo apenas “algumas vezes” responsabilidades a respeito das atividades relacionadas com este microssistema. Na realidade, diversas investigações no campo da Psicologia da Educação têm evidenciado que a participação do pai nas atividades escolares (nem que seja a mera presença nas reuniões da escola) é manifestamente pouco frequente. Como se sabe, muitas crianças passam mais de 8h por dia em contexto escolar e só uma apropriada articulação mesossistémica pode potenciar a qualidade de cenários desenvolvimentalmente adequados. É fundamental que a escola implemente estratégias facilitadoras do estabelecimento de canais de comunicação com a família, e que os pais se consciencializem da sua importância nesta dimensão educativa.

Verifica-se ainda que a assunção da responsabilidade por parte da mãe relaciona-se significativamente com o nível de responsabilidade assumida pelo pai. Este resultado remete para a importância de considerarmos o sistema familiar na compreensão do processo de envolvimento paterno e, em particular, a natureza da relação conjugal. Com efeito, o pai necessita frequente mente de um ambiente favorável à sua participação, dependendo de fatores extrínsecos para se envolver, nomeadamente o apoio da companheira e de outros significativos (cf. Bouchard & Lee, 2000; Formoso, Gonzales, Barrera, & Dumka, 2007). Tal como mostra a literatura (e.g., Fagan & Barnett, 2003), a mãe desempenha um papel regulador do envolvimento do pai, fomentando, permitindo ou inibindo esse mesmo envolvimento. Aliás, também a satisfação das crianças com o envolvimento do pai está positivamente correlacionada com a satisfação relativa ao envolvimento da mãe, qualquer que seja a dimensão considerada.

Finalmente, quando se atende à satisfação da criança com o envolvimento paterno verifica-se que quanto mais o pai assume responsabilidades, maior é a satisfação da criança com aquele envol vimento. Esta evidência chama à atenção de que o envolvimento do pai no processo desenvolvi mental dos filhos é, em si mesmo, muitas vezes causa e consequência desse mesmo envolvimento. Por exemplo, à medida que vai interagindo com os filhos, o pai revela mais auto-estima, competência parental e satisfação com esse mesmo envolvimento (cf. Almeida, Wethington, & McDonald, 2001). Naturalmente não será difícil dar conta que este processo transacional se autoalimenta e reforça, isto é, pais mais envolvidos e crianças mais satisfeitas, vão reforçando o comportamento do parceiro de interação o que, por sua vez, fortalecerá um vínculo (desejavel mente) seguro entre a criança e o pai, e consequentemente mais bem-estar biopsicossocial para o pai, para a criança e para a família como um todo.

Por último realça-se a evidência empírica decorrente dos resultados deste estudo, que suporta a matriz bioecológica da assunção de responsabilidades por parte do pai relativamente às tarefas desenvolvimentais dos filhos. Na realidade, consideram-se fundamentais os contributos do pai e da mãe para o desenvolvimento da criança. Como diria Bronfenbrenner (1995, p. 119) “para entrar na dança do desenvolvimento são precisas três pessoas”. Esse contributo plural de pai e de mãe remete para a significância de um envolvimento singular e próximo entre o pai e a criança. É nessa dissemelhança, diversidade e riqueza de processos proximais que se alicerça o desenvolvimento humano e os pais não podem (pelo menos não devem) abdicar desse envolvimento.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: José Albino Lima, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto. E-mail: albino@fpce.up.pt

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