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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica v.25 n.3 Lisboa  2007

 

Adaptação parental ao nascimento de um filho: comparação da reactividade emocional e psicossintomatologia entre pais e mães nos primeiros dias após o parto e oito meses após o parto (*)

 

Mariana Moura-Ramos (**)

Maria Cristina Canavarro (***)

 

RESUMO

A adaptação à parentalidade tem sido descrita como um importante momento de desenvolvimento da vida das famílias, exigindo esforços de adaptação às novas tarefas com que pais e mães se deparam. Assim, apesar da Felicidade que está frequentemente associada a este acontecimento, a necessidade de reorganização da vida dos indivíduos é geralmente elevada, podendo conduzir, nas mães e nos pais, a elevados níveis de perturbação emocional.

Dado que esta reorganização pode ser distinta ao longo do tempo que se segue ao parto e em função do género do progenitor, pretende-se com este estudo conhecer as diferenças na adaptação materna e paterna ao nascimento de um filho, nomeadamente em dois momentos distintos: dois a cinco dias após o parto e oito meses após o parto.

A amostra, constituída por 214 mães e 193 pais, foi recolhida na Maternidade Dr. Daniel de Matos dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Para a recolha de dados foram utilizados questionários sociodemográficos e questionários de auto-resposta.

De forma geral, os resultados são indicadores da existência de uma boa adaptação em mães e pais, apesar de revelarem que, principalmente no primeiro momento de avaliação, as mães, quando comparadas com os pais, apresentam uma reacção emocional mais intensa.

Os resultados sugerem que o nascimento de um filho é um importante momento da vida das famílias, tanto para as mães como para os pais, significando geralmente um momento de grande felicidade para ambos. Porém, o presente estudo sugere uma adaptação mais exigente para a mãe, provavelmente devido à maior necessidade de reorganização implicada.

Palavras-chave: Pós-parto, parentalidade, adaptação, género

 

 

ABSTRACT

Adjustment to parenthood has been described as an important moment in a family life, characterized by the presence of new and demanding tasks to both mothers and fathers.

Although the birth of a child is usually an important and gratifying event, some couples lives are disrupted by this moment causing difficulties in adjustment to the new demands of parenthood.

Because man and women generally adjust differently to the new demands of parenthood, the purpose of this study is to describe the differences of mothers and fathers adjustment to parenthood in two different moments: two to five days and eight months postpartum.

The sample of the study was collected in Maternidade Dr. Daniel de Matos dos Hospitais da Universidade de Coimbra and consisted of 214 mothers and 193 fathers. Data was obtained using sociodemographic questionnaires and self report assessment scales.

Our results suggest that that the birth of a child can be a stressful but positively manageable event. Nevertheless, mothers seem to present a more intense emotional reaction, mainly in the first moment of assessment.

The birth of a child appears to be an important moment in a family life, promoting great happiness in mothers and fathers. However, the present study suggests that mothers present more difficulties in adjustment to parenthood, probably due to the presence of more changes and need of reorganization in their lives.

Key words: Pospartum, parenthood, adjustment, gender

 

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Full text only available in PDF format.

 

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(*) Projecto integrado na linha de investigação 2 (MEDVOC) do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desen-volvimento Vocacional e Social, Unidade I&D (FEDER/ POCTI-SFA -160-192).

(**) Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/23152/2005). Unidade de Intervenção Psicológica (UnIP) da Maternidade Doutor Daniel de Matos – Departamento de Medicina Materno-Fetal, Genética e Reprodução Humana dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Universidade Lusíada do Porto.

(***) Unidade de Intervenção Psicológica (UnIP) da Maternidade Doutor Daniel de Matos – Departamento de Medicina Materno-Fetal, Genética e Reprodução Humana dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

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