22 3Clinical health psychology and primary care (2003): Robert J. Gatchel & Mark S. Oordt. Washington: APA Books, American Psychological Association, 261 pp. 
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Análise Psicológica

 ISSN 0870-8231

     

 

EXISTENTIAL THERAPIES (2003) - Mick Cooper. London: Sage Publications, 169 pp.

 

Este é o livro que faltava na área que se poderia denominar por história e sistemas em terapias existenciais, disponibilizando uma panorâmica geral muito compreensiva, rigorosa e praticamente exaustiva das diferentes abordagens que existem no campo das psicoterapias existenciais.

A finalidade principal deste livro - introduzir o leitor às diversas terapias existenciais - é plenamente atingida e de uma forma muito clara. De tal modo, que o leitor fica bem esclarecido sobre as diferenças que existem, por exemplo entre as abordagens de Binswanger, Frankl, Bugental, Laing e Yalom, para citar apenas alguns autores. Adicionalmente, o livro pretende interessar cada vez mais técnicos de saúde para as abordagens existenciais, discutir quais são as expectativas dos clientes em relação à perspectiva existencial, identificar as potencialidades e limitações de cada abordagem, além de definir qual o tipo de escolhas e dilemas com que se confrontam os terapeutas existenciais. Pode afirmar-se que, no essencial, estes objectivos são também plenamente atingidos. O leitor fica de facto com ideias muito claras sobre como é a prática da psicoterapia existencial, a identificar os aspectos comuns e diferentes que existem entre as diversas abordagens e ainda recolhe sugestões para outras leituras. Como escreveu Emmy van Deurzen (New School of Psychotherapy and Counselling, UK), este livro disponibiliza uma revisão excelente, clara e crítica da abordagem existencial tal como ela é praticada correntemente.

Mick Cooper é Senior Lecturer em Aconselhamento na Universidade Strathclyde (Grã-Bretanha) e psicoterapeuta existencial, que se define a si próprio como se situando entre a perspectiva existencial e a terapia centrada no cliente.

O livro inicia-se com um capítulo sobre filosofia existencial, que assinalando conceitos fundamentais, como o de existência, o método fenomenológico, as escolhas livres, o projecto, autenticidade, etc., dá também conta da diversidade de pontos de vista (Heidegger, Kierkegaard, Marcel, Buber, Sartre, Merleau-Ponty, entre outros), sempre com a finalidade de mostrar como é que as ideias filosóficas informam e inspiram as terapias existenciais, apresentando no final os dilemas e paradoxos da existência e alguns aspectos críticos em relação à própria filosofia existencial.

Seguidamente, o livro está organizado em 6 capítulos fundamentais, cada um dos quais focalizado numa abordagem, a saber:

- Análise do Dasein de L. Binswanger e M. Boss

- Logoterapia de V. Frankl

- Abordagem Existencial-Humanista de Rollo May, J. Bugental, I. Yalom e Kirk Schneider

- Abordagem de R. Laing

- Escola Britânica de Análise Existencial de Emmy van Deurzen, E. Spinelli e Hans Cohn

- Terapias Existenciais Breves de J. Bugental e de F. Strasser e A. Strasser

Cada um destes capítulos está organizado de uma forma em que, após uma revisão das influências principais que inspiraram os autores, é caracterizada detalhadamente a abordagem, sempre com preocupações cronológicas, e termina com uma perspectiva crítica sobre a abordagem em análise. Cada capítulo tem referências bibliográficas muito completas, específicas e actualizadas.

Os sétimo e penúltimo capítulo é muito importante porque apresenta uma análise detalhada das várias dimensões da prática psicoterapêutica, situando as diferente abordagens ao longo de três eixos fundamentais:

-Fenomenologia - Existencialismo

-Patologização - Não patologização

-Directividade - Não-directividade

Este capítulo permite identificar de forma clara as semelhanças e as diferenças que existem entre as várias abordagens terapêuticas existenciais.

Finalmente, no último capítulo da obra o autor discute os desafios futuros e as questões em aberto com que se confrontam as terapias existenciais, com destaque para a demonstração da sua eficácia terapêutica e o estabelecimento de diálogo com outras abordagens psicoterapêuticas. O autor mostra aqui qual a sua perspectiva para superar dialecticamente os conflitos que existem entre as diversas perspectivas existenciais, nomeadamente em torno daquelas polaridades e do discurso existencial, defendendo uma compreensão dinâmica e de-construtiva das estruturas opostas e dos significados.

Por todas as razões, é um livro que não só é recomendado mas também é recomendável para todos os que se interessam pelas terapias existenciais.

 

José A. Carvalho Teixeira

 

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