22 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Análise Psicológica

 ISSN 0870-8231

     

 

Quando e porquê começam os estudantes universitários a fumar: Implicações para a prevenção (*)

 

JOSÉ PRECIOSO (**)

 

 

RESUMO

Os resultados de muitos estudos sobre o consumo de tabaco, efectuados em vários países ocidentais, contribuíram para a generalização da ideia que a maioria dos fumadores começa a fumar na adolescência (antes dos 18 anos de idade) e que, se não se começar nessa fase da vida, dificilmente se adquirirá esse hábito posteriormente. No entanto, os dados do Inquérito Nacional de Saúde efectuado em Portugal em 1995/96 mostraram que em Portugal, 39% dos fumadores iniciaram o hábito de fumar entre os 18 e os 24 anos e cerca de 6% depois dos 24 anos, ou seja, cerca de 45% dos fumadores teria começado a fumar depois dos 17 anos de idade. Este dado levantou o problema de saber se a população estudantil universitária também começa a fumar depois da adolescência e se a transição do secundário para a universidade pode constituir um factor de risco relacionado com fumar. Para tentar responder a esta questão efectuou-se um estudo que consistiu, basicamente, na aplicação de um questionário sobre hábitos tabágicos e factores relacionados com o começo de fumar, a 388 estudantes da Universidade do Minho.

Os dados revelam que, embora a maioria dos estudantes tenha começado a fumar no ensino básico e secundário (portanto na adolescência), uma percentagem elevada de estudantes (cerca de 30%), começou a fumar na universidade. Este e outros estudos mostram que, contrariamente ao que se passa nos países mais desenvolvidos, a população portuguesa em geral e estudantil universitária, em particular, começa a fumar mais tarde do que seria suposto. Tal facto conduz à necessidade de se fazer prevenção mais eficaz no ensino básico e secundário, de se continuar esses esforços na universidade e de se iniciar o processo de tratamento daqueles que são já dependentes do tabaco.

Palavras-chave: Tabagismo, prevenção, educação para a saúde.

 

 

ABSTRACT

The results of many studies on the tobacco consumption carried out in several western countries contributed to the generalization of the idea that most of the smokers start smoking in the adolescence (before 18 years old), and that if people don't start smoking in that period of life, hardly they acquire that habit later on. This presupposition led the specialists to concentrate the preventive efforts at school and mainly close to 12 to 15 years old students, supposedly the ones that would be in larger risk of starting smoking.

The study, which we present in full detail in this article realized with about 388 university students, reveals that although most of the students has started smoking at high and secondary school (therefore in the adolescence), a high percentage of students (about 30%), particularly of female students (34%) started smoking at university. The studies show that contrarily to what happens in the most developed countries, the Portuguese population in general and university students in particular, start smoking later than it would be supposed, what leads to the need of doing a more effective prevention at high and secondary school, keeping on those efforts at university and starting the treatment process of those who are already tobacco addicted.

Key words: Smoking, prevention, health education.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS

Ariza, C. (1996). Factors predictius lligats a la iniciació i experimentació del consum de tabac e d´alcohol en escolares. Un estudi longitudinal. Barcelona: Publicacions de la Universitat Autònoma de Barcelona. (Edició microfotogràfica).         [ Links ]

Ariza, C., & Nebot, M. (1995). Factores asociados al consumo de tabaco en una muestra de escolares de enseñanza primaria y secundaria. Gaceta Sanitaria, 47 (9), 101-109.         [ Links ]

Becoña, E. (1999a). A prevenção de drogodependências em adolescentes. In J. Precioso, F. Viseu, L. Dourado, T. Vilaça, R. Henriques, & T. Lacerda (Coord.), Educação para a Saúde. Braga: Departamento de Metodologias da Educação. Universidade do Minho.         [ Links ]

Becoña, E., Palomares, A., & García, M. (1994). Tabaco y Salud: Guia de prevención y tratamiento del tabaquismo. Madrid: Ediciones Pirámide, SA.         [ Links ]

Becoña, E., & Vázquez, F. (1998). Tratamento del tabaquismo. Madrid: Dykinson.         [ Links ]

Brandão, M. (2002). Atitudes, conhecimentos e hábitos tabágicos dos professores dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico do Porto. Faculdade de Medicina e instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar - Universidade do Porto.         [ Links ]

Byrne, D. (2001). The European dimension of tobacco control legislation. Office of Tobacco Control (OTC) Conference, Dublin, November 2001.         [ Links ]

Conyer, T. (2000). Prevención y control de la epidemia mundial del tabaquismo: una estratégia integral. Salud Pública de México, 41 (1), 6-7.         [ Links ]

DEPS (1997). Inquérito Nacional de Saúde - 1995/ /1996 Continente. Lisboa: Ministério da Saúde.         [ Links ]

Faria, M. (1999). Educação para a Saúde no Ensino Superior. In J. Precioso, F. Viseu, L. Dourado, T. Vilaça, R. Henriques, & T. Lacerda (Coord.), Educação para a Saúde. Braga: Departamento de Metodologias da Educação, Universidade do Minho.         [ Links ]

Gidding, S., Morgan, W., Perry, C., Jones, J., & Bricher, T. (1994). Active and Passive Tobacco Exposure: a serious pediatric health problem. American Hearth Association.         [ Links ]

Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (2002). A situação da Saúde em Portugal em relação com outros países europeus. Lisboa: Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva.         [ Links ]

Jodral, M. (1992). Tabaquismo: consequências para la salud. Granada: Ciências de La Salud. Monográfica Universidade de Granada.         [ Links ]

Joossens, L. (1988). Smoking in Belgium: attitudes and behaviour. Primary Prevention of Cancer. New York: Raven Press, Ltd..         [ Links ]

Mendoza, R. (1999). Prevención del tabaquismo entre los jóvenes: un reto alcanzable. In J. Precioso, F. Viseu, L. Dourado, T. Vilaça, R. Henriques, & T. Lacerda (Coord.), Educação para a Saúde. Braga: Departamento de Metodologias da Educação, Universidade do Minho.         [ Links ]

Nunes, E. (2002). Consumo de tabaco: Estratégias de Prevenção e Controlo. Lisboa: Cadernos da Direcção geral de Saúde.         [ Links ]

Nutbeam, D., Mendoza, R., & Newman, R. (1988). Planning for a smoke - free generation. Copenhague: Regional Office for Europe of the World Health Organization.         [ Links ]

Precioso, J. (1999). A Educação para a Saúde na Escola: um estudo sobre a prevenção do hábito de fumar. Braga: Minho Universitária.         [ Links ]

Trullén, A., & Labarga, I. (2002). El tabaquismo, una enfermedad desde la adolescência. Prevención del Tabaquismo, 4 (1), 1-2.         [ Links ]

Valero, F., & Oscar, C. (2002). El tabaquismo passivo en la infância. Nuevas evidencias. Prevención del Tabaquismo, 4 (1), 20-25.         [ Links ]

 

 

(*) Agradecimentos: Agradeço às Prof.as Doutoras Maria da Conceição Duarte e Laurinda Leite pela colaboração prestada na elaboração deste trabalho.

(**) Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Braga.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License