SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 número4Elementos psicoterapêuticos na reabilitação dos sujeitos com incapacidades físicas adquiridas índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica v.18 n.4 Lisboa nov. 2000

 

Raciocínio ecológico-moral: Um estudo desenvolvimentista numa amostra de sujeitos de Lisboa(*)

 

Orlando Lourenço (**)

Peter Kahn (***)

 

 

RESUMO

Os problemas do ambiente não podem mais ser ignorados. Neste artigo, são apresentados alguns resultados de uma investigação realizada numa amostra de sujeitos de Lisboa (Kahn & Lourenço, 2000). Nessa pesquisa, foram explorados alguns aspectos da nossa compreensão da ontogénese da relação humana com a natureza. Cento e vinte participantes igualmente divididos por quatro níveis de escolaridade (5.º ano, 8.º ano, 11.º ano e 1.º ano da Universidade) foram confrontados primeiro com problemas ambientais apelando para os quatro elementos fundamentais da natureza (i.e., terra, água, ar e fogo) e indagados depois sobre a importância que eles concediam a tais problemas e a sua possível conceptualização em termos ecológico-morais. Os resultados sugerem que (1) os problemas do ambiente preocupam as pessoas desde bastante cedo, um dado consistente com a hipótese da biofilia defendida por E. Wilson (1984) de que existe uma propensão biológica para nos afiliarmos com a natureza; (2) esta hipótese sai enriquecida quando inserida numa perspectiva teórica mais global que tem em conta a biologia, a cultura e o desenvolvimento; (3) tais preocupações vêm alargar o domínio tradicional da moralidade, um domínio onde cada vez faz mais sentido integrar também a área do raciocínio ecológico-moral; (4) esta nova área de pesquisa pode ajudar a esclarecer questões importantes e controvertidas no domínio do desenvolvimento moral (e.g., o debate da justiça vs. cuidado); e (5) qualquer programa de educação ambiental só tem a ganhar se tomar em conta os dados que emergem da pesquisa sobre a nossa compreensão da ontogénese da relação humana com a natureza.

Palavras-chave: Concepções e valores ambientais, raciocínio ecológico-moral.

 

 

ABSTRACT

Environmental problems cannot be ignored any more. In this paper, we present a few results of a research carried out in a sample of people from Lisbon (Kahn & Lourenço, 2000). In this research we tried to explore some aspects of one's understanding of the ontogenesis of human relationship with nature. The sample consisted of 120 participants evenly divided into four grade levels (fifth, eighth, eleventh, and college). Participants were first presented with environmental problems appealing to the four elements of nature (i.e., earth, water, air, and fire), and then questioned about the importance of those problems to them, and their possible conceptualization as environmental moral problems. The results suggest that (1) participants at all ages care about environmental problems, a finding that is consistent with Wilson's (1984) biophilia hypothesis of a genetically based human propensity to affiliate with nature; (2) this hypothesis becomes more powerful if it is inserted into a broader perspective that incorporates biology, culture, and development; (3) such a propensity enlarges the traditional domainof morality, a domain in which it makes good sense to speak already of a relatively new area of research (i.e., environmental moral reasoning); (4) this area of research may be of help to clarify fundamental and long-standing controversies in the field of moral development (e.g., the justice-care debate); and (5) there is much to be gained if environmental education takes into account the findings emerging from research on the understanding of the ontogenesis of human relationship with nature.

Key words: Environmental values and conceptions, environmental-moral reasoing.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS

Armon, C. (1984). Ideals of the good life and moral development. In M. Commons, F. Richards, & C. Armon (Eds.), Beyond formal operations (pp. 357-380). New York: Praeger.         [ Links ]

Callicott, J. (1985). Intrinsic value, quantum theory, and environmental ethics. Environmental Ethics, 7, 257-275.        [ Links ]

Eisenberg, N. (1998). Prosocial development. In W. Damon (series Editor). Handbook of child psychology. Vol. 3. Social, emotional and personality development (pp. 701-778). New York: Wiley.        [ Links ]

Gilligan, C. (1997). Teoria psicológica e desenvolvimento da mulher (trad.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.        [ Links ]

Kahn, P. (1992). Children's obligatory and discretionary moral judgments. Child Development, 63, 416-430.        [ Links ]

Kahn, P. (1997a). Developmental psychology and the biophilia hypothesis: Children's affiliations with nature. Developmental Review, 17, 1-61.        [ Links ]

Kahn, P. (1997b). Children's moral and ecological reasoning about the Prince William Sound oil spill. Developmental Psychology, 33, 1091-1096.        [ Links ]

Kahn, P. (1997c). Bayous and jungle rivers: Cross-cultural perspectives on children's environmental moral reasoning. In H. Saltzstein (Ed.), Culture as a context for moral development: New perspectives on the particular and the universal (pp. 23-36). New Directions for Child Development. San Francisco: Jossey-Bass.        [ Links ]

Kahn, P. (1999). The human relationship with nature: Development and culture. Cambridge, MA: The MIT Press.         [ Links ]

Kahn, P., & Friedman, B. (1995). Environmental views and values of children in an inner-city Black community. Child Development, 66, 1403-1417.        [ Links ]

Kahn, P., & Lourenço, O. (1999). Reinstating modernity in social sciences research or the status of bullwinkle in a postmodern era. Human Development, 42, 92-108.        [ Links ]

Kahn, P., & Lourenço, O. (2000). Environmental moral reasoning: A developmental study in Portugal. International Journal of Behavioral Development (submetido para publicação).        [ Links ]

Kaplan, R., & Kaplan, S. (1989). The experience of nature: A psychological perspective. Cambridge: Cambridge University Press.        [ Links ]

Kellert, S. (1993). The biological basis for human values of nature. In S. Kellert & E. Wilson (Eds.), The biophilia hypothesis (pp. 42-69). Washington, DC: Island Press.        [ Links ]

Kellert, S., & Wilson, E. (Eds.) (1993). The biophilia hypothesis. Washington, DC: Island Press.        [ Links ]

Kohlberg, L. (1981). Essays on moral development. The philosophy of moral development. New York: Harper & Row.        [ Links ]

Kohlberg, L. (1984). Essays on moral development. The psychology of moral development. New York: Harper & Row.        [ Links ]

Loevinger, J. (1976). Ego development: Concepts and theory. San Francisco: Jossey-Bass.        [ Links ]

Lourenço, O. (1991). Is the care orientation distinct from the justice orientation? Some empirical data in ten- to eleven-year-old children. Archives de Psychologie, 59, 17-30.        [ Links ]

Lourenço, O. (1996). Reflections on narrative approaches to moral development. Human Development, 39, 83-99.        [ Links ]

Lourenço, O. (1998). Psicologia do desenvolvimento moral: Teoria, dados e implicações (2ª ed.). Coimbra: Almedina.        [ Links ]

Lourenço, O. (2000). The aretaic domain and its relation to the deontic domain in moral reasoning. In M. Laupa (Ed.), Rights and wrongs: How children and young adults evaluate the world (pp. 47-61). San Francisco: Jossey-Bass.        [ Links ]

Piaget, J. (1932). Le jugement moral chez l'enfant. Paris: Alcan.        [ Links ]

Piaget, J. (1983). Piaget's theory. In P. Mussen (Ed.), Handbook of child psychology (Vol. 1, pp. 103-128). New York: Wiley.        [ Links ]

Robottom, I. (Ed.) (1987). Environmental education. Practice and possibility. Victoria, Australia: Deakin University Press.        [ Links ]

Turiel, E. (1983). The development of social knowledge: Morality and convention. Cambridge: Cambridge University Press.        [ Links ]

Turiel, E., Killen, M., & Helwig, C. (1987). Morality: Its structure, functions and vagaries. In J. Kagan & S. Lamb (Eds.), The emergence of morality in young children (pp. 155-244): Chicago: University of Chicago Press.        [ Links ]

Wilson, E. (1984). Biophilia. Cambridge, MA: Harvard University Press.        [ Links ]

Wynne, E., & Ryan, K. (1993). Reclaiming our schools: A handbook on teaching character, academics and discipline. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall        [ Links ]

 

 

(*)Porções deste artigo foram apresentadas no Encontro Internacional sobre Educação Ambiental e Contemporaneidade, Universidade do Minho, Braga (19-21 de Outubro de 2000).

O artigo baseia-se num estudo realizado em Portugal e foi subsidiado por uma bolsa da Spencer Foundation (EUA). A pesquisa aqui relatada é o tema de um capítulo de um livro de P. Kahn (1999).

Os autores agradecem o apoio financeiro da Spencer Foundation e a colaboração na recolha de dados por alguns dos meus estudantes de Psicologia do Desenvolvimento (1996-1997).

Correspondência relativa a este artigo deve ser endereçada a Orlando Lourenço, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Alameda da Universidade, 1600 Lisboa (e-mail: Orlando@fc.ul.pt).

(**)Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

(***)Universidade de Washington.

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons