16 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Análise Psicológica

 ISSN 0870-8231

     

 

Ansiedades perinatais em mulheres com gravidez de risco e em mulheres com gravidez normal

 

Paula Isabel Rato (*)

 

 

RESUMO

O objectivo do estudo foi o de comparar quantitativamente e qualitativamente as ansiedades perinatais de mulheres com gravidez de risco por antecedentes de morte fetal com as ansiedades perinatais de mulheres que tiveram uma gravidez normal.

Para tal utilizámos uma entrevista e uma escala de ansiedades perinatais (PASS) nas 24 a 48 horas pósparto em dois grupos de mulheres cada um com 6 sujeitos.

A entrevista mostrou-nos que o tipo de ansiedades é o mesmo nos dois grupos de mulheres e que são as mesmas ansiedades descritas por todos os autores que se interessam por estas questões da maternidade. A grande diferença entre os dois grupos é feita pelo «ris-co» da gravidez. As mulheres do grupo de risco vivem a gravidez desde o seu início até ao parto com a preocupação de poderem ter nova morte fetal (como se tivessem medo da sua própria incapacidade de serem mães).

Através da análise da escala podemos dizer que a única área em que as mulheres com gravidez de risco tiveram um nível de ansiedade significativamente maior que as mulheres com gravidez normal foi a do puerpério, que nos fez apontar dificuldades a nível da identificação com o feto e com a figura materna durante a gravidez que se repercutirão no puerpério por dificuldades a nível da maternidade, sobretudo a nível da relação mãe-bebé.

Palavras-chave: Ansiedades perinatais, gravidez, morte fetal.

 

 

ABSTRACT

The goal of the study is to compare quantitatively, as well as qualitatively, the perinatal anxieties of women suffering of hazardous pregnancy due to a history of fetal death, to the perinatal anxieties of women who have had a normal pregnancy.

To accomplish this we used an interview and a scale of perinatal anxieties (PASS), on two groups of six women during the 24 to 48 post-labor hours.

The entreview showed us that the type of anxieties is the same in the two groups of women and all are similar to the anxieties described by all the authors that are interested by the matters of maternity. The great difference between the two groups has its cause in the risk of the pregnancy - since the beginning until labor - with the worry of having another fetal death (as if they were afraid of their own incapacity of becoming mothers).

Through the analysis of the scale, we can say that the only area where women with a hazardous pregnancy had a substantially higher level of anxiety, when compared to women with a normal pregnancy, was the puerperium, which suggested difficulties in what concerns the identification with the fetus and with the mother figure during pregnancy; these situations will have repercussions over the puerperium in the form of difficulties in motherhood, particularly in the mother-baby relationship.

Key words: Perinatal anxieties, pregnancy, fetal death.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bowlby, J. (1985). Apego e perda. Vol. 3: Perda, tristeza e depressão. São Paulo: Ed. Martins Fontes.         [ Links ]

Brousselle, A. (1976). La mélancolie puerpérale. Revue Française de Psychanalyse, 5-6, 1097.

Coimbra de Matos, A. (1984). A perda e a tristeza. In Psicopatologia Dinâmica (Notas sobre Psicoterapia). Jornal Médico.

Coimbra de Matos, A. (1986). O luto do objecto arcaico. In A necessidade de retaliação. Jornal Médico, 2164, 415-416.

Coimbra de Matos, A. (1989a). O luto da desidealização do objecto. In Adolescência - Tempo de Mudança. Jornal Médico, 2302, 299-300.

Coimbra de Matos, A. (1989b). Luto e depressão. In Adolescência - Tempo de Mudança. Jornal Médico, 2319, 21.

Coimbra de Matos, A. (1989c). O luto do objecto desarmante. In Adolescência - Tempo de mudança. Jornal Médico, 2335, 524.

Coimbra de Matos, A. (1990). O luto inacabado do objecto idealizado. In Reflexões sobre Psicopatologia e Psicoterapia. Jornal Médico, 2375, 289.

Cordeiro, J. D. (1986). Manual de psiquiatria clínica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Cornet, H. (1972). Le deuil impossible. Revue Française de Psychanalyse, 5-6, 1113-1116.

Deutsch, H. (1949). La psychologie des femmes. Vol. II: Maternité. Paris: PUF.

Dubois, J. (1976). A gravidez de alto risco. Jornal Médico, 1720, 228.

Fénelon, J. (1979). Deuil, nostalgie, souvenir. Revue Française de Psychanalyse, 4, 625.

Ferreira, L., Góis, G., Faria, C., & Correia, M. J. (1990). O Luto por morte perinatal e/ou malformação do bebé. Análise Psicológica, 8 (4), 399-402.

Freud, S. (1915). Duelo y melancolia. In Obras Completas (Vol. XCIII, p. 2091).

Gauthier, J., Molenat, F., Mangin, P., & Dudan, E. (1985). Grossesse et vulnérabilité. Neuropsychiatrie de l'Enfance et de l’Adolescence, 33 (2-3), 95-102.

Geahchan, D. (1968). Deuil et nostalgie. Revue Française de Psychanalyse, 30 (1).

Justo, J. (1986). Introdução ao estudo da organização defensiva na mulher grávida. Lisboa: FPCEUL.

Justo, J. (1990). Gravidez e mecanismos de defesa: Um estudo introdutório. Análise Psicológica, 8 (4), 371-376.

Kitzinger, S. (1978). Mães. Um estudo antropológico da maternidade. Lisboa: Ed. Presença.

Langer, M. (1986). Maternidade e sexo. Porto Alegre: Artes Médicas.

Le Lerzin, R. (1981). Deuil et maternité. Revue Française de Gynécololgie et Obstétrice, 4 (76), 297-304.

Luz, T. (1975). Gestação de alto risco. Revisão de conceitos e tentativa de definição à luz da epidemiologia. Jornal Brasileiro de Ginecologia, 3 (80), 105-108.

Maldonado, M. T. (1988). Psicologia da gravidez. Petrópolis: Ed. Vozes.

Malinas, J. (1975). Gravidez de alto risco. Jornal Médico, 1658, 252-254.

Mascoli, L. (1989). Fantasias, atitudes e ajustamento materno ao primeiro mês de vida da criança: Abordagem psicológica a puerperas em isolamento e no pós-parto distócito. Estudo Monográfico efectuado no ISPA, Lisboa.

Muller, G., Rodriguez, A., et al. (1976). Embarazo de riesgo elevado. Rev. Obstét. y Gin. de Venezuela, 3 (36), 505-512.

Ody, M. (1985). Travail de deuil, représentation animique, représentation de chose. Revue Française de Psychanalyse, 3, 897.

Ortega, J. M. F. (1984). Identificación del embarazo de alto riesgo. Toko - Gin. Pract., 43 (487), 107-120.

Osofsky, J. D., & Osofsky, H. J. (1978). Teenage pregnancy: psychosocial considerations. Clinical Obstetrics and Gynecology, 24 (4), 1161-1173.

Pearson, J. (1975). Como proceder perante uma gravidez de alto risco. Jornal Médico, 1642, 184.

Pedro, G. (1985). A relação mãe-filho. Influência do contacto precoce no comportamento da díade. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Ponciano, E. (1980). Como medir a ansiedade. Psiquiatria Clínica, 1 (2), 133-139.

Quinodoz, J. M., Bahler, V., Charbonnier, et al. (1989). Contribuitions des psychanalistes de Suisse Romande aux problèmes de l' angoisse de séparation, de la perte de l' object et du deuil. Revue Française de Psychanalyse, 1.

Roy, J., Molenat, F., Viala, J., Laffargue, F., & Visier, J. (1988). Grossesses survenent aprés une mortpérinatale. Journal Gynecologie Obstet. Biol. Re-prod., 17, 75-82.

Rudigoz, R. C., Revillard, J. P., et al. (1986). Table ron-de: La mort du foetus in utero. Revue Française Gynécologie Obstétrice, 11 (81), 613-626.

Scott, W. C. (1965). Deuil et manie. Revue Française de Psychanalyse, 29 (2-3).

Soifer, R. (1986). Psicologia da gravidez, parto e puerpério. Porto Alegre: Artes Médicas.

Tavares, L. (1990). Depressão e relacionamento conjugal durante a gravidez e pós-parto. Análise Psicológica, 8 (4), 389-398.

Valverde, B. (1983). Alto risco em obstétricia. Gestação de alto risco. O Médico, 1643 (107), 118-122.

Valverde, B., Vieira, A., et al. (1987). O perfil biofísico na gravidez de alto risco. O Médico, 1860 (117), 571-577.

Vlaaderen, W., & Treffers, P. (1987). Prognosis of subsequent pregnancies after recurrent spontaneous abortion first trimester. Br. Med. Journal, 6590

 

(*) Psicóloga Clínica.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License