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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231

Aná. Psicológica v.15 n.2 Lisboa jun. 1997

 

Interacções sociais e aprendizagem

A influência do estatuto do par nas dinâmicas interactivas e nos procedimentos de resolução (*)

 

Francisco Peixoto (**)

Sofia Menéres (***)

 

 

RESUMO

O presente trabalho teve como objectivo a comparação da indução de estatuto em duas condições de assimetria com uma situação de interacção simétrica. Como hipótese geral partimos da ideia de que as interacções assimétricas desencadeariam maior predominância de regulações relacionais e, como consequência, os sujeitos envolvidos nesse tipo de dinâmicas apresentariam menos benefícios que os seus congéneres implicados em situações de interacção simétricas.

A amostra foi constituída por 36 crianças, com idades compreendidas entre os 4 anos e 5 meses e os 6 anos, de dois Jardins de Infância de Lisboa. Das 36 crianças, 30 não souberam resolver correctamente a tarefa proposta, no pré-teste, enquanto as restantes 6 o conseguiram. Foi utilizada uma tarefa de classificação multiplicativa, com figuras de animais. A investigação desenrolou-se em duas fases: a primeira incluindo o pré-teste e a segunda a situação experimental e o pós-teste, com um intervalo de 2 semanas entre as duas fases.

As 36 crianças foram distribuídas por cada uma das 3 condições experimentais («interacção simétrica», «assimetria induzida» e «assimetria reforçada») com os 6 que resolveram a tarefa correctamente no pré-tes-te, incluídos na condição «assimetria reforçada», como tutores e os restante 30 distribuídos de forma equivalente por 5 grupos, de acordo com os seus desempenhos no pré-teste.

Os resultados mostram que o estatuto do par produz impacto no funcionamento sócio-cognitivo da díade e nos desempenhos individuais no pós-teste.

 

Palavras-Chave: Interacção entre pares, Interacções simétricas/assimétricas, Mediação sócio-cognitiva.

 

 

ABSTRACT

The present study was designed to allow for the comparison of status induction, in two conditions of asymmetry, with a situation of symmetric interaction. As a general hypothesis we state that the asymmetric situations have a predominance of relational regulations and, as a consequence, the children involved have fewer benefits than that involved in a symmetric interaction.

36 children, between the ages of 4:5 and 6:0, from two nursery schools in Lisbon acted as subjects. 30 of the 36 children were not able to solve the task proposed and 6 could solve it correctly. A multiple classification task, with pictures of animals, was used. The experiment was realized in two phases: the first including the pre-test and the second the experimental situation and the post-test, with a delay of two weeks between the two phases.

The 36 children were distributed to one of the three experimental conditions: («symmetric interaction», «induced asymmetry» and «reinforced asymmetry») with the 6 who had solved the task correctly assigned to the condition «reinforced asymmetry», as tutors, and the remaining 30 equally assigned to 5 equivalent groups, according to their performances in the pre-test.

The results show that the peer status has impact on the socio-cognitive functioning of the dyad and on the individual performance in post-test.

 

Key Words: Peer interaction, Symmetrical/Asym-metrical interaction, Socio-cognitive mediation.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

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(*) Toda a correspondência sobre este artigo deve ser enviada para Francisco Peixoto, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Rua Jardim do Tabaco, 44, 1100 Lisboa, Portugal, Fpeixoto@ispa.pt

(**) Instituto Superior de Psicologia Aplicada. UIPCDE.

(***) Psicóloga Educacional.

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