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Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. vol.20 no.1-2 Lisboa dez. 2012

 

Notas do Herbário Florestal do INIAV (LISFA): Fasc. XXXIV - 1

∫1. Novarum Flora Lusitana Commentarii

In memoriam A.R. Pinto da Silva

(1912 – 1992)

 

In Memoriam José Gomes Pedro (1915 - 2010)

 

Jorge Capelo *, Carlos Aguiar **

* Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Oeiras, Portugal jorge.capelo@iniav.pt

** Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária de Bragança cfaguiar@ipb.pt

 

José Gomes Pedro (1915-2010)

 

José Gomes Pedro, engenheiro agrónomo, botânico, estudioso da flora e vegetação portuguesa e africana, morreu em Azeitão em 27 de Dezembro de 2010, com 95 anos de idade. O seu nome tornou-se conhecido dos naturalistas portugueses contemporâneos devido aos seus estudos acerca da Serra da Arrábida e do Estuário do Sado. Muitos dos que com ele conviveram não saberão, porém, que antes de se dedicar à flora arrabidense o Engº Gomes Pedro foi Diretor-Geral da Agricultura de Moçambique e um exímio botânico tropical. Iniciou a sua atividade na Botânica, em 1941, com o estudo da flora duriense, sob orientação do professor João de Carvalho e Vasconcellos (1897-1972). Ainda na década de 40, fez estudos na flora metropolitana, tendo, notavelmente, em 1947, descrito Narcissus fernandesii, um endemismo das bacias do Sado e Tejo, como novo para a Ciência. Na década de 50 do século XX, viajou para Moçambique, onde, a par com as suas funções institucionais, realizou aturados estudos de flora e vegetação: em 1954 e 1955 editou vários volumes das Contribuições para o inventário florístico de Moçambique, cobrindo inúmeras famílias botânicas; ainda em 1955 publicou, com o professor Luis Augusto Grandvaux Barbosa (1914 – 1983), o Esboço do Reconhecimento Ecológico-Agricola de Moçambique, editado pela Junta de Exportação do Algodão em Moçambique. Na década de 60, colaborou ainda nas distintas edições do Mapa da vegetação da área da Flora Zambesiaca, com H. Wild, A. Fernandes e L.A. Grandvaux Barbosa.

De entre os estudos que realizou, já na década de 70, em Portugal, destaca-se, em absoluto, a sua atividade na flora e vegetação da Serra da Arrábida e bacia do Sado. Em 1991 publicou a Vegetação e Flora da Arrábida; a Flora do Baixo Sado. Inventário das plantas vasculares naturais e naturalizadas da Região do Baixo Sado, editada pelo I.C.N. em 1999; e mais recentemente, pouco antes do seu falecimento, em 2010, o guia botânico Flores da Arrábida com Isabel Silva Santos. Em 1997, os botânicos J. Molero e A.M. Rovira dedicaram-lhe a Euphorbia pedroi, uma planta arbustiva endémica das encostas sobre o mar da Arrábida. Foi galardoado em 2006 com o Prémio Quercus. No que respeita a unidades de vegetação, o seu nome associa-se ao Notholaenetum marantae, de Trás-os-Montes e Convolvulo fernandesii-Euphorbietum pedroi, arrabidense, descritos por ele em colaboração com os autores.

Insigne representante de uma notável e inspiradora geração de botânicos portugueses, recordam os autores desta nota a sua pronta e afável disponibilidade para percorrer a 'sua' Serra e mais zonas do país, mostrando e discutindo francamente com botânicos muito mais jovens e inexperientes do que ele próprio.