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Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. v.16 n.2 Lisboa dez. 2008

 

António Monteiro Alves, João Santos Pereira & João M. Neves Silva (editores), 2007

O Eucaliptal em Portugal. Impactes Ambientais e Investigação Científica

ISAPress, 398 págs., ISBN 978-972-8669--25-6. Preço: 20€

 

O livro "O Eucaliptal em Portugal. Impactes Ambientais e Investigação Científica", retomando um trabalho coordenado pelos Professores António Monteiro Alves e João Santos Pereira em 1990 (Impactes ambientais e socio-económicos do eucaliptal em Portugal) apresenta-nos, em 12 capítulos, temas tratados por vários especialistas, que nos permitem ficar a par da evolução mais recente da investigação relativa a esta espécie ainda tão controversa. De cada capítulo consta ainda uma síntese e referências bibliográficas.

O texto acompanha o percurso do eucalipto, desde a sua origem, na Tasmânia e Sudeste da Austrália, até ser introduzido em Portugal em meados do século XIX, sendo que a sua expressão em grandes plantações só se verifica a partir dos anos 70-80 do século XX. Explica as características fisiológicas que justificam a sua elevada produtividade, em comparação com as outras espécies de árvores, tornando-o tão atractivo para os produtores florestais, sobretudo ao permitir ciclos de exploração de cerca de 12 anos. Aborda os programas de melhoramento de que tem beneficiado, que se iniciaram em Portugal na década de 60, referindo que os ganhos de produtividade e qualidade podem variar entre 25-50%, utilizando o material melhorado resultante desses projectos. Em relação aos factores que mais negativamente têm caracterizado as plantações desta espécie, como sejam os efeitos sobre os recursos naturais (água e solo), vegetação espontânea e fauna, efectua-se a sua análise e apresenta-se o estado actual do conhecimento. Assim, em relação aos recursos hídricos, são considerados diversos aspectos das relações floresta/água, nomeadamente a influência das florestas na evapotranspiração e no escoamento, particularizando-se em relação ao eucalipto. Os autores referem que, embora ainda não se possa prever com exactidão os impactes hidrológicos de um eucaliptal, pode pelo menos considerar-se que estes são normais, tendo em conta que se trata de povoamentos com alta densidade, de folha persistente e explorados intensivamente. São também analisados os efeitos negativos sobre o solo, fazendo notar que estes se devem sobretudo às práticas seguidas na instalação e exploração do eucaliptal, e são sugeridas alterações a essas técnicas, dada a necessidade de conservação do solo. Quanto ao decréscimo da vegetação espontânea sob coberto de eucaliptal, os estudos efectuados demonstraram não haver diminuição do número de espécies nem de diversidade, embora a densidade da vegetação tenda a diminuir com o fechamento das copas do povoamento. Como resultado de vários estudos, também se reconhece que povoamentos monoespecíficos e equiénios são pouco propícios ao desenvolvimento de uma fauna rica e diversificada, e os autores apresentam várias medidas de mitigação possíveis.

São ainda abordados aspectos relativos às pragas e doenças que põem em risco o eucaliptal, e em relação ao fogo são também analisadas técnicas de exploração e silvicultura pós-fogo. São igualmente apresentados dados, nomeadamente da Direcção Geral das Florestas (2001), segundo os quais o eucaliptal ocupa uma área de mais de 740 mil hectares, correspondente a aproximadamente 23% da área florestada. É referido que cerca de 95% desta área corresponde a povoamentos de Eucalyptus globulus. Pelos registos da CELPA (2004) a produção anual dos povoamentos de eucalipto traduz-se em 2 milhões de toneladas de pasta para papel branqueada, que representa 40% do valor da exploração florestal portuguesa na balança comercial externa europeia, ou seja, 6% do valor total da exportação nacional. A terminar, analisam-se efeitos possíveis das alterações climáticas nos povoamentos de eucalipto.

 

Ana Ferreira de Almeida

Investigadora Auxiliar

INIA/INRB, IP