SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número2Controlo de Invasoras Lenhosas no Parque Ecológico do FunchalLimonium lowei, um novo nome para o endemismo porto-santense Statice pyramidata Lowe (Plumbaginaceae) índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. v.15 n.2 Lisboa dez. 2007

 

Pode a Vegetação das Galerias Ribeirinhas Reflectir as Perturbações Resultantes da Actividade Humana?

1,2Maria Cristina Duarte*, 1Francisca Constança Aguiar**, 1Maria Teresa Ferreira* e 1António Albuquerque***

 

* Bióloga

**Engª Agrónoma

***Engº Florestal

1Centro de Estudos Florestais. Instituto Superior de Agronomia, Tapada da Ajuda, 1349-017 LISBOA

2Instituto de Investigação Científica Tropical, Trav. Conde da Ribeira 9, 1300-142 LISBOA

 

 

Sumário. Neste trabalho exploram-se as relações entre atributos específicos (e.g. ciclo de vida, hábito, tipo de dispersão), atributos das comunidades vegetais (e.g. riqueza florística, número de estratos) e perturbações antrópicas em cursos de água do tipo mediterrânico. Realizaram-se 205 inventários, no Centro e Sul de Portugal, tendo-se estimado variáveis relacionadas com a perturbação do sistema fluvial, utilizando uma escala de cinco classes (sem alterações significativas a fortemente alteradas). Usaram-se atributos taxonómicos, funcionais e biológicos das espécies presentes em cada local, assim como atributos das comunidades considerados como possíveis indicadores da sua estrutura e naturalidade. As relações entre atributos e variáveis de perturbação foram analisadas usando os coeficientes de correlação de Spearman. Em geral, o ciclo de vida, tipo de reprodução vegetativa, classe taxonómica e consistência foram os atributos das espécies mais reactivos à perturbação. As componentes nativa e exótica da flora apresentaram, geralmente, respostas opostas à perturbação, excepto no caso da conectividade; regime hidrológico, acidificação/toxicidade, input de nutrientes, morfologia do sistema fluvial, qualidade global do habitat e impacto do uso do solo afectaram positivamente a componente exótica e negativamente a nativa. Os resultados apontam para o potencial dos atributos das espécies e das comunidades na bioavaliação da integridade dos ecossistemas ripícolas.

Palavras-chave: atributos específicos; atributos comunitários; espécies exóticas; flora; rios, Centro e Sul de Portugal

 

 

It is Possible for the Vegetation of the Marginal Galleries to Reflect the Resultant Disturbances of Human Activities?

Abstract. We explored the relations between species traits (e.g. life span, body architecture, dispersal mode) and community traits (e.g. floristic richness, number of vegetation strata), and human-disturbance in Mediterranean-type rivers. Two hundred and five floristic surveys were undertaken in 100-metres river stretches of Central and South Portugal (Western Iberia). Disturbance related variables were estimated for each site, using a five degree-scale, from no obvious alterations to highly impacted. We used taxonomical, functional and biological traits of the surveyed species, and community traits that might indicate the ecosystem's structure and naturalness. Potential relationships between community and species traits and the disturbance variables were analysed using Spearman's Correlation. In general, the life span, the type of vegetative reproduction, the taxonomic class, and the woodiness were the most responsive species traits to disturbance. This study also showed that native and exotic components of the flora displayed opposing responses to disturbance, exception made to the river connectivity. The hydrological regime, the acidification/toxicity, the nutrient inputs, the river morphology, the global habitat quality and the land-use impact positively affected the exotic flora, and negatively the native flora. The results highlighted the potential of species and community traits for the bioassessment of river integrity.

Kew words: species traits; community traits; exotic species; flora; rivers; Central and South Portugal

 

 

La Végétation des Galeries Marginales Peut-elle Refléter les Perturbations Résultant d'Activités Humaines?

Résumé. Dans ce travail sont exploitées les relations entre des attributs spécifiques (ex. cycle de vie, habitus, type de dispersion), des attributs des communautés végétales (ex. richesse floristique, nombre des strates) et des perturbations anthropiques sur les cours d’eau du type méditerranée. 205 inventaires ont été réalisés au centre et au sud du Portugal, en estimant des variables qui se rapportent à la perturbation du système fluvial, en utilisant une échelle de cinq classes (sans altérations significatives à fortement changées). Des attributs taxonomiques, fonctionnels et biologiques des espèces présentes en chaque lieu, ainsi que les attributs des communautés considérées comme des indicateurs possibles de sa structure et naturalité ont été utilisées. Les relations entre les attributs et les variables de perturbation ont été analysées en utilisant les coefficients de corrélation de Spearman. En général, le cycle de vie, le type de reproduction végétative, la classe taxonomique et la consistance ont été les attributs des espèces plus réactives à la perturbation. Les composantes native et exotique de la flore ont présenté en général, des réponses opposées à la perturbation, à l'exception du cas de la connectivité; régime hydrologique, acidification/toxicité, input de nutriments, morphologie du système fluvial, qualité globale de l'habitat et l'impact de l'usage du sol ont affecté positivement la composante exotique et négativement la composante native. Les résultats indiquent le potentiel des attributs des espèces et des communautés dans la bio évaluation de l'intégrité des écosystèmes ripicoles.

Mots clés: attributs spécifiques; attributs des communautés; espèces exotiques; flore; rivières; centre et sud du Portugal

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

 

Bibliografia

ACKERLY, D.D., DUDLEY, S.A., SULTAN, S.E., SCHMITT, J., COLEMAN, J.S., LINDER, R., SANDQUIST, D.R., GEBER, M.A., EVANS, A.S., DAWSON, T.E., LECHOWICZ, M.J., 2000. The evolution of plant ecophysiological traits: recent advances and future directions. Bioscience 50: 979-995.        [ Links ]

AGUIAR, F.C., FERREIRA, M.T., 2005. Human disturbed landscapes: effects on composition and integrity of riparian woody vegetation in the Tagus river basin, Portugal. Environmental Conservation 32(1): 30-41.

AGUIAR, F.C., FERREIRA, M.T., ALBUQUERQUE, A., BERNEZ, I., 2005. Invasibility patterns of knotgrass (Paspalum distichum) in Portuguese riparian habitats. Weed Technology 19(3):1-12.

BAATRUUP-PEDERSEN, A., FRIBERG, N., LARSEN, S.E., RIIS, T., 2005. The influence of channelisation on riparian plant assemblages. Freshwater Biology 50: 1248-1261.

BOX, E.O., 1996. Plant functional types and climate at the global scale. Journal of Vegetation Science 7: 309-320.

BRAUN-BLANQUET, J., 1932. Plant Sociology: The study of plant communities. (trad. Inglesa), Mc-Graw-Hill, New York.

CASTROVIEJO, S., AEDO, C., BENEDÍ, C., LAÍNZ, M., MUÑOZ-GARMENDIA, F., NIETO-FELINER, G., PAIVA, J., 1997a. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 8. Haloragaceae - Euphorbiaceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid, Spain, 375 pp.

CASTROVIEJO, S., AEDO, C., CIRUJANO, S., LAÍNZ, M., MONTSERRAT, P., MORALES, R., MUÑOZ-GARMENDIA, F., NAVARRO, C., PAIVA, J., SORIANO, C., 1993. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 3. Platanaceae - Plumbaginaceae (partim) - Capparaceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid, Spain. 730 pp.

CASTROVIEJO, S., AEDO, C., GÓMEZ-CAMPO, C., LAÍNZ, M., MONTSERRA,T P., MORALES, R., MUÑOZ-GARMENDIA, F., NIETO-FELINER, G., RICO, E., TALAVERA, S., VILLAR, L., 1996. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 4. Cruciferae - Monotropaceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. 730 pp.

CASTROVIEJO, S., AEDO, C., LAÍNZ, M., MORALES, R., MUÑOZ-GARMENDIA, F., NIETO-FELINER, G., PAIVA, J., 1997b. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 5. Ebenaceae - Saxifragaceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. 320 pp.

CASTROVIEJO, S., LAÍNZ, M., LÓPEZ-GONZÁLEZ, G., MONTSERRAT, P., MUÑOZ-GARMENDIA, F., PAIVA, J., VILLAR, L., 1986. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 1. Lycopodiaceae - Papaveraceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. 575 pp.

CASTROVIEJO, S., LAÍNZ, M., LÓPEZ-GONZÁLEZ, G., MONTSERRAT, P., MUÑOZ-GARMENDIA, F., PAIVA, J., VILLAR, L., 1990. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 2. Platanaceae - Plumbaginaceae (partim), Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. 897 pp.

CORBACHO, C., SÁNCHEZ, J.M., COSTILLO, E., 2003. Patterns of structural complexity and human disturbance of riparian vegetation in agricultural landscapes of a Mediterranean area. Agriculture, Ecosystems & Environment 95: 495-507.

DAVIS, M.A., GRIME, J.P., THOMPSON, K., 2000. Fluctuating resources in plant communities: a general theory of invasibility. Journal of Ecology 88: 528-534.

DUARTE, M.C., MOREIRA, I., FERREIRA, M.T., 2004. Flora de ecossistemas aquáticos e ribeirinhos portugueses: delimitação taxonómica, tipológica e espacial. Recursos Hídricos 25: 67-94.

FRANCO, J.A., 1971; 1984. Nova Flora de Portugal (Continente e Açores). 1. Lycopodiaceae - Umbelliferae; 2. Clethraceae - Compositae. Edição do Autor, Lisboa. 648, 660 pp.

FRANCO, J.A., ROCHA-AFONSO, M.L., 1994; 1998; 2003. Nova Flora de Portugal (Continente e Açores). 3(1) Alismataceae - Iridaceae; 3(2) Gramineae; 3(3) Juncaceae - Orchidaceae. Escolar Editora, Lisboa. 181, 283, 198 pp.

GRIME, J.P., 2001. Plant Strategies, Vegetation Processes, and Ecosystem Properties. 2nd ed. Wiley. 417 pp.

JANSSON, R., NILSSON, C., DENYSIUS, M., ANDERSSON, E., 2000a. Effects of river regulation on river-margin vegetation: a comparison of eight boreal streams. Ecological Applications 10: 203-224.

JANSSON, R., NILSSON, C., RENOFALT, B., 2000b. Fragmentation of riparian floras in rivers with multiple dams. Ecology 81: 899-903.

KARR, J.R., DUDLEY, D.R., 1981. Ecological perspective on water quality goals. Environmental Management 5: 55-68.

KENT, M., COKER, P., 1992. Vegetation Description and Analysis. A Practical Approach. Belhaven Press, London. 363 p.

LOPEZ, R.D., FENNESSY, M.S., 2002. Testing the floristic quality assessment index as an indicator of wetland condition. Ecological Applications 12: 487-497.

LYON, J., SAGERS, C.L., 2002. Correspondence analysis of functional groups in a riparian landscape. Plant Ecology 164: 171-183.

MAILLET, L., LOPEZ-GARCIA, C., 2000. What are relevant for predicting the invasive capacity of new agricultural weed? The case of invasive American species in France. Weed Research 40: 11-26.

MCINTYRE, S., LAVOREL, S., LANDSBERG, J., FORBES, T.D.A., 1999. Disturbance response in vegetation – towards a global perspective on functional traits. Journal of Vegetation Science 10: 621-630.

MCKINNEY, M.L., 2004. Do exotic homogenize or differentiate communities? Roles of sampling and exotic species richness. Biological Invasions 6: 495-504.

MOFFATT, S.F., MCLACHLAN, S.M., 2004. Understorey indicators of disturbance for riparian forests along an urban–rural gradient in Manitoba. Ecological Indicators 4: 1-16.

MUÑOZ-GARMENDIA, F., NAVARRO, C., 1998. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 6. Rosaceae, Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. 592 pp.

MYERS, J., BAZELY, D., 2003. Ecology and Control of Introduced Plants. Ecology, Biodiversity and Conservation. Cambridge.

REYNOLDSON, T.B., NORRIS, R.H., RESH, V.H., DAY, K.E., ROSENBERG, D.M., 1997. The reference condition: a comparison of multimetric and multivariate approaches to assess water quality impairment using benthic macroinvertebrates. Journal of North American Benthological Society 16(4): 833-852.

SAX, D.F., KINLAN, B.P., SMITH, K.F., 2005. A conceptual framework for comparing species assemblages in native and exotic habitats. Oikos 108: 457-464.

SKARPE, C., 1996. Plant functional types and climate in a southern African savanna. Journal of Vegetation Science 7: 397-404.

STATSOFT INC., 2001. STATISTICA (data analysis software system), version 6.

STEVENS, M.H.H., CARSON, W.P., 2001. Phenological complementarity, species diversity, and ecosystem function. Oikos 92: 291-296.

TALAVERA, S., AEDO, C., CASTROVIEJO, S., ROMERO-ZARCO, C.,  SÁEZ, L., SALGUEIRO, F.J., VELAYOS, M., 1999. Flora Iberica: Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares. 7(1). Leguminosae (partim), Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid, Spain. 578 pp.

TER BRAAK, C.J.F., SMILAUER, P., 1997-2003. CANOCO for Windows. Version 4.52. Biometris - Plant Research International, Wageningen, The Neederlands.

 

 

Entregue para publicação em Junho de 2006

Aceite para publicação em Janeiro de 2007