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vol.14 número2∫1. De Novarum Flora Lusitana Commentarii - VII In memoriam A. R. Pinto da Silva (1912 - 1992): 23. Pimpinella major (L.) Huds., uma nova Apiaceae para a flora de Portugal∫2. De Vegetatio Lusitana Notae- V: 10. Perennial vegetation of coastal sand-dunes in northern Portugal índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
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Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. v.14 n.2 Lisboa dez. 2006

 

∫1. De Novarum Flora Lusitana Commentarii - VII

In memoriam A. R. Pinto da Silva

(1912 – 1992).

 

24. Allium ursinum L. subsp. ursinum: confirmação da presença em Portugal

 

Carlos Aguiar *, Carlos Aedo**

 

Com a intenção de prospectar a brioflora de um território até então ignorado pelos especialistas, o casal Allorge herborizou em algumas localidades do Distrito de Bragança, no ano de 1931. Desta excursão resultou a publicação: P. ALLORGE & V. ALLORGE [Sur quelques aspects de la végétation aus environs de Bragança. Port.Acta Biol., vol. J. Hen.: 63-86, 1949]. Bem ao gosto da época ALLORGE & ALLORGE (op. cit.) incluem um relato pormenorizado da sua viagem, com referências abundantes à vegetação e à flora vascular da Serra de Nogueira (Trás-os-Montes, Concelho de Bragança, Freguesia de Rebordãos). No mesmo trabalho citam a presença de Allium ursinum na Serra de Nogueira "Le long d'un ruisseau borde de Corylus Avellana L. qui forme la strate arborescente …" que, mais adiante, defendem tratar-se da primeira referência da espécie para Portugal: "… remarquons que l'Allium ursinum fréquent dans les bois mésophiles de presque tout la France se retrouve ici. … A notre connaissance elle n’a pas été trouvé jusqu'a présent au Portugal, et la serra de Nogueira représente donc la première localité que étend son aire vers le Sud."

A referência de ALLORGE& ALLORGE (op. cit.) foi desconsiderada pelas Floras de referência posteriores – e.g. Flora Europaea e Nova Flora de Portugal – e o A. ursinum não mais voltou a ser citado para Portugal. AGUIAR [Flora e Vegetação da Serra de Nogueira e do Parque Natural de Montesinho, Diss. Dout., ISA-UTL, 2002] assinalou a presença de A. victorialis L. na Serra de Nogueira, possivelmente na mesma localidade onde 60 anos antes ALLORGE & ALLORGE (op. cit.) referenciaram o A. ursinum. Os exemplares de herbário provenientes desta população foram recentemente estudados no âmbito de uma revisão alargada do género Allium para o projecto Flora Iberica. A sua análise permitiu confirmar a presença de uma população indígena de A. ursinum subsp. ursinum em Portugal continental, à qual, certamente, deverá ser atribuído um elevado estatuto de ameaça UICN.

BRAGANÇA: Rebordãos, junto à segunda linha de água, afluente da Rib.ª do Remisquedo, a contar da nascente, na carta 1: 50 000, local húmido e sombrio no interior do carvalhal, 1060 m, 30.VI.1991, C. Aguiar 960, Herb. Esc. Sup. Agr. de Bragança 1287 e 1288. [Det.: Carlos Aedo]

 

* Escola Superior Agrária de Bragança, cfaguiar@ipb.pt

**Real Jardín Botânico, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, aedo@rjb.csic.es.