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Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. v.10 n.2 Lisboa dez. 2002

 

Bjorn Lomborg

The Skeptical Environmentalist : Measuring the Real State of the World

Cambridge University Press (Preço: 35,54 Euros). ISBN: 0521010683

Bjorn Lomborg, dinamarquês, professor de estatística e ex-activista da Greenpeace, escreveu um livro polémico rebatendo os lugares-comuns mais alarmistas sobre ambiente, baseando-se apenas em dados oficiais - e disponíveis - da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (UE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

O autor analisa as afirmações catas-trofistas mais comummente repetidas, como o aumento descontrolado da população no mundo, a falta de alimentos e energia, a poluição do ar e da água, o efeito de estufa, o desapare-cimento das florestas, a perda da biodiversidade, demonstrando a sua falsidade e informando-nos sobre a origem de alguns desses " boatos". Todos os temas tratados - o livro tem cerca de 500 páginas - são documentados com mais de 2 000 referências, permitindo ao leitor verificar os dados em que o autor se baseia. Por exemplo, o número de 40 000 espécies que se extinguiriam anualmente, número esse que todos já vimos escrito e ouvimos repetir, baseia-se num cálculo do biólogo Myers, do género "se houvesse 1 milhão de espécies extintas em 25 anos, teríamos uma média de 40 000 espécies extintas por ano." Não tem nenhuma base científica, mas toda a gente fixou o número. Segundo os dados oficiais do IUCN, a taxa de extinção estima-se em 0,7% das espécies em 50 anos - e já é bastante!

Ficamos também a saber, pelos dados que Bjorn Lomborg analisou, que o único resultado prático do cumprimento do protocolo de Quioto será a diminuição de 0,2ºC, do aumento da temperatura esperado para 2100 - aumentará 1,9ºC, em vez 2,1ºC…

Para além destas "curiosidades", todas fundamentadas, que se vão repetindo em cada tema tratado e tornaram Bjorn Lomborg alvo da fúria dos movimentos ecologistas, o que nos parece mais importante é a filosofia subjacente a este livro: em resumo, que as condições de vida têm melhorado, embora ainda haja muito a fazer. Ou seja, é necessário fundamentar as decisões políticas, no que se refere ao ambiente, em premissas correctas, baseadas em conhecimentos científicos actualizados, e não em falsidades, a que Lomborg chama a "Litania". E as decisões devem privilegiar as pessoas, mesmo que, do ponto de vista do ambiente, essas decisões não sejam as ideais.

Se outro mérito não tiver, este livro será pelo menos útil para re-equacionar os nossos "dogmas" ambientais.

Ana Ferreira de Almeida

Investigador Auxiliar

EFN