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Revista Diacrítica

Print version ISSN 0807-8967

Diacrítica vol.26 no.2 Braga  2012

 

Galegos, galego-portugueses ou espanhóis? Hipóteses e contributos para a análise das origens e funções da imagem atual da Galiza e dos galegos em Portugal

Galicians, galician-portuguese or spanish? Hypotheses and contributions for an analysis of the origins and functions of the current image of Galicia and galicians in Portugal

Carlos Pazos Justo*

*CEHUM, Universidade do Minho, Braga, Portugal; Grupo GALABRA (USC).

carlospazos@ilch.uminho.pt

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo contribuir para a análise da imagem contemporânea da Galiza e dos galegos no Portugal. Num primeiro momento, partimos do imaginário português de fins do século XIX e primeiras décadas do XX, onde a imagem da Galiza e os galegos pode ser entendida como formada por dois imagotipos: o imagotipo negativo e o imagotipo de afinidade. Na segunda parte deste artigo, lançamos algumas hipóteses que pensamos viáveis como contributos para a análise da imagem da Galiza e os galegos das elites culturais portuguesas. Deste modo, entendemos que o estudo da imagologia atual de Galiza e dos galegos deve conjugar a palavra invisibilidade, vinculada à emergência da Espanha e do espanhol em Portugal, assim como analisar a provável vigência do imagotipo de afinidade e as suas (novas) funções.

Palavras-chave: imagologia, imagotipo de afinidade, Galiza, galegos, Portugal.

 

RESUMEN

El presente artículo tiene por objetivo contribuir al análisis de la imagen contemporánea de Galicia y de los gallegos en Portugal. En un primer momento, partimos del imaginario portugués de finales del siglo XIX y primeras décadas del XX, donde la imagen de Galicia y los gallegos puede ser entendida como formada por dos imagotipos: el imagotipo negativo y el imagotipo de afinidad. En la segunda parte de este artículo, proponemos algunas hipótesis que pensamos que son viables como orientaciones generales para el análisis de la imagen de Galicia y los gallegos de las elites culturales portuguesas. De este modo, entendemos que el estudio de la imagología de Galicia y los gallegos debe conjugar la palabra invisibilidad, vinculada a la emergencia de España y de lo español en Portugal, así como analizar la probable vigencia del imagotipo de afinidad y sus (nuevas) funciones.

Palabras clave: imagología, imagotipo de afinidad, Galicia, gallegos, Portugal.

 

Este estudo[1] tem por objetivo contribuir para a análise da imagem contemporânea da Galiza e dos galegos em Portugal partindo, em primeiro lugar, do imaginário português de fins do século XIX e primeiras décadas do XX[2]. Na segunda parte deste artigo, lançaremos algumas hipóteses que pensamos viáveis como contributos para ulteriores pesquisas, nomeadamente no que diz respeito à imagem da Galiza e os galegos das elites culturais portuguesas.

Metodologicamente, esta abordagem nutre-se de ferramentas e orientações desenvolvidas por, nomeadamente, Machado e Pageaux 2001 e Beller e Leerssem 2007. Assim, entendemos que as imagens, (i) apesar da fragmentação do conhecimento em curso, estão inscritas essencialmente na cultura de uma determinada comunidade ou país, não sendo, portanto, elaborações individuais; (ii) são basicamente ideias, crenças ou discursos que intervêm significativamente no relacionamento com o outro[3], tendo consequentemente uma importante influência no plano (inter)cultural (mas também económico, político, etc.); e, por sua vez, (iii) as suas origens e funções podem ser diversas, não são unívocas, podendo ser compostas, e apresentam uma alta resistência à mudança e/ou desativação. Interessa ressaltar, por último, os vínculos existentes entre a imagologia e a produção cultural; isto é, a elaboração e divulgação de imagens tem nos campos culturais um espaço privilegiado, tanto ao nível das heteroimagens como das autoimagens (cfr. Beller e Leerssem 2007: 26).

A imagem portuguesa da Galiza e dos galegos

A imagem portuguesa da Galiza e dos galegos de fins do século XIX e primeiras décadas do século XX pode ser, em nossa opinião, entendida a partir da noção de imageme de Joep Leersem[4], porquanto apresenta uma composição dual, constituída de vários elementos antagónicos ou, no mínimo, incompatíveis.

No período fixado, e com raízes nos séculos anteriores, o imaginário português a respeito dos galegos estava presidido pelo que denominámos imagotipo negativo. A sua origem estaria vinculada no essencial ao fenómeno migratório galego em Portugal, em Lisboa nomeadamente[5]. A posição/função social que os galegos emigrados exerceram até, grosso modo, meados do século XX, vai alimentar repertorialmente o imaginário português. Deste modo, os galegos seriam grosseiros e brutos, ignorantes e avarentos, trabalhadores não qualificados, em ocasiões alcoólicos, ingénuos mas desconfiados, utentes de uma variedade linguística própria e de uma vestimenta peculiar, sem vínculos aparentes com Portugal; podem aparecer designados como gallegos, tuyanos ou vigoenses. A vitalidade deste imagotipo negativo aqui descrito ficou patente em inúmeros produtos culturais: desde a literatura, passando pelas caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro e a fotografia, até ao incipiente cinema português das décadas de 30 e 40[6]. Um exemplo notório (e controverso na altura, aliás) de uma ativação deste imagotipo é o seguinte excerto das páginas d’O Paiz de 1912:

Todavia, o mais refinado ladrão n’esta especialidade é o gallego tasqueiro, taberneiro carvoeiro e merceeiro. Este figurão vindo do norte, cheio de ronha e porcaria, é aceite em Lisboa como homem honesto e de trababalho [...] Feitas as contas e bem analysado á luz da critica clara, nem ele nunca foi honesto, nem respeitador das nossas leis, nem grato á hospitalidade que lhe dispensamos, nem util por qualquer motivo ao nosso meio industrial [...] O gallego vulgar, o que anda para ahi em certos misteres, é uma especie de judeu do que respeita a negocio. Se a sua actividade se encaminha para a taberna ou para o café, o gallego falseia todos os productos que vende; assim como se compraz em nucna dar a medida cabal dos liquidos vendidos nem o peso certo das cousas que se lhe compra [...] Além d’isso, na maior parte dos casos é imoral e porco, uma espécie de toupeira que tanto fura por um montão de esterco como por outro solo mais hygienico [...] A questão é de dinheiro, e o gallego, a trôco d’este metal presta-se a tudo (Moraes 1912).

Paralelamente, no último terço do século XIX e primeiras décadas do XX, a imagologia portuguesa a respeito da Galiza e dos galegos experimenta uma complexificação notável ao despontar um novo imagotipo que denominámos de afinidade. Em sintonia com a oitocentista planificação galeguista de, por exemplo, Manuel Murguia (interessada em vincular-se culturalmente a Portugal[7]), Teófilo Braga, nomeadamente, Leite de Vasconcelos, Oliveira Martins ou Alexandre Herculano (Torres 1999a), vão introduzir na sua produção a Galiza como espaço geo-humano individualizado (a respeito do espanhol/castelhano), pondo em valor uma série de elementos de variada natureza, designadamente a respeito da vinculação entre a Galiza e Portugal: identidade/afinidade de língua, alma, passado, raça, paisagem, etc.[8]; contestam, por sua vez, o imagotipo negativo.

A partir da trajetória do enclave galego de Lisboa tentámos demonstrar como por volta da década de 20 do século passado, o imagotipo negativo passa a partilhar o imaginário português com uma nova visão da Galiza e dos galegos (remetemos novamente para Pazos 2012). As tomadas de posição de destacados membros da colónia de Lisboa, ao descobrirem que a sua origem galega poderia retribuir-lhe outros capitas além do económico (capital social e cultural, mormente), indicam, em nosso entender, que uma outra forma de imaginar a Galiza e os galegos, em concorrência com o imagotipo negativo, cristaliza em Portugal seguindo o caminho traçado por grupos e agentes galegos e portugueses interessados, por distintos motivos, em fortalecer as relações galego-portuguesas. Neste sentido, são vários os eventos que, com maior ou menor sucesso, têm lugar neste período (até 1936) encenando os vínculos galego-portugueses (vid. Marco 1996: 201-202). Aqueles contribuem necessariamente para uma exposição da Galiza e os galegos, por exemplo na imprensa periódica, em termos bem afastados do imagotipo negativo (cfr. Cunha 2007). É nestes estado de coisas que se entende, por exemplo, a que talvez seja a intervenção mais explícita e incisiva a impugnar o imagotipo negativo neste período; afirmava Alfredo Guisado, outrora órfico, desde as páginas do Diário de Notícias de 1929:

Como conheço bem a Galiza e como conheço tambem o que são e o que valem os galegos, lamento que, por vezes, nós, portugueses, sejamos tão desagradaveis para com eles.

Sim, porque temos de confessar, a palavra ‘galego’ anda constantemente cercada no nosso vocabulario dum grande desprezo e dum profundo ridiculo. Sucede muitas vezes, quando se chega ao insulto, atirar com essa palavra por se supôr que ela encerra uma das mais agressivas e violentas ofensas. Já até tem acontecido aparecer nas colunas de alguns dos nossos diarios como o termos encontrado que melhor pode amesquinhar determindado cidadão.

[...]

Ridicularizar, portanto, os galegos, pela sua lingua, o mesmo será que ridicularizar-nos a nós proprios, falando do nosso glorioso passado literario (Guisado 1929).

Resumindo, as intervenções de destacados membros do enclave galego e de membros das elites culturais portuguesas e galegas, em sintonia com a tomada de posição de Alfredo Guisado[9], evidenciam, em nosso entender, uma nova forma de imaginar a Galiza e os galegos a funcionar socialmente, efetivamente. Este novo imagotipo, não é representação exclusiva de um grupo humano, como o negativo; é representação de indivíduos (os galegos em geral) e, especialmente, da Galiza (território com caraterísticas próprias). Por outro lado, enquanto o imagotipo negativo está vinculado ao fenómeno migratório galego em Portugal e é ativado no espaço social português sobretudo para provocar o riso, o imagotipo de afinidade responde ao labor planificador de galegos e portugueses e pode funcionar, por exemplo, para ativar as relações entre a Galiza e Portugal no plano cultural[10] ou servir de plataforma aos imigrantes galegos para aquisição de outros capitais além do económico.

Da invisibilidade e a imageme: algumas hipóteses

Quanto e quê desta imageme, desta imagem lusa da Galiza e dos galegos ficou após a implantação do Estado Novo e da Ditadura franquista com o consequente apagamento das possibilidades de intervir cultural e politicamente de muitos dos interessados no contacto galego-português[11], de muitos dos empenhados na ativação do imagotipo de afinidade, é questão de difícil resposta. Apenas podemos lançar aqui algumas hipóteses que no melhor dos casos poderiam contribuir para um programa de pesquisa futuro.

Em primeiro lugar, como hipótese, cremos que hoje, nos inícios da segunda década do século XXI, a análise da matéria proposta deverá equacionar primeiramente a invisibilidade da Galiza e os galegos desde Portugal no meio de um emergente todo espanhol. Após a queda dos regimes autoritários e o posterior ingresso dos dois estados, o português e o espanhol, na hoje denominada União Europeia, o modo de relações intra-peninsulares parece ter mudado significativamente. Neste panorama, apresentam-se particularmente substantivos os indícios que apontam para uma modificação relevante na posição do estado vizinho e os seus cidadãos no imaginário português. Aparentemente, face a uma imagem historicamente marcada pelo “antiespanholismo” ou o “fantasma ‘iberista’” (Lourenço 1994: 82)[12], o imaginário português atual parece nutrir-se também de uma aberta admiração, não só mas também, cultural para com a Espanha[13]. Repare-se, por exemplo, na irrupção vertiginosa da língua espanhola no sistema de ensino obrigatório português desde meados da década de 90[14]; dado este que deverá destacar-se em futuras pesquisas imagológicas hispano-portuguesas, e igualmente no relativo às galego-portuguesas.

Por outro lado, o facto de Portugal (os portugueses) se imaginar(em) a si próprio(s) como uma cultura homogénea, “espaço histórico cultural sem ‘diferenças’” em palavras de Eduardo Lourenço (1994: 82), propenso a equações do tipo 1 país = 1 capital = 1 cultura = 1 língua = etc., aparentemente pode ter contribuído para a menor visibilidade da heterogeneidade doutros estados, neste caso a do Estado espanhol onde, como é sabido, se insere a Galiza. Parece, em todo o caso, inevitável atender ao relacionamento hispano-luso, à imagologia hispano-lusa no estudo da imagem portuguesa da Galiza como mais um fator não prescindível.

Paralelamente, as investigações a fazer sobre a imagem atual da Galiza e dos galegos em Portugal terão necessariamente, em nossa opinião, de problematizar a linha de análise, preponderante no âmbito dos estudos das relações galego-portuguesas historicamente consideradas, que entende estas como umas relações assimétricas (cfr., p. ex., Villares 1983, Vázquez 1995, Medeiros 2003 e 2006 ou Tarrío 2004)[15] e questionar se a dita assimetria está direta ou indiretamente vinculada à invisibilidade antes aludida.

Em segundo lugar, entendemos que a imagem atual da Galiza em Portugal também pode ser perspetivada, como hipótese de trabalho, a partir da imageme descrita mais acima. Assim, observamos indícios, na atualidade, de vínculos entre o imaginário português a respeito da Galiza e dos galegos (e consequentemente o modo de se relacionar com estes) e o imagotipo de afinidade já referido. Assim, a ideia ou crença da Galiza e dos galegos como comunidade e indivíduos que mantém algum tipo de afinidade com Portugal e os portugueses parece funcionar culturalmente, socialmente, pelo menos para algumas elites culturais portuguesas. Apesar dos entraves que contrariaram ostensivamente as possibilidades de (inter)comunicação entre galegos e portugueses durante várias décadas do século XX[16], podem ser encontrados sinais de alguma vigência deste imagotipo em, por exemplo, produtos literários com presença repertorial galega, ou nos discursos políticos emanados de instituições galego-portuguesas.

Em 1999, Elias Torres analisava a matéria galega em quatros romances portugueses da década de 90[17] concluindo que a Galiza ficcionalizada estava:

esvaída de identidade comum a Portugal, híbrida de ruídos e sombras sobrepostos que impedem enxergá-la com clareza, vai aparecendo a olhos do leitor como qualquer coisa próxima mas alheia, nutrida de pequeninas pegadas partilhadas a ambos os lados do Minho, mas imersa numha confusom, onde interessa o tópico e o exotizante a custa da realidade, em obras de expressa índole documental na sua diegese [...] É difícil resumir a perspectiva que estes livros oferecem da Galiza como entidade lingüística e cultural. O contacto galego-português fica presidido pola distáncia (Torres, 1999b: 304-305; itálico e negrito no original).

Assumindo a análise anterior, poderíamos citar o Prémio Maria Ondina Braga de 2011, O eremita galego (Rocha, 2011), onde a representação da Galiza, sem deixar de veicular uma realidade próxima (uma das personagens, p. ex., explicita que entre galego e português, “A diferença também não é muita”), aparece toldada desta confusão, onde mistério, morte e religião surgem como elementos centrais. Diga-se de passagem que neste romance, além dos óbvios paralelismos com a trágica história do eremita de origem alemã Man, parece pairar a mediática emergência do Caminho de Santiago e os discursos à volta dele elaborados (cfr. Torres 2011).

Neste sentido, o estudo da imagem portuguesa da Galiza e dos galegos, terá também de atender, em nossa opinião, ao ruído que em não poucas ocasiões preside o relacionamento galego-português. Exemplificamos: em Portugal, temos assistido ao singular encontro entre turista ou viajante galego (muitas vezes castelhano-falante) e empregado de mesa ou funcionário do posto de turismo em que o primeiro, ativando o seu imaginário, se expressa no seu galego(nhol) e o segundo, fazendo o próprio, em portunhol. Além do caricata e até risível, a situação demonstra os défices que galegos e portugueses acumularam durante as últimas décadas ou, dito por outras palavras, é expressão de discordâncias imagológicas dos dois lados do rio Minho[18].

Outro âmbito de pesquisa onde o imagotipo de afinidade teve e tem, presumivelmente, uma certa vitalidade é o relacionado com a nova arquitetura institucional surgida após a entrada dos dois estados na União Europeia. A partir dos inícios da década de 90 do século passado, vão tomando corpo, de forma pioneira no contexto peninsular (cfr. Herrero 2000: 270), duas instituições transfronteiriças galego-portuguesas: a Comunidade de Trabalho Galiza-Região Norte de Portugal e o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular. Os processos de constituição assim como o desenvolvimento posterior de ambas as instituições apresenta-se acompanhado, nos casos observados, de discursos que recorrem à ideia ou crença, elaborada desde o século XIX como vimos, de afinidade de variado tipo entre a Galiza e Portugal. Exemplificando: já num dos primeiros documentos fundacionais da primeira das instituições, é notório o recurso a esta ideia quando se alude “às históricas afinidades socio-económicas, culturais e lingüísticas” entre a Galiza e a Região do Norte de Portugal (Xunta de Galicia e Comissão de Coordenação da Região Norte 1991: 1). Mais expressivamente, o recurso a estas “históricas afinidades” é o elemento central do discurso em Galiza, Norte de Portugal: duas regiões, uma euro-região construindo a Europa dos cidadãos, uma das publicações do Eixo Atlântico (2004). O primeiro dos três apartados de que é constituído o livro, “Duas regiões europeias”, desenvolve alguns dos elementos que enformam o imagotipo de afinidade: o passado / a história, a língua, a cultura popular, a paisagem, etc. [19]. Nestes casos, o imagotipo de afinidade, quanto às funções, parece estar ao serviço de políticas públicas de planificação (já não estritamente cultural mas) económica, no âmbito das políticas emanadas da União Europeia, mostrando assim a diversidade de funções que esta imagem pode efetivamente desenvolver desde a sua elaboração há mais de um século.

Por último, e voltando à imageme, caberia ainda pergunta-se sobre o percurso do aqui denominado imagotipo negativo. Em função dos dados manejados, tudo parece indicar que esta visão da Galiza e dos galegos estaria hoje fossilizada na fraseologia do português europeu. Assim, ditados do tipo Trabalhar como um galego, Debaixo de galego, só um burro, Cinquenta galegos não fazem um homem ou Ver-se galego[20] teriam hoje no espaço social português uma ocorrência menor ou residual e estariam esvaídos da sua função humorística, até porque o fenómeno migratório galego em Portugal deixou de ter continuidade em meados do século XX.

A partir do até aqui exposto e a modo de conclusões, entendemos que as hipóteses aqui levantadas podem contribuir para um programa de pesquisa futuro, cujas questões investigadoras sejam, resumidamente:

a) Qual é o grau de (in)visibilidade da Galiza e dos galegos no imaginário português atual? Como e quanto é condicionada esta (in)visibilidade pela radical mudança na posição da Espanha e dos espanhóis no imaginário português nas últimas décadas?

b) Em que medida a atual imagem portuguesa da Galiza e dos galegos tem as suas raízes, nomeadamente no relativo ao imagotipo de afinidade, nas elaborações fixadas por galegos e portugueses entre o último terço do século XIX e as primeiras décadas do XX?

c) E em seguimento da questão anterior: quais são as (novas e potenciais) funções da imagem da Galiza e dos galegos (distancia e/ou aproxima) no Portugal atual?

 

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Notas

[1] Uma versão inicial deste trabalho foi apresentada nas I Jornadas Galiza mais perto organizadas pelo Centro de Estudos Galegos (CEG) da Universidade do Minho (Braga, 14 e 15 de junho de 2012), sob o título “Galegos, galego-portugueses ou espanhóis? Questões de imagem”; agradecemos aqui ao CEG, na pessoa da Profª. Marisa Moreda, o amável convite para participar nas mesmas.

[2] Relativamente à imagologia da Galiza e dos galegos entre fins do século XIX e inícios do XX sintetizaremos nas páginas seguintes a abordagem realizada em Pazos 2012.

[3] Para Joep Leerssem: “Imagology [...] its aim is to understand a discourse of representation rather than a society” (Beller e Leerssem 2007: 27); do mesmo modo, entende a imagem “as the mental silhouette of the other, who appears to be determined by the characteristics of family, group, tribe, people or race. Such an image rules our opinion of others and controls our behaviour towards them” (Beller e Leerssen 2007: 4; sublinhados nossos).

[4] Definida assim pelo autor: “In most cases, the image of a given nation will include a compound of layering different, contradictory counter-images, with (in any given textual expression) some aspects activated and dominant, but the remaining counterparts all latently, tacitly, subliminally present. As a result, most images of national character will boil down to a characteristic, or quasi-characterological, polarity: passion and arrogance in the Spaniards, refinement and immorality in the Italians [...] An imageme is the term used to describe an image in all its implicit, compounded polarities (Beller e Leerssen 2007: 343-344).

[5] Entre outros, estudou e analisou com extensão o fenómeno migratório galego em Portugal Domingo González Lopo em, por exemplo, González 2006 e 2009.

[6] Importa salientar que a visibilidade dos galegos na Lisboa oitocentista era tal (lembre-se que muitos dos afazeres dos galegos tinham lugar na praça pública) que ficou registada em textos de numerosos autores estrangeiros (cfr. Lapa 1952 e Garcia 1996).

Para a análise do aqui denominado imagotipo negativo, contribuíram desde diferentes perspetivas: Marçal 1954, Felgueiras 1981, Pinho 1983, Beirante 1992, Rodriguez e Torres 1994, Carlos Consiglieri apud Pinheiro 1994, Kristensen e Evans 2006, Vaz 2008, Grygierzee e Ferro 2009 ou Dantas 2010.

[7] Os primeiros galeguistas começam a desenhar uma série de traços identitários dos galegos que os ligam interessadamente a Portugal, referente de reintegração, que irá funcionar como “alicerce da legitimidade de existir e reforço da própria identidade e da soberania cultural” (Torres 1999a: 273; cfr. Medeiros 2003: 324).

[8] Seguimos aqui de perto as teses propostas por Elias Torres que recolhe vários textos dos autores citados especialmente elucidativos (Torres 1999a: 273 e ss.); em Pazos 2012: 44-46 fazemos uma seleção destes textos em função do seu interesse imagológico.

[9] Abordámos a relação de Alfredo Guisado com o percurso da imagem portuguesa da Galiza e dos galegos em Pazos 2010.

[10] Esta nova forma de imaginar a Galiza em Portugal teria sido assimilada por setores do nacionalismo mais conservador, centrais no Estado Novo: estaria também por trás do alegado plano de anexação Galiza por parte do Estado Novo no meio da Guerra Civil espanhola, referido por José Freire Antunes sob a epígrafe “Salazar e ‘anexação’ da Galiza”? (Antunes 2003: 642-648).

[11] Se bem é certo que durante as décadas de autoritarismo houve espaço também para o contacto galego-português, reduzido basicamente ao âmbito académico (Medeiros 2003: 328), a rutura com período anterior parece ponto assente. Segundo António Medeiros: “No final dos anos 30, com a consolidação do “Estado Novo”, encerrou-se um ciclo de interesses pela Galiza por parte dos intelectuais portugueses, que tinha ganho algumas expressões nítidas a partir das últimas décadas do século XIX. Cristalizaram então expressões vivas e politicamente plurais do nacionalismo que tinham marcado os anos da I República, quando vingaram em Portugal interesses pela Galiza, na minha opinião sobretudo acicatados pelas solicitações de reconhecimento vindas de além do Minho. Foi no entanto, o Alzamiento de 1936 que marcou mais definitivamente o fim das curiosidades mantidas em Portugal pela “questão galega”, desinteresse que perdura até hoje, em grande medida.” (Medeiros 2003: 327)

[12] Noutros termos, e com outras implicações, caberia aqui falar da cultura espanhola como referente de oposição para a cultura portuguesa na época contemporânea (para os conceitos de referente de reintegração, mais acima invocado, ou de oposição vid. Beramendi 1991).

[13] Admiração já prescrita de alguma forma por Eduardo Lourenço no agora longínquo 1988, data da primeira publicação do artigo Lourenço 1994. Neste sentido coloco a seguinte interrogação: se José Saramago se expatriasse na Espanha em 2012 (coincidindo com a presença de destacadas figuras do futebol português na liga de futebol espanhola) a leitura portuguesa seria a mesma da verificada após a publicação em 1991 d’O Evangelho Segundo Jesus Cristo?

[14] Se para o ano 1991/1992 era 35 o número de alunos de língua espanhola no sistema de ensino português, isto é, apenas uma turma, segundo a Consejería de Educación da Embaixada de Espanha em Portugal, em 2010/2011 foram 86140 os alunos portugueses que escolheram espanhol como língua estrangeira (cfr. Consejería de Educación [2012]: 5).

[15] Anotamos, neste sentido, as expressivas questões levantadas por Elias Torres: “Na actualidade, existe alguma tendência no seio galeguista a interpretar que os portugueses não se importa(va)m, não liga(va)m às expectativas galeguistas; o qual, interroga-se pouco ou nada sobre qual é a oferta galega a portuguesas e portugueses a quem se dirige e qual os motivos por que elas e eles têm que atender as demandas galeguistas; demandas, por certo, extraordinariamente minoritárias no próprio país e com não muito mais eco e sim maior controvérsia. Convinha perguntar-se, enfim, se o pacote ofertado é suficiente, inteleligível e atractivo. Se não existe um certo fracasso galeguista no seu programa e modos, sem discutir agora a sua legitimidade; e se existe, em ocasiões, algumha indecisão ou indefinição dos objectivos, no plano estratégico” (Torres 2010: 9-10; itálicos nossos).

[16] Repare-se, a modo de exemplo, que a primeira ponte sobre o rio Minho a ligar a Galiza e Portugal, entre Tui e Valença, data do ano 1886; a segunda a ser construída para o trânsitorodado, de que tenhamos conhecimento, foi inaugurada em 1987 entre Monção e Salvaterra; a ponte nova entre Valença e Tui é de 1993.

[17] Vanda Ramos (1991): Litoral. Ara Solis; Francisco José Viegas (1992): As duas Águas do Mar; Francisco Assis Pacheco (1993): Trabalhos e paixões de Benito Prada...; e José Riço Direitinho (1994): Breviário das Más inclinações.

[18] O antropólogo António Medeiros (2003) relata vários episódios que encenam este ruído na comunicação entre galegos e portugueses. Para este autor, na atual Galiza há uma “disposição para o apreço do que é português marcada [no entanto] por desfasamentos face aos lugares-comuns e às valorações que hoje são observadas quotidianamente na sociedade portuguesa” (Medeiros 2003: 336). Por outro lado, a repercussão do processo em curso de “progressiva regionalizaçom da cultura galega no polissistema espanhol” (Torres 1999b: 296) terá de ser também substantivada numa análise mais abrangente.

[19] As epígrafes do capítulo são: “1. Um passado comum”, “1.1. A Gallaecia Romana”, “1.2. A Gallaecia Sueva e Visigoda”, “1.3. As novas realidades de Galiza e Portugal”, “2. O que nos separou”, “2.1. A Fronteira”, “2.2. Os tópicos”, “3. O que nos une”, “3.1. Duas línguas”, “3.2. Uma paisagem”, “3.3. Uma cultura material e imaterial”, “4. O que nos diferencia”, “4.1. A organização administrativa do território” (Eixo Atlântico 2004: 7-29).

[20] Analisaram com alguma extensão este assunto Grygierzee e Ferro 2009.