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Comunicação e Sociedade
versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575
Resumo
HIMMEL, Rita e BAPTISTA, Maria Manuel. Migrantes, refugiados e outrização: construindo a europeidade. Uma exploração dos média portugueses e alemães. Comunicação e Sociedade [online]. 2020, vol.38, pp.179-200. ISSN 1645-2089. https://doi.org/10.17231/comsoc.38(2020).2582.
O processo de instituição da União Europeia supranacional foi acompanhado por uma construção de uma ideia de europeidade (Geary, 2013; Pieterse, 1991/1993), de pertencer a um nós, criando uma ideia de quem somos, enquanto europeus, e, necessariamente, da outrização dos que não pertencem (Butler & Spivak, 2007; El-Tayeb, 2011). A chamada “crise dos refugiados/migratória” é um contexto particularmente interessante para explorar discursos não apenas sobre esta divisão entre nós e eles, em relação aos que são apresentados como não-europeus, mas também sobre a construção do que somos nós, europeus. Os média desempenham um papel crucial na reprodução de representações sobre os outros, com quem o público não tem contacto direto. Neste artigo, exploramos discursos, nos média portugueses e alemães, de 2011 a 2017, sobre a chamada “crise dos refugiados/migratória”. Através de uma análise qualitativa de conteúdo, procuramos compreender como é construída a ideia de europeidade em relação a este fenómeno. Esta análise exploratória permitiu identificar que não existe apenas uma construção da ideia da Europa, na qual os migrantes ou refugiados são o outro, mas também uma ideia da Europa intrinsecamente incompatível com a rejeição desse outro, incompatível com ideias e movimentos de extrema direita ou xenófobos. Ser europeu, portanto, é ser não-muçulmano, ser não-refugiado, e ser não-xenófobo.
Palavras-chave : crise dos refugiados; Europa; discursos mediáticos; alteridade.