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Comunicação e Sociedade
versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575
Resumo
SEQUEIROS, Paula e SEQUEIRA, Luísa. Esquecer Bárbara Virgínia? Uma cineasta precursora entre Portugal e o Brasil. Comunicação e Sociedade [online]. 2017, vol.32, pp.331-352. ISSN 1645-2089. https://doi.org/10.17231/comsoc.32(2017).2765.
Bárbara Virgínia foi uma das primeiras realizadoras de cinema em Portugal e no Festival de Cannes. Iniciando-se artisticamente como declamadora e atriz, dirigiu, muito jovem, uma longa metragem e um documentário em 1946. Imigrou em 1952 para o Brasil para trabalhar em rádio e televisão. Aí se radicou, constituiu família, abandonando a declamação, e faleceu em 2015. Neste artigo recolhemos e analisamos documentação pública e de memória privada, uma entrevista de investigação e conversas com familiares. Recorremos à história e memórias do cinema português para produzir, de um ponto de vista feminista, uma análise sócio-biográfica. Recusando a mitificação, pretendemos contribuir para a desocultação do olhar patriarcal na literatura produzida sobre esta figura. Os estudos de género de Linda Alcoff e Teresa de Lauretis, a sociologia da cultura de Pierre Bourdieu que Bev Skeggs convoca num cruzamento entre classe, género e colonialidade, e ainda investigação histórica e social sobre os contextos dos dois países alimentaram este questionamento e análise. A sócio-biografia apresentada enfoca-se nos papéis artístico e familiar de Bárbara Virgínia, pretendendo alimentar o conhecimento fino sobre barreiras de género e classe em torno das práticas culturais e profissionais na época e ainda discutir o apagamento da memória sobre a realizadora.
Palavras-chave : Cinema; mulheres realizadoras; Estado Novo; Portugal.