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Revista de Gestão Costeira Integrada

versão On-line ISSN 1646-8872

Resumo

NEVES DE CARVALHO, André; VAZ, Ana Sofia Lino; SERGIO, Tânia Isabel Boto  e  SANTOS, Paulo José Talhadas dos. Sustentabilidade da apanha de isco para pesca nos ecossistemas estuarinos: Caso de estudo na Reserva Natural Local do Estuário do Douro, Portugal. RGCI [online]. 2013, vol.13, n.2, pp.157-168. ISSN 1646-8872.

Nas comunidades piscatórias das zonas costeiras sempre existiu uma estreita ligação entre os recursos marinhos e as populações locais. Nos estuários portugueses é comum a presença de mariscadores na apanha de algumas espécies intertidais como as minhocas, os camarões, os caranguejos ou as ameijoas. Na recente criada Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED) esta actividade está bastante enraizada pela proximidade de uma forte zona piscatória, a Afurada, e pela abundância de pescadores lúdicos que actuam na zona. Os objectivos deste estudo são quantificar o impacto que esta actividade tem na ecologia desta comunidade bentónica estuarina, propor medidas de gestão para assegurar a sua sustentabilidade, e verificar a influência que esta actividade poderá ter na conservação dos recursos intertidais numa área protegida. Entre Junho de 2010 e Maio de 2011 foram efectuadas amostragens mensais na zona intertidal para quantificação da densidade das populações de Hediste diversicolor e Scrobicularia plana em dois locais do estuário. Durante o mesmo período de tempo foram realizados inquéritos semanais aos apanhadores que efectuavam esta actividade na área da RNLED. Nesta zona do estuário do Douro, a espécie é mais abundante (239.7ind/m2) em relação à ameijoa S. plana (0.3ind/m2). Na área da RNLED a espécie apanhada em maior abundância pelos mariscadores é o poliqueta e estima-se que por ano sejam capturadas 9.9 toneladas, o que representa uma média anual de captura por mariscador de 0.3 toneladas. No entanto a biomassa anual total colectada é bastante inferior à produtividade anual estimada para a totalidade da área intertidal da RNLED (78.7 a 141.3 toneladas). O número de mariscadores por dia variou entre 0 em Dezembro 2010 e 12 em Julho 2010, tendo-se verificando uma diminuição da actividade dentro da RNLED, especialmente nas horas em que existe vigilância. A área revolvida por cada apanhador estima-se em 10m2/dia. Considerando as duas marés por dia e todo o esforço feito por uma média de oito apanhadores/dia, a área prospectada foi de 80m2/dia, correspondendo a 0,3% da área intertidal. Este esforço foi concentrado principalmente em aproximadamente 1/3 da área disponível intertidal. Os resultados indicam que é possível a gestão sustentável da apanha da minhoca na área protegida. No entanto, outros aspectos devem ser tidos em conta para que esta actividade não provoque conflitos com os objectivos de conservação da biodiversidade na reserva. Assim, sugerimos algumas possíveis soluções para a sustentabilidade da actividade, juntamente com menor perturbação para as aves que se alimentam na reserva tais como: delimitação de uma área marginal dentro da reserva, menor que a actual, onde a apanhar é permitida, bem como a fiscalização no controle das licenças e acções de educação ambiental. Por outro lado estas medidas teriam um impacto positivo na gestão integrada da reserva, permitindo simultaneamente uma actividade com reflexos económicos positivos numa população desfavorecida. Também vão contribuir para diminuir o impacte da presença humana na avifauna e sobre a estrutura dos sedimentos.

Palavras-chave : Estuário do Douro; Área Protegida Sustentável; Gestão de Estuários; Hediste diversicolor; Colheita de Isco da Pesca.

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