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Arquivos de Medicina

versão On-line ISSN 2183-2447

Resumo

CUNHA, Mariana et al. Impacto da acupunctura na infertilidade feminina: considerações a propósito de um caso clínico e revisão do estado da arte. Arq Med [online]. 2013, vol.27, n.2, pp.49-57. ISSN 2183-2447.

A fertilização in vitro (FIV) é um tratamento dispendioso, invasivo e de acessibilidade limitada. O efeito psicofisiológico da acupunctura, técnica com origem na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), na abordagem da infertilidade tem sido alvo de intensa investigação científica, em particular quando administrada durante a FIV. Descreve-se o caso de uma mulher de 34 anos de idade, com infertilidade grave (volume/reserva ováricos diminuídos, mau desenvolvimento embrionário e falhas repetidas de implantação), que havia sido a vários tratamentos de FIV sem sucesso. O protocolo convencional foi optimizado tendo-se realizado adicionalmente uma sessão de acupunctura (Ac) manual, durante 25 minutos, imediatamente antes e após a transferência embrionária (TE), seguindo protocolos de Ac previamente publicados. Esta estratégia terapêutica combinada, durante o 4º ciclo de FIV, resultou numa gravidez bem-sucedida, apesar de não se poder concluir sobre o efeito particular da Ac. Partindo deste caso clínico foi realizada uma revisão não sistemática da literatura sobre a Ac na infertilidade feminina. Os principais mecanismos de acção da Ac parecem relacionar-se com: (a) regulação de factores neuro-humorais, (b) aumento do fluxo sanguíneo para o aparelho reprodutivo, (c) para além da redução da ansiedade e depressão. A investigação atual sugere que Ac poderá ter um efeito benéfico na infertilidade feminina, como adjunto da FIV. Contudo, a taxa de sucesso é variável e os resultados são conflituosos. Assim, a Ac revelou-se significativamente eficaz em relação às taxas de gravidez clínica (GC) quer com electroacupunctura (EAc) aplicada durante a aspiração folicular usando como controle a analgesia (46-59% vs 28-34%) ou Ac aplicada imediatamente antes e após a TE usando como controle não efectuar Ac (39-43% vs 24-26%). Pelo contrário, a Ac revelou-se significativamente ineficaz em relação às taxas de GC quer com EAc (31.1% vs 34.4%) ou Ac aplicada na TE usando como controles não efectuar Ac, aplicando as agulhas de Ac em locais diferentes (sham) ou nos mesmos locais de estimulação com agulhas não penetrantes (placebo) (31-45% vs 23-53%). À luz da medicina baseada na evidência não é possível recomendar até à data a incorporação rotineira da Ac nos guidelines de tratamento convencionais. Mais estudos são necessários de forma a esclarecer a eficácia clínica da Ac e seu mecanismo biológico na infertilidade.

Palavras-chave : Acupunctura; medicina reprodutiva; infertilidade.

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