Resumo

FRAGA, Helder; SANTOS, João A.; MALHEIRO, Aureliano C.  e  MOUTINHO-PEREIRA, José. Projeção das alterações climáticas para a viticultura Portuguesa utilizando um conjunto de modelos. Ciência Téc. Vitiv. [online]. 2012, vol.27, n.1, pp.39-48. ISSN 0254-0223.

A vitivinicultura portuguesa representa uma atividade económica de extrema importância para o sector agrícola nacional, nomeadamente para algumas regiões de renome, como as Regiões Demarcadas do Alentejo, Dão, Douro ou Vinhos Verdes. A zonagem vitícola permite avaliar a adaptabilidade de uma dada casta às condições climáticas locais. Dada a diversidade climática existente no território português, esta zonagem é assim de particular interesse para a fileira vitivinícola nacional. Sabe-se ainda que alterações no clima futuro poderão ter impactos importantes sobre essa zonagem. No presente estudo é discutida a zonagem vitícola atual em Portugal, bem como as variações induzidas pelas alterações climáticas no período 2011-2070. Para o efeito, a partir de temperaturas e precipitações diárias, foram calculados os índices de Huglin, de frescura das noites, de secura, um índice hidrotérmico e um índice composto, baseado nos índices anteriores. Para a avaliação das condições no passado-recente (1961-2000) foi utilizada uma base de dados observacionais (E-OBS), enquanto para as projeções climáticas foi considerada uma base de dados composta por 16 simulações de modelos climáticos (projeto ENSEMBLES). No clima futuro são projetados aumentos significativos nos índices térmicos, enquanto nos índices de base pluviométrica são projetadas diminuições, em particular sobre o interior sul de Portugal. Pelo exposto, é previsível que nas próximas décadas ocorra uma redistribuição das regiões vitivinícolas portuguesas, destacando-se, por conseguinte, a necessidade de desenvolver atempadamente medidas adequadas de adaptação/mitigação ao nível das castas e dos porta-enxertos recomendados, bem como ao nível das práticas culturais, para ajudar a manter a tipicidade dos vinhos.

Palavras-chave : alterações climáticas; viticultura portuguesa; modelos climáticos; zonagem vitícola; índices bioclimáticos.

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