Scielo RSS <![CDATA[Comunicação e Sociedade]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2183-357520180002&lang=pt vol. 34 num. lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Os Estudos Lusófonos e as Ciências da Comunicação</b>: <b>nota</b><b> introdutória</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Globalização, diversidade cultural e lusofonias</b>: <b>circulação trans-espacial da fala portuguesa e sua relação com outras falas</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Discuto transdisciplinarmente questões várias que envolvem os conceitos de globalização, diversidade cultural e lusofonia, recorrendo a travessias e a passagens mediadas pela Linguística Aplicada e suportadas pela Planificação Linguística e pela Política Linguística. A travessia, envolta em novidade e perigosidade, fala-nos de oceanos, proporcionando-nos desafios complexos, e colocando-nos, por vezes, em sobressalto. A passagem parece ser mais controlada, associada a experiências com menos enigmas e mais seguras, talvez porque habitualmente se avistam as margens de um lado e do outro, a partir de diferentes pontos do rio, quando efectuamos a passagem. No rio passa-se de uma margem para a outra. E no oceano, o que acontece? Numa perspectiva transdisciplinar e através da linguística aplicada, a lusofonia e a sua contextualização, incluindo a diversidade cultural num mundo pretendido global é, por mim entendida, como sendo a travessia. Através da Planificação Linguística e da Política Linguística, que se constituem em instrumento útil para um esboço possível de uma noção virada para o futuro, a lusofonia é aqui entendida como uma passagem. O enfoque do presente artigo recai, pois, sobre o conceito de lusofonia como lugar de reflexão, de conhecimento e de reconhecimento de si e do Outro, conceito este instanciado pela noção da relação vis-a-vis globalização e pela essência aqui representada pelo sistema ecológico linguístico do Português.<hr/>I shall discuss several questions involving the concepts of globalisation, cultural diversity and Lusophony in a transdisciplinary fashion, resorting to the notions of crossings and passages, mediated by Applied Linguistics and supported by Language Planning and Language Policy. The crossing, wrapped in novelty and perilousness, speaks of oceans, affording us complex challenges and, at times, frightening us. The passage seems to be more controlled, and associated with less enigmatic and more secure experiences, perhaps because both banks of a river can usually be seen from any point as we pass through it. In a river, we travel across from one bank to the other. And in the ocean, what happens? Lusophony and its contextualisation, in my opinion, is the crossing, viewed from a transdisciplinary perspective and through applied linguistics, including cultural diversity in a world claimed as global. Through Language Planning and Language Policy, both established as useful tools for a possible outline of some futuristic notion, Lusophony is here understood as passage. The focus of the present article falls therefore upon the concept of Lusophony as a place of reflection, of knowledge as well as recognition of oneself and the Other. This concept of Lusophony is instantiated by the notion of relation vis-à-vis globalisation and by the essence here portrayed by the linguistic ecological system of Portuguese. <![CDATA[<b>Why subaltern language? Yes, we speak <i>Portuguese</i>!</b>: <b>Para uma crítica da colonialidade da língua na mobilidade estudantil internacional</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Comunicar fluentemente em língua inglesa, possibilidade vulgarmente associada à condição de classe social e à posse de outros bens posicionais, tornou-se uma das principais vantagens competitivas para participar de programas de estudo e de pesquisa em universidades bem localizadas nos rankings académicos. A nível mais geral, face às desigualdades sociais e educacionais, nomeadamente em Portugal e no Brasil, a hegemonia da língua inglesa constitui um obstáculo para os países de língua portuguesa que investem em políticas de internacionalização para a qualificação avançada de pesquisadores em áreas científicas, nomeadamente naquelas que induzem inovação e trazem mais-valias para a economia do conhecimento. Sob perspetiva comparada, e tendo em conta alguns pressupostos das teorias críticas pós-coloniais, este artigo faz uma reflexão sobre como as políticas da língua inglesa nos países acima referidos contribuem para reforçar desigualdades e desvantagens para muitos candidatos a programas de mobilidade científica internacional.<hr/>The ability to communicate in English is often associated with the condition of social class, gender and other factors of cultural identity. In this early 21st century, it has become one of the main constraints to participate in study and research programs in universities with top academic rankings. However, in many countries with too many educational inequalities, namely in Portugal and Brazil, the hegemony of the English language is a worrying factor for the internationalisation policies aimed at the high qualification of researchers in several scientific areas, especially those that lead to innovation and bring added value to the knowledge economy. From a comparative perspective, and taking into account some assumptions of postcolonial critical theories, this article presents a critical reflection on how English language teaching policies in the countries mentioned have acted to reinforce inequalities in terms of international student mobility. <![CDATA[<b>Os países lusófonos e o desafio de uma circum-navegação tecnológica</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Proponho neste artigo a hipótese de estarmos a fazer uma travessia tecnológica, em muitos aspetos análoga à travessia marítima europeia dos séculos XV e XVI (Martins, 2015a, 2017, 2018a, 2018b). Coloco, pois, em confronto a natureza tecnológica da atual globalização ?nanceira e a natureza comercial da expansão marítima europeia. E se da primeira travessia resultou a colonização de povos e nações, com a segunda travessia passámos, em século e meio, àquilo a que Edgar Morin chamou a “colonização do espírito” de toda a comunidade humana (Morin, 1962). Neste contexto, tomei em consideração as consequências, para a cultura, da aceleração da época pela tecnociência, que tem mobilizado o humano, “total” (Jünger, 1930) e “in?nitamente” (Sloterdijk, 2010), para as urgências do presente (Martins, 2010). Por outro lado, vou situar nos estudos pós-coloniais as identidades transnacionais e transculturais, analisando as comunidades lusófonas no contexto da “batalha das línguas”, para utilizar uma expressão do linguista moçambicano, Armando Jorge Lopes (2004). Por essa razão, vou considerar a “circum-navegação tecnológica” (Martins, 2015a, 2017, 2018a, 2018b), a empreender por todos os países do espaço lusófono, como um combate pela ordenação simbólica do mundo (Bourdieu, 1977, 1979, 1982), onde se colocam os problemas de língua hegemónica e de subordinação política, cientí?ca, cultural e artística (Martins, 2015b). Trata-se, pois, de uma travessia eletrónica, utilizando sites, portais, redes sociais, repositórios e arquivos digitais, e ainda, museus virtuais. E o ponto de vista adotado é o de que uma grande língua de culturas e de pensamento, como é a língua portuguesa, não pode deixar de ser, igualmente, uma grande língua de conhecimento, humano e cientí?co.<hr/>In this article, I propose the assumption that we are making a technological journey, analogous in many respects to European ocean voyages of the 15th and 16th centuries (Martins, 2015a, 2017, 2018a, 2018b). Thus, I confront the technological nature of the current ?nancial globalization and the commercial nature of European maritime expansion. Whereas the ?rst journey resulted in the colonization of peoples and nations, in the second journey we moved, in a century and a half, to that which Edgar Morin called the “colonization of the spirit” of the entire human community (Morin, 1962). Within this context, I took into consideration the consequences, for culture, of the acceleration of the time via technology, which has mobilized human beings, “totally” (Jünger, 1930) and “in?nitely” (Sloterdijk, 2010), in view of the urgencies of the present (Martins, 2010). On the other hand, I will use post-colonial studies to situate transnational and transcultural identities, by examining Portuguese-speaking communities within the context of the “battle of languages,” to use an expression coined by Mozambican linguist Armando Jorge Lopes (2004). This is why I will consider “technological circumnavigation” (Martins, 2015a, 2017, 2018a, 2018b), to be undertaken by every Portuguese-speaking country, like a ?ght for the world’s symbolic ordering (Bourdieu, 1977, 1979, 1982), where we raise hegemony language-related problems and those pertaining to political, scienti?c, cultural and artistic subordination (Martins, 2015b). This is, therefore an electronic journey, using sites, portals, social media, digital repositories and archives, as well as virtual museums. What’s more, the viewpoint adopted is that which states a great language of cultures and thinking, such as Portuguese, likewise cannot avoid being a great language of human and scienti?c knowledge. <![CDATA[<b>Espaço geopolítico lusófono</b>: <b><i>vidas em Português</i></b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Língua - vidas em Português (2004), de Victor Lopes, mostra a presença da cultura e da língua portuguesa em diferentes partes do mundo, tomando como representação do universo lusófono: Goa, Moçambique, Brasil, Portugal e Japão. Nosso trabalho parte da hipótese de que opiniões, sentimentos, práticas e comportamentos manifestados em Português por indivíduos comuns presentes no documentário indiciam elementos significativos para uma compreensão de lusofonia. Pelo lugar social que ocupam, suas falas são tomadas como estilos de vida englobantes de opiniões sobre a língua portuguesa e representações da cultura à qual pertencem, enfatizando relações entre os sentidos locais e as significações advindas de fora do país. Encontrar o ponto de equilíbrio entre o local e o global, assim como as tensões históricas entre valores (tradição em oposição à inovação, por exemplo) do universo lusófono são consequências da análise a partir do que o documentário nos lega enquanto significação. Assim, por essa manifestação discursiva, outras linhas de entendimento de lusofonia podem surgir por meio de uma chave de leitura que neutraliza ou complexifica as oposições, construindo uma representação de lusofonia como um espaço marcado pelo encontro de diferenças que não necessariamente estão em competição, mas, ao contrário, como um lugar supranacional em permanente diálogo.<hr/>Língua - vidas em Português (2004), by Victor Lopes, shows the presence of Portuguese culture and language from around the world; the basis of representation of the lusophone universe are Goa, Mozambique, Brazil, Portugal, and Japan. Our work stems from the hypothesis that opinions, feelings, practices and behaviors manifested in Portuguese by common individuals present in the documentary can indicate significant elements for the comprehension of Lusophony. It is by the social spaces they occupy that their speech can be taken as a way of life, which encompasses opinions of the Portuguese language and representations of the culture they belong to, emphasizing relations between local meanings and those originating from abroad. Finding the balance between the local and global, just as the historic tensions among values (tradition in opposition to innovation, for example) of the lusophone universe are consequences of the analysis that the documentary bequeaths us as significant. As such, from this discursive manifestation, other lines of thinking the lusophone concept emerges through a reading key that neutralizes or complexifies oppositions, constructing the representation of Lusophony as a space marked by the meeting of differences, not necessarily in competition with each other, but rather, a supranational space in permanent dialogue. <![CDATA[<b>Fluxos, trânsitos e lugares de (des)encontro</b>: <b>contributos para uma lusofonia crítica</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Enquanto conceito, a lusofonia é hoje olhada com justificada desconfiança por muitos lusófonos. Sendo impossível desligar esse conceito do lastro colonial que liga os países que têm o Português como língua oficial, importa, no entanto, não encerrar o debate nesse plano. Neste trabalho revisitamos algumas das narrativas fundacionais de uma identidade mitificada, como são as diferentes assombrações de um prometido Quinto Império ou o lusotropicalismo, tanto na sua fundação no Brasil quanto na sua reconstituição em Portugal. Por outro lado, procuramos pensar a lusofonia a partir da sua matriz formal: uma língua partilhada por diferentes povos em diferentes continentes. Também neste ponto o nosso objetivo é problematizar e densificar o debate, convocando para tal uma experiência singular de reflexão, concretamente a que é elaborada por Jorge de Sena já na reta final do Estado Novo. Partindo dessas focalizações, argumentamos sobre a possibilidade de a lusofonia comportar linhas de fuga a um certo reducionismo crítico, nomeadamente as que decorrem da circulação, convergente e divergente, de narrativas e de experiências singulares. Esta circulação de pessoas, ideias e memórias é potencialmente definidora de um espaço difuso e policentrado de efetiva interculturalidade sobre o qual importa refletir.<hr/>As a concept, Lusophony is today looked upon with justified suspicion by many Portuguese-speaking people. It is impossible to separate this concept from the colonial ballast that bounds the countries that have Portuguese as the official language. However, it is important to not end the debate on this plane. In this work we revisit some of the foundational narratives of a mythical identity, such as the different hauntings of a promised Quinto Império or Lusotropicalism, both in its founding in Brazil and in its reconstitution in Portugal. On the other hand, we discuss about Lusophony from its formal matrix: a language shared by different peoples in different continents. Our objective is to problematize and deepen the debate, summoning a unique experience of reflection, concretely the one that is elaborated by Jorge de Sena already in the final stretch of Estado Novo. Based on these focuses, we argue about the possibility of Lusophony to include lines of escape from certain reductionisms, namely those that derive from the convergent and divergent circulation of narratives and singular experiences. This circulation of people, ideas and memories, is potentially defining a diffuse and polycentric space of effective interculturality, which nurtures further reflection. <![CDATA[<b>A presença da lusofonia no espaço epistémico das Ciências da Comunicação</b>: <b>10</b><b> anos de estudos temáticos</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Fazer a topologia das publicações de temática lusófona no campo das Ciências da Comunicação nos últimos 10 anos (2007-2017) permitiu caracterizar essa produção científica e constatar que esta vem aumentando, que é uma produção feminizada e essencialmente a duas vozes, onde Portugal e Brasil assumem um papel preponderante, que a bibliografia em Português é dominante, contrastando com o estado da citação na área em geral, e que, a partir das temáticas em foco, a Lusocom emerge como o grande think tank dos Estudos Lusófonos na área das Ciências da Comunicação. “A presença da lusofonia no espaço epistémico das Ciências da Comunicação” é um ensaio exploratório, descritivo, de abordagem quanti-qualitativa, com um universo que compreende as atas dos congressos da Sopcom, Ibercom, e o Anuário Internacional de Comunicação Lusófona editado pela Lusocom, num total de 3.252 artigos dos quais, atendendo à temática, foi selecionada uma amostra de 142 espécimes que constitui a base deste estudo.<hr/>Drawing up a survey of publications on lusophone themes in the field of Communication Sciences over the last 10 years (2007-2017) has made it possible to describe that scientific production and find that it has been increasing in volume. This scientific production is feminised and focuses on two voices, where Portugal and Brazil take on a predominant role, which contrasts with the state of citations in the field in general. Based on the themes examined, Lusocom emerges as the great think tank for Lusophone Studies in the Communication Sciences field. “The presence of Lusophony in the epistemic field of Communication Sciences” is an exploratory, descriptive study that takes a quantitative-qualitative approach, covering a sphere that comprises the conference proceedings of Sopcom, Ibercom and the Anuário Internacional de Comunicação Lusófona published by Lusocom. Of the total of 3.252 articles found, a sample of 142 were chosen, selected by theme, to form the basis for this study. <![CDATA[<b>Contextos periféricos de criação artística</b>: <b>o caso angolano</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Depois de se descrever e discutir as condições de produção artística em contextos periféricos, analisa-se o percurso das artes plásticas angolanas desde finais do período colonial até à atualidade, momento em que as mesmas desfrutam de uma relativa projeção internacional. Essa projeção é o resultado de uma dupla sustentabilidade: por um lado, as condições materiais de criação e produção artística e, por outro, a sustentabilidade ou manutenção de um padrão estético enraizado na tradição e na história do país.<hr/>After describing and discussing the conditions of artistic production in peripheral contexts, the course of the Angolan visual arts from the end of the colonial period to the present time is analysed, a period when these enjoy a relative international projection. This projection is the result of a double sustainability: on the one hand, the material conditions for creation and artistic production and, on the other hand, the sustainability or maintenance of an aesthetic pattern rooted in the tradition and history of the country. <![CDATA[<b>Juventude urbana e redes sociais em Moçambique</b>: <b>a participação política dos <i>conectados desamparados</i></b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Nos últimos 10 anos, os estudos sobre a participação política por intermédio das redes sociais marcam o debate na área dos estudos dos média. Em Moçambique, de forma particular, e no mundo, de forma geral, a juventude representa o centro galvanizador que encontra no uso das redes socias uma ferramenta quase ideal de expressão sobre as suas frustrações decorrentes da sua situação de gritante miséria social - desemprego e incerteza de vida constante a que os jovens se encontram expostos. Com o presente artigo, pretendemos analisar o papel das redes sociais, concretamente o Facebook, no engajamento político e social da juventude urbana em Moçambique, considerando um horizonte que abarca os últimos quatro anos, 2014-2017. Como resultado, concluímos que embora a sua expansão nos últimos anos, as redes sociais ainda não podem ser consideradas, no seu todo, como espaços que permitam uma efectiva participação política da juventude, decorrente do facto de a internet ser menos abrangente, por um lado, e do fraco interesse da juventude em questões políticas em Moçambique, por outro.<hr/>In the last 10 years, studies on political participation through social networks have marked the debate in the field of media studies. In Mozambique, particularly, and in the world, in general, youth represent the galvanizing centre that finds in the use of social networks an almost ideal tool of expression about their frustrations due to their situation of blatant social misery - unemployment and constant life uncertainty to which youth are exposed. With this article, we intend to analyse the role of social networks, specifically Facebook, in the political and social engagement of urban youth in Mozambique, considering a timeline that covers the last four years, 2014 to 2017. As a result, it is concluded that, despite the expansion of social networks in recent years, they cannot yet be considered as spaces for effective political participation by youth, due to the fact that the internet is less comprehensive, on the one hand, and the weak youth interest in political issues in Mozambique, on the other. <![CDATA[<b>Um contributo para o debate sobre a redefinição da esfera pública em rede a partir da participação pública dos portugueses no ciberespaço</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo tenta enquadrar para Portugal a discussão sobre a transição de uma esfera pública normativa (Habermas, 1968/1989, 1998) para uma nova esfera pública em rede (Benkler, 2006), potenciada pelas características da internet, pela sociedade em rede global, e pelas culturas participativas e interativas. São utilizados dados do módulo participação pública do inquérito Digital news report, do Reuters Institute for the Study of Journalism, de 2018, aplicado a uma amostra representativa da população portuguesa. Os dados obtidos apontam para a existência e apropriação dos múltiplos formatos de participação pública no ciberespaço, através da partilha de notícias, comentários a notícias, participação em processos de votação online, etc., nos sites de títulos de imprensa ou nas redes sociais. Contudo, os dados coligidos apontam para a fundação de uma participação pública no ciberespaço que, pelas suas características, determina a constituição e consolidação lentas de uma nova esfera pública em rede para o contexto português.<hr/>This article locates Portugal in the discussion on the transition from a normative public sphere (Habermas, 1968/1989, 1998) to a new networked public sphere (Benkler, 2006), powered by the internet, global networked society and participative and interactive cultures. We use data from the public participation module of the 2018 Digital news report published by the Reuters Institute for the Study of Journalism, which surveyed a representative sample of the Portuguese population. The results point to the existence and appropriation of many forms of public participation in cyberspace. Users share news, comment on news, take part in online votes, etc., on press websites and social media. Nonetheless, the collected data point to a type of online public participation that determines the slow constitution and consolidation of a new networked public sphere in Portugal. <![CDATA[<b>A construção discursiva de narrativas coletivas da identidade nacional portuguesa</b>: <b>homogeneidade ou diversidade?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt As conceções dominantes do Portugal “autêntico” ou “real” estão agora tão naturalizadas no discurso nacional que muitos dos contextos socio-históricos da sua construção discursiva foram apagados da memória coletiva das pessoas. Este artigo apresenta uma visão geral das narrativas e memórias coletivas mais proeminentes no contexto português, destacando os eventos históricos que as moldaram, como por exemplo a Revolução de 1974, a partir da qual todas as narrativas atuais sobre identidade nacional construíram as suas principais referências. Este texto refere brevemente a historiografia do século XIX, a conceptualização do Estado Novo sobre a “missão nas colónias” de Portugal, a rutura ideológica da Revolução com o antigo regime e os principais mitos de homogeneidade e estereótipos. Deste modo, os discursos contemporâneos sobre a identidade nacional portuguesa são considerados à luz da memória social e da mudança diacrónica.<hr/>Mainstream conceptions of the “authentic” or “real” Portugal are now so naturalized in national discourse that many of the socio-historical contexts of their discursive construction have been erased from people’s collective memory (-ies). This paper presents an overview of the prominent collective narratives and memories in the Portuguese context, highlighting salient historical events that shaped them, such as the 1974 revolution which was a watershed moment from which all current narratives on national identity construct their major reference. It briefly covers 19th century historiography, the Estado Novo’s concept of Portugal’s “mission in the colonies”, the revolution’s ideological break with the old regime, and the major myths of homogeneity and self-stereotyping. Thus, contemporary discourses on Portuguese national identity are considered in the light of social memory and diachronic change. <![CDATA[<b>Como se escreve “liberdade”?</b>: <b>Narrativas sobre a revolução de 25 de Abril de 1974 na imprensa brasileira</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo propõe uma recomposição da intriga de narrativas sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal a partir da cobertura de dois jornais brasileiros de referência: o paulistano O Estado de S. Paulo e o carioca Jornal do Brasil. Compreendemos a narrativa jornalística como uma ordenadora do tempo na contemporaneidade, exprimindo uma “circulação generalizada da percepção histórica” (Nora, 1979, p. 180), mobilizada pela emergência de um novo fenômeno: o acontecimento. O incomum golpe de Estado em Portugal mexeu com o imaginário político mundial, reavivando confrontos entre esquerda e direita. Nesse momento, no Brasil, a ditadura militar completava 10 anos e iniciava-se o mandato do quarto presidente integrante das Forças Armadas. As narrativas são analisadas sob diferentes pontos de vista: por meio da organização dos fatos no tempo, da construção das personagens, das projeções para o futuro ou, ainda, da ressignificação do passado.<hr/>This paper proposes a recomposition of the intrigue of journalistic narratives on the Revolution of April 25, 1974 in Portugal based on the coverage of two Brazilian newspapers: O Estado de S. Paulo and Jornal do Brasil. The journalistic narrative is understood as a time orderer in the contemporaneity, expressing a “generalized circulation of historical perception” (Nora, 1979, p. 180), mobilized by the emergence of a new phenomenon: the event. The unusual coup d’état in Portugal stirred the world’s political imagination, reviving confrontations between left and right. At that moment, in Brazil, the military dictatorship completed 10 years and the fourth president of the Armed Forces was beginning its mandate. Narratives are analyzed from different points of view: the organization of facts in time, the construction of characters, projections for the future, or the re-signification of the past. <![CDATA[<b>Motivações e circunstâncias que levam a não usos dos média por jovens e seus familiares</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo argumentamos pela necessidade de atenção a dinâmicas de recusa e de rejeição de utilização dos média para melhor se compreender a sociedade de consumo profundamente mediatizada. Seguimos um suporte teórico sobre resistência aos média, contextos familiares de socialização e sociedade mediatizada. Analisamos 18 entrevistas realizadas em Portugal - conduzidas no âmbito de uma investigação mais vasta com 40 jovens e seus familiares, sobre a sua relação com os média na perspetiva de direitos de cidadania -, que evidenciaram sinais de não uso dos média. O presente artigo caracteriza estas pessoas, os seus contextos e motivos. Identificando recusas da internet, das redes sociais, das notícias e da televisão, chegamos a cinco tipos: “Não gosto e não quero usar”; “Nesta fase da vida, não!”; “Entre o não posso ter e o não posso comprar”; “Não dar nas ‘vistas’ e não ficar ‘agarrado’” e “Fazer diferente e fazer melhor”.<hr/>This article argues for the need to pay attention to the dynamics of refusing and rejecting the use of media to better understand a highly mediatized consumer society. The theoretical background utilizes resistance to the media, family contexts of socialisation and mediated society. We analysed 18 interviews carried out in Portugal - undertaken as part of wider research project involving 40 young people and their families, on their relationship with the media regarding citizenship rights -, which showed signs of non-use of media. This article characterises these individuals, their contexts and motives. Through identifying refusal of the internet, social networks, news and television, we arrive at distinct five types: “I do not like and I do not want to use”; “At this stage of life, no!”; “Split between I can’t have and I can’t buy it”; “I don’t want to draw attention to myself and don’t want to get ‘hooked’”; and “Doing something different and doing it better”. <![CDATA[<b>Reportagem histórica como procedimento narrativo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto aborda o cruzamento de história, jornalismo e literatura como procedimento para a constituição de uma narrativa específica, a grande reportagem histórica ou intelectual de aprofundamento. Explora-se uma questão simples: e se o historiador for um jornalista que cobre o passado e o narra como um escritor?<hr/>This text approaches the intersection of history, journalism and literature as a procedure for the constitution of a specific narrative, the great historical or intellectual report of deepening. A simple question is explored: what if the historian is a journalist who covers the past and narrates him as a writer? <![CDATA[<b>Mbembe, A. (2017). <i>Crítica da razão Negra</i>. Lisboa: Antígona</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto aborda o cruzamento de história, jornalismo e literatura como procedimento para a constituição de uma narrativa específica, a grande reportagem histórica ou intelectual de aprofundamento. Explora-se uma questão simples: e se o historiador for um jornalista que cobre o passado e o narra como um escritor?<hr/>This text approaches the intersection of history, journalism and literature as a procedure for the constitution of a specific narrative, the great historical or intellectual report of deepening. A simple question is explored: what if the historian is a journalist who covers the past and narrates him as a writer? <![CDATA[<b>Faraco, C. A. (2016). <i>História sociopolítica da língua portuguesa</i>. São Paulo: Parábola Editora</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752018000200016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto aborda o cruzamento de história, jornalismo e literatura como procedimento para a constituição de uma narrativa específica, a grande reportagem histórica ou intelectual de aprofundamento. Explora-se uma questão simples: e se o historiador for um jornalista que cobre o passado e o narra como um escritor?<hr/>This text approaches the intersection of history, journalism and literature as a procedure for the constitution of a specific narrative, the great historical or intellectual report of deepening. A simple question is explored: what if the historian is a journalist who covers the past and narrates him as a writer?