Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2182-517320170003&lang=pt vol. 33 num. 3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>A partilha do conhecimento num novo ciclo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Caracterização da empatia em internos de medicina geral e familiar</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Caracterizar o nível de empatia dos internos do primeiro e último ano da formação específica (FE) em medicina geral e familiar (MGF) e comparação entre os referidos grupos. Tipo de estudo: Observacional, analítico e transversal. Local: Administrações Regionais de Saúde (ARS) de Portugal. População: Internos de MGF em formação específica nas ARS de Portugal. Métodos: Aplicou-se um questionário anónimo, de autopreenchimento, utilizando a Jefferson Scale of Physician Empathy (JSPE), adaptada e validada para a população médica portuguesa, a uma amostra de conveniência de internos selecionada do universo pretendido. Os inquéritos foram aplicados presencialmente ou via e-mail pessoal. A análise estatística foi feita através de SPSS (R) v. 19.0. Resultados: Foram recolhidos 304 questionários: 84 do grupo de internos que iniciaram a FE em 2012 (taxa de resposta (TR)=20,6%) e 220 do grupo de internos que iniciaram a FE em 2016 (TR=42,3%), pertencendo a maioria dos internos de cada grupo à ARS de Lisboa e Vale do Tejo (52,4% e 61,4%, respetivamente). Entre ambos os grupos não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na variável sexo (p=0,466). Os níveis medianos de empatia (ME) obtidos com a aplicação da JSPE não apresentam diferenças estatisticamente significativas nos dois grupos (ME(2012)=119,00; ME(2016)=118,00; p=0,678) e a experiência prévia na área da comunicação não se relaciona com melhor pontuação (p=0,610). Os elementos do sexo feminino apresentaram níveis de empatia estatisticamente superiores (p=0,008). Conclusões: Os resultados obtidos são comparáveis a estudos nacionais e internacionais com estudantes de medicina. A capacidade empática não parece variar com a formação específica ou com a formação pré-graduada. A baixa taxa de resposta não permitiu atingir representatividade, limitando a robustez dos resultados. O presente estudo é o ponto de partida para a análise da variação da capacidade empática ao longo da formação específica<hr/>Aim: The aim of this study was to assess empathy in family medicine trainees and to compare the level of empathy in first and final year trainees. Type of study: Cross-sectional. Location: Healthcare Regional Administrations (HRA) in Portugal. Population: Family medicine trainees in Portuguese HRA. Methods: We gave an anonymous, self-administered questionnaire, including the Jefferson Scale of Physician Empathy (JSPE), adapted and validated for Portugal, to a convenience sample of family medicine residents. The surveys were distributed in person or sent by personal e-mail. Statistical analysis was performed using SPSS (R) 19.0. Results: We collected 304 questionnaires. Of these, 84 were from trainees who began their training in 2012 (response rate (RR)=20.6%). The remaining 220 questionnaires were from trainees who began their training in 2016 (RR=42.3%). Most of the trainees were enrolled in programs in the Lisbon and Tejo Valley regions (52.4% and 61.4% respectively). There were no significant differences in gender between the two groups. There were no significant differences in the median levels (M) of empathy (ME(2012)=119.00; ME(2016)=118.00; p=0.678) between the first and final year trainees. Prior training in communication skills was not associated with a higher empathy score. Female participants had significantly higher empathy scores (p=0.008). Conclusions: Our results were comparable to national and international studies on empathy in medical students and trainees. Empathy does not seem to be associated with residency or undergraduate training. The low response rate obtained limits the representativeness of the sample and the validity of the findings. However this study presents an initial look at the variation in empathy during family medicine residency training in Portugal <![CDATA[<b>Caracterização do grau de sobrecarga dos cuidadores de utentes dependentes da Unidade de Saúde Familiar USF Descobertas</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Caracterizar o grau de sobrecarga dos cuidadores de indivíduos dependentes em programa de cuidados domiciliários da Unidade de Saúde Familiar (USF) Descobertas. Correlacionar o grau de sobrecarga com o grau de dependência e identificar as dimensões do bem-estar do cuidador mais afetadas. Tipo de estudo: Observacional transversal analítico. Local: USF Descobertas. População: Cuidadores informais de indivíduos dependentes em cuidados domiciliários médicos ou enfermagem da USF Descobertas, entre janeiro e fevereiro de 2015. Métodos: Foram incluídos todos os cuidadores informais de indivíduos dependentes em programa de cuidados domiciliários médicos ou de enfermagem realizados durante dois meses. Foram aplicados telefonicamente três questionários: um para a caracterização sociodemográfica do cuidador, a escala de Katz ao indivíduo dependente e a escala de Zarit ao cuidador. Foram utilizados o coeficiente de Spearman e o teste de Kruskal-Wallis para a análise dos dados. Resultados: Foram identificados 174 dependentes, 65 dos quais cumpriam os critérios de inclusão e corresponderam a 60 cuidadores. Cinco cuidadores prestavam assistência a dois dependentes simultaneamente. Em relação à escala de Zarit, 44,6% (n=29) dos cuidadores apresentou sobrecarga intensa, 20,0% (n=13) sobrecarga ligeira e 35,4% (n=23) não apresentou sobrecarga. A média do valor da escala de Katz foi de 2,78. Não se estabeleceu relação estatisticamente significativa entre o grau de sobrecarga do cuidador e o nível de dependência (p=0,053). Conclusões: A maioria dos cuidadores apresentou sobrecarga, sobretudo a nível intenso. Os resultados obtidos corroboraram os dados apresentados noutros estudos nacionais. A avaliação sistemática da sobrecarga do cuidador e mobilização dos recursos adequados constituem intervenções a incluir nos planos realizados pelos profissionais de saúde. Perante a escassez de estudos neste domínio considerou-se importante a futura realização de estudos numa população de maior dimensão<hr/>Objectives: To characterize caregiver burden in the care of dependent individuals in the home care program of the Descobertas Family Health Unit, to test the association between caregiver burden and the level of dependence of the patient, and to identify the dimensions of caregiver wellbeing that were affected. Study design: Observational study. Location: USF Descobertas. Population: Informal caregivers of dependent individuals in a home care program. Methods: Each informal caregiver of a dependent individual in the medical and nursing home care program was included in the study over a two-month period. We conducted interviews by telephone using three questionnaires: a social and demographic description of the caregivers, the Katz scale to evaluate the level of dependency of the patient, and the Zarit caregiver burden interview. Spearman coefficients and Kruskal-Wallis tests were used to test for associations between variables. Results: A total of 174 dependent patients were identified, 65 of whom fulfilled the inclusion criteria and who were cared for by 60 caregivers. Five caregivers were taking care of two dependents simultaneously. Regarding the Zarit scale, 44.6% (n=29) of the caregivers reported a heavy burden, 20.0% (n=13) a light burden and 35.4% (n=23) no burden. The mean value of the Katz scale was 2.78. There was no statistically significant correlation between caregiver burden and the level of dependency of the patient (p=0.053). Conclusion: The burden of caregiving was identified in the majority of informal caregivers and was reported to be at an intense level. The items identified on the Zarit Scale were similar to those found in other national studies. Healthcare professionals should perform a systematic evaluation of caregiver burden and be able to intervene when needed. Further study of this issue is required in larger populations <![CDATA[<b>Atitudes e práticas dos médicos de família do ACeS de Matosinhos face à obesidade</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Caracterizar as atitudes e práticas dos médicos de família do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) de Matosinhos relativamente à obesidade e aos pacientes obesos. Tipo de estudo: Transversal. Local: ACeS de Matosinhos, Portugal. População: Médicos especialistas e internos de formação específica de medicina geral e familiar (MGF) do ACeS de Matosinhos Métodos: Foi utilizada uma amostra de conveniência constituída por todos os médicos presentes na reunião semanal da respetiva unidade funcional. Como instrumento de recolha de dados foi desenvolvido um questionário de autopreenchimento, onde se incluíram seis dimensões avaliadas: «autoeficácia e competência técnica», «carências formativas», «convicções», «responsabilidade autopercecionada», «barreiras» e «limitações». Na análise de dados procedeu-se ao estudo de validade e fiabilidade das dimensões, bem como da construção de variáveis observadas para as mesmas, a partir da sua média (M), enquadrando-as numa escala de Likert (1-5). Para medir as diferenças entre os grupos foram utilizadas estatísticas não-paramétricas. Resultados: Dos 104 participantes, a maioria (71%) não realizou formação pós-graduada na área da nutrição/alimentação. Porém, reconhecem a necessidade de aprofundar conhecimentos na área da nutrição/alimentação, com uma média de 3,96 na dimensão das carências formativas percecionadas. Os médicos inquiridos demonstraram um elevado nível de convicção (M=4,33) acerca da importância do seu papel no tratamento da obesidade, reconhecendo firmemente a sua responsabilidade (M=4,27) no tratamento desta patologia, com perceção de autoeficácia e competência técnica na área (M=3,58). Quanto às limitações e barreiras sentidas, os resultados sugerem que estes profissionais reconhecem algumas limitações e barreiras no tratamento da obesidade (M=3,29 e M=2,60, respetivamente). Conclusões: Os médicos de família demonstram atitudes e práticas globalmente positivas face à obesidade e aos pacientes obesos. Estes profissionais estão convictos acerca da importância do seu papel na gestão/tratamento da obesidade, sentem-se responsáveis pelo tratamento desta patologia e reconhecem a sua necessidade formativa na área da nutrição/alimentação<hr/>Aims: To study attitudes to obesity and obese patients among General Practitioners in the Group of Health Centres of Matosinhos. Study design: Cross-sectional. Setting: Group of Health Centres of Matosinhos, Portugal. Population: Family medicine specialists and trainees in the Matosinhos Group of Health Centres. Methods: A convenience sample was used, composed of all physicians attending the weekly staff meeting in their respective clinics. A questionnaire was developed for this study composed of six dimensions including: ‘self-efficacy and technical competence', ‘training needs', ‘convictions', ‘self-perceived responsibility', ‘barriers' and ‘limitations'. The validity and reliability of the dimensions were studied. The variables in these dimensions are presented as a mean (M) on a five point Likert scale. Non-parametric statistical analyses were used to measure the differences between the groups. Results: Among the 104 study participants, most (71%) did not have post-graduate training in nutrition. However, they recognize the need to increase their knowledge of nutrition, with an average score of 3.96 in the dimension of the training needs perceived. The physicians participating showed a high level of conviction (M=4.33) about the importance of their role in the treatment of obesity, firmly recognizing their responsibility (M=4.27) in the treatment of this condition, perceiving their self-efficacy and technical competence in the area (M=3.58). Concerning the barriers and limitations felt, the results suggest that these professionals recognize some limitations and barriers while treating obesity (M=3.29 and M=2.60, respectively). Conclusions: Family medicine specialists have positive attitudes towards managing obesity and obese patients. These professionals are convinced of the importance of their role in management and treatment of obesity. They feel responsible for the treatment of this condition and recognize their training needs in the area of nutrition <![CDATA[<b>Alarme noturno e enurese</b>: <b>uma revisão baseada na evidência</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A enurese noturna (EN) é um problema comum em idade pediátrica, atingindo cerca de 15% das crianças entre os cinco e os seis anos de idade. Pela sua elevada prevalência, várias modalidades terapêuticas têm surgido no sentido de atenuar o seu impacto, muitas vezes estigmatizante para a criança e família. Entre as opções disponíveis para o seu tratamento sobressai o alarme noturno (AN), tratamento comportamental com efeito condicionado a nível do sono. Objetivo: Rever a evidência científica existente quanto à eficácia do alarme noturno como opção terapêutica no tratamento da enurese noturna. Metodologia: Foi efetuada uma pesquisa bibliográfica nas principais bases de dados internacionais, utilizando os termos MeSH: Nocturnal enuresis AND Clinical alarms. Foi igualmente consultado o Índex RMP usando os termos de pesquisa (DeCS) “Enurese noturna” e “Alarme”. Como critérios de inclusão foram selecionados: meta-análises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatorizados, estudos observacionais e orientações clínicas, tendo sido incluídos artigos em língua inglesa e portuguesa, de janeiro de 2005 a janeiro de 2015. Para atribuição do nível de evidência (NE) foi utilizada a escala Oxford Centre for Evidence-Based Medicine 2011. Resultados: Depois de analisados os 52 artigos resultantes da pesquisa, foram incluídos nove artigos: três revisões sistemáticas, três estudos originais e três normas de orientação clínica. Na maioria da literatura analisada foi identificado benefício acrescido do AN quando comparado com as restantes terapêuticas não farmacológicas. Nos estudos que estabeleceram comparação com a desmopressina, o alarme noturno mostrou resultados equiparáveis, excetuando-se menor risco de recaída com o AN e melhor res-posta na EN com capacidade vesical noturna diminuída. Como aspetos menos positivos enumeram-se os resultados mais tardios do AN, a necessidade de colaboração por parte dos pais e o risco de menor adesão ao tratamento. No que respeita às orientações clínicas elaboradas por entidades reconhecidas, as recomendações são concordantes com os resultados dos restantes estudos. Discussão/Conclusão: Considerando os resultados promissores do alarme noturno (Nível de evidência 1, Força de recomendação A), importa que o médico de família considere a sua potencial indicação nos casos de EN resistentes às medidas iniciais, evitando-se a necessidade de intervenção farmacológica e/ou referenciação hospitalar precoce<hr/>Introduction: Nocturnal enuresis is a common problem, affecting about 15% of children between the ages of five and six years. Different treatments have been studied in order to diminish the potentially stigmatizing impact of NE, both for the child and the family. These include nocturnal alarms and behavior modification affecting sleep. Aim: The aim of this review was to assess the evidence for the effectiveness of nocturnal alarms in the treatment of nocturnal enuresis. Methods: A bibliographic review of international databases was conducted, using the MeSH terms ‘Nocturnal enuresis' AND ‘Clinical alarms'. We also consulted the Índex RMP database using the search terms Enurese noturna and Alarme. We selected meta-analyses, systematic reviews, randomized controlled trials, observational studies, and clinical guidelines written in Portuguese and English that were published between January 2005 and January 2015. The Oxford Centre for Evidence-Based Medicine criteria were used to establish the Level of Evidence (LE). Results: From a total of 52 articles found, nine met the inclusion criteria. These included three systematic reviews, three clinical trials, and three guidelines. Most studies found that NA is more beneficial than other non-pharmacologic options. When compared to desmopressin, the use of NA has shown equivalent effectiveness. Its use is associated with less risk of relapse and a better response when NE occurs due to diminished nocturnal bladder capacity. However, beneficial results take longer to appear with NA, parental collaboration is needed, and there is a risk of decreased adherence to this treatment. Clinical guidelines agree with the results of published trials. Discussion: Given the potential benefits of nocturnal alarms in the treatment of nocturnal enuresis (Level of Evidence 1, Strength of Recommendation A), the family doctor should consider this treatment for NE resistant to initial measures, thus avoiding the need for pharmacologic intervention or premature referral <![CDATA[<b>Quais os benefícios para o doente da associação de metformina com dapagliflozina comparativamente a outros antidiabéticos orais?</b>: <b>Uma revisão baseada na evidência</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivo: Comparar os efeitos da associação de dapagliflozina à metformina relativamente a outros antidiabéticos orais, em doentes com controlo inadequado com metformina em monoterapia. Fontes de dados: Base de dados MEDLINE e sítios eletrónicos de medicina baseada na evidência. Métodos de revisão: Pesquisa de estudos publicados entre janeiro de 2007 e março de 2017, em português, inglês e espanhol, utilizando os termos MeSH dapagliflozin; diabetes mellitus, type 2 e metformin. Para avaliação da qualidade dos estudos e força de recomendação foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy, da American Family Physician (SORT). Resultados: Da pesquisa obtiveram-se 59 artigos, dos quais oito preencheram os critérios de inclusão: uma revisão sistemática, uma meta-análise, cinco ensaios clínicos e uma norma de orientação clínica. Pela análise destes estudos observou-se que a associação de dapagliflozina é eficaz na redução da hemoglobina glicada e do peso corporal, comparativamente a outras classes de antidiabéticos orais, sem aumento do risco de desenvolvimento de hipoglicemia. Os efeitos secundários mais frequentemente descritos, com a utilização deste fármaco, foram o aumento da prevalência de infeções do trato urinário e do trato genital, principalmente em mulheres. A dapagliflozina parece ter um efeito neutro em temos de morbimortalidade cardiovascular. Não está ainda clarificada a relação da sua utilização com o aumento do risco de desenvolvimento de cancro. Conclusões: Não foram encontrados dados suficientes que permitam afirmar que a associação de dapagliflozina à metformina seja superior à associação de metformina com as restantes classes de antidiabéticos orais existentes no mercado em termos de benefícios para o doente (SORT C). São necessários mais estudos que permitam avaliar a longo prazo os efeitos da dapagliflozina em termos de eficácia, segurança e morbimortalidade, assim como a manutenção dos resultados obtidos com esta associação de fármacos<hr/>Objectives: To compare the effect of the combination of metformin and dapagliflozin compared with metformin and other oral anti-diabetics as an add-on therapy in patients inadequately controlled with metformin alone. Data sources: MEDLINE and other evidence-based medicine databases Review methods: A review was made of meta-analyses, systematic reviews, randomized controlled clinical trials and clinical guidelines, published between January 2007 and March 2017, in Portuguese, English and Spanish, using the MeSH terms ‘dapagliflozin', ‘diabetes mellitus type 2', and ‘metformin'. The American Family Physician Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) was used to establish the quality of the studies and to define the strength of recommendations. Results: There were 59 articles found. Eight met the inclusion criteria. These included one meta-analysis, one systematic review, five randomized controlled clinical trials, and one clinical guideline. There is evidence that dual therapy with metformin and dapagliflozin is effective in reducing glycosylated haemoglobin and body weight, when compared to other oral anti-diabetics, without increasing the risk of hypoglycemic episodes. The most frequent adverse effects related to this drug were urinary tract and genital infections, especially in women (SORT C). Dapagliflozin seems to be neutral regarding cardiovascular risk and its association with cancer is yet to be clarified. Conclusions: There was not enough evidence to support the claim that dapagliflozin combined with metformin is more effective or better for the patient when compared to other oral anti-diabetics (SORT C). Given these limitations, we conclude that more controlled studies are required to determine the effects of dapagliflozin in terms of efficacy, safety, morbidity and mortality, as well as the maintenance of the results with this combination of drugs <![CDATA[<b>Associação entre excesso de peso, obesidade, dor músculo-esquelética e osteoartrose em cuidados de saúde primários</b>: <b>estudo transversal</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Avaliar a associação de excesso de peso, obesidade, dor músculo-esquelética e osteoartrose em cuidados de saúde primários. Tipo de estudo: Observacional, analítico, transversal. Local: Unidades de saúde dos Agrupamentos de Centros de Saúde da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. População: Indivíduos com ≥21 anos de idade que, em 2014, consultaram um médico de família. Métodos: Os dados para a análise foram recolhidos do Sistema de Informação da Administração Regional de Saúde. Os códigos L13, L15, L89, L90, T82 e T83 do ICPC-2 foram descritos por género e grupo etário. As medidas descritivas e o teste de qui-quadrado foram aplicados para avaliar diferenças de prevalência entre variáveis, sendo considerado um nível de significância de 5%. Resultados: A prevalência nos 1.742.470 participantes no estudo de excesso de peso e de obesidade foi de 7,42% e 8,69%. A prevalência de sintoma/queixa da anca foi de 1,51%, de sintoma/queixa do joelho 3,25%, de coxartrose 2,57% e de gonartrose 5,46%. Foi encontrada uma associação positiva entre o excesso de peso e sintoma/queixa da anca (OR=1,07; IC95%: 1,02-1,12, p<0,0001), sintoma/queixa do joelho (OR=1,15; IC95%: 1,12-1,19, p<0,0001), coxartrose (OR=2,17; IC95%: 2,11-2,24, p<0,0001) e gonartrose (OR=2,18; IC95%: 2,14-2,23, p<0,0001) e entre a obesidade e sintoma/queixa da anca (OR=1,23; IC95%: 1,18-1,28, p<0,0001), sintoma/queixa do joelho (OR=1,62; IC95%: 1,58-1,66, p<0,0001), coxartrose (OR=2,57; IC95%: 2,50-2,63, p<0,0001) e gonartrose (OR=3,69; IC95%: 3,63-3,75, p<0,0001). Conclusões: A associação positiva entre o excesso de peso e a obesidade e sintoma/queixa da anca, sintoma/queixa do joelho, osteoartrose da anca e osteoartrose do joelho e confirmam para a população portuguesa os resultados de estudos internacionais<hr/>Objectives: To evaluate the association of overweight, obesity, musculoskeletal pain and osteoarthritis in primary care. Design: Cross-sectional study. Setting: Health units in the Group of Health Centres of the Lisboa e Vale do Tejo Regional Health Administration Participants: Patients aged 21 years or older who consulted with a family doctor in 2014. Methods: Data were obtained from the centralized computer records of the regional health administration (Sistema de Informação da Administração Regional de Saúde). ICPC-2 codes L13, L15, L89, L90, T82 and T83, were examined by gender and age group. Descriptive statistics and chi-square tests were applied to evaluate differences in prevalence between the variables, with a significance level of 0.05. Results: The prevalences of overweight and obesity in the 1,742.470 patients in this population were 7.42% and 8.69%. The prevalence of hip symptoms or complaints was 1.51%, knee symptoms or complaint 3.25%, osteoarthritis of the hip 2.57%, and osteoarthritis of the knee 5.46%. There was a statistically significant association between overweight and hip symptoms or complaints (OR=1.07; IC95%: 1.02-1.12, p<0.0001), knee symptoms or complaints (OR=1.15; IC95%: 1.12-1.19, p<0.0001), osteoarthritis of the hip (OR=2.17; IC95%: 2.11-2.24, p<0.0001) and osteoarthritis of the knee (OR=2.18; IC95%: 2.14-2.23, p<0.0001), and between obesity and hip symptoms or complaints (OR=1.23; IC95%: 1.18-1.28, p<0.0001), knee symptoms or complaints (OR=1.62; IC95%: 1.58-1.66, p<0.0001), osteoarthritis of the hip (OR=2.57; IC95%: 2.50-2.63, p<0.0001), and osteoarthritis of the knee (OR=3.69; IC95%: 3.63-3.75, p<0.0001). Conclusions: The positive association between overweight and obesity, and hip symptoms or complaints, knee symptoms or complaints, osteoarthritis of the hip, and osteoarthritis of the knee in this population are consistent with results from international studies <![CDATA[<b>Cefaleias na gravidez</b>: <b>um caso clínico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000300008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Enquadramento: A cefaleia é um sintoma comum nos cuidados de saúde primários (CSP). Pode ter características sugestivas de uma cefaleia secundária grave, devendo o médico de família (MF) estar atento aos sinais de alarme. Sendo assim, perante um sintoma inespecífico, as competências nucleares do MF capacitam-no para gerir a incerteza, facilitando a gestão das várias possibilidades. Descrição de caso: Sexo feminino, 21 anos, antecedentes de disseção aórtica aos nove anos, sem MF na Unidade Funcional. A 01/09 recorre a consulta de intersusbstituição (CIS), grávida de 12 semanas, por cefaleias com 2,5 semanas, holocranianas e quase diárias. Foi-lhe indicado paracetamol em SOS. Por antecedentes cardiovasculares importantes foi referenciada a consulta hospitalar de obstetrícia. A 14/09 recorre a CIS por manter cefaleias holocranianas de predomínio frontal, de caráter pulsátil, com fonofobia, fotofobia e osmofobia, sem cedência ao analgésico. É encaminhada para o serviço de urgência (SU), onde foi observada por neurologia que considerou tratar-se de uma enxaqueca sem aura. A 01/10 teve consulta de obstetrícia, referindo novamente cefaleias intensas com reforço da toma de analgésico. A 07/10, agora com 17 semanas de gestação, recorre a CIS por manter cefaleias frontais. Por quadro arrastado, com recurso a múltiplas consultas com médicos diferentes, opta-se por contactar telefonicamente o neurologista de urgência. No SU, a angio-ressonância magnética (RM) revelou trombose venosa cerebral do seio lateral esquerdo. Foi internada na Unidade de Cuidados Intermédios Polivalentes e iniciou terapêutica com enoxaparina 12/12h. Discussão: A prevalência das cefaleias nos CSP é alta e, na maioria dos casos, sem sinais de alarme. A continuidade de cuidados, abordagem abrangente, modelação holística e a capacidade de gestão de cuidados - características da medicina geral e familiar -, são essenciais na avaliação destes utentes e conferem ao MF clara vantagem sobre os restantes especialistas na resolução de problemas complexos ou indiferenciados. Este caso vem demonstrar, uma vez mais, a importância de todos terem um MF<hr/>Background: Headache is a common symptom encountered in primary health care. However, it may have features that suggest serious causes. The family doctor should be aware of this risk when faced with a patient with nonspecific symptom. The core competencies of family medicine should allow the doctor to manage uncertainty and to acknowledge various possibilities when faced with a pregnant patient with headache. Case description: A 21 years old patient with a history of aortic dissection at age 9 years presented to a health care center at 12 weeks of gestation complaining of daily headaches. She did not have her own family physician previously. Paracetamol was prescribed for use as needed. Due to her cardiovascular history, she was referred for obstetric consultation at a local hospital. Two weeks later she returned to the health centre without an appointment complaining of severe pulsatile headache, with phonophobia, photophobia, osmophobia, and without improvement with analgesics. The patient was referred to the local hospital emergency department, where she was examined by a neurologist, who diagnosed migraine without aura. Two weeks later, she had a follow-up consultation at the hospital for the pregnancy. She complained of severe headache again and was prescribed analgesics. One week later she returned to the health centre without an appointment (at 17 weeks gestation) because of persistence of the headache. Due to the long course without improvement and multiple consultations with different doctors, contact was made with the neurologist on call at the local hospital and an emergency consultation was arranged. A magnetic resonance angiogram revealed a left lateral sinus cerebral venous thrombosis. She was admitted to the intensive care unit and was treated with enoxaparin. Conclusion: Continuous, comprehensive care and the ability to manage health care resources gave the family physician an advantage in the management of this challenging case. This case highlights the importance of a family doctor for every patient