Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2182-517320160001&lang=pt vol. 32 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Cuidar no lugar</b>: <b>um apelo ao sentido de coerência e à resiliência</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>The case for and against subspecialization in family medicine</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Problem Based Learning como metodologia inovadora no ensino de graduação em saúde</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Vacinação extra-PNV dos 2-4 anos de idade</b>: <b>fatores associados à não realização e perspetiva do pediatra vs médico de família</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Pretendemos conhecer os fatores associados à não realização e as recomendações do médico de medicina geral e familiar (MGF) e do pediatra acerca destas vacinas. Tipo de estudo: observacional, transversal, descritivo. Local: USF da zona norte do País (Braga - USF de Ruães). População: Crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos de idade; pediatras e MGF de Braga. Métodos: Consulta do processo clínico eletrónico da criança juntamente com um questionário realizado por via telefónica, respondido pelos pais ou encarregados de educação, no período de agosto de 2014 a janeiro de 2015. Para avaliação das recomendações dos médicos MGF e pediatra foi aplicado um questionário eletrónico, de resposta online, a médicos de pediatria e MGF. Os dados foram analisados com recurso ao programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®, Chicago, IL, USA), versão 17.0 para Microsoft Windows®. Resultados: Amostra de 180 crianças, dos 2-4 anos de idade. A taxa de cobertura vacinal contra Streptococcus pneumoniae 13-valente foi de 81,7%. Não se encontrou relação estatisticamente significativa entre o desemprego e a não realização das vacinas extra-PNV. Verificamos uma maior vacinação contra Neisseria meningitidis do serogrupo B e contra o vírus da hepatite A (VHA) na ausência de insuficiência económica (p value de Fisher=0,008 e p=0,046, respetivamente). Verificou-se uma associação entre a realização da vacina contra o rotavírus e frequência de infantário (p=0,029). Observou-se também uma associação estatisticamente significativa entre as crianças cuja escolaridade do pai ou da mãe era licenciatura/bacharelato e a realização das vacinas contra o rotavírus e anti-VHA. O elemento informador das vacinas extra-PNV foi o médico de família em 46%. A realização de todas as vacinas extra-PNV (exceto gripe sazonal) foi superior nas crianças que eram ou tinham sido seguidas por pediatra. Quanto ao questionário aplicado aos médicos obtivemos uma amostra total de 30 MGF e 30 pediatras. Revelou que a vacina mais aconselhada em ambos os grupos foi a contra Streptococcus pneumoniae. A ordem de importância atribuída às vacinas extra-PNV foi a mesma entre os dois grupos de profissionais. A principal razão para nem sempre aconselharem a vacina contra Streptococcus pneumoniae foi o preço. Conclusões: Para a maioria destas vacinas, desemprego e insuficiência económica não são fundamentais na decisão de não vacinar, o que salienta o esforço por parte dos pais em garantir a vacinação. É urgente a tomada de medidas que permitam um acesso mais justo às diferentes opções vacinais.<hr/>Aims: We aim to know the factors associated with compliance with recommendations for vaccination of children outside the national vaccination plan among patients of general practitioners (GP) and pediatricians. Type of Study: Cross-sectional study. Local: Ruães Family Health Unit (Cávado I Group of Health Centres). Population: Children aged 2-4 years old and pediatricians and GP from Braga. Methods: Electronic health records of children were studied. A questionnaire was administered by telephone interview of parents or guardians from August 2014 to January 2015. We used an electronic questionnaire with online response by GP and pediatricians to evaluate GP and pediatricians' compliance with recommendations. Data were analyzed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS, Chicago, IL, USA), version 17.0 for Microsoft Windows®. Results: We selected a sample of 180 children, aged of 2-4 years old. Vaccination coverage against Streptococcus pneumoniae was 81.7%. There was no statistically significant association between unemployment of the parent or guardian and non-compliance vaccines outside the plan. We found higher rates of vaccination against Neisseria meningitidis serogroup B and against hepatitis A virus (HAV) in the absence of economic difficulties (p value of Fisher=0.008 and p=0.046, respectively). Association between rotavirus vaccination and kindergarten attendance was statistically significant (p=0.029). There was also a statistically significant association between university-level education of the father or mother and rotavirus and hepatitis A vaccination. Vaccines outside the national plan were recommended by the family doctor in 46% of cases. Vaccination with vaccines outside the national plan was higher in children who were or had been followed by pediatrician (except flu vaccine). The sample of 30 GP and 30 pediatricians revealed that the most commonly recommended vaccine was that against Streptococcus pneumoniae. The order of importance attributed to vaccines was the same in both groups of professionals. The main reason for not recommending the Streptococcus pneumoniae vaccine was its price. Discussion and conclusions: For most vaccines, unemployment and economic difficulties are not decisive factors in the decision not to vaccinate. This emphasizes the parents' role in vaccination. Measures are required to ensure a fair access to different vaccine options. <![CDATA[<b>Hipertensão no grande idoso</b>: <b>tratar ou não tratar?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A hipertensão arterial é o fator de risco cardiovascular mais prevalente. Sabe-se que a diminuição da pressão arterial (PA) em hipertensos com ≤65 anos reduz a ocorrência de eventos cardiovasculares e morte. Relativamente ao grande idoso (≥80 anos), ainda há poucos estudos que possam assegurar o mesmo consenso. Objetivos: Rever se existe evidência sobre se o tratamento anti-hipertensor conduz a diminuição de eventos cardiovasculares major, bem como a redução da mortalidade no grande idoso. Fontes de dados: National Guideline Clearinghouse, Guideline Finder, Canadian Medical Association, The Cochrane Database, DARE, Bandolier, MEDLINE/PubMed e Índex de Revistas Médicas Portuguesas. Métodos de revisão: Pesquisa em sites de medicina baseada na evidência; entre janeiro de 2004 e agosto de 2014; línguas inglesa, espanhola ou portuguesa; palavras-chave: Hypertension/therapy AND Aged, 80 and over. Resultados: Oito artigos cumpriam os critérios de inclusão. Segundo as normas, o tratamento anti-hipertensor reduz a incidência de acidente vascular cerebral (AVC) e morbilidade cardiovascular e aumenta a mortalidade por outras causas (FR C). Se há boa condição física e psicológica, os valores de PA devem rondar os 140-150mmHg (FR B); caso contrário, o tratamento deve ser individualizado (FR C). As meta-análises corroboram a redução do risco de AVC, eventos cardiovasculares e insuficiência cardíaca (IC) (NE 2). Os ensaios clínicos revelam benefício na redução da PA até 150/80mmHg (NE 1); valores inferiores a este associam-se a maior risco de morte cerebrovascular e IC (NE 2). Conclusão: O benefício global do tratamento no grande idoso é questionável, pois embora esteja associado a uma redução dos eventos cardiovasculares quanto à mortalidade total, bem como à mortalidade específica por causa, os resultados são heterogéneos (FR B). Salienta-se, contudo, o facto de a redução da mortalidade total ser conseguida nos ensaios com menores reduções da PA e terapêuticas menos intensivas (FR B).<hr/>Introduction: Hypertension is the most prevalent cardiovascular risk factor. A decrease in blood pressure (BP) in hypertensive patients below the age of 65 reduces the risk of cardiovascular events and death. There are few studies of the reduction of risk in the very elderly (above 80 years of age). Objectives: To review the evidence for the reduction of risk of major cardiovascular events and mortality in very elderly patients with anti-hypertensive treatment. Data source: National Guideline Clearinghouse, Guideline Finder, Canadian Medical Association, The Cochrane Database, DARE, Bandolier, MEDLINE/PubMed e Índex de Revistas Médicas Portuguesas. Methods: A search was conducted on MEDLINE and evidence-based medical sites for articles published between January 2004 and August 2014 in English, Spanish or Portuguese using the keywords ‘Hypertension/therapy' AND ‘Aged, 80 and over'. Results: Eight articles met the inclusion criteria. In the guidelines found, antihypertensive treatment reduced the incidence of stroke and cardiovascular morbidity and increased mortality from other causes (Strength of Recommendation C). For patients in good physical and psychological condition, BP values should be around 140-150mmHg (Strength of Recommendation B). Otherwise, treatment should be individualized and monitored clinically (Strength of Recommendation C). One meta-analysis found a reduction in the risk of stroke, cardiovascular events and heart failure (LE 2). Clinical trials show benefit in controlling BP to 150/80mmHg (LE 1). Lower values are associated with greater risk of death and heart failure (LE 2). Conclusion: The overall benefit of treatment of elevated blood pressure in very elderly is questionable. Although it is associated with a reduction in the risk of cardiovascular events, all-cause mortality, and cause-specific mortality, the results are mixed (Strength of Recommendation B). The reduction of all-cause mortality was achieved in studies with lower reductions of blood pressure and less intensive therapies (Strength of Recommendation B). <![CDATA[<b>Levedura vermelha do arroz e berberina no tratamento da dislipidemia</b>: <b>qual a evidência?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivo: Determinar se a levedura vermelha do arroz (LVA) e a berberina (BBR) são eficazes na redução do colesterol-LDL (C-LDL) e dos triglicerídeos (TG). Fontes de dados: PubMed e bases de dados de medicina baseada na evidência. Métodos de revisão: Pesquisaram-se guidelines, meta-análises (MA), revisões sistemáticas (RS), ensaios clínicos aleatorizados controlados (ECAC) e estudos observacionais nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola. Utilizaram-se os termos MeSH (cholesterol, LDL, triglycerides, red yeast rice e berberine) e foram selecionados os artigos publicados entre janeiro de 2003 e janeiro de 2014 que incluíssem indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e dislipidemia não familiar. Avaliaram-se os níveis de evidência (NE) e atribuíram-se as forças de recomendação (FR), utilizando a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT), da American Academy of Family Physicians. Resultados: Dos 34 artigos obtidos, 10 cumpriam os critérios de inclusão. Uma MA, duas RS, quatro ECAC e um estudo observacional retrospetivo (EOR) evidenciaram a eficácia da LVA na redução dos níveis de C-LDL (NE 3). Os TG também foram eficazmente diminuídos pela LVA na MA, numa das RS e num dos ECAC (NE 3). A BBR demonstrou ser eficaz na redução do C-LDL e dos TG na MA/RS em que foi analisada (NE 3). A associação das duas substâncias, avaliada num ECAC, também reduziu de forma significativa o C-LDL. Conclusões: A evidência disponível relativamente à redução dos níveis de C-LDL e dos TG com a administração da LVA e/ou BBR foi considerada limitada (FR C). Assim, antes de se recomendarem estas substâncias no tratamento da dislipidemia são necessários mais estudos de elevada qualidade metodológica que demonstrem o seu benefício e segurança, além de uma maior regulamentação da sua produção e comercialização.<hr/>Aim: To determine if red yeast rice (RYR) and berberine (BBR) are effective in lowering serum levels of LDL-cholesterol (LDL-C) and triglycerides (TG). Data sources: PubMed and databases of evidence-based medicine. Review methods: Guidelines, meta-analyses (MA), systematic reviews (SR), randomized controlled trials (RCT) and observational studies in English, Portuguese and Spanish were searched, using the MeSH terms (cholesterol, LDL, triglycerides, red yeast rice and berberine). Articles published between January of 2003 and January of 2014, including patients aged 18 years old and older without familial dyslipidemia were selected. The level of evidence (LE) and the strength of recommendation (SR) were assessed using the Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) scale from the American Academy of Family Physicians. Results: Of the 34 articles found, 10 met the inclusion criteria. One MA, two SR, four RCT and one retrospective observational study described the effectiveness of RYR for the reduction of LDL-C levels (LE 3). Triglycerides were also effectively decreased by RYR in the MA, in one of the SR and in the RCT (LE 3). The MA and SR that analysed BBR showed its benefit in reducing LDL-C and TG (LE 3). The association of both substances, evaluated in a RCT, was also effective in lowering the levels of LDL-C. Conclusions: The available evidence regarding the reduction of LDL-C and TG levels with administration of RYR and/ or BBR was considered limited (SR C). Thus, before recommending these substances in the treatment of dyslipidemia, more studies of higher quality are needed to demonstrate their beneficial effects and safety. Better control in their production and marketing is also required. <![CDATA[<b>Prevalência de depressão nos internos de medicina geral e familiar da região sul de Portugal Continental: um estudo multicêntrico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Determinar a prevalência de depressão e consumo de antidepressivos nos internos de medicina geral e familiar (MGF) da região sul de Portugal Continental e estudar a associação da depressão com sexo, idade, ano de internato, localização do centro de saúde e tipo de unidade de cuidados de saúde. Tipo de estudo: Observacional, transversal e descritivo. Local: Unidades de Saúde Familiar (USF) e Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) da região sul de Portugal Continental. População: Internos de medicina geral e familiar (MGF) da região sul do território português. Métodos: Envio de questionários de autopreenchimento por via eletrónica aos internos de MGF da região sul de Portugal continental. O instrumento de medição de depressão usado foi o Inventário Depressivo de Beck II. Os testes Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e Correlação de Spearman foram utilizados para avaliar associações de variáveis, considerando-se um nível de significância de 0,05 e intervalos de confiança a 95%. Resultados: A taxa de resposta foi de 33%, reunindo-se uma amostra de 216 participantes. Quase 80% dos inquiridos pertencem ao sexo feminino. A média de idades foi 30 anos. Os internos distribuem-se equitativamente pelos quatro anos de formação pós-graduada. A maioria (88,9%) desenvolve a sua atividade em USF e 61,1% trabalha na região de Lisboa. Cerca de 19% dos internos apresentam algum grau de depressão: 8,9% (4,7-13,0) com depressão leve, 6,9% (3,2-10,6) com depressão moderada e 2,9% (0,4-5,5) com depressão severa. Sete por cento estão medicados com antidepressivos. Os valores na escala de depressão não se relacionam com idade, sexo, ano de internato e tipo de unidade. Conclusões: O estudo representa o primeiro esforço de quantificação de depressão nos internos de MGF em Portugal e poderá configurar um ponto de partida para outros estudos no âmbito da saúde mental dos médicos que resultem em intervenções que tendam a melhorar a prática clínica dos mesmos.<hr/>Objectives: To determine the prevalence of depression and antidepressant use among Family Medicine residents in the Southern Region of Continental Portugal and to study the associations between depression and gender, age, internship year, location of the health center, and type of health care facility. Study design: Cross-sectional study. Setting: Family Health Units and Personalized Health Care Units from the south of Portugal. Participants: Family Medicine residents from the south of Portugal. Methods: Self-administered questionnaires were sent electronically to Family Medicine residents from the Southern Region of Portugal. The Beck Depression Inventory II was used to measure depression. The Mann-Whitney test, Kruskal-Wallis and Spearman correlation were used to evaluate associations of variables, with a significance level of 0,05 and 95% confidence intervals. Results: The response rate was 33%, giving a sample of 216 participants. Almost 80% of the participants were female. The average age was 30 years old. The residents were equally distributed among the four years of postgraduate training. The majority (88,9%) worked in Family Health Units and 61,1% worked in the Lisbon area. About 19% of the residents had some degree of depression: 8,9% (4,7-13,0) were classified as mild depression, 6,9% (3,2-10,6) as moderate depression and 2,9% (0,4-5,5) as severe depression. Seven percent were treated with antidepressants. Levels of depression were not related to age, gender, internship year or type of health unit. Conclusions: The study represents the first effort to quantify depression among Portuguese Family Medicine residents. It can serve as a starting point for further studies about physicians' mental health, leading to interventions to improve their performance. <![CDATA[<b>Concha bolhosa gigante</b>: <b>uma causa curável de obstrução nasal</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A obstrução nasal é um problema comum na população portuguesa. Influencia negativamente a qualidade de vida e repercute-se na dinâmica familiar. Tem várias causas, entre elas, a concha bolhosa. Os objetivos deste artigo são descrever um caso de concha bolhosa gigante e sintetizar a abordagem ao utente com obstrução nasal nos cuidados de saúde primários. Descrição do caso: Mulher de 50 anos que recorre ao serviço de urgência por sensação de ouvido tapado à direita. Apresentava também obstrução nasal crónica bilateral, roncopatia e cefaleias. Ao exame objetivo verificou-se otite seromucosa à direita e corneto médio a estender-se para o vestíbulo nasal e também a existência de secreções abundantes e hipertrofia adenoide na nasofibroscopia. Foi medicada com descongestionante nasal e corticóide sistémico e nasal, tendo sido referenciada para consulta interna de otorrinolaringologia. No âmbito desta consulta foi feita biópsia faríngea, que não revelou alterações, e tomografia computorizada dos seios perinasais que evidenciou a existência de uma concha média bolhosa gigante à direita. Realizou tratamento cirúrgico, com resolução da obstrução nasal e das cefaleias e com melhoria da roncopatia. Comentário: A procura inicial de cuidados de saúde a nível hospitalar ainda existe, como no caso descrito. É importante difundir o papel do médico de família como prestador e gestor de cuidados em diversas áreas. De modo sistemático, perante queixas de obstrução nasal é fundamental a realização da história clínica e do exame objetivo cuidados. Devem ser pesquisados sinais e sintomas de alarme. Quando, pelo menos, um estiver presente ou perante uma resposta terapêutica insatisfatória deve-se referenciar o utente para consulta hospitalar. No caso em concreto, a evidência de otite seromucosa unilateral obriga à exclusão de neoplasia da nasofaringe. As variantes anatómicas constituem causas potencialmente curáveis de obstrução nasal e devem ser consideradas no diagnóstico diferencial da obstrução nasal crónica persistente.<hr/>Introduction: Nasal obstruction is a common problem in Portugal. It can have negative influences on quality of life and repercussions for family dynamics. It has several causes. Among them is concha bullosa. The objectives of this article are to describe a case of giant concha bullosa and to summarize the approach to the patient with nasal obstruction in primary care. Case description: A 50 year-old woman presented to a hospital emergency department because a blocked right ear. She had experienced chronic bilateral nasal obstruction, snoring and headaches. Right serous otitis media was diagnosed and the middle nasal turbinate was found to extend to the nasal vestibule. There were abundant secretions and adenoid hypertrophy was found on nasal endoscopy. She was treated with corticosteroids and decongestants and referred for otolaryngology consultation. Pharyngeal biopsy was not diagnostic. Computed tomography showed the existence of a right-sided giant concha bullosa. Surgery was performed with resolution of nasal obstruction, relief of headache, and improvement of snoring. Comment: Some patients may present complaints initially to the hospital emergency department. However it is important to stress the role of the family physician as health care provider and case manager. The initial history and physical examination are important in the investigation of complains of nasal obstruction. ‘Red flags' must be investigated. If any of these are present or if there is an unsatisfactory response to medical therapy, the patient must be referred for specialist consultation. In this case, the evidence of unilateral serous otitis media required investigation for the exclusion of nasopharyngeal cancer. Anatomical variants are potentially curable causes of nasal obstruction and should be considered in the differential diagnosis of persistent nasal obstruction. <![CDATA[<b>Uma improvável dor de cotovelo</b>: <b>relato de um caso de tuberculose dos tecidos moles</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Em Portugal, a percentagem de casos de tuberculose que tem localização extrapulmonar estima-se em 29%. As localizações mais frequentes são a ganglionar, pleural, osteoarticular e meníngea. A prevalência de tuberculose como problema de saúde pública e escassez de casos descritos de tuberculose de tecidos moles ilustram a pertinência deste relato. Descrição do caso: Jovem do sexo feminino, 17 anos de idade, saudável até fevereiro de 2013, altura em que iniciou quadro de dor à mobilização ativa do cotovelo direito, sem história traumática, tendo sido medicada com anti-inflamatório. Por persistência das queixas álgicas e surgimento de sinais inflamatórios locais, realizou estudo ecográfico, solicitado pelo médico de família, que revelou uma área de edema e celulite dos tecidos moles periarticulares. Em maio, após insucesso terapêutico com dois ciclos de antibioterapia oral, recorreu ao serviço de urgência do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde. Foi posteriormente internada no serviço de pediatria. Apresentava tumefação na face externa do cotovelo, com sinais de flutuação, dolorosa à palpação, sem compromisso da mobilidade articular. Foi realizada punção aspirativa local, cujo exame cultural foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. A prova tuberculínica mostrou enduração de 13mm. A ressonância magnética nuclear do cotovelo foi sugestiva de lesão infeciosa de etiologia tuberculosa. A doente foi orientada para o Centro de Diagnóstico Pneumológico com o diagnóstico de tuberculose de tecidos moles, iniciou terapêutica tuberculostática tripla, apresentando evidente melhoria clínica após um mês de tratamento. Discussão: Apesar da sua raridade, a tuberculose de tecidos moles deve ser uma hipótese de diagnóstico a considerar em lesões localizadas, persistentes e resistentes a terapêutica antibiótica, sobretudo em áreas geográficas onde a prevalência de tuberculose não seja desprezível.<hr/>Introduction: Extrapulmonary tuberculosis is found in 29% of cases in Portugal. The most common sites are lymph nodes, pleura, bone, joints, and meninges. The high prevalence of tuberculosis in Portugal and the scarcity of reported cases of tuberculosis of soft tissues highlight the importance of this case report. Case presentation: A 17 year-old female was healthy until February of 2013 when she began to complain of pain on movement of the right elbow. There was no history of trauma. She was treated with anti-inflammatory medication. Because of persistent pain and the appearance of signs of local inflammation, an ultrasound examination of the elbow was requested by the family doctor. This revealed an area of edema and cellulitis in the peri-articular soft tissues. After failure of treatment with two courses of oral antibiotics, she went to the emergency department of Centro Hospitalar Póvoa do Varzim/Vila do Conde where she was admitted to the pediatric department. She presented with swelling of the lateral aspect of the elbow with fluctuation and tenderness to palpation, but without restriction of mobility of the joint. A local aspiration was performed and culture of the fluid was positive for Mycobacterium tuberculosis. The tuberculin skin test showed an induration of 13 mm. Nuclear magnetic resonance imaging of the elbow was suggestive of an infectious lesion of tuberculosis etiology. The patient was referred to the Centre for Pulmonary Diagnosis with a diagnosis of tuberculosis of soft tissues. She began triple tuberculostatic therapy, with clinical improvement after one month of treatment. Discussion: Although it is rare, tuberculosis of soft tissues should be considered in localized, persistent lesions that are resistant to antibiotic treatment, especially in geographical areas with a high prevalence of tuberculosis. <![CDATA[<b>Quando uma queixa comum revela um diagnóstico incomum</b>: <b>Síndroma de Eagle</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A Síndroma de Eagle caracteriza-se pelo alongamento da apófise estilóide do osso temporal, a qual comprime as estruturas neurovasculares adjacentes abrangendo, por isso, um amplo espectro de sintomas. Os mais comuns incluem odinofagia e sensação de corpo estranho, mas também disfagia, otalgia, cefaleia, síncope ou até mesmo acidente isquémico transitório. O diagnóstico não é fácil, sendo necessário um alto índice de suspeição, dado que os sintomas podem ser atribuídos a outras patologias. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma utente de 35 anos de idade, com odinofagia esquerda persistente com cerca de oito meses de evolução e com múltiplas recorrências a consultas agudas na unidade de saúde familiar e no serviço de urgência. Ao exame objetivo destacava-se apenas rubor da orofaringe. Realizou zaragatoa de exsudado faríngeo e endoscopia digestiva alta que não revelaram alterações. Foi referenciada à consulta de otorrinolaringologia; porém, teve alta por não ter sido detetada patologia. Por persistência de odinofagia intensa, e revelando já alguma ansiedade face à ausência de diagnóstico, foi solicitada uma tomografia computorizada da faringe que evidenciou assimetria das apófises estilóides, considerando a possibilidade de síndroma de Eagle. Optou-se pelo tratamento conservador mas, por refratariedade da sintomatologia, foi referenciada para a consulta de estomatologia. À data da consulta hospitalar apresentava já melhoria das queixas álgicas com terapêutica anti-inflamatória, mantendo o seguimento hospitalar com vigilância anual. Comentário: Apesar de a síndroma de Eagle ser uma patologia rara, deve ser equacionada nos pacientes que apresentam dor cervico-facial crónica, sobretudo quando refratária ao tratamento. Caso contrário, poderá conduzir, erradamente, ao diagnóstico de outras patologias, ao consumo de recursos de saúde e ao desgaste físico e emocional do doente. Assim sendo, o médico de família apresenta um papel importante no reconhecimento desta síndroma, uma vez que os sintomas são comummente encontrados na sua prática clínica diária.<hr/>Introduction: The Eagle syndrome is characterized by the elongation of styloid process. This provides attachment for many important neurovascular structures and can lead to a broad spectrum of symptoms. The most common symptoms include odynophagia and a sensation of a foreign body. It can also cause dysphagia, headache, syncope, or even transient ischemic attacks. The diagnosis is difficult as the symptoms may be attributed to other diseases. Case report: We describe the case of a 35-year-old female with persistent odynophagia for 8 months, with multiple consultations with her family doctor and the local emergency department. Physical examination revealed oropharyngeal erythema. Endoscopy and pharyngeal exudate were normal. The patient was referred to an otolaryngology consultation, but no cause was found. With persistent odynophagia and anxiety due to a lack of a diagnosis, computerized tomography of the pharynx was requested. This revealed asymmetry of the styloid process and the Eagle syndrome was diagnosed. Conservative management was suggested, but due to refractory symptoms, the patient was referred to stomatology. After consultation in hospital, the complaints of pain improved with anti-inflammatory therapy. The patient is currently followed in hospital with annual monitoring. Comment: Although the Eagle syndrome is rare, it should be considered in patients with chronic cervicofacial pain, especially when this is refractory to treatment. Otherwise, it may lead to incorrect diagnosis, to consumption of health resources, and to physical and emotional stress for the patient. The family doctor has a role to play in recognition this syndrome since the symptoms are commonly encountered in daily clinical practice. <![CDATA[<b>A doença pneumocócica e recomendações GRESP para a vacinação antipneumocócica na população adulta (≥18 anos)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A Síndroma de Eagle caracteriza-se pelo alongamento da apófise estilóide do osso temporal, a qual comprime as estruturas neurovasculares adjacentes abrangendo, por isso, um amplo espectro de sintomas. Os mais comuns incluem odinofagia e sensação de corpo estranho, mas também disfagia, otalgia, cefaleia, síncope ou até mesmo acidente isquémico transitório. O diagnóstico não é fácil, sendo necessário um alto índice de suspeição, dado que os sintomas podem ser atribuídos a outras patologias. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma utente de 35 anos de idade, com odinofagia esquerda persistente com cerca de oito meses de evolução e com múltiplas recorrências a consultas agudas na unidade de saúde familiar e no serviço de urgência. Ao exame objetivo destacava-se apenas rubor da orofaringe. Realizou zaragatoa de exsudado faríngeo e endoscopia digestiva alta que não revelaram alterações. Foi referenciada à consulta de otorrinolaringologia; porém, teve alta por não ter sido detetada patologia. Por persistência de odinofagia intensa, e revelando já alguma ansiedade face à ausência de diagnóstico, foi solicitada uma tomografia computorizada da faringe que evidenciou assimetria das apófises estilóides, considerando a possibilidade de síndroma de Eagle. Optou-se pelo tratamento conservador mas, por refratariedade da sintomatologia, foi referenciada para a consulta de estomatologia. À data da consulta hospitalar apresentava já melhoria das queixas álgicas com terapêutica anti-inflamatória, mantendo o seguimento hospitalar com vigilância anual. Comentário: Apesar de a síndroma de Eagle ser uma patologia rara, deve ser equacionada nos pacientes que apresentam dor cervico-facial crónica, sobretudo quando refratária ao tratamento. Caso contrário, poderá conduzir, erradamente, ao diagnóstico de outras patologias, ao consumo de recursos de saúde e ao desgaste físico e emocional do doente. Assim sendo, o médico de família apresenta um papel importante no reconhecimento desta síndroma, uma vez que os sintomas são comummente encontrados na sua prática clínica diária.<hr/>Introduction: The Eagle syndrome is characterized by the elongation of styloid process. This provides attachment for many important neurovascular structures and can lead to a broad spectrum of symptoms. The most common symptoms include odynophagia and a sensation of a foreign body. It can also cause dysphagia, headache, syncope, or even transient ischemic attacks. The diagnosis is difficult as the symptoms may be attributed to other diseases. Case report: We describe the case of a 35-year-old female with persistent odynophagia for 8 months, with multiple consultations with her family doctor and the local emergency department. Physical examination revealed oropharyngeal erythema. Endoscopy and pharyngeal exudate were normal. The patient was referred to an otolaryngology consultation, but no cause was found. With persistent odynophagia and anxiety due to a lack of a diagnosis, computerized tomography of the pharynx was requested. This revealed asymmetry of the styloid process and the Eagle syndrome was diagnosed. Conservative management was suggested, but due to refractory symptoms, the patient was referred to stomatology. After consultation in hospital, the complaints of pain improved with anti-inflammatory therapy. The patient is currently followed in hospital with annual monitoring. Comment: Although the Eagle syndrome is rare, it should be considered in patients with chronic cervicofacial pain, especially when this is refractory to treatment. Otherwise, it may lead to incorrect diagnosis, to consumption of health resources, and to physical and emotional stress for the patient. The family doctor has a role to play in recognition this syndrome since the symptoms are commonly encountered in daily clinical practice. <![CDATA[<b>Qual o alvo ideal para o tratamento da hipertensão?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A Síndroma de Eagle caracteriza-se pelo alongamento da apófise estilóide do osso temporal, a qual comprime as estruturas neurovasculares adjacentes abrangendo, por isso, um amplo espectro de sintomas. Os mais comuns incluem odinofagia e sensação de corpo estranho, mas também disfagia, otalgia, cefaleia, síncope ou até mesmo acidente isquémico transitório. O diagnóstico não é fácil, sendo necessário um alto índice de suspeição, dado que os sintomas podem ser atribuídos a outras patologias. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma utente de 35 anos de idade, com odinofagia esquerda persistente com cerca de oito meses de evolução e com múltiplas recorrências a consultas agudas na unidade de saúde familiar e no serviço de urgência. Ao exame objetivo destacava-se apenas rubor da orofaringe. Realizou zaragatoa de exsudado faríngeo e endoscopia digestiva alta que não revelaram alterações. Foi referenciada à consulta de otorrinolaringologia; porém, teve alta por não ter sido detetada patologia. Por persistência de odinofagia intensa, e revelando já alguma ansiedade face à ausência de diagnóstico, foi solicitada uma tomografia computorizada da faringe que evidenciou assimetria das apófises estilóides, considerando a possibilidade de síndroma de Eagle. Optou-se pelo tratamento conservador mas, por refratariedade da sintomatologia, foi referenciada para a consulta de estomatologia. À data da consulta hospitalar apresentava já melhoria das queixas álgicas com terapêutica anti-inflamatória, mantendo o seguimento hospitalar com vigilância anual. Comentário: Apesar de a síndroma de Eagle ser uma patologia rara, deve ser equacionada nos pacientes que apresentam dor cervico-facial crónica, sobretudo quando refratária ao tratamento. Caso contrário, poderá conduzir, erradamente, ao diagnóstico de outras patologias, ao consumo de recursos de saúde e ao desgaste físico e emocional do doente. Assim sendo, o médico de família apresenta um papel importante no reconhecimento desta síndroma, uma vez que os sintomas são comummente encontrados na sua prática clínica diária.<hr/>Introduction: The Eagle syndrome is characterized by the elongation of styloid process. This provides attachment for many important neurovascular structures and can lead to a broad spectrum of symptoms. The most common symptoms include odynophagia and a sensation of a foreign body. It can also cause dysphagia, headache, syncope, or even transient ischemic attacks. The diagnosis is difficult as the symptoms may be attributed to other diseases. Case report: We describe the case of a 35-year-old female with persistent odynophagia for 8 months, with multiple consultations with her family doctor and the local emergency department. Physical examination revealed oropharyngeal erythema. Endoscopy and pharyngeal exudate were normal. The patient was referred to an otolaryngology consultation, but no cause was found. With persistent odynophagia and anxiety due to a lack of a diagnosis, computerized tomography of the pharynx was requested. This revealed asymmetry of the styloid process and the Eagle syndrome was diagnosed. Conservative management was suggested, but due to refractory symptoms, the patient was referred to stomatology. After consultation in hospital, the complaints of pain improved with anti-inflammatory therapy. The patient is currently followed in hospital with annual monitoring. Comment: Although the Eagle syndrome is rare, it should be considered in patients with chronic cervicofacial pain, especially when this is refractory to treatment. Otherwise, it may lead to incorrect diagnosis, to consumption of health resources, and to physical and emotional stress for the patient. The family doctor has a role to play in recognition this syndrome since the symptoms are commonly encountered in daily clinical practice. <![CDATA[<b>Rastreio do cancro da mama em mulheres entre os 40 e os 49 anos</b>: <b>os benefícios superam os malefícios?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732016000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A Síndroma de Eagle caracteriza-se pelo alongamento da apófise estilóide do osso temporal, a qual comprime as estruturas neurovasculares adjacentes abrangendo, por isso, um amplo espectro de sintomas. Os mais comuns incluem odinofagia e sensação de corpo estranho, mas também disfagia, otalgia, cefaleia, síncope ou até mesmo acidente isquémico transitório. O diagnóstico não é fácil, sendo necessário um alto índice de suspeição, dado que os sintomas podem ser atribuídos a outras patologias. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma utente de 35 anos de idade, com odinofagia esquerda persistente com cerca de oito meses de evolução e com múltiplas recorrências a consultas agudas na unidade de saúde familiar e no serviço de urgência. Ao exame objetivo destacava-se apenas rubor da orofaringe. Realizou zaragatoa de exsudado faríngeo e endoscopia digestiva alta que não revelaram alterações. Foi referenciada à consulta de otorrinolaringologia; porém, teve alta por não ter sido detetada patologia. Por persistência de odinofagia intensa, e revelando já alguma ansiedade face à ausência de diagnóstico, foi solicitada uma tomografia computorizada da faringe que evidenciou assimetria das apófises estilóides, considerando a possibilidade de síndroma de Eagle. Optou-se pelo tratamento conservador mas, por refratariedade da sintomatologia, foi referenciada para a consulta de estomatologia. À data da consulta hospitalar apresentava já melhoria das queixas álgicas com terapêutica anti-inflamatória, mantendo o seguimento hospitalar com vigilância anual. Comentário: Apesar de a síndroma de Eagle ser uma patologia rara, deve ser equacionada nos pacientes que apresentam dor cervico-facial crónica, sobretudo quando refratária ao tratamento. Caso contrário, poderá conduzir, erradamente, ao diagnóstico de outras patologias, ao consumo de recursos de saúde e ao desgaste físico e emocional do doente. Assim sendo, o médico de família apresenta um papel importante no reconhecimento desta síndroma, uma vez que os sintomas são comummente encontrados na sua prática clínica diária.<hr/>Introduction: The Eagle syndrome is characterized by the elongation of styloid process. This provides attachment for many important neurovascular structures and can lead to a broad spectrum of symptoms. The most common symptoms include odynophagia and a sensation of a foreign body. It can also cause dysphagia, headache, syncope, or even transient ischemic attacks. The diagnosis is difficult as the symptoms may be attributed to other diseases. Case report: We describe the case of a 35-year-old female with persistent odynophagia for 8 months, with multiple consultations with her family doctor and the local emergency department. Physical examination revealed oropharyngeal erythema. Endoscopy and pharyngeal exudate were normal. The patient was referred to an otolaryngology consultation, but no cause was found. With persistent odynophagia and anxiety due to a lack of a diagnosis, computerized tomography of the pharynx was requested. This revealed asymmetry of the styloid process and the Eagle syndrome was diagnosed. Conservative management was suggested, but due to refractory symptoms, the patient was referred to stomatology. After consultation in hospital, the complaints of pain improved with anti-inflammatory therapy. The patient is currently followed in hospital with annual monitoring. Comment: Although the Eagle syndrome is rare, it should be considered in patients with chronic cervicofacial pain, especially when this is refractory to treatment. Otherwise, it may lead to incorrect diagnosis, to consumption of health resources, and to physical and emotional stress for the patient. The family doctor has a role to play in recognition this syndrome since the symptoms are commonly encountered in daily clinical practice.