Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1647-216020120001&lang=pt vol. num. 7 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <link>http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt</link> <description/> </item> <item> <title><![CDATA[<b>Prevalência dos Focos de Enfermagem de Saúde Mental em Pessoas Mais Velhas</b>: <b>Resultados da Pesquisa Documental Realizada num Serviço de Psiquiatria</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Os problemas e as necessidades das pessoas mais velhas estão muitas vezes associados a condições de doença mental, caracterizadas por um conjunto de manifestações clínicas, que se constituem como focos de atenção relevantes para a prática de enfermagem. Estas alterações devem suscitar a atenção e a preocupação dos profissionais de saúde, no sentido de aprofundarem o conhecimento e de criarem evidência científica, que permita elaborar respostas mais estruturadas, orientadas para a satisfação de necessidades específicas e para a promoção de um envelhecimento activo e bem-sucedido. O presente artigo procura apresentar os resultados de uma pesquisa documental efectuada numa unidade de internamento de psiquiatria de curta duração. O principal propósito do estudo foi identificar os focos de enfermagem de saúde mental mais frequentemente utilizados pelos enfermeiros na sua prática clínica. Foram analisados os registos do Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE) e do Sistema de Apoio ao Médico (SAM), bem como os dados do processo clínico de todos os utentes com idade igual ou superior a 65 anos, que estiveram internados na unidade, no período de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2010. O estudo envolveu uma amostra dos registos de 71 utentes, de ambos os sexos, com doença mental diagnosticada pela CID-9 (Classificação Internacional de Doenças), sendo os diagnósticos mais comuns a demência (36.6%) e a depressão (26.8%). A maioria dos utentes era do sexo feminino (78.9%), viúva (38%), com escolaridade inferior a 4 anos (91.5%) e vivia em zona rural (63.4%). Os resultados permitiram identificar a presença de vários focos de enfermagem de saúde mental, sendo os mais comuns a insónia, o humor, o processo do pensamento, a confusão, a crença errónea e a tristeza. Os focos no domínio do humor e da ansiedade apareciam mais frequentemente no diagnóstico de depressão, ao passo que os focos do domínio cognitivo e comportamental surgiam com maior frequência no diagnóstico de demência. Estes resultados constituem um aporte importante para a clarificação de alguns aspectos relacionados com os problemas/necessidades das pessoas mais velhas com problemas de saúde mental, constituindo um acervo relevante para o aprofundamento das nossas pesquisas, neste âmbito.<hr/>The problems and needs of older people are often associated with the conditions of mental illness, characterized by a set of clinical manifestations, which constitute attention focuses relevant to nursing practice. These changes must come to the attention and be the concern of health professionals, in order to deepen their knowledge and create evidence that will allow the development of more structured and targeted responses to meet specific needs and to promote active and successful aging. This article presents the results of documentary research carried out in a short stay psychiatric inpatient unit. The main purpose of the study was to identify the mental health nursing focuses most often used by nurses in inpatient caring. We analyzed the records of the Support System for Nursing Practice (SAPE) and Medical Practice (SAM) and data from clinical records of all patients aged 65 or over, who were hospitalized in the unit, during the period from January 1st to December 31st 2010. The study involved a sample of records of 71 patients, of both sexes, with mental illness diagnosed by ICD-9 (International Classification of Diseases), the most common diagnoses being dementia (36.6%) and depression (26.8%). Most of the participants were female (78.9%), widowed (38%), had between 0 and 4 years of education (91.5%) and lived in rural areas (63.4%). The results showed the presence of multiple mental health nursing attention focuses, the most common being insomnia, humour, thinking process, confusion, delusion and sadness. The focuses related to humour and anxiety are more often found in depression diagnosis, while those related to the cognitive and behavioral domain occur most frequently in dementia diagnosis. These results are an important contribution to the clarification of some aspects of the problems and needs of older people with mental health problems, constituting a relevant addition to the research in this area. <![CDATA[<b>Reconhecimento da Depressão e Crenças sobre Procura de Ajuda em Jovens Portugueses</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Embora o despoletar das doenças mentais na adolescência e juventude seja comum, muitos adolescentes e jovens não procuram ajuda, sendo a baixa literacia em saúde mental apontada como tendo influência sobre o reconhecimento precoce da perturbação e os comportamentos de procura de ajuda. Em Portugal, não existiam estudos que avaliassem a literacia em saúde mental de adolescentes e jovens. No âmbito do projeto "Educação e Sensibilização para a Saúde Mental: Um Programa de Intervenção com base na Escola para Adolescentes e Jovens" (PTDC/CPE-CED/112546/2009) está a ser administrado um questionário cujo propósito é avaliar a literacia da saúde mental de adolescentes e jovens. O QuALiSMental é a versão traduzida, adaptada e autorizada do Survey of Mental Health Literacy in Young People - Interview Version (Jorm, 1997; 2000) e é composto por três vinhetas, descrevendo uma pessoa fictícia com sintomas de depressão, esquizofrenia e abuso de substâncias (álcool), respetivamente. O objetivo deste artigo é caraterizar, partindo da análise de resultados do QuALiSMental, a capacidade de jovens portugueses residentes na zona centro de Portugal e que terminaram o 12º ano em 2011 identificarem a depressão através da leitura de uma vinheta bem como as suas crenças sobre a procura de ajuda para esta situação. Os dados foram colhidos partindo de uma amostra por conglomerados e esta seleção, apesar de aleatória, teve em consideração a representatividade em termos de indicadores geográficos e contextos urbanos, semiurbanos e rurais. Verificou-se que 32% da amostra identifica corretamente a depressão e que a afirmação de intenção de procura de ajuda é de 66,3%. As limitações encontradas ao nível da literacia em saúde mental de adolescentes e jovens podem explicar o não reconhecimento das perturbações mentais e o atraso na procura de ajuda, que leva a tratamentos mais demorados. São necessárias ações de educação e sensibilização para a saúde mental junto de adolescentes e jovens, preferencialmente em contexto escolar.<hr/>Although the onset of mental disorders often occur during adolescence and youth, many teenagers and youths do not seek help, having the low mental health literacy influence over the early recognition of the disorder and the help-seeking behaviors. In Portugal, there were no studies that evaluate mental health literacy of teenagers and youths. In the scope of the project "Mental Health Education and Sensibilization: A School-based Intervention Program for Adolescents and Young" (PTDC/ CPE-CED/112546/2009) a questionnaire is being applied with the aim of evaluate the mental health literacy of teenagers and youths. The QuALiSMental is the translated and adapted version of the Survey of Mental Health Literacy in Young People - Interview Version (Jorm, 1997; 2000) and has three vignettes describing a fictitious person with symptoms of depression, schizophrenia and abuse of substances (alcohol), respectively. The objective of this article is to characterize, starting from the results of QuALiSMental, the ability of the Portuguese youths living in the center of Portugal and that finished the 12o year in 2011 identify depression after reading a vignette as well as their beliefs about the help seeking for this situation. The data were collected from a cluster sample and this selection, although randomized, considerate the geographical and urban, semi urban and rural representativeness. It was verified that 32% of the sample identified accurately depression and that the intention of help seeking is 66, 3%. The limitations we have identified in mental health literacy of adolescents and youths can explain the non-recognition of the mental disturb and delays in help-seeking, which leads to longer treatments. Actions of education and awareness of mental health with adolescents and youths are needed, preferably school-based. <![CDATA[<b>Domínio Relações Sociais da Qualidade de Vida</b>: <b>Um Foco de Intervenção em Pessoas com Doenças do Humor</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A prestação de cuidados em saúde mental e psiquiatria, por diversos motivos, incluindo os que a ligam à sua história, teve sempre implícitos desafios sucessivos ligados à própria assistência em saúde mental, às grandes alterações legislativas nesta área, à adaptação da assistência a essas alterações e também à investigação. Atendendo à conjuntura nacional e internacional que norteia a saúde mental e psiquiatria, a Qualidade De Vida (QDV) das pessoas com doença mental torna-se uma área fundamental de investigação, tendo em conta a sua inquestionável importância na aferição de medidas de intervenção. Neste sentido, este estudo pretendeu contribuir para uma melhor compreensão da relação entre a qualidade de vida e a doença mental. Metodologia: O estudo apresentado é um estudo comparativo, de abordagem quantitativa, entre pessoas com doenças do humor e pessoas da população geral sem doença mental diagnosticada integrado num estudo mais alargado. Neste trabalho é analisado apenas o Domínio Relações Sociais da QDV. Participantes: A amostra é constituída por 39 sujeitos com doenças do humor e 39 sujeitos da população geral. Instrumentos: i) World Health Organization (WHO-QOL-Bref ), ii) Questionário de Dados Sócio-demográficos e iii) Índice de Graffar. Resultados: Os dados apontam para a presença de pior QDV no Domínio Relações Sociais nos sujeitos desta amostra com doença do humor, quando comparados com os sujeitos da população geral. Esta diferença reflecte-se essencialmente no que respeita às facetas actividade sexual e relações pessoais. Conclusões: Os resultados deste estudo permitem a reflexão sobre um conjunto de implicações das doenças do humor no Domínio Relações Sociais da QDV, reforçando a importância de se respeitarem as variáveis relações pessoais, actividade sexual e apoio social na assistência em saúde a esta população específica.<hr/>The mental health and psychiatry care, for several reasons, have always been implicit successive challenges related to mental health care itself, to its history, to the major legislative changes in this area, to the adjustment of the assistance to those changes and also to research. Given the national and international guides to mental health and psychiatry, quality of life (QOL) of people with mental illness becomes a key area of research, given its unquestionable importance in the assessment of intervention measures. Thus, this study aims to contribute to a better understanding of the relationship between quality of life and mental illness. Methodology: The present study is a comparative study of a quantitative approach, among people with mood disorders and people from general population without diagnosed mental disorders as part of a larger study. This paper analyses only the Social Relations Domain of QOL. Participants: The sample consists of 39 subjects with mood disorders and 39 subjects from general population. Instruments: i) World Health Organization (WHOQO-Bref), ii) Questionnaire Sociodemographic Data and iii) Graffar Index. Results: The data indicate the presence of worse QOL in Social Relationships subjects from this sample with mood disorders, when compared with the subjects from general population. This difference is reflected mainly in relation to sexual activity and personal relationships facets. Conclusions: These results allow reflection on a set of implications of mood disorders in Social Relations Domain of QOL. Also, these results reinforce the importance of respecting the personal relationships, sexual activity and social support variables in health assistance for this specific population. <![CDATA[<b>Refletindo sobre a Qualidade da Supervisão no Ensino Clínico de Enfermagem em Saúde Mental</b>: <b>Perspectiva dos Supervisores</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo, enquadrado no âmbito da área da supervisão clinica, pretende identificar atributos para a qualidade da supervisão do ensino clinico de enfermagem em Saúde Mental. Constitui-se como um estudo de natureza qualitativa, recorrendo à perspetiva dos supervisores. Recorremos à entrevista semiestruturada como instrumento de colheita de dados. Os sete participantes que voluntariamente integraram o estudo foram selecionados de modo intencional. Os resultados revelaram diferentes categorias descritas em três áreas temáticas sendo elas a estrutura, o processo e o resultado. No âmbito da estrutura foram referidos os recursos organizacionais, recursos materiais e a formação dos intervenientes. No processo é referido, a importância das parcerias, as qualidades do supervisor, o papel do supervisor, os processos de supervisão e os seus contributos. Por último, o resultado no qual é referido os instrumentos de avaliação, momentos de avaliação, instrumentos para avaliar os recursos humanos. Este estudo pretende ser um contributo válido para refletir sobre os atributos necessários para a qualidade da supervisão.<hr/>This article framed within the area of clinical supervision, aims to identify attributes to the quality of supervision in the clinical teaching of mental health nursing. Is a qualitative study, using the perspective of supervisors. As a tool for collecting data we applied a semi-structured interview, the seven participants who voluntarily joined the study were selected intentionally. The results revealed different categories described in three thematic areas: structure, process and outcome. As part of the structure, were reported the organizational resources, material resources and the participants training. In the process they referred, the importance of partnerships, the qualities of the supervisor, the role of the supervisor and the supervisory processes and their contributions. Finally the result in which is referred the instruments of assessment, the evaluation periods and the instruments to measure human resources. This study intends to be a major contribution to reflect on the attributes required for the quality of supervision. <![CDATA[<b>Conforto/Desconforto em Doentes Internados em Clínica Psiquiátrica</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Considerando o conforto, de acordo com Kolcaba (1991; 2003), como um estado em que estão satisfeitas as necessidades humanas básicas relativamente ao alívio, tranquilidade e transcendência nos quatro contextos da experiência - físico, "psicoespiritual", sociocultural e ambiental -, verificámos que os doentes internados em psiquiatria clínica experienciam uma condição de desconforto relacionado com os sintomas que resultam da doença e do internamento em si mesmo. Objectivo: Descrever as características do conforto/ desconforto de doentes internados em serviços de clínica psiquiátrica. Método: Estudo descritivo com utilização da Escala para a Avaliação do Conforto em Doentes Internados em Serviços de Clínica Psiquiátrica (ECIP), tipo Likert com 5 pontos, baseada na estrutura conceptual de Kolcaba (2003). Amostra: 393 indivíduos, 215 mulheres e 178 homens, com idade média 41,26; DP 13,36 anos. Resultados: No global da escala 27,48% dos doentes experienciaram um grau de desconforto elevado ou moderado. Foi nas dimensões transcendência e "psicoespiritual" que os doentes referiram maior desconforto com, respectivamente, 46,05% e 41,47%. Conclusão: Os doentes sentem maior desconforto relativamente à consciência de si, ao sentido de vida, auto-estima, auto-conceito, bem como no potencial para planear, controlar o seu destino e resolver os seus problemas. A suportar esta evidência existem resultados anteriores, com recurso a metodologia qualitativa (Apóstolo, 2009; 2010), revelando que estes doentes se sentem aprisionados na doença e limitados no desenvolvimento do seu projecto de vida. Assim, a intervenção deverá ser orientada, essencialmente, para estes aspectos.<hr/>In accordance with Kolcaba (1991; 2003) we considered comfort as a state in which the basic human needs of relief, tranquility and transcendence are met in the four contexts of experience - physical, "psychospiritual", sociocultural and environmental - and verified that psychiatric inpatients experience discomfort related to the symptoms that result from their illness and from hospitalization. Aim: To describe the characteristics of comfort/discomfort of inpatients in clinical psychiatric facilities. Method: Descriptive study using the Psychiatric Inpatients Comfort Scale (PICS), 5 point Likert type, based on the conceptual structure of Kolcaba (2003). Sample: 393 individuals, 215 women and 178 men, mean age 41.26; SD 13.36. Previous studies have demonstrated the psychometric properties of PICS (Apóstolo et al., 2007). For the sample under analysis Cronbach’s alfa of the total scale is 0.91. Results: In the total scale 27.48% of patients experience a high or moderate level of discomfort. The dimensions transcendence and "psychospiritual" were the ones in which patients referred higher discomfort with, respectively, 46.05% and 41.47%. Conclusion: Patients feel greater discomfort relating to the conscience of self, meaning of life, self-esteem, self-concept, as well as the potential to make plans, control one’s destiny and solve one’s problems. There are previous results from qualitative studies (Apóstolo, 2009; 2010) that support this evidence having shown that patients feel imprisoned in their illness and limited in the development of their life project. In this way, interventions ought to be oriented towards these aspects. <![CDATA[<b>Avaliação da Adesão Regime Terapêutico dos Utentes Seguidos na Consulta Externa de Psiquiatria do Centro Hospitalar Barlavento Algarvio</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Estudos internacionais têm evidenciado que, de forma geral verifica-se um baixo nível de adesão ao regime terapêutico (ART) psiquiátrico, e que a diminuição ou abandono do regime terapêutico (RT) está relacionado com diversos factores como idade, género, escolaridade, co-habitação, rendimento, desemprego ou falta de estabilidade no emprego e a polimedicação. Em Portugal, verifica-se uma escassez de informação sobre a ART em doentes do foro psiquiátrico, sendo esta uma preocupação manifestada no Programa Nacional de Saúde Mental 2007-2016. Assim, este estudo tem como objectivos avaliar o nível de ART dos utentes seguidos na consulta externa de psiquiatria do Centro Hospitalar Barlavento Algarvio (CHBA) e identificar os factores que condicionam essa adesão de modo adequar o plano de cuidados a estes utentes para a promoção de uma eficaz gestão do seu RT. A amostra é constituída por 61 indivíduos, correspondendo a todos os utentes portadores de transtornos psiquiátricos, que compareceram na consulta no período 17 de Abril a 5 de Maio de 2011, com vontade e capacidade de participação no estudo. Foi aplicado um questionário, composto por caracterização sócio-demográfica e sócio-económica, classificação social (Índice de Graffar) e a escala de Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT). A amostra estudada é caracterizada por indivíduos com idade de 24 a 76 anos, com média de 48±12,9 anos; 57,4% são mulheres; apenas 26,2% dos utentes são casados/unidos de facto enquanto os restantes são solteiros (45,9%), viúvos (9,8%) ou divorciados/separados (18,0%); 80,3% não trabalham e a fonte de rendimentos de 62,3% é a reforma; 44,3% tem nível de rendimentos mensal inferior a 250 euros e 29,5% recebe de 250 a 500 euros; 80,3% reside em casa própria ou alugada. Quanto à terapêutica, a maioria dos utentes toma 3-5 fármacos (57,4%); 23% refere não conseguir adquirir todos os medicamentos prescritos, 18% indica problemas de transporte na aquisição da terapêutica e 68,9% beneficia do regime especial de comparticipação. Relativamente à ART, o índice de MAT indica que 50,8% dos participantes adere ao RT, sendo que os níveis mais baixos de adesão foram observados nas questões relacionadas com o esquecimento (4,52±1,11), o horário da toma do medicamento (4,62±1,14) e o efeito do medicamento no seu processo de cura (4,90±1,11). Adicionalmente verificou-se que o índice de MAT é influenciado pela idade, escolaridade e classe social, sendo que os níveis mais baixos de adesão se verificaram nos indivíduos mais velhos, com nível de escolaridade mais baixo e classe social mais baixa. Os resultados confirmam que o nível de ART nesta população é baixo. Os factores condicionantes apurados foram a idade, a escolaridade e a classe social, não se verificando influência significativa de factores ligados ao regime terapêutico e à aquisição dos medicamentos. Assim, sugere-se que estes factores sejam tidos em consideração no planeamento de acções destinadas a aumentar a ART nesta população.<hr/>International studies have shown that in general there is a low level of psychiatric treatment adherence (ART) and the reduction or abandonment of the therapy is related to several factors such as age, gender, education, cohabitation, income, unemployment or lack of job stability and polypharmacy. In Portugal, there is a dearth of information on therapy in psychiatric patients, which is a concern expressed in the National Mental Health 2007-2016. Thus, this study aims to assess the level of the users of psychiatric therapy followed in outpatient psychiatric Hospital Center Western Algarve (CHBA) and identify the factors that influence this adherence in order to adapt the plan of care to these clients for the promotion of effective management of the therapy. The sample consists of 61 individuals, corresponding to all users with psychiatric disorders who attended the consultation in the period 17 April to 5 May 2011, willing and able to participate in the study. A questionnaire was composed of socio-demographic and socio-economic, social status Index (Graff) and the scale of Measure Adherence to Treatment (MAT). The sample is characterized by individuals aged 24 to 76 years, mean 48 ± 12.9 years, 57.4% are women, only 26.2% of clients are married / cohabiting de facto while the remaining are single (45.9%), widowed (9.8%) or divorced / separated (18.0%), 80.3% do not work and source of income for retirement is 62.3%, 44.3% have level monthly income less than 250 Euros and 29.5% receiving 250 to 500 Euros, 80.3% live in their own home or rented. As for treatment, most users take 3-5 drugs (57.4%), 23% were not able to purchase all prescription drugs, 18% indicated transportation problems in the acquisition and 68.9% of the therapeutic benefits of the special arrangements of reimbursement. With regard to adherence to psychiatric therapy, the rate of MAT indicates that 50.8% of participants adhered to the therapeutic treatment, and the lower levels of adherence were observed in questions related to forgetfulness (4.52 ± 1.11), the time of taking the drug (4.62 ± 1.14) and the effect of the drug in their healing process (4.90 ± 1.11). Additionally it was found that the rate of MAT is influenced by age, education and social class, and the lower levels of adherence were seen in older individuals with lower education levels and lower social class. The results confirm that the level of psychiatric treatment adherence in this population is low. The conditioning factors established were age, educational level and social class and there were no significant influence of factors related to therapy and the acquisition of medicines. Thus, it is suggested that these factors are taken into account in planning actions to increase the psychiatric treatment adherence in this population. <![CDATA[<b>Desafios da Atenção Psicossocial na Rede de Cuidados do Sistema Único de Saúde do Brasil</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este estudo tem o objetivo de descrever os elementos que compõem os desafios acerca da reabilitação psicossocial na rede de cuidados em saúde. Trata-se de uma revisão bibliográfica não sistemática na qual foram analisados artigos que tratavam dos desafios da reabilitação psicossocial na rede de cuidados em saúde. O artigo reflexivo toma como ponto de partida a Reforma Psiquiátrica Brasileira, cenário em que se encontram abrigadas mudanças substanciais na assistência em saúde mental, com a reversão do modelo hospitalocêntrico de atenção e criação de novos dispositivos de atendimento. Nesse cenário, a reabilitação psicossocial do portador de sofrimento psíquico no contexto da rede de cuidados em saúde constitui um conjunto de desafios, entre os quais a articulação entre os serviços substitutivos e a atenção primária, o ato cuidador e o acolhimento. Identifica-se que o exercício de enxergar a complexidade do atendimento em saúde mental exige saberes e fazeres que não faziam parte, até então, do repertório das equipes de saúde na atenção primária. O acolhimento, dispositivo, estratégia, ato, um direito, figura central no processo de trabalho das equipes que atuam na atenção primária, também fundamental quando se pensa a atenção psicossocial e todos os desafios que envolvem a articulação entre saúde mental e saúde coletiva. Embora busquemos a reversão do modelo de assistência à saúde mental, se não prestarmos atenção, poderemos repetir em novos ambientes antigas práticas, criando outro tipo de manicômio, sem muros, mas que continua a ter a segregação e a exclusão como normas máximas. A Atenção Psicossocial na rede de cuidados em saúde é uma realidade ainda incipiente que convoca e exige mudanças individuais, sociais e institucionais. O desafio é político e exige um compromisso contínuo na construção de novas formas de lidar com o sofrimento psíquico.<hr/>This study aims at describing the elements that constitute challenges to psychosocial rehabilitation in the health care system. It is a non-systematic literature review in which articles on the challenges to psychosocial rehabilitation where analysed. This reflective article starts at the Brazilian Psychiatric Reform that brought about substantial changes in mental health care and allowed the reversal of the hospital-centric model and the creation of new modes of care. In this scenario, psychosocial rehabilitation of patients in psychological distress in the context of the health care system comprises a set of challenges, including the articulation between alternative services and primary care, and between caregiving performance and sheltering. The complexity of mental health care requires knowledge and competencies that hitherto were not among primary health care teams repertoire. The concept of sheltering as a device, a strategy, an act, and a right is central to the work process of primary care teams and it is fundamental when considering psychosocial care. Although the goal is the reversal of mental health care models if we are not careful a re-enactment of old practices in a new environment is bound to happen: a new kind of institution without walls is going to be created, but retaining segregation and exclusion as its main values. Psychosocial Care in the health care system is still incipient and it wants individual, social and institutional changes. It is a political challenge that requires constant commitment for the construction of new ways to deal with psychic suffering. <![CDATA[<b>A Comunicação no Processo Terapêutico das Famílias de Doentes Mentais</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A saúde mental no século no XXI estará dependente de quadros sócio-políticos difíceis de prever face à conjuntura económica que se verifica a nível mundial. No entanto, independentemente do que daí advier, é importante inserir a família nos projectos terapêuticos a desenvolver com os doentes mentais. Para que o envolvimento da família nesses projectos terapêuticos seja bem sucedida é necessário a adopção de processos de comunicação a nível das relações interpessoais enfermeiros/famílias de doentes mentais para o sucesso dessas interacções. O estudo que estamos a desenvolver com enfermeiros que trabalham em serviços de internamento de saúde mental e psiquiátrica tem por objectivos: - Identificar de que forma o enfermeiro intervém junto das famílias para que estas se sintam apoiadas quando necessitam de ajuda para lidarem com a situação de doença na família. - Obter informação sobre os espaços de tempo que disponibilizam para ouvir as famílias. Trabalhamos com 7 enfermeiros. Recorremos a entrevistas semi-estruturadas. O tratamento dos dados é feito através de análise de conteúdo. O nosso estudo demonstra que: - Os momentos utilizados pelos enfermeiros para comunicar com a família visam essencialmente dar informações sobre os procedimentos a ter com o doente após a alta. - Entendem a família como um elemento fundamental para o equilíbrio do doente mas não valorizam o equilíbrio da própria família. - O foco de atenção dos enfermeiros é o doente identificado. Decorre de uma análise preliminar dos dados que há pouca comunicação entre enfermeiros e familiares dos doentes internados e quando dialogam é para obter dados dos doentes ou encaminhá-los para outros técnicos. É importante motivar os enfermeiros a desenvolver processos de comunicação junto destas famílias com momentos concretos de ajuda terapêutica. Com estes procedimentos acreditamos que se atingirão ganhos em saúde, observáveis pela diminuição da ansiedade dos familiares, melhor relação destes com os familiares doentes e, por sua vez, menos internamentos dos doentes identificados.<hr/>Mental health in the XXI century will depend on socio-political policies that given the economic climate that exists worldwide will difficult predictions. However, regardless what can happen, it is necessary once and for all to include families in the therapy project developed with the mentally ill. To be successful with family involvement in therapy projects it is necessary to adopt communication processes at an interpersonal level relationship nurses / families of the mentally. The aim of this study with nurses working in mental health and psychiatric units is: - Identify how nurses intervene with families so that they feel supported when they need help to cope with the disease situation in the family. - Information about the length of time used to listen to the families. A sample of seven nurses was studied by semi-structured interviews. Data processing was subjected to content analysis. Our study demonstrates that: - The time used by nurses to communicate with family is essentially aimed at providing information on the procedures to be with the patient after discharge. - They understand the family as a key element for the patient sense of balance, not appreciating the family sense of balance. - The attention focus is the mentally ill patient. Conclusions: there is little communication between nurses and family members of mentally ill patients and when dialogue occurs it is to obtain data of patients or to refer them to other health professionals. It is important to motivate nurses to develop communication processes with these families and real instances of therapeutic help. With these procedures we believe that health gains will be obtain, observable with the decrease of anxiety within the family members, better relationship between patients and their family members, and therefore, fewer hospital admissions. <![CDATA[<b>Impacto da Gestão da Ansiedade em Pessoas Internadas com o Diagnóstico de Depressão</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602012000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente estudo aborda o Impacto da Gestão da Ansiedade em pessoas internadas por Depressão. A necessidade de ajudar a gerir o sintoma "ansiedade" em pessoas internadas por Depressão é fundamental para a sua recuperação (CORDEIRO, 2003). Para isso os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Mental assumem essa competência, conforme está previsto na Unidade de Competência F4.2. do Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental - "Desenvolve processos psicoterapêuticos e socioterapêuticos para restaurar a saúde mental do cliente e prevenir a incapacidade, mobilizando os processos que melhor se adaptam ao cliente e à situação". A metodologia utilizada foi a de Estudo de Caso Múltiplo com a aplicação da Escala de Autoavaliação de Ansiedade de Zung, validada para a população portuguesa por PONCIANO, E., SERRA, A. e RELVAS, J. (1982), a duas pessoas internadas por Depressão no Serviço de Psiquiatria Agudos da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, EPE, que posteriormente foram sujeitas a uma intervenção de enfermagem especializada que consistiu em cinco sessões de ajuda para gerir o sintoma "ansiedade". No final das cinco sessões foi aplicada a mesma Escala de Autoavaliação da Ansiedade, com o objectivo de avaliar se a intervenção de enfermagem especializada diminuiu ou não o nível de ansiedade nessas duas pessoas. Este estudo teve uma natureza exploratória e a escolha desta amostra foi não probabilística por conveniência de acordo com o objectivo do estudo. Podemos concluir que, não obstante os resultados deste estudo não serem generalizáveis, a metodologia utilizada poderá ser útil para as pessoas com Depressão aprenderem a gerir de forma mais adequada a sua Ansiedade, pois verificou-se uma diminuição dos níveis de ansiedade em ambos os casos após a intervenção de enfermagem especializada. Esta intervenção permitiu intervir ao nível do processo cognitivo, de modo a ajudar a pessoa a controlar os pensamentos negativos e a corrigir as interpretações inadequadas da realidade, de modo a gerir de uma forma adequada o seu nível de Ansiedade. Neste contexto sugere-se que esta intervenção possa ser prolongada no tempo de modo a diminuir ainda mais o nível de ansiedade, e que deva ser parametrizada no SAPE.<hr/>The present study addresses the impact of the Management of Anxiety in people hospitalized for depression. The need to help manage the symptom "anxiety" in people hospitalized for depression is critical for their recovery (CORDEIRO, 2003). For this Nurses Specialists Mental Health assume this responsibility, as is provided in the Unit of Competency F4.2. Regulation of Specific Skills Nurse Specialist in Mental Health Nursing - "Develops and psychotherapeutic processes sociotherapists to restore the client’s mental health and prevent disability, mobilizing the processes that best suit the client and the situation." The methodology used was the multiple case study with the application of the Scale of Zung Anxiety Self-evaluation, validated for the Portuguese population by PONCIANO, E., SERRA, A. e RELVAS, J. (1982), the two people hospitalized for depression at the Acute Psychiatric Services Local Health Unit of the Northern Alentejano, EPE, which were then subject to a specialized nursing intervention that consisted of five sessions to help manage the symptom "anxiety". At the end of the five sessions was the same applied Anxiety Self Assessment Scale, in order to assess whether the intervention of skilled nursing or not decreased the level of anxiety in these two people. This study was an exploratory nature and the choice of this sample was not probabilistic by convenience according to the study endpoint. We can conclude that, despite the results of this study are not generalizable, the methodology may be useful for people with depression learn to manage it more appropriate to their anxiety, because there was a decrease in anxiety levels in both cases after the intervention of skilled nursing. This intervention allowed to intervene at the level of cognitive process in order to help the person to control negative thoughts and to correct the misinterpretation of reality in order to adequately manage their level of anxiety. In this context suggests that this intervention can be prolonged in time in order to further reduce the level of anxiety, and that must be parameterized in SAPE.