Scielo RSS <![CDATA[Cadernos de Estudos Africanos]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1645-379420190001&lang=pt vol. num. 37 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Introduction</b>: <b>Young people working for better lives in West and Central Africa</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Insurreição do Boko Haram, mobilidade juvenil e vida melhor na região do extremo norte dos Camarões</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article portrays youth mobility in Cameroon as a means to escape poverty and to achieve a better life. Youth mobility though not new is, however, taking a new dimension as a result of Boko Haram’s violent conflict. To explore how this violence has affected mobility, this study analyses narration of youngsters’ escape experiences from Boko Haram and their ideas of how to achieve a better life, drawing on interviews in Cameroon’s Far North Region. The study begins with the origin and regionalisation of Boko Haram, followed by the concept of youth, the evolution of mobility trends and better life. It then proceeds to narrations of escape experiences, places of destination and sheds light on mobility pathways and integration dynamics.<hr/>Este artigo descreve a mobilidade dos jovens nos Camarões como um meio de escapar à pobreza e conseguir uma vida melhor. A mobilidade juvenil, embora não seja um fenómeno novo, está a assumir uma nova dimensão devido ao conflito violento do Boko Haram. Para explorar como esta violência afetou a mobilidade, o presente estudo analisa a narração de experiências dos jovens que fugiram do Boko Haram e as suas ideias de como alcançar uma vida melhor, com base em entrevistas realizadas na região do extremo norte dos Camarões. O estudo começa com a origem e regionalização do Boko Haram, seguidas pelo conceito de juventude, a evolução das tendências de mobilidade e a procura de uma vida melhor. Prossegue com as narrações de experiências de fuga, lugares de destino e lança luz sobre os caminhos da mobilidade e as dinâmicas de integração. <![CDATA[<b>Para além dos limites da agência</b>: <b>Mobilidade das “crianças de rua” no sul do Gana</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt As a response to widespread conceptualizations of street childhood in the global South as a state of misery and marginalization, recent studies tend to portray street children as social agents. However, many refer to “tactical” or “thin” agency in order to point out the limited scope of those young people’s practices. Yet, the problem of acknowledging a lower degree of agency is that it separates children and youth living in environments “outside the norm” from those who stay with their parents and attend school. This constellation is particularly inadequate in the realm of street childhood in the global South, as it constructs fixed entities of different life worlds that are indeed fluid since street children frequently move between the various domains of socialization. I propose that the social, spatial and temporal mobilities of street children can best be explored through children’s biographical life stories, focusing here on street children in southern Ghana.<hr/>Em resposta às conceitualizações generalizadas da infância de rua no Sul global como um estado de miséria e marginalização, estudos recentes tendem a descrever as crianças de rua como agentes sociais. No entanto, muitos referem-se à agência “tática” ou “fraca”, para salientar o limitado alcance das práticas desses jovens. Porém, o problema de reconhecer um grau de agência mais reduzido é que ele separa as crianças e jovens que vivem em ambientes “fora da norma” daqueles que ficam com os seus pais e frequentam a escola. Esta constelação é particularmente inadequada na esfera da infância de rua no Sul global, já que constrói entidades fixas de diferentes mundos de vida que de facto são fluídos, uma vez que frequentemente as crianças de rua circulam entre os vários domínios de socialização. Proponho que as mobilidades sociais, espaciais e temporais das crianças de rua podem ser melhor exploradas através das histórias de vida das crianças, focando aqui as crianças de rua no sul do Gana. <![CDATA[<b>Beco sem saída? </b>: <b>Jovens condutores de mototáxi entre ficarem parados, atravessarem buracos e construírem um futuro em Goma, leste do Congo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Bustling mototaxis are a pervasive phenomenon on Goma’s streets and their emergence and proliferation is highly linked to the context of the protracted violent conflict in Eastern Congo. By highlighting the nexus of physical and social mobilities, work, and leisure, this paper aims to analyze the different trajectories of young mototaxi drivers that go beyond concepts of “being stuck” (Sommers, 2012) and focus instead on their ways of working towards the future. In contrast to prior research, this paper shows that being young in the city does not necessarily lead to “abject futures” or condemn youth to an endless “waithood” that results in “social death”. Based on ethnographic data I have gathered since 2008, I will trace the different ways young mototaxi drivers make sense of the ontological continuum of being young and becoming an adult. By centering on their everyday life worlds, I argue that motards have more options than simply ending up at a dead end.<hr/>Os mototáxis são um fenómeno generalizado nas ruas de Goma, e o seu surgimento e proliferação estão fortemente ligados ao contexto do conflito violento prolongado no leste do Congo. Destacando o nexo entre mobilidades físicas e sociais, trabalho e lazer, o presente artigo analisa as diferentes trajetórias de jovens condutores de mototáxi que vão para além de conceitos de “ficar parado” (Sommers, 2012), focando em vez disso as suas maneiras de trabalhar em direção ao futuro. Em contraste com pesquisas anteriores, o artigo mostra que ser jovem na cidade não leva necessariamente a “futuros abjetos” ou condena os jovens a uma eterna “idade de espera” que resulta em “morte social”. Com base em dados etnográficos reunidos desde 2008, são traçadas as diferentes maneiras como os jovens condutores de mototáxi entendem o continuum ontológico entre ser jovem e tornar-se adulto. Centrando-me nos seus mundos da vida quotidiana, defendo que eles têm mais opções do que simplesmente acabarem num beco sem saída. <![CDATA[<b>O percurso profissional dos jovens no Mali para o auto-empreendedorismo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt L’auto-entrepreneuriat tend à devenir le modèle professionnel dominant chez les jeunes. Les faiblesses du système éducatif et celles des dispositifs d’insertion professionnelle de l’État malien ne permettent pas aux diplômés d’accéder à un emploi pérenne. La fonction publique et les collectivités territoriales se montrent inaptes à absorber la population en demande d’emploi. Face à ces problèmes, les jeunes s’engagent dans un parcours professionnel précaire. À travers des entretiens individuels conduits à Bamako, San et Bandiagara, j’ai pu retracer le parcours de plusieurs jeunes Maliens. De petits métiers en activités ponctuelles en passant par l’auto-entrepreneuriat, certains jeunes parviennent à consolider leur parcours et devenir des modèles de réussite. De plus en plus, l’auto-entrepreneuriat devient un choix alternatif à la fonction publique.<hr/>O auto-empreendedorismo tende a tornar-se o modelo profissional dominante entre os jovens. As fraquezas do sistema educativo e dos dispositivos de inserção profissional do Estado maliano não permitem aos diplomados aceder a um emprego permanente. A função pública e as coletividades territoriais mostram-se incapazes de absorver a população à procura de emprego. Perante estes problemas, os jovens enveredam por um percurso profissional precário. Através de entrevistas individuais realizadas em Bamako, San e Bandiagara, pude traçar o percurso de vários jovens malianos. De pequenos trabalhos em atividades pontuais, passando pelo auto-empreendedorismo, alguns jovens conseguem consolidar o seu percurso e tornar-se modelos de sucesso. Cada vez mais, o auto-empreendedorismo torna-se uma opção alternativa à função pública. <![CDATA[<b>O não retorno dos estudantes bolseiros</b>: <b>Um caso inédito da imigração maliana em França</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Cet article vise à définir les contours de l’émigration des diplômés maliens de l’enseignement supérieur. Il se concentre sur l’étude des titulaires d’un master ou d’un doctorat, nés au Mali, y ayant effectué une partie de leur cursus, et aujourd’hui en activité en France comme avocats, médecins, responsables associatifs, ingénieurs ou professeurs. À travers nos enquêtes menées auprès de 85 diplômés maliens de France, nous démontrons l’existence d’une figure nouvelle de l’émigration malienne connue jusque-là sous sa forme ouvrière. Déconstruisant le paradigme dominant de fuite de cerveaux des jeunes africains, l’article montre que les raisons pour le non-retour de beaucoup de diplômés maliens sont plus complexes et ne pas seulement économiques comme l’approche fuite de cerveaux nous veut faire croire.<hr/>Este artigo visa definir os contornos da emigração de diplomados malianos do ensino superior. Centra-se no estudo de titulares de um mestrado ou de um doutoramento, nascidos no Mali, tendo aqui realizado uma parte dos seus estudos, e a trabalhar atualmente em França como advogados, médicos, responsáveis associativos, engenheiros ou professores. Através dos nossos inquéritos junto de 85 licenciados malianos de França, demonstramos a existência de uma nova figura da emigração maliana que, até agora, tem sido conhecida sob a sua forma operária. Desconstruindo o paradigma dominante de fuga de cérebros dos jovens africanos, o artigo mostra que as razões para o não retorno de muitos diplomados malianos são mais complexas e não apenas económicas como a abordagem fuga de cérebros nos faz acreditar. <![CDATA[<b>“Ficar é viver, partir é morrer”</b>: <b>O olhar dos eruditos bamileke sobre a migração dos jovens e as suas causas hoje</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Les causes de la migration des jeunes africains scrutées dans diverses études jusqu’à lors ne tiennent presque pas en compte l’opinion des érudits africains. Or ceux-ci sont les mieux placés pour expliquer certains faits sociaux par la prise en compte d’aspects historiques et culturels, une connaissance affinée de la conception du monde organisatrice de ces communautés dont ils sont des experts. Dans ce présent texte, le cas ethnographique des Bamiléké nous permet à titre d’exemple, de découvrir d’autres facteurs, voire termes plus intéressants liés à ce phénomène de migration. Il explique également le paradoxe de savoir pourquoi ce sont plutôt ceux qui partent qui disposent de ressources financières tout en arborant les difficultés économiques comme raison de leur émigration.<hr/>As causas da migração dos jovens africanos analisadas em diversos estudos até agora quase não têm em conta a opinião dos estudiosos africanos. No entanto, estes estão melhor colocados para explicar certos factos sociais, levando em consideração aspetos históricos e culturais e um conhecimento aprofundado da conceição do mundo organizadora destas comunidades das quais são especialistas. No presente texto, o caso etnográfico dos Bamileke permite-nos, a modo de exemplo, descobrir outros fatores e, mesmo, termos mais interessantes ligados a este fenómeno de migração. Também explica o paradoxo de saber por que razão são sobretudo os que partem que dispõem de recursos financeiros ao mesmo tempo que salientam as dificuldades económicas como causa da sua emigração. <![CDATA[<b>Expectativas frustradas de alcançar uma vida melhor</b>: <b>Jovens malianos a lidar com as suas aventuras pós-deportação</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article offers insight into the unfulfilled expectations of young Malian men, who sought a better life in Europe, and to contribute to their families, only to be forcefully returned. Tracing these men’s trajectories and daily life representations, it explores their experiences and narrations, and how these contribute to scholarly debates on youth, migration, and work. Based on cases from Kita, southern Mali, the article questions whether these men are thrown back into “waithood,” prevented from obtaining the status of social adulthood. The data indicate potential coping strategies. Many may talk about re-migrating, but ultimately remain in their village. While some are held in “involuntary immobility,” others cope with the presumed failure and make a better life where they are.<hr/>Este artigo oferece uma visão das expectativas não atingidas de jovens malianos que procuraram uma vida melhor na Europa, e ajudar as suas famílias, e acabaram por serem repatriados à força. Traça as trajetórias e representações da vida quotidiana destes homens, explorando as suas experiências e narrativas, e como elas contribuem para os debates académicos sobre juventude, migração e trabalho. Com base em casos de Kita, no sul do Mali, o artigo questiona se estes homens são reenviados para a “idade de espera”, impedidos de obter o estatuto de adulto social. Os dados apresentam potenciais estratégias de adaptação. Muitos falam em emigrar de novo, mas finalmente ficam na sua aldeia. Enquanto alguns mantêm-se em “imobilidade involuntária”, outros enfrentam o suposto fracasso e constroem uma vida melhor onde estão. <![CDATA[<b>Reflexões sobre o Modelo de Desenvolvimento Rural e Cooperação no Corredor de Nacala</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O principal objetivo deste trabalho é abordar criticamente o modelo de desenvolvimento rural existente em Moçambique com enfoque no Corredor de Nacala através da análise de dinâmicas, atores externos e internos, estratégias e políticas de desenvolvimento rural na região. Verificaram-se algumas tendências e implicações do modelo de desenvolvimento existente na região como usurpação de terras e apropriação de outros recursos naturais, resultantes em migrações involuntárias e deterioração da qualidade de vida e intensificação de níveis de pobreza das classes mais pobres, presença de alianças estratégicas que alimentam uma acumulação de riqueza de forma desproporcional entre as diferentes classes sociais, emergência de investimentos e cooperação de atores do Sul global com alianças estratégicas com atores do Norte global e uma resultante intensificação da dependência económica de Moçambique.<hr/>The main objective of this paper is to critically address the existing rural development model in Mozambique focusing on the Nacala Corridor by analyzing the dynamics, external and internal actors, rural development strategies and policies in the region. Some trends and implications of the region’s development model were identified: land grabbing and appropriation of natural resources, resulting in involuntary migrations and deterioration of the quality of life and intensification of poverty levels of the poorer classes, presence of strategic alliances that disproportionately allow accumulation of wealth among different social classes, the emergence of investment and cooperation of actors from the Global South with strategic alliances with actors from the Global North and a resulting intensification of Mozambique’s economic dependence. <![CDATA[<b>Da antropologia peripatética à etnografia das estradas e a motorização em África</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This paper is based on 10 months of field work between 2009 and 2014 in Cape Verde, and provides an overview of the anthropological literature in which motor vehicles and African roads are studied as social phenomena. Until the end of the twentieth century, most ethnographies have failed to focus on the countless social processes linked to the development of mobility by road and the motorisation of transportation in Africa, or on the role played by cars and roads as symbols of a globalised modernity. The paper reviews the research by authors who, from the 1930s onwards, mention African roads and the use of motor vehicles as spaces in which social situations and processes take place. The several symbolic and instrumental dimensions of the motorisation of road transportation in Africa are discussed as well.<hr/>Este texto é baseado em 10 meses de trabalho de campo entre 2009 e 2014 em Cabo Verde, e fornece uma visão geral da literatura antropológica em que os veículos a motor e as estradas africanas são estudados como fenómenos sociais. Até finais do século XX, a maioria das etnografias não se focaram nos inúmeros processos sociais ligados ao desenvolvimento da mobilidade rodoviária e à motorização do transporte em África, ou no papel desempenhado pelos carros e estradas como símbolos de uma modernidade globalizada. O artigo analisa a pesquisa realizada por autores que, a partir dos anos 1930, mencionam as estradas africanas e a utilização de veículos a motor como espaços em que têm lugar situações e processos sociais. São também abordadas as várias dimensões simbólicas e instrumentais da motorização do transporte rodoviário em África. <![CDATA[<b><i>Of Hairy Kings and Saintly Slaves</i></b>: <b><i>An Ethiopian Travelogue</i></b><b> </b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This paper is based on 10 months of field work between 2009 and 2014 in Cape Verde, and provides an overview of the anthropological literature in which motor vehicles and African roads are studied as social phenomena. Until the end of the twentieth century, most ethnographies have failed to focus on the countless social processes linked to the development of mobility by road and the motorisation of transportation in Africa, or on the role played by cars and roads as symbols of a globalised modernity. The paper reviews the research by authors who, from the 1930s onwards, mention African roads and the use of motor vehicles as spaces in which social situations and processes take place. The several symbolic and instrumental dimensions of the motorisation of road transportation in Africa are discussed as well.<hr/>Este texto é baseado em 10 meses de trabalho de campo entre 2009 e 2014 em Cabo Verde, e fornece uma visão geral da literatura antropológica em que os veículos a motor e as estradas africanas são estudados como fenómenos sociais. Até finais do século XX, a maioria das etnografias não se focaram nos inúmeros processos sociais ligados ao desenvolvimento da mobilidade rodoviária e à motorização do transporte em África, ou no papel desempenhado pelos carros e estradas como símbolos de uma modernidade globalizada. O artigo analisa a pesquisa realizada por autores que, a partir dos anos 1930, mencionam as estradas africanas e a utilização de veículos a motor como espaços em que têm lugar situações e processos sociais. São também abordadas as várias dimensões simbólicas e instrumentais da motorização do transporte rodoviário em África. <![CDATA[<b><i>Le Kivu Balkanisé</i></b>: <b><i>Miroir d’une Mondialisation Mafieuse</i></b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942019000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This paper is based on 10 months of field work between 2009 and 2014 in Cape Verde, and provides an overview of the anthropological literature in which motor vehicles and African roads are studied as social phenomena. Until the end of the twentieth century, most ethnographies have failed to focus on the countless social processes linked to the development of mobility by road and the motorisation of transportation in Africa, or on the role played by cars and roads as symbols of a globalised modernity. The paper reviews the research by authors who, from the 1930s onwards, mention African roads and the use of motor vehicles as spaces in which social situations and processes take place. The several symbolic and instrumental dimensions of the motorisation of road transportation in Africa are discussed as well.<hr/>Este texto é baseado em 10 meses de trabalho de campo entre 2009 e 2014 em Cabo Verde, e fornece uma visão geral da literatura antropológica em que os veículos a motor e as estradas africanas são estudados como fenómenos sociais. Até finais do século XX, a maioria das etnografias não se focaram nos inúmeros processos sociais ligados ao desenvolvimento da mobilidade rodoviária e à motorização do transporte em África, ou no papel desempenhado pelos carros e estradas como símbolos de uma modernidade globalizada. O artigo analisa a pesquisa realizada por autores que, a partir dos anos 1930, mencionam as estradas africanas e a utilização de veículos a motor como espaços em que têm lugar situações e processos sociais. São também abordadas as várias dimensões simbólicas e instrumentais da motorização do transporte rodoviário em África.