Scielo RSS <![CDATA[Cadernos de Estudos Africanos]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1645-379420110001&lang=en vol. num. 21 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b><i>Ifa</i></b><b> Divination Trays from Isale-Oyo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=en This paper is a study of the images and patterns on ifa divination trays from Isale-Oyo. The paper also explains some ifa paraphernalia. The paper establishes that ifa trays from Isale-Oyo bear distinctive features when compared with other ifa trays in Yorubaland such as those of Ijebu and Osogbo. Central to this study is the iconographic description and interpretations of Isale-Oyo divination trays. Data were collected through direct interviews with divination tray owners. Photographs of the trays were also taken. The investigation revealed that: • Divination trays from Isale-Oyo combine features found on both Ijebu and Osogbo trays. • The Esu figure continues to occupy the top central position on Oyo divination trays, even though with representational variations elsewhere in Yorubaland. • Some divination trays in Oyo carry no decorations on their borders, and in some recent cases, ceramic plates are now used for divination.<hr/>Este artigo trata dos padrões e imagens dos tabuleiros de adivinhação ifa usados em Isale-Oyo (Nigéria), bem como de outros objectos religiosos associados. Argumenta-se que os tabuleiros ifa de Isale-Oyo têm características que os distinguem de outros tabu leiros ifa da região yoruba, como os de Ijebu e Osogbo. A descrição e a interpretação da iconografia dos tabuleiros de adivinhação constituem o foco deste estudo. Os dados discu tidos foram recolhidos através de entrevistas a proprietários de tabuleiros de adivinhação e fotografias de tabuleiros. Conclui-se que: • Os tabuleiros de adivinhação de Isale-Oyo combinam traços dos tabuleiros de Ijebu e dos tabuleiros de Osogbo. • A figura de Esu continua a ocupar a posição central superior nos tabuleiros de adivinhação de Oyo, embora se registem variações na sua representação noutras zonas do território yoruba. • Alguns tabuleiros de adivinhação de Oyo não possuem qualquer decoração nos frisos, e nalguns casos recentes vêm sendo utilizados na adivinhação pratos de cerâmica. <![CDATA[<b>Trauma e Limpeza Ritual de Veteranos em Moçambique</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente artigo descreve e discute os rituais de limpeza oficiados aos veteranos da guerra civil de Moçambique por parte de médicos tradicionais do sul do país. Reinventados nas últimas décadas, a partir de tratamentos para outras situações e importando a sua lógica explicativa, esses rituais apresentam uma eficácia na reintegração social dos vete ranos que se deve em grande medida à coerência que mantêm com os sistemas locais de interpretação do infortúnio, com o problema que pretendem resolver e com procedimentos previamente conhecidos e respeitados. O seu papel superou contudo a reintegração indi vidual, tendo contribuído para a aceitabilidade dos antigos inimigos enquanto “personas como as outras” e da competição democrática por meios pacíficos, em substituição do confronto militar.<hr/>This article presents and discusses the cleansing rituals performed by healers on vet erans of the Mozambican civil war, in the south of the country. Those rituals recycled treatments previously used for other stressful social situations, together with their ration ale. Such cleansing rituals had a remarkably successful contribution to veterans’ social reintegration, largely due to their coherence with the local systems of misfortune inter pretation, with the problem they intended to solve, and with well known and respected proceedings. However, their role was deeper than the reintegration of individual veterans; they also contributed to the acceptance of the former enemies as “people like the other” and of the pacific democratic competition, as a substitute to the military confrontation. <![CDATA[<b>Uma História de Violência sob as Brumas <i>des Virunga</i></b>: <b>Morte e poder no Ruanda</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente artigo apresenta uma leitura pessoal para o entendimento da história do relacionamento entre os dois principais grupos étnicos do Ruanda, os Bahutu e os Batutsi, que desde a independência do país, em 1961, se digladiam ciclicamente pelo controle he gemónico do Estado e pela conquista de um espaço de dominação de um sobre o outro. Pretende-se ainda demonstrar que a luta política no Ruanda despoletou a guerra civil no Zaire e o nascimento da República Democrática do Congo.<hr/>This article presents a personal view to understand the historical relationship of the two main ethnic groups in Rwanda, the Bahutu and the Batutsi. Since the independence of Rwanda, in 1961, these two ethnic groups are involved in a constant cycle of violence for the hegemonic control of the State and the domination of one against the other. We aim to show also that the political fight in Rwanda broke up the civil war in Zaire and the outcoming of the Democratic Republic of Congo. <![CDATA[<b>Mishake Muyongo, entre la Política y la Tribu</b>: <b>Una reflexión sobre la doble legitimidad en África en el panorama de la globalización</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=en El objetivo de este artículo se estructura en cuatro partes: la primera y la segunda abordan, respectivamente, la cuestión de la doble legitimidad en África en general y en el marco de Namibia en particular (a través de una sucinta revisión de la teoría sobre las au toridades tradicionales y no tradicionales, así como de las situaciones de interlegalidad); la tercera parte explicita el caso (pretexto para estas reflexiones) del papel de Mishake Muyongo en el movimiento independentista capriviano en Namibia, como ejemplo signi ficativo de doble legitimidad en la autoridad personal; la cuarta y última parte presenta preguntas (no tanto respuestas) y pensamientos conclusivos de este trabajo.<hr/>O objectivo deste artigo estrutura-se em quatro partes no texto: a primeira e a segunda abordam, respectivamente, a questão da dupla legitimidade em África em geral e no marco da Namíbia em particular (através de uma sucinta revisão da teoria sobre as autoridades tradicionais e não tradicionais, assim como das situações de interlegalidade); a terceira parte explicita o caso (pretexto para estas reflexões) do papel de Mishake Muyongo no movimento independentista capriviano na Namíbia, como exemplo significativo de dupla legitimidade na autoridade pessoal; a quarta e última parte apresenta perguntas (não tanto respostas) e pensamentos conclusivos deste trabalho. <![CDATA[<b>Entre Deux Drapeaux</b>: <b>Les ouvriers capverdiens au Portugal pendant la période revolutionnaire (1974-1976)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=en Marqués par un climat de décolonisation, les mois qui suivirent la Révolution des Oeillets (25 avril 1974) constituèrent une période d’incertitude pour les Capverdiens vivant et travaillant en tant qu’ouvriers au Portugal. Axé sur cet interstice historique de création d’identités post-coloniales (1974-1976), cet article s’interroge sur la marge d’action des ouvriers capverdiens vivant entre deux nations (le Portugal et le Cap Vert) encore à (ré)inventer. Ainsi, l’article s’intéresse aux politiques et aux comportements adoptés par les acteurs sociaux portugais et capverdiens à l’encontre des migrants, mais aussi aux stratégies des migrants eux-mêmes face à l’incertitude, aux crises, et aux phé nomènes d’exclusion qui eurent lieu durant la période révolutionnaire.<hr/>Marcados por um contexto de descolonização, os meses que se seguiram à Revolução dos Cravos (25 de Abril de 1974) constituíram um período de incerteza para os cabo-ver dianos que viviam e trabalhavam em Portugal como operários. Centrado nesse interstício histórico de construção de identidades pós-coloniais (1974-1976), este artigo interroga-se sobre a margem de manobra dos trabalhadores cabo-verdianos a viver entre duas nações (Portugal e Cabo Verde) ainda por (re)inventar. O artigo toma em consideração as polí ticas e os comportamentos adoptados pelos actores sociais portugueses e cabo-verdianos em relação aos imigrantes, mas também as estratégias dos próprios imigrantes face à incerteza, às crises e aos fenómenos de exclusão que tiveram lugar durante o período revolucionário. <![CDATA[<b><i>O Estado de Saúde da Ilha de Moçambique</i></b>: <b>Uma análise comparativa dos indicadores de saúde da população</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=en De acordo com o PNUD (2010), num universo de 169 países, Moçambique ocupa o 165º lugar relativamente aos índices de desenvolvimento humano. Entre 2004/2005 desenvolveu-se uma investigação, com uma amostra de 500 indivíduos, cujo objectivo passou por analisar alguns indicadores de saúde da população da Ilha de Moçambique e compará-los com os valores nacionais. Os resultados demonstraram que, em alguns aspectos, os valores da Ilha são mais desfavoráveis do que os nacionais, enquanto que noutros são mais elevados. Assim, no geral, considera-se que a Ilha não possui um nível de desenvolvimento humano alto, tal como era esperado. Ao nível da saúde, a população não acede às oportunidades nem aos instrumentos que a ajudariam a melhorar a sua qualidade de vida.<hr/>The United Nations Development Program ( PNUD ) refers to Mozambique as occupying the 165th place in terms of human development, within a range of 169 countries (2010). A study was conducted between 2004/2005, based on a sample of 500 persons. The goal was to analyse selected health indicators within the Island of Mozambique’s population, in order to compare them with the national rates. The results show that, in some aspects, the Island’s rates are lower than the national ones. However, it was also observed that certain variables revealed a more favourable situation within the Island of Mozambique. Generally speaking, then, we may conclude that human development is a serious problem in the Island. Healthwise, the population lacks the opportunities, as well as the means to improve this situation. <![CDATA[<b>Ayi Kwei Armah’s Intellectuals of the African Renaissance</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942011000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=en Ayi Kwei Armah is a living Ghanaian novelist and cultural activist. His life and body of novelistic experiments show a meticulous preoccupation with Africa’s present cultural crisis. His seven novels to date, in addition to his autobiography entitled The Eloquence of the Scribes (2006), all illustrate a relentless intellectual campaign for articulating the ways in which the ”right” and committed intellectuals can be singled out from what he takes as multitudes of pseudo- or parvenu academics. For Armah, a carefully devised and administered educational system should form the basis for a reformed African ethos. This article explores Armah’s call for renovating the present educational philosophy that aims to promote a new idea of Africa. Constructing an authentic educational system is justified by him through the need to supersede the devastating effects imposed by and instituted through colonial education. Below is an attempt to debate Armah’s deconstructive approach of the colonial educational pattern. Similarly, viable prospects of a change of perspective are reviewed. In founding schools throughout Africa and granting scholarships in metropolitan universities to African students, Armah thinks, colonial powers only meant to maintain control, even after the end of their direct occupation.<hr/>Ayi Kwei Armah é um romancista e activista cultural ganês. A sua vida e o conjunto dos seus romances revelam uma profunda preocupação com a actual crise cultural africana. Os sete romances publicados até à data e a sua autobiografia, intitulada The Eloquence of the Scribes (2006), ilustram um incansável activismo intelectual na procura de um compromisso entre os intelectuais “verdadeiros” e engajados que os destaquem daquilo que considera serem as multidões de arrivistas pseudo intelectuais. Para Armah, um sistema educacional assente numa planificação e administração cuidadas deveria constituir a base para um renovado ethos africano. Este artigo explora o apelo de Armah para uma renovação da filosofia do sistema educativo com vista à promoção de uma nova ideia de África. Armah justifica a construção de um autêntico sistema de ensino pela necessidade de superar os efeitos devastadores que foram impostos e instituídos pela educação colonial. Este artigo constitui uma tentativa de debater a abordagem desconstrutivista de Armah do modelo de ensino colonial. Simultaneamente abordam-se as propostas que advogam uma mudança de perspectiva na área do ensino. Na opinião de Armah as potências coloniais, ao inaugurarem escolas em todo o continente africano e ao concederem a estudantes africanos bolsas de estudo para universidades europeias, pretenderam manter o controlo sobre as populações colonizadas mesmo após o fim da ocupação efectiva.