Scielo RSS <![CDATA[Etnográfica]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0873-656120200002&lang=pt vol. 24 num. 2 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>The ethnography of (im)mobilities</b>: <b>mobile technology as a dimension of islanders’ life</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A partir de una etnografía del muelle de Achao y de la experiencia de dos jóvenes isleños, se demuestra como la movilidad cotidiana se ha modificado con la llegada de tecnologías y objetos a las islas. Se postula que la llegada y uso de estos objetos - en particular del smartphone - sirven para el desplazamiento espaciotemporal de territorios antes no explorados debido a la exclusión espacial y a una modernidad tecnológica rezagada. Demostramos que estos usos constituyen una práctica y experiencia que, desde la promesa neoliberal “de lo móvil”, mantiene y gobierna una inmovilidad del malestar. Finalmente, se argumenta que la movilidad en Quinchao (Chiloé) no sólo puede pensarse desde el movimiento efectivo o conectivo en lancha, sino desde la inmovilidad y la espera, donde cobra sentido el uso cotidiano del celular como amortiguador de las tensiones entre movilidad e inmovilidad presentes en las islas<hr/>Based on an ethnography of the pier of Achao and the experience of two young islanders, it is demonstrated how the daily mobility has been modified with the arrival of new technologies and objects on the islands. On the one hand, it is postulated that the arrival and use of these objects - especially the smartphone - serves for the space-time displacement of previously unexplored territories, due to spatial exclusion and a lagging technological modernity. On the other hand, it is a practice and experience that draws on the neoliberal promise “of the mobile” to maintain and govern an immobility of discomfort. It is argued that mobility in Quinchao (Chiloé) can be thought beyond the effective or connective movement in the boat to include the immobility and waiting, where the daily use of the cellphone makes great sense as a buffer against the tensions between mobility and immobility present in the islands. <![CDATA[<b>Expectativas de turismo</b>: <b>esperança, frustração e desenvolvimento turístico em Vila Real (Douro, Portugal)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt In this article, based on ethnographic research in Vila Real, Portugal, and carried out within the framework of the “Dourotur” research project, I describe local expectations of tourism in a context of prolonged economic decay and marginalization by national economic policies. Though acknowledging local demands for tourism as legitimate, I question the too straightforward link between tourism and local development that has become a mantra in Portugal. I maintain that, in order to be effective and face local expectations, tourism development policies need to be adapted to local territories and developed in a participative and sustainable form.<hr/>Neste artigo, baseado em pesquisa etnográfica em Vila Real, Portugal, e desenvolvido no âmbito do projeto “Dourotur”, descrevo as expectativas locais em relação ao turismo num contexto de prolongado declino económico e de marginalização por parte das políticas económicas nacionais. Embora reconheça como legítimas as demandas locais para um maior desenvolvimento turístico da região, questiono a ligação direta e automática entre turismo e desenvolvimento local que se tem tornado recorrente na retórica política e económica em Portugal. Defendo aqui que, para se tornarem realmente eficazes e responderem às demandas locais, as políticas de desenvolvimento turístico têm de ser adaptadas aos territórios locais e desenvolvidas de forma participativa e sustentável <![CDATA[<b>Mestria da pesca</b>: <b>cultura de um ofício</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Partindo das próprias representações, sentimentos e práticas societárias dos pescadores artesanais da praia de Suape, no litoral sul de Pernambuco, este artigo busca analisar a relação íntima que esses trabalhadores do mar efetivam entre arte e trabalho, aspectos constitutivos e constituídos da atividade pesqueira na região, na cultura de aprendizagem de seu ofício pesqueiro, onde a pessoa do mestre de pescaria assume papel central<hr/>The article explores the representations, feelings and partnership practices of artisanal fishermen from Suape beach, in Pernambuco’s south coast, to investigate the connection they establish between work and art, both constitutive aspects of fisheries in the area, and its expression in the learning culture of their craftsmanship, where the fishing master plays a central role. <![CDATA[<b>Introdução</b>: <b>entre a variação e o descontínuo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Esta introdução explora dois temas que orientam a feitura de etnografias sobre as socialidades caribenhas produzidas por autores brasileiros. Ao apresentar os quatro artigos do dossiê dedicados à análise de práticas de confecção e circulação de artefatos materiais e de conhecimento em contextos diversos, a introdução examina os sentidos das noções de variação e da continuidade orientando perspectivas alternativas e possibilidades de diálogo crítico com distintas tradições intelectuais caribenhas e as assim chamadas “antropologias do Caribe”.<hr/>This introduction seeks to explore two themes that guide the making of recent ethnographies on the Caribbean socialities. By introducing the four articles of a dossier dedicated to the analysis of material practices, of the creation and the circulation of artifacts of knowledge enmeshed in distinct relations, the introduction examines the effects of the uses of notions such as variation and discontinuity orienting other alternative perspectives of analysis. Their use offers possibilities toward critical dialogues with the Caribbean intellectual traditions, and the so-called the “anthropologies of the Caribbean”. <![CDATA[<b>A casa e os altares</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Com base em material etnográfico produzido entre pessoas da República Dominicana em Porto Rico, que prestam serviço ritual a espíritos chamados de “mistérios” (que também recebem cuidado de pessoas haitianas), descreverei modos de interiorização de artefatos, imagens e substâncias nos ambientes domésticos para a criação de altares. Discuto como a manipulação desses materiais no interior das casas cria certos efeitos sensíveis nos mistérios, ao mesmo tempo que tenta refazer seus lugares de existência: aqueles referentes ao “tempo” em que os mistérios foram “vivos” ou que recuperam os lugares onde vivem como mortos.<hr/>This article is based on ethnographic data about Dominican Republic people which render ritual service to spirits so-called mistérios (that also receive ritual assistance from Haitian people) in Puerto Rico. It will describe ways of interiorizing artifacts, substances and images in order to create altars at home. It discusses how the manipulation of these materials makes as sensory effects on spirits as well tries to rebuild their places of being: those related to time in which mistérios were “alive” or that restore the places where mistérios live as dead. <![CDATA[<b><i>No hay vida</i></b>: <b>desmantelamentos e permanências em <i>bateyes</i> cubanos</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Em 2002, o governo cubano publicou um documento que explicitava a necessidade de “reestruturar” o campo açucareiro. Dezenas de usinas foram, então, desarmadas e desmanteladas, deixando os bateyes sem aquilo que lhes trazia “vida” e “movimento”. Neste artigo, intento apresentar como esse processo de “reestruturação” e, ao mesmo tempo, “deterioração” foi percebido, avaliado e ultrapassado pelas pessoas que foram diretamente afetadas por ele. Para tanto, conjugo, numa espécie de descrição por contraste e modulação de escala, as perspectivas do Estado - representada pelos programas de ação e pela construção de uma ideia de “eficiência” - e dos moradores de diferentes áreas que viviam da produção de açúcar, para os quais a formulação de temporalidades e o manuseio de materiais aparecem como formas de reajustar um mundo rompido. Do início ao fim, demonstro como o açúcar, ausente, mas presentificado em arruinamentos, é uma substância de longa duração que produz paisagens e altera subjetividades.<hr/>In 2002 Cuban government published a document that made explicit the need to “restructure” the sugar field. Dozens of mills were then disarmed and dismantled, leaving the bateyes without what brought “life” and gave “movement” to them. In this article, I intend to show how this process of both “restructuring” and “deterioration” was perceived, evaluated and surpassed by the people who were directly affected by it. I conjugate, in a kind of description built on contrasts, the perspectives of the State - represented by the programs of action and the construction of an idea of “efficiency” - and those of the inhabitants from different areas that made their living from sugar production, for whom the formulation of temporalities and the manipulation of materials appear as ways of readjusting a broken world. From beginning to end, I indicate how sugar, embodied in ruinations, is a long-lived substance that produces landscapes and modifies subjectivities. <![CDATA[<b>Vivendo em mundos saturados de várias presenças</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O artigo focaliza as controvérsias e conflitos decorrentes do uso de conceitos como coisa (sani) e cultura (kulturu), bem como os significados que os maroon Cottica Ndyuka creditam às relações entre pessoas e artefatos materiais. Para explorar o complexo trânsito dessas noções entre os maroons que habitam o povoado de Moengo e aldeias localizadas no leste do Suriname, dois eventos serão conhecidos por meio da atenção a alguns dos seus efeitos. A instalação de um “objeto de arte” feita por um artista holandês, mas inspirada em estruturas de madeira, tecido, palha e outros elementos usados nos vilarejos castanhos conhecidos como kifunga; e as negociações que se seguiram ao que os Cottica Ndyuka cristãos-pentecostais (conhecidos como keleki sama) interpretam como uma clara alusão ao paganismo existente nas aldeias, mas que não pode existir em Moengo - o uso de artefatos materiais. Os rumores e conflitos decorrentes destes dois modos de “presentificação” das relações entre seres humanos e não humanos e artefatos materiais serão conhecidos a partir de suas configurações locais. Por meio de uma análise intercalada por referências históricas e etnográficas aos modos de territorialização dos Ndyuka na região.<hr/>The article focuses on the controversies and conflicts arising from the use of concepts such as things (sani) and culture (kulturu), as well as the meanings that the Maroon Cottica Ndyuka credit to the relationships between people and material artifacts. To explore the complex transit of these notions between the Maroon people who inhabit the bauxitown of Moengo (Suriname) and nearby villages, located in eastern Suriname, the effects of two events will be explored. First, the installation made by a Dutch artist, but inspired by structures of wood, cloth, straw and other elements used in Maroon villages known as kifunga. Secondly, the negotiations that followed what Cottica Ndyuka converted to charismatic Christian-Pentecostal congregations (known as keleki sama) interpreted as a clear allusion to paganism existing in the villages but cannot exist in Moengo. The rumours and conflicts arising from these two modes of “presentification” of the relations between human and non-human beings and artifacts will be known from their local configurations through a analysis interspersed by historical and ethnographic references to the modes of territorialisation of the Ndyuka in the region. <![CDATA[<b>Preenchendo <i>murtis</i></b>: <b>arte e conhecimento em um templo hindu da deusa Kali na Guiana</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O artigo trata de um conjunto de práticas, procedimentos rituais e “cuidados” envolvidos na construção, adornação e consagração de imagens religiosas em um templo hindu da deusa Kali na Guiana (antiga Guiana Inglesa), particularmente aqueles dirigidos às murtis, ou seja, imagens esculpidas de divindades hindus. Por meio da descrição dos atos envolvidos com a construção de murtis busca-se explorar o modo pelo qual se (re)criam conhecimentos, inovações e percepções estéticas. Sugere-se que murtis produzem efeitos que são encarnados nos corpos e na vida de devotos, expandindo-se para além de templos e altares.<hr/>The article deals with a set of practices, ritual procedures, and “attentions” involved with the construction, adorning, and consecration of religious images in an Hindu temple of the goddess Kali in Guyana (former British Guiana), more specifically with those directed to the murtis, that is, sculptured images of Hindu deities. Through the description of the acts involved with the construction of murtis, the article seeks to understand how knowledges, innovations, aesthetic perceptions are (re)created. It’s suggested that murtis produce effects that are embodied in bodies and in the lives of devotees, beyond temple and altars. <![CDATA[<b>Introduction</b>: <b>ontological diversity and conflicting ontologies in South America</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt En Latinoamérica, como en otras partes del mundo, los pueblos indígenas se hallan atravesados por el despojo territorial y la violencia sistemática por parte de los Estados y las empresas privadas. En este escenario, el estudio de las ontologías no significa un desinterés por la dimensión política que viven dichos pueblos, sino que, por el contrario, implica, entre otras cosas, buscar nuevos modos de acercarse a ésta. Para comprender las relaciones entre los pueblos indígenas y los Estados, el acercamiento a los conflictos y la heterogeneidad ontológicos permite echar luz sobre los equívocos que estas relaciones generan. El territorio, la política y los recursos no remiten necesariamente a lo mismo para los Estados, las multinacionales y los pueblos indígenas. En este sentido, la ontología no tiene tanto que ver con una pluralidad de perspectivas culturales, sino con una multiplicidad de mundos. Tomar en serio otras maneras de componer el mundo es reconocer que no nos encontramos en el terreno de las epistemologías nativas, sino de las ontologías, y las ideas expresadas por nuestros interlocutores dejan de ser leídas en términos de imaginación cultural, metáforas o símbolos de otra cosa.<hr/>In Latin America, as in other regions of the world, Indigenous Peoples suffer territorial dispossession and systematic violence by states and private companies. In this context, the study of ontologies does not mean a lack of interest in the political dimension that these peoples experience. On the contrary, it implies, among other things, seeking new ways of approaching politics. In order to understand the relationships between Indigenous Peoples and National states, the approach on conflicts and ontological heterogeneity allows to highlight the misunderstandings that these relationships involves. Territory, politics and natural resources do not refer to the same “thing” for National states, multinationals enterprise and Indigenous Peoples. In this sense, ontology has less to do with a plurality of cultural perspectives, but with a multiplicity of worlds. To take other forms of composing the world seriously is to recognize that we are not in the domain of native epistemologies, but of ontologies, and the ideas expressed by our interlocutors can no longer be read in terms of cultural imagination, metaphors or symbols of the reality out there. <![CDATA[<b>“We were here before”</b>: <b>Pluralizing history from the myth of origin of the Guarani in Jujuy (Argentina)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tomando como punto de partida versiones del ampliamente difundido mito de los mellizos registradas entre los guaraníes de Calilegua (Jujuy, Argentina), me propongo analizar sus implicancias histórico-políticas a la luz de algunos de los aportes del giro ontológico. El relato de los mellizos les permite a los guaraníes con quienes trabajo reflexionar sobre su origen y pensarse en la historia como pueblo ancestral que en tiempos míticos se expandió por el continente americano. Lejos de una abstracción, este mito implica un posicionamiento histórico y político frente a los discursos que estigmatizan a los guaraníes de Jujuy como “extranjeros” y ponen en tela de juicio su ancestralidad en el territorio. Tomar en serio la mitología indígena conduce ya no a determinar la verdad o falsedad de ciertos relatos e historias nativos o la coincidencia o no con la historiografía, sino que apunta al proyecto político de pluralizar la historia.<hr/>Taking as a starting point versions of the widely renowned myth of the twins registered among Guarani people of Calilegua (Jujuy, Argentina), I intend to analyze its historical and political implications in the light of some of the contributions of the ontological turn. The tale of the twins allows the Guarani with whom I work to reflect about their origin and think themselves in the history as an ancestral nation which expanded across the American continent in mythical time. Far from an abstraction, this myth of origin involves a historical and political position against those discourses that stigmatize Guarani of Jujuy as “foreigners” and bring their ancestrality in the territory into question. Instead of questioning the truth about these other histories or claiming historiographical coincidence, taking native indigenous myths seriously leads to the political project of pluralizing history. <![CDATA[<b>“Spirituality as a sieve”</b>: <b>ontological frictions among the Ranquel people</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Una breve descripción del proyecto compartido por algunos de los ranqueles de la provincia de La Pampa (Argentina) de recuperar su “espiritualidad” me permitirá mostrar que las formas de entender dicha espiritualidad y actuarla cotidianamente varían tanto como las trayectorias personales y familiares de quienes protagonizan en la actualidad la reorganización y revisibilización étnica ranquel. Ante realidades múltiples, fragmentarias y permeadas por diversas lógicas, propongo en este texto focalizar en algunas de estas divergencias al interior del movimiento ranquel y pensarlas como fricciones ontológicas que responden a maneras diferentes de componer el mundo. Sostengo, entonces, que contextos etnográficos como el ranquel -en principio tan alejados de aquellos en los que se originaron las teorizaciones antropológicas sobre las ontologías- no sólo no inhabilitan los acercamientos de este tipo, sino que, por el contrario, pueden permitirnos pensar en pequeños ajustes en las propuestas generales del llamado “Giro Ontológico”.<hr/>I briefly analyze the links between the current process of ethnic reorganization between the Ranquel people of La Pampa (Argentina) and the intention shared by most of the Ranqueles with whom I work of recovering their “spirituality.” I state that there is not a unique way of understanding that “spirituality” and practicing it. Confronted with this ethnographic reality, which is multiple, fragmentary and permeated by various logics, I explore in this text the potential of an analytical approach that focuses on some of these divergences within the Ranquel movement considering them as ontological frictions that arise from different ways of composing the world. Finally, I conclude that taking into account the particularities of ethnographic contexts such as the Ranquel one -which differs widely from those that gave rise to the anthropological theorization of ontologies- may lead us to partially modify the mainstream theories of the so-called “Ontological Turn.” <![CDATA[<b>The equivocation of a territory in conflict</b>: <b><i>Qom</i></b><b> experiences and narratives in south of Gran Chaco</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Reflexiono sobre la equivocación (sensu Viveiros de Castro) que revela un territorio, ubicado en el Chaco argentino, producto de una reparación histórica estatal que convirtió en propietarios a indígenas qom y en ocupantes ilegales a no indígenas. Grandes áreas deshabitadas, así como la inconstancia de los asentamientos indígenas, refuerzan acusaciones de un uso irracional de este territorio. Estas sospechas contrastan con nociones nativas de poder, posesión y necesidades, nacidas de una interacción sociocósmica en un paisaje habitado por potencias no humanas, que proporcionan parámetros para la convivencia humana en este lugar. Así, la mezquindad y generosidad de humanos y no humanos fundamentan una ocupación del territorio caracterizada por una notable movilidad espacial. Argumento que este desencuentro, antes que una oposición de intereses o un error comunicativo generado por la diferencia cultural, expresa una equivocación. Al tiempo que la cuestión para colonos criollos y agentes estatales es ‘cómo aprovechar mejor el territorio’, para los qom el problema consiste en saber ‘qué lugar es más receptivo a sus pedidos y necesidades’.<hr/>I reflect on the equivocation (sensu Viveiros de Castro) revealed by a territory, located in argentinean Chaco, a result of an official compensation which has turned Qom indigenous into owners and non-indigenous people into illegal occupants. Large uninhabited areas and the inconstancy of indigenous settlements reinforce accusations of irrational use of this territory. These suspicions constrat with native notions of power, possession and needs, born from a socio-cosmic interaction in a landscape inhabited by non-human powers, provide parameters for human coexistence in this place. Thus, the pettiness and generosity of humans and nonhumans support an occupation of the territory characterized by notable spatial mobility. I argue that this conflict expresses an equivocation rather than an opposition of interests or a communicative error produced by the cultural difference. While the problem for the creole settlers and state agents is “how to make the best use of the territory”, for the Qom is “which place is the most receptive to their asks and needs”. <![CDATA[<b><i>Lapigados</i></b>: <b>a diferença como antídoto para o cativeiro do Um</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612020000200013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artículo describe y analiza el modo de existencia “intensional” de un colectivo de personas con el dom en una región de la caatinga de Bahia (Brasil). El dom singulariza rezadores/as (curandeiros/as y/o feiticeiros), adivinhos/as, vedores y raizeiros, los diferencia entre sí y de sí mismos a lo largo del tiempo. A estos “sabidos” se les atribuye un concepto de adscripción, “lapigado”: término nativo engendrado a partir de la relación curandero - espíritu aliado (guia) - etnógrafo, en que la “relación” es anterior a los términos. O sea, la existencia presupuesta de la relación gente-divinidad da sentido a este “encuentro” y permite la “invención” de un concepto en mi presencia, a partir y a causa de mi práctica etnográfica - una variación posible de la práctica nativa de “rastejar” evidencias. Esto porque, según el rezador Capuxo, también soy lapigado, un nativo de la caatinga que actualizó su dom en la ciencia antropológica. Lapigado es un concepto recursivo, intensivo y perspectivista, permite el movimiento de la diferencia (rezador deviene-vedor, por ejemplo), su deriva auto-inscriptiva no elimina la singularidad en nombre del “grupo”, ni neutraliza la agencia de alteridades. Por fin, el modo de existencia de estos caatingueiros propone que abandonemos la “certeza” de lo sertanejo a favor de lo “posible” en la antropología lapigada.<hr/>Este artigo descreve e analisa o modo de existência “intensional” de um coletivo de pessoas com o dom na região da caatinga da Bahia (Brasil). O dom singulariza rezadores/as (curandeiros/as e/o feiticeiros), adivinhos/as, vedores e raizeiros e os diferencia entre si e de si mesmos ao longo do tempo. A esses “sabidos” atribui-se um conceito de adscrição, “lapigado”: termo nativo engendrado a partir da relação curandeiro - espírito aliado (guia) - etnógrafo, em que a “relação” é anterior aos termos. Ou seja, a existência pressuposta da relação gente-divindade dá sentido a esse “encontro” e permite a “invenção” de um conceito em minha presença, a partir e por causa de minha prática etnográfica - uma variação possível da prática nativa de “rastejar” evidências. Isto porque, segundo o rezador Capuxo, também sou lapigado, um nativo da caatinga que atualizou seu dom na ciência antropológica. Lapigado é um conceito recursivo, intensivo e perspectivista, permite o movimento da diferença (rezador devém-vedor, por exemplo), sua deriva autoinscriptiva não elimina a singularidade em nome do “grupo”, nem neutraliza a agência de alteridades. Por fim, o modo de existência desses caatingueiros propõe que abandonemos la “certeza” do sertanejo a favor do “possível” na antropología lapigada.