Scielo RSS <![CDATA[Análise Psicológica]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0870-823120140002&lang=en vol. 32 num. 2 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Conceptualizações sobre linguagem escrita</b>: <b>Percursos de investigação</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200001&lng=en&nrm=iso&tlng=en Neste artigo é feita uma revisão de um conjunto de estudos sobre a escrita infantil antes do ensino formal e sobre a literacia familiar. O ponto de vista estrutural de Ferreiro (1988) de que as crianças pré-escolares evoluem linearmente de uma 1ª fase em que as escritas não têm em conta aspectos linguísticos até uma última fase de escritas alfabéticas, é contrariado por estudos que demonstram a heterogeneidade dos percursos infantis até à compreensão do princípio alfabético. Em relação à literacia familiar, é realçada a heterogeneidade das práticas familiares e da sua frequência, a qual estará associada às diferentes concepções sobre o papel dos pais no desenvolvimento da literacia dos filhos, sendo demonstrada a importância da leitura de histórias para o desenvolvimento das competências de literacia. São ainda apresentados um conjunto de estudos com programas de escrita que visam melhorar a qualidade das escritas de crianças de idade pré-escolar. Estes programas, aplicados individualmente ou em grupo, demonstraram que as crianças dos grupos experimentais, no pós-teste, passam a utilizar na sua escrita mais letras convencionais e transferem os conhecimentos adquiridos para a leitura de palavras. Para além disso, estes programas conduzem a progressos na consciência fonológica, em particular na consciência fonémica.<hr/>This article reviews a number of studies on children’s writing prior to formal education and on family literacy. The structural point of view of Ferreiro (1988) that preschool children’s writing evolves in a linear way from a first phase where writing does not take linguistic segments into account to a last phase of alphabetic writing, is contradicted by studies that show the heterogeneity of children’s paths towards the understanding of the alphabetic principle. Regarding family literacy, the article highlights the heterogeneity of family practices and of their frequency, heterogeneity that is linked to different conceptions of the role of parents in children’s literacy development. These studies show the importance of story reading for the development of children’s literacy skills. The article also presents a set of studies in which writing programmes were developed with preschool-age children to improve the quality of their writing. These programmes, applied individually or in groups, demonstrated that, at the post-test moment, children are able to use more correct letters in their writing and that they transfer these skills to word reading. In addition, these programmes lead to progress in phonological awareness, particularly in phonemic awareness. <![CDATA[<b>Percepção de Competência Parental</b>: <b>Exploração de domínio geral de competência e domínios específicos de auto-eficácia, numa amostra de pais e mães portuguesas</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200002&lng=en&nrm=iso&tlng=en A avaliação que os pais fazem sobre o seu próprio desempenho pode ter um papel directo ou indirecto no desenvolvimento das crianças. Neste trabalho, estudamos o sentimento de competência parental face ao papel global da parentalidade e as percepções de auto-eficácia em domínios específicos da parentalidade, procurando identificar diferenças entre pais e mães, e discernir efeitos possíveis face a características demográficas, como preditores das cognições da parentalidade. Os resultados vão de encontro a evidência disponível na literatura, contudo revelam especificidades na nossa amostra que permitam equacionar singularidades, em particular face aos preditores sociodemográficos da auto- eficácia, levantando questões relativas aos factores de contexto e culturais da parentalidade.<hr/>The assessment parents make about their skills and competence can have direct or indirect consequences in their child’s development. In this paper we studied parents sense of competence in their global role of parenting and their perceptions of self-efficacy in specific domains of parenting, aiming to identify differences between fathers and mothers, and to understand if some of the sociodemographic characteristics controlled were predictors of the parental cognitions. The results support the evidence available in the literature, but also show some singularities, in terms of predictors of self-efficacy. Questions about context and cultural factors affecting parenting should be consider in this discussion. <![CDATA[<b>“Parentalidade Minimamente Adequada”</b>: <b>Contributos para a operacionalização do conceito</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=en Apontado na literatura como um conceito de referência nas avaliações da parentalidade, a “parentalidade minimamente adequada” está, contudo, insuficientemente refletida e operacionalizada. Este artigo procura abrir essa discussão, a partir da apresentação e discussão dos resultados de três focus group (FG) de profissionais, das áreas social, judicial e académica, aos quais foi diretamente colocada a seguinte questão: o que é e quais são os indicadores de “parentalidade minimamente adequada”? O conteúdo das discussões foi analisado utilizando o software QSRnVivo 8. As categorias de conteúdo apontam para indicadores qualitativos de parentalidade mínima, distribuídos por diferentes níveis ecológicos (indivíduo, microssistema e contexto social). É também referida a impossibilidade de se alcançar uma formulação universal do que constitui uma “parentalidade minimamente adequada” e de se utilizar apenas um tipo de indicadores para a caracterizar. Com base nos contributos deste estudo é proposta uma matriz tridimensional de operacionalização do conceito.<hr/>Minimally adequate parenting is still not enough discussed and translated in indicators for parenting assessments, in despite being a concept far reported in the literature. This article enlarges that discussion from the presentation and analysis of three focus groups (FG) results, professionals from social work, courts and research that answered the question: what is and what are the minimally adequate parenting indicators? Discussions ‘content was analysed with QSRnVivo8 software. Content categories point to minimally adequate parenting’ qualitative indicators, distributed through different ecological levels (individual, microsystem, social context). It’s also noted that is not possible to use just one kind of indicators or to reach a universal formula of minimally adequate parenting. Based on this study contributions is proposed a three-dimensional matrix to translate this concept into case specific indicators. <![CDATA[<b>Transformações da relação afetiva entre o bebê e a educadora na creche</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200004&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente estudo, conduzido na perspectiva da Rede de Significações (Rossetti-Ferreira et al., 2004), teve como objetivo identificar os momentos referidos por educadoras e mães como apresentando novos significados na forma do bebê e da educadora relacionarem-se nos três primeiros meses de inserção à creche. Os sujeitos focais foram quatro bebês (04-09 meses de idade), suas educadoras e mães. Realizou-se 60 entrevistas, utilizou-se um diário de campo e fotografias. Nas duas primeiras semanas, os adultos relataram que os bebês observavam indiscriminadamente o meio social. Na terceira e quarta semanas, o comportamento de observação do bebê passou a ser interpretado como focalizado para sua educadora. No segundo mês, foram mencionados comportamentos significados como preferenciais ou exclusivos à díade. Os relatos foram construídos sob o critério de o bebê manifestar, ou não, preferência pelos cuidados de uma educadora específica (CAPES).<hr/>The present study was conducted from the perspective of Network of Meanings (Rossetti-Ferreira et al., 2004). It aimed identifying the moments in which adults report and distinguish as expressing new meanings in infant-caregiver attachment relationship along the first three months of the babies’ attendance at day care centre. The participants were two caregivers and four mothers with their babies 4 to 9 months old. A total of 60 interviews were carried out with the adults. The data also included field notes and photographs. In the first two weeks, adults reported that babies have observed the social environment in general. At the end of the first month of attendance, it was reported that babies gazed and focused their caregivers. In the second month, there were reports of focused behaviour between each baby and his caregiver. Adults’ reports were constructed under the criterion of presence or absence of certain behaviour that denotes a baby’s preference for a specific caregiver (CAPES). <![CDATA[<b>Regulação emocional em adolescentes e seus pais</b>: <b>Da psicopatologia ao funcionamento ótimo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200005&lng=en&nrm=iso&tlng=en Nas últimas três décadas, verificou-se uma atenção crescente ao estudo da regulação emocional. A adolescência é uma das fases do ciclo de vida de particular importância para o seu estudo. As alterações experienciadas elicitam novas experiências emocionais e contribuem para uma maior necessidade e capacidade de utilização de estratégias de regulação emocional com eficácia (Steinberg, 2005). Os pais constituem-se como importantes agentes de regulação emocional, contribuindo para a promoção do desenvolvimento de adolescentes (Yap, Allen, & Sheeber, 2007). A regulação emocional tem sido estudada associada à psicopatologia (Silk, Steinberg, & Morris, 2003) e ao funcionamento ótimo (Freire & Tavares, 2011). Assim, o presente artigo tem como objetivo apresentar fundamentação teórica e empírica para o estudo da regulação emocional na adolescência, na perspetiva da promoção do desenvolvimento positivo. Uma melhor compreensão destes processos poderá ajudar a compreender diferenças individuais ao nível da saúde mental e funcionamento ótimo.<hr/>In the last three decades, there has been an increasing attention to the study of emotion regulation. Adolescence is a period in which this issue is of particular importance. Adolescents’ transformations elicit novel emotional experiences and contribute to a greater need and ability to use strategies to regulate emotions effectively (Steinberg, 2005). Parents are important agents of emotion regulation and promote adolescents’ development (Yap, Allen, & Sheeber, 2007). The emotion regulation has been studied in association to psychopathology (Silk, Steinberg, & Morris, 2003) and optimal functioning (Freire & Tavares, 2011). Thus, this paper aims to present theoretical and empirical research to support the study of emotion regulation in adolescence, according to the perspective of promoting positive development. A better understanding of these processes may help to understand individual differences in terms of mental health and optimal functioning. <![CDATA[<b>Sugestionabilidade em pessoas idosas</b>: <b>Um estudo com a Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson (GSS 1)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200006&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente trabalho teve como principal objetivo compreender alguns fatores que influenciam a sugestionabilidade interrogativa em pessoas idosas. Neste âmbito, procurou-se analisar a existência de diferenças na sugestionabilidade interrogativa em função da idade, bem como averiguar a sua relação com variáveis cognitivas e de ansiedade. A amostra incluiu 52 adultos idosos (78-83 anos), e igual número de adultos mais novos entre 42 e 52 anos. Utilizaram-se os seguintes instrumentos de avaliação: Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson 1 (GSS 1), Mini Mental State Examination, teste de Fluência Verbal de Categorias, subtestes Vocabulário e Memória de Dígitos da Escala de Inteligência para Adultos de Wechsler-III, Inventário de Ansiedade Estado-Traço para Adultos e Matrizes de Raven. Entre os grupos verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nos resultados Cedência 1 e Mudança da GSS 1, Fluência Verbal, Memória de Dígitos e Ansiedade. No que respeita a valores de correlação moderados entre sugestionabilidade interrogativa e medidas cognitivas e de ansiedade, estes somente foram registados entre Sugestionabilidade Total e tempo de realização nas Matrizes de Raven, em ambos os grupos etários. Observou-se ainda que o conhecimento prévio, por parte de vários participantes, da entrevistadora que administrou a GSS 1 pode influenciar os resultados obtidos nesta escala. Os vários resultados são discutidos considerando a sua relevância forense.<hr/>This study aimed to understand some of the factors that influence the interrogative suggestibility in older people. In this context we sought to analyze the existence differences in interrogative suggestibility as a function of age as well as to ascertain its relationship with cognitive variables and anxiety. The sample included 52 elderly (aged 78 to 83), and the same number of adults between 42 and 52 years. The following assessment instruments were administered: Gudjonsson Suggestibility Scale 1 (GSS1), Mini Mental State Examination, Verbal Fluency Test of Categories, subtests of Vocabulary and Digit Span of the Wechsler Adult Intelligence Scale-III, State-Trait Anxiety Inventory for Adults and Raven’s Matrices. Between the groups there were significant differences in the results obtained in “Yield 1” and “Shift” (GSS 1), Verbal Fluency, Digit Span and Anxiety. In concern to moderate correlation values between interrogative suggestibility and cognitive measures and anxiety, these were only registered between Total Suggestibility and Raven’s Matrices performance time, for both groups. It is concluded that the prior knowledge by many participants of the interviewer who administered the GSS 1 can influence the obtained results on this scale. The results are discussed regarding their forensic relevance. <![CDATA[<b>A homofobia perspetivada à luz da abordagem da identidade social</b>: <b>Níveis de autodefinição identitária e atitude em relação a pessoas homossexuais</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=en A abordagem da identidade social (cf. Turner & Reynolds, 2004) defende a existência de uma motivação-base para aquisição de uma identidade social positiva, que está na génese das estratégias de diferenciação intergrupal. Quando é contextualmente saliente o nível social da identidade, emergem tais processos grupais, nomeadamente a manifestação de comportamentos discriminatórios face a membros de exogrupos relevantes. É propósito deste estudo testar a relação entre os níveis de autodefinição e a atitude dirigida às pessoas homossexuais. Os 184 participantes responderam a várias medidas: valorização dos níveis pessoal e social de autodefinição (EIPS; Monteiro, Ribeiro, & Serôdio, 2009), medidas de atitudes em relação a pessoas homossexuais e de rejeição à proximidade com pessoas homossexuais (Pereira, Monteiro, & Camino, 2009). Os resultados mostraram que quando à forte valorização do nível pessoal de autodefinição se conjugou um contexto que focaliza na identidade pessoal, emergiram atitudes de diferenciação negativa face a pessoas homossexuais. Verificou-se também que os jovens focalizados na dimensão social da sua identidade reportaram atitudes mais favoráveis em relação a pessoas homossexuais, do que aqueles focalizados na dimensão pessoal, verificando-se padrão inverso entre os adultos. Discutimos em que medida este padrão indicia a emergência de uma norma de não-discriminação das pessoas homossexuais.<hr/>Social identity approach (cf. Turner & Reynolds, 2004) proposes the existence of a basic motivation to acquire a positive social identity, which sets of intergroup differentiation strategies. When social self- definition level is contextually salient, such group processes emerge, namely manifested by the discrimination of relevant outgroup members. It is the purpose of the present study to test the relation between the levels of self-definition and the attitude directed at homosexual people. Participants (N=184) answered to several dependent measures: value ascribed to personal and social levels of self-definition (PSIS; Monteiro, Ribeiro, & Serôdio, 2009), measures of attitudes toward homosexuals and of rejection to proximity with homosexuals (Pereira, Monteiro, & Camino, 2009). Results showed that negative differentiation attitudes towards homosexuals emerged when strong appreciation of personal self-definition was concomitant with a context that focused participants on this same level of identity. Results also showed that younger participants who were focused on the social dimension of their identity reported more favorable attitudes towards homosexuals than those focused on the personal dimension, and also that a reverse pattern occurred amongst older participants. We discuss the extent to which such pattern indicates the emergence of a norm of non-discrimination towards homosexual people. <![CDATA[<b>A contribuição da sensibilidade materna e paterna para o desenvolvimento cognitivo de crianças em idade pré-escolar</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200008&lng=en&nrm=iso&tlng=en A sensibilidade materna no decorrer de interações mãe-criança está associada a um melhor desen- volvimento cognitivo das crianças em idade pré-escolar. Porém, o papel da sensibilidade paterna encontra-se menos explorado. Setenta crianças (39 do sexo masculino, 55.7%) foram observadas aos 4½ anos de idade, em sessões independentes com a mãe e com o pai, numa interação de jogo livre. Embora não tenha sido encontrada diferença entre sensibilidade materna e paterna durante as interações, apenas a primeira se revelou um preditor significativo de melhor desenvolvimento cognitivo das crianças em idade pré-escolar. Os resultados são discutidos tendo em conta as especificidades da interação mãe-criança e pai-criança e o seu efeito no desenvolvimento cognitivo das crianças.<hr/>Maternal sensitivity during mother-child interaction is associated with better preschoolers’ cognitive development. However, the role of father’s sensitivity has been less studied. Seventy children (39 males, 55.7%) were assessed at 4½ years of age, in independent sessions with their mother and their father, in a free play interaction. Although no difference was found between mother’s and father’s sensitivity during the interactions, only the former became a significant predictor of preschoolers’ better cognitive development. The results are discussed taking into account specificities of mother- child and father-child interaction and its effect on children’s cognitive development.