Scielo RSS <![CDATA[Análise Psicológica]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0870-823120110004&lang=en vol. 29 num. 4 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Caracterização do uso do preservativo em jovens adultos portugueses</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400001&lng=en&nrm=iso&tlng=en O número de infecções de VIH tem aumentado entre os jovens adultos, em Portugal, como na Europa e Estados Unidos da América. Considerando este facto, este estudo tinha como objectivo caracterizar o uso do preservativo nos jovens adultos Portugueses. As respostas fornecidas por 1138 jovens adultos evidenciam uma utilização inconsistente, principalmente nos indivíduos mais velhos e que têm parceiro estável. Os comportamentos sexuais e uso do preservativo são idênticos entre homens e mulheres, ao contrário de outros estudos desenvolvidos. Apesar de se verificar que os jovens adultos têm uma intenção de uso elevada, o seu comportamento mostra-se discrepante. São necessários mais estudos para compreender a utilização do preservativo de forma a promover a saúde individual e colectiva, no que concerne a infecções sexualmente transmissíveis.<hr/>HIV infection rates have increased among Portuguese young adults, as in Europe and United Stated of America. Considering the pertinence of this fact this study aimed to characterize condom use among Portuguese young adults. The 1138 young adults that answered to the questionnaire disclosed an inconsistent use, more usual among older individuals with a steady partner. Sexual behaviors and condom use are identical among men and women, despite other studies indicate otherwise. Although having a condom use high intention, there is a gap between intention and behavior. More studies are necessary to understand condom use in a way to promote individual as social health, in the scope of sexual transmitted infections. <![CDATA[<b>A adaptação ao cancro da mama nas fases de diagnóstico e sobrevivência</b>: <b>Será o investimento na aparência um factor explicativo relevante?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400002&lng=en&nrm=iso&tlng=en O investimento na aparência é um factor importante na explicação das diferenças individuais na adaptação às alterações corporais associadas ao cancro da mama. Esta variável refere-se à importância atribuída pelo indivíduo à sua aparência física e engloba as facetas saliência auto-avaliativa (SAV; grau em que o indivíduo considera que a sua aparência integra a sua identidade e permite aferir o seu valor pessoal) e saliência motivacional (SM; grau em que o indivíduo está atento ou valoriza a gestão da aparência, de forma a acentuar a sua atractividade física). Este estudo pretende analisar o papel destas duas facetas na adaptação às fases de diagnóstico e sobrevivência da doença. A amostra engloba 82 mulheres recentemente diagnosticadas com cancro da mama e 86 sobreviventes. Verificou-se a ausência de diferenças significativas entre os grupos nas duas facetas do investimento. Simultanea mente, constatou-se que ambas as facetas contribuíram para a explicação de diversos indicadores de adaptação, particularmente no grupo de sobreviventes, estando a SM associada a resultados mais adaptativos e a SAV a resultados mais disfuncionais. Este trabalho demonstra que a compreensão do valor que a mulher atribui à sua aparência é extremamente importante para a sua adaptação, em ambas as fases do cancro da mama.<hr/>Appearance investment is an important factor for the explanation of individual differences in the adjustment to breast cancer-related appearance changes. It concerns the importance an individual places on their appearance and encompasses the self-evaluative salience facet (SES; the importance an individual places on physical appearance for their definition of self-worth) and motivational salience facet (MS; the individual’s efforts to be or feel attractive). This study aims to analyse its role on the adjustment to the diagnosis and survival phases of the disease. The sample encompasses 82 newly-diagnosed breast cancer patients and 86 breast cancer survivors. No differences were observed between groups on both facets of investment. Additionally, both facets contributed to the explanation of several adjustment indicators, particularly among survivors, with SM being associated with more adaptive indicators and SES with more dysfunctional outcomes. This study demonstrates that understanding the value that women attributes to their appearance is extremely important for their adjustment, in both phases of breast cancer. <![CDATA[<b>Ser adolescente e ser mãe</b>: <b>Investigação da gravidez adolescente em adolescentes brasileiras e portuguesas</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400003&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente artigo teve como objectivo investigar qualitativamente as características associadas à gravidez durante a adolescência num grupo de adolescentes brasileiras (n=4) e portuguesas (n=4). Recorreu-se ao estudo de casos múltiplos (N=8) em que se utilizou uma entrevista semi-estruturada. A entrevista teve por objectivo investigar várias dimensões de vida da adolescente. No presente artigo foram seleccionadas as seguintes variáveis: contexto em que surgiu a gravidez, relação com o companheiro, vida actual, relação com a escola, perspectiva de planos futuros. As entrevistas foram submetidas a uma análise de conteúdo com acordo inter-juízes. A análise das respostas revelou que o aparecimento da gravidez, nas adolescentes entrevistadas, tende a associar-se ao contexto social de desenvolvimento, marcado pelo abando escolar e falta de perspectivas para o futuro. Relativamente à gravidez verificou-se que ocorre, predominantemente, em relações consideradas estáveis. Foram relatadas tentativas de mudança de vida decorrentes da gravidez, como o desejo de voltar a estudar, por exemplo. Não foram registadas diferenças nas falas das participantes dos dois países investigados. A fragilidade do contexto de desenvolvimento, marcado pelo insucesso escolar e pela falta de perspectivas de futuro, foi identificada como um elemento transcultural. A identificação das características psicossociais das adolescentes que engravidam foi considerada importante, permitindo o aprimoramento de programas de prevenção junto ao grupo de adolescentes.<hr/>The present study aimed to investigate sociodemographic characteristics among pregnant adolescent in Brazil (n=4) and Portugal (n=4). It used a qualitative design with multiple-case study (N=8). In addition, it employed a semi-structured interview in order to explore some domains of adolescent’s life. The present study will present some of these results: context of pregnancy, couple’s relationship, current life, school attendance and plans for the future. The interviews were content analysed by an inter-judges agreement. According to the interviews, it was observed that in both countries pregnancy tends to appear on a specific social context which is characterized by school absence and few perspectives for the future. Besides, all the pregnancies occurred on established relationships. The pregnancy was also described as an event which allows some changes in life like the wish to come back to school. The participants of the study, either from Brazil or Portugal, had similar reports. Characterized by poor school attendance as well as by a lack of opportunities for the future, the precarious context of development was identified as transcultural. Although, we consider that the present research allow identify some of the characteristics of adolescents who become pregnant. By this means, public policies could be reinforced and improved. <![CDATA[<b>Uma abordagem qualitativa às motivações positivas e negativas para a parentalidade</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400004&lng=en&nrm=iso&tlng=en A diminuição da natalidade e o adiamento do nascimento do primeiro filho têm evidenciado a importância de melhor compreender as motivações para a parentalidade. Atendendo à sua variabilidade sociocultural, este estudo qualitativo teve como principal objectivo conhecer as motivações positivas e negativas para a parentalidade numa amostra da população portuguesa. A amostra foi constituída por 24 participantes, recrutados entre os profissionais e utentes da Maternidade Doutor Daniel de Matos dos Hospitais da Universidade de Coimbra e por convite a participantes da população em geral. Foram realizados três grupos focais com utentes/participantes da população em geral e um grupo focal com profissionais. A análise de conteúdo revelou uma vasta constelação de motivações positivas e negativas; estas expressaram-se em dimensões emocionais/psicológicas, sociais/normativas, económicas/utilitárias e biológicas/físicas. As motivações positivas foram as mais frequentemente referidas; no entanto, foram menos referidas que as negativas na dimensão emocional/psicológica. Embora exploratórios, estes resultados tendem a apoiar a investigação existente, apontando, contudo, para algumas especificidades que importa aprofundar em investigações futuras. Evidenciam ainda a importância de avaliar as motivações para a parentalidade, especialmente entre as mulheres que revelem dificuldades emocionais.<hr/>The decrease of birth rates and the postponement of the first child have emphasized the importance of a better understanding of parenthood motivations. Given their sociocultural variability, this qualitative study aimed to explore positive and negative parenthood motivations among a Portuguese sample. The sample was constituted by 24 participants, who were recruited among the professionals and patients of the Maternidade Doutor Daniel de Matos dos Hospitais da Universidade de Coimbra and among participants of general population. Three focus groups with patients/participants of general population and one focus group with professionals were conducted. The content analysis revealed a vast constellation of positive and negative parenthood motivations; these were expressed in emotional/ psychological, social/normative, economical/utilitarian and biological/physical dimensions. Positive motivations were the most frequently reported; however, they were less reported than negative motivations in the emotional/psychological dimension. These exploratory results tend to be consistent with existing research; nevertheless, they tend to show some particularities that need to be explored in future researches. Furthermore they emphasize the importance of assessing parenthood motivations, especially among women who reveal emotional difficulties. <![CDATA[<b>Predictors of infant positive, negative and self-direct coping during face to face still-face in a Portuguese preterm sample</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400005&lng=en&nrm=iso&tlng=en Past studies found three types of infant coping behaviour during Face-to-Face Still-Face paradigm (FFSF): a Positive Other-Directed Coping; a Negative Other-Directed Coping and a Self-Directed Coping. In the present study, we investigated whether those types of coping styles are predicted by: infants’ physiological responses; maternal representations of their infant’s temperament; maternal interactive behaviour in free play; and infant birth and medical status. The sample consisted of 46, healthy, prematurely born infants and their mothers. At one month, infant heart rate was collected in basal. At three months old (corrected age), infant heart-rate was registered during FFSF episodes. Mothers described their infants’ temperament using a validated Portuguese temperament scale, at infants three months of corrected age. As well, maternal interactive behaviour was evaluated during a free play situation using CARE-Index. Our findings indicate that positive coping behaviours were correlated with gestational birth weight, heart rate (HR), gestational age, and maternal sensitivity in free play. Gestational age and maternal sensitivity predicted Positive Other-Direct Coping behaviours. Moreover, Positive Other-Direct coping was negatively correlated with HR during Still-Face Episode. Self-directed behaviours were correlated with HR during Still-Face Episode and Recover Episode and with maternal controlling/intrusive behaviour. However, only maternal behaviour predicted Self-direct coping. Early social responses seem to be affected by infants’ birth status and by maternal interactive behaviour. Therefore, internal and external factors together contribute to infant ability to cope and to re-engage after stressful social events.<hr/>Estudos anteriores encontraram três estilos de coping expressos no decorrer da experiência Face-to-Face Still-Face (FFSF): Orientação Social Positiva; Orientação Social Negativa e Regulação do Estado. No presente estudo longitudinal investiga-se se estes estilos predizem: a variação cardíaca nos bebés; as representações maternas do temperamento infantil; comportamento materno em jogo livre; e estatuto de saúde e de nascimento dos bebés. A amostra era constituída por 46 bebés saudáveis nascidos de pré-termo e suas mães. No primeiro mês (idade corrigida), o ritmo cardíaco dos bebés foi observado em basal. Aos três meses (idade corrigida), o ritmo cardíaco dos bebés foi registado durante os episódios do FFSF e as representações das maternas do temperamento dos filhos recolhidas através de uma escala validada na população Portuguesa. Igualmente aos 3 meses, o comportamento materno em jogo livre foi observado e cotado com a escala Care-Index. Os nossos resultados indicam que os comportamentos sociais positivos estão correlacionados com o peso gestacional, idade gestacional, ritmo cardíaco (RC), e sensibilidade materna. Destas, a idade gestacional e a sensibilidade maternal predizem o comportamento social positivo. Este comportamento também esteve negativamente correlacionado com o RC durante o episódio de Still-Face. O comportamento de Regulação do Estado esteve correlacionado com o RC durante os episódios de Still-Face Episode e de Reunião bem como o comportamento materno controlador/intrusivo. No entanto, apenas, o comportamento materno prediz o comportamento de auto-conforto. Em suma, as primeiras respostas sociais parecem ser afectadas pelo estatuto de nascimento do bebé e pelo comportamento materno. Consequentemente, os factores endógenos e exógenos juntos parecem contribuir para auto-regulação infantil durante e após períodos pertubadores de interacção social. <![CDATA[<b>Pais responsáveis, filhos satisfeitos</b>: <b>As responsabilidades paternas no quotidiano das crianças em idade escolar</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400006&lng=en&nrm=iso&tlng=en A paternidade deve perspetivar-se de forma plural realçando a sua matriz biológica, social, legal e simbólica. Consubstancia-se em formas concretas de envolvimento, como a assunção de responsabi lidades paternas. Estas dizem respeito ao envolvimento do pai na orientação ética e moral da criança, no sustento económico da família, no apoio emocional, prático e psicossocial à companheira, ou na educação e cuidado dos filhos. Participaram no estudo 346 crianças (8-10 anos; 175 rapazes e 171 raparigas). Utilizou-se a Escala de Responsabilidade Parental para avaliar a perceção das crianças relativamente à forma como os pais assumem responsabilidades parentais, e a Escala de Satisfação com o Envolvimento Parental para avaliar o grau de satisfação dos filhos com as formas de envolvi mento. Os resultados mostram que as crianças consideram que o pai assume mais responsabilidade na dimensão Cuidado e Interesse, a qual relaciona a responsabilidade do pai pelos cuidados básicos, atividades e rotinas do filho. Verifica-se também que o pai continua a desempenhar um papel relevante na dimensão Autoridade e Disciplina, em particular com os rapazes. A assunção da responsabilidade materna relaciona-se com o nível de responsabilidade assumida pelo pai, com exceção da dimensão Escola. Além disso, o jogo e o brincar pai-filho aparece associado com a satisfação da criança e verifica-se que quanto mais o pai assume responsabilidades, maior é a satisfação da criança com o envolvimento do seu pai. Os resultados são enquadrados no modelo tripartido de envolvimento paterno salientando a importância dos processos proximais e o contributo fundamental do pai para o desenvolvimento da criança.<hr/>Fatherhood must be broadly approached in order to highlight its biological, social, legal and symbolic matrix. It refers to concrete forms of involvement, such as the assumption of paternal responsibilities. These refer to father’s involvement in the ethical and moral guidance of the child, family’s economical sustenance, the emotional, practical and psychosocial support to the partner, or to the education and care of children. The study included 346 children (8-10 years, 175 boys and 171 girls). The Parental Responsibility Scale was used to assess the perception of children regarding the way their parents assume parental responsibilities and the Parental Involvement Satisfaction Scale to assess the degree of children’s satisfaction with parental involvement. Results show that children consider that fathers assume more responsibility in the Care and Concern dimension, which was related to the parent’s responsibility for basic care, activities and routines of the child. Another finding is that father continues to play an important role in the Authority and Disciplinary dimension, particularly with boys. The assumption of maternal responsibility relates to the level of responsibility assumed by the father, with the exception of the School dimension. Additionally findings also show that father-child play is associated with child satisfaction and it is clear that the more the father assumes responsibilities the higher is the child’s satisfaction with paternal involvement. These results are framed in a three-level paternal involvement model emphasizing the importance of proximal processes and the fundamental contribution of the father to child development. <![CDATA[<b>Tradução e validação da Escala de Resiliência para Estudantes do Ensino Superior</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312011000400007&lng=en&nrm=iso&tlng=en O conceito de resiliência, enquanto capacidade do indivíduo manifestar uma adaptação positiva em face de situações adversas, tem interessado, nas últimas décadas, os investigadores que procuram compreender os percursos de desenvolvimento em situações de risco ou vulnerabilidade. Num âmbito mais restrito, alguns autores têm tentado criar instrumentos que capturem a percepção que os sujeitos têm de serem (ou não) capazes de enfrentar situações difíceis ou potencialmente stressantes. Nesta linha, a Resilience Scale, de Wagnild e Young (1993), surge como uma das hipóteses de avaliação em adultos. Apresentam-se neste trabalho os dados preliminares da tradução e validação desta escala para estudantes do Ensino Superior (451 sujeitos da ESTeS de Coimbra). Constituída por 25 itens, cotados numa escala de Likert de 7 pontos, a Escala de Resiliência apresenta boa consistência interna (α de .98), correlações item-total entre 0.20 e 0.59, sugerindo a análise factorial exploratória uma estrutura de 5 factores (diferente da estrutura encontrada pelos autores originais da escala) que explica 52,5% da variância total; correlaciona-se ainda negativamente e de forma significativa com a Ansiedade-Traço (STAI-Y, de Spielberger, 1983).<hr/>Over the last decades, the concept of resilience (ability to overcome adverse situations through a positive adaptation) has interested researchers who try to explain the development pathways in risk or vulnerability situations. More specifically, some authors have tried to create scales to evaluate the perception of someone being (or not) able to face harsh or potentially stressful situations. The Resilience Scale (Wagnild & Young, 1993) appears to be an effective instrument to evaluate resilience in adults. The present work shows the primary data regarding translation and validation of resilience scale in Portuguese college students (451 students of College of Health Technology of Coimbra). This scale presents 25 items, scoring on a Likert scale with 7 points, with good internal consistency (α=.98), item-total correlations between .20/ .59, and an exploratory factorial analysis revealing 5 factors (different from the structure found by the original authors) that explained 52,5% of the total variance; also, there was a negative and significant correlation between resilience and the trait of anxiety, measured by the STAI-Y (Spielberger, 1983).