Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Clínica Geral]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0870-710320110006&lang=pt vol. 27 num. 6 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Um outro nome para uma realidade em mudança</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Good family doctors are made not born: An overview of teaching and learning about professionalism in family medicine</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Carta aberta a um jovem investigador clínico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Perfil de prescrição antibiótica no tratamento das Infecções das Vias Aéreas Superiores</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objectivos: Determinar a proporção de infecções das vias aéreas superiores (IVAS) tratadas com antibiótico numa Unidade de Saúde Familiar (USF); verificar quais os antibióticos mais prescritos nas IVAS; avaliar se existe relação entre a prescrição de antibióticos e a idade e o sexo do doente; avaliar se existe relação entre o antibiótico prescrito e a idade do doente. Tipo de estudo: observacional, analítico e transversal. Local: Unidade de Saúde Familiar (USF) Serpa Pinto, no Porto. População: Utentes inscritos na USF com pelo menos um contacto médico codificado como IVAS. Métodos: Recolheu-se a informação a partir dos sistemas MedicineOne® e SAM® e incluíram-se as consultas classificadas, segundo a International Classification of Primary Care-2, como: R21; R72; R74; R75; R76. Resultados: Das 299 consultas estudadas, 61,2% foram realizadas a mulheres. A média de idades foi de 26,4 anos (± 22,3). Os diagnósticos mais frequentes foram R76 (48,1%) e R74 (38,7%). Foi prescrito antibiótico em 68,2% das consultas, sendo a classe das penicilinas a mais prescrita (90,6%). Não existiu relação entre a prescrição de antibióticos e o sexo ou a idade do doente. Verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a idade e a classe de antibiótico prescrita: penicilinas (25,1 anos ± 22,1) vs restantes classes (39,7 anos ± 20,1) (p < 0,001). Conclusões: A classe dos beta-lactâmicos foi a mais usada para o tratamento de IVAS, com uma maior proporção de penicilinas prescritas, em relação a outros estudos. Por outro lado, verificou-se existir relação entre a idade e a classe terapêutica de antiótico prescrita<hr/>Objectives: To determine the proportion of upper respiratory tract infections (URTI) treated with antibiotics in a primary care unit, to identify the most prescribed antibiotics for the treatment of URTI, to test the association between antibiotic prescription and the age and gender of the patient, and to test the association between patient age and the antibiotic selected. Study design: cross-sectional. Setting: Serpa Pinto Family Health Unit (USF Serpa Pinto), Porto, Portugal. Population: Patients registered in the Family Health Unit with at least one diagnosis of upper respiratory tract infection recorded. Methods: information was collected from MedicineOne® and SAM® software using International Classification of Primary Care-2 codes R21, R72, R74, R75, R76. Results: Of the 299 patients identified, 61.2% were women. The average age was 26.4 years (± 22.3). The most common diagnoses were R76 (48.1%) and R74 (38.7%). Antibiotics were prescribed in 68.2% of visits, and penicillins were the most commonly prescribed antibiotics (90.6%). There was no association between the prescription of antibiotics and the gender or age of the patient. There was a statistically significant association between patient age and the class of antibiotics prescribed. Penicillins were prescribed more to younger patients (mean age 25.1 years ± 22.1) compared to other antibiotics (mean age 39.7 years ± 20.1, p < 0.001). Conclusions: Beta-lactam antibiotics were the most commonly prescribed antibiotics for treatment of URTI, with a higher proportion of penicillins prescribed here than that found in other studies. There was an association found between age and the therapeutic class of antibiotics prescribed <![CDATA[<b>Estudo de microcitose numa população jovem adulta assintomática</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objectivo: Quantificar e identificar as causas de microcitose de uma população jovem adulta assintomática. População e Métodos: Foram estudados 2558 jovens candidatos a ingressar no Exército Português e previamente apurados nas provas físicas exigidas para o efeito. No grupo que apresentou volume globular médio inferior a 80fL (microcitose) foi efectuado doseamento de ferro, de ferritina e electroforese capilar de hemoglobina. Os casos foram agrupados de acordo com as possíveis causas de microcitose. Fez-se o levantamento do local de nascimento e residência. Foi aplicada estatística descritiva com o software SPSS. Resultados: A prevalência de microcitose foi de 3,2% (N=81). Foram identificados quatro grupos. Grupo I (N=12, 15%), dez portadores de hemoglobina S (70% de Lisboa e Setúbal), um portador de hemoglobina C (de Lisboa) e um portador de hemoglobina Lepore (de Santarém). Grupo II (N=16, 20%), portadores heterozigóticos de ß-talassémia, a maior parte proveniente de Faro. Grupo III (N=21, 26%), maioritariamente de Lisboa, com valores de ferritina inferiores a 15ng/mL e caracterizados por anemia ferropénica. Grupo IV (N=32, 40%), com valores normais de ferro, ferritina e electroforese de hemoglobina, suspeitos de serem portadores de a-talassémia, maioritariamente de Lisboa. Conclusão: A avaliação da microcitose nesta população jovem adulta assintomática, feita a partir de uma metodologia simples e pouco dispendiosa, foi suficientemente robusta e capaz de identificar anomalias genéticas e carenciais. Contribuiu-se para um melhor conhecimento epidemiológico e atuação no sentido de se instituírem medidas preventivas e promotoras de saúde como sejam o aconselhamento e a orientação genética.<hr/>Aim: To identify the causes of microcytosis in an asymptomatic young adult population. Population and Methods: Candidates for induction into the Portuguese army who had passed the induction physical examination were included in this study. For subjects with a mean corpuscular volume less than 80fL (microcytosis), analyses of serum iron, ferritin and hemoglobin electrophoresis were performed. Cases were grouped according to possible causes of microcytosis. Data on birthplace and place of residence were recorded. Descriptive statistics were analyzed with SPSS software. Results: We studied 2558 subjects. The prevalence of microcytosis was 3,2% (N=81) in this population, we identified four diagnostic groups. Group I (N=12, 15%) included ten subjects with hemoglobin S (70% from Lisbon and Setúbal), a carrier of hemoglobin C (from Lisbon) and a carrier of hemoglobin Lepore (from Santarém). Group II (N=16, 20%) was composed of heterozygous carriers of ß-thalassemia, mostly from Faro. Subjects in Group III (N=21, 26%) were mostly from Lisbon, with ferritin below 15ng/mL and were characterized by iron deficiency anemia. Group IV (N=32, 40%) included subjects with normal serum iron, ferritin and hemoglobin electrophoresis, suspected of being carriers of a-thalassemia, mostly from Lisbon. Conclusion: The evaluation of microcytosis in an asymptomatic young adult population using simple and inexpensive methods was robust enough to identify subjects with genetic abnormalities and iron deficiency. This study contributes to a better epidemiologic understanding of this population. It enables the introduction of preventive and health-promoting measures such as counselling and genetic guidance. <![CDATA[<b>Prevalência e fatores condicionantes do aleitamento materno - Estudo ALMAT</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Determinar a prevalência do Aleitamento Materno (AM) aos 6 meses e verificar se o seu abandono precoce se relaciona com a idade materna, paridade, escolaridade, situação profissional, tabagismo, alcoolismo e nível de conhecimento das mães sobre os benefícios da amamentação. Tipo de Estudo: Estudo observacional transversal analítico. Local: Unidade de Saúde Familiar (USF) Lethes e USF Mais Saúde, da Unidade Local de Saúde do Alto Minho. População: Parturientes de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2009 inscritas nas USF referidas. Métodos: Entre 1 de setembro e 15 de outubro de 2010, foi realizada uma entrevista telefónica a 163 parturientes (106 da USF Lethes e 57 da USF Mais Saúde) selecionadas de forma aleatória estratificada proporcional, a partir de uma listagem das parturientes do ano de 2009 dada pelo programa informático SINUS. A informação foi recolhida através da aplicação de um questionário elaborado pelos autores. Foram determinados resultados referentes à estatística descritiva e inferencial. Resultados: A prevalência estimada do AM aos 6 meses foi de 36% (IC 95%, 29% - 43%). Em média, o AM foi mantido durante 5 meses. A prevalência foi maior nas parturientes com maior idade. Verificou-se ainda uma maior prevalência de AM nas parturientes com baixa escolaridade e licenciadas, e menor nas parturientes que frequentaram as aulas de preparação para o parto, mas, na análise estratificada, constatou-se que a idade atuou como variável de confundimento, não se verificando associação estatisticamente significativa para estas variáveis. Conclusões: A prevalência do AM aos 6 meses foi semelhante à dos estudos existentes, mas inferior às metas estabelecidas pela OMS. A associação entre o AM e a idade está em concordância com a literatura. Consideramos que este estudo é original em Portugal na análise de alguns fatores condicionantes da prevalência do AM aos 6 meses, no âmbito dos cuidados primários.<hr/>Objective: To determine the prevalence of breastfeeding at 6 months of age and to determine if the early cessation of breastfeeding is associated with maternal age, parity, education, employment status, smoking, alcohol consumption and knowledge of the benefits of breastfeeding. Study Type: Cross-sectional study. Location: USF Mais Saúde and USF Lethes, Local Health Unit of Alto Minho. Population: Women giving birth in 2009 in these regions. Methods: Between September 1 and October 15, 2010, we conducted telephone interviews with 163 mothers (106 from USF Lethes and 57 from USF Mais Saúde) selected from a list of the women giving birth in 2009 identified in the electronic medical record. The information was gathered using a questionnaire developed by the authors. The data collected were analyzed using descriptive and inferential statistics. Results: The prevalence of breastfeeding at 6 months was 36% (29% - 43%, CI 95%). The mean duration of breastfeeding was 5 months. The prevalence of breastfeeding was higher in older women. The prevalence of breastfeeding was high in women in lowest and highest level of education. It was lower in women who attended birth preparation classes. In a multivariate analysis, age was found to be a confounding variable, so these variables (education and pre-natal classes) were found not to be associated with breastfeeding. Conclusions: The prevalence of breastfeeding at 6 months of age in this population was found to be similar to that found in other studies, but lower than the goal by set by the World Health Organization. The association between breastfeeding and age is similar to that found in the literature. We believe that this study contributes to our knowledge of the factors associated with the prevalence of breastfeeding at 6 months of age in Portugal. <![CDATA[<b>Empatia em Medicina Geral e Familiar</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt AIM: Empathy is crucial in therapeutic relationships. An empathic relationship has several positive outcomes: improvement of doctor-patient relationship, increased satisfaction and diagnostic ability, and patients’ empowerment. This study aims to assess empathy levels in a Portuguese Primary Health Care Practice (PPHCP) and to verify the relation between doctor-patient empathy and socio-demographic characteristics. DESIGN: cross-sectional study LOCATION: a Portuguese Primary Health Care Practice located in Senhora da Hora, Matosinhos. PARTICIPANTS: patients registered in the PPHCC who went to an appointment with their Family Physician (FP) during the month of June 2009. METHODS: Empathy value measured through the Consultation and Relational Empathy (CARE) questionnaire. Associations between variables were tested with nonparametric tests (Mann-Whitney, Kruskal-Wallis) and Pearson correlation. The adopted significance level was 0.05. RESULTS: A sample of 353 questionnaires was obtained. FP mean empathy value was 41.1 points on a scale of 10-50 (CI 95%, 40.1-42.2). The only significant statistical association was related to educational level (p = 0.02). Patients with lower levels of formal education provided lower scores for FP empathy. CONCLUSION: The patients of this PPHCP scored high for empathy. Lower levels of formal education were correlated with lower scores for empathy, an association not found in other studies.<hr/>OBJECTIVO: A empatia é essencial nas relações terapêuticas. Uma relação empática tem vários resultados positivos: melhoria da relação médico-doente,aumento da satisfação e da capacidade de diagnóstico, e um melhor empowerment do doente. Este estudo pretende avaliar a empatia dos Médicos de Família (MF) num Centro de Saúde(CS) português e verificar a relação entre o grau de empatia de médico para doente e as características sócio-demográficas do utente. DESENHO: estudo transversal LOCALIZAÇÃO: CS da Senhora da Hora, Matosinhos PARTICIPANTES: utentes do CS Senhora da Hora, que efectuaram um contacto presencial com o seu MF durante o mês de Junho de 2009 MÉTODOS: O valor de empatia foi medido através do questionário Consultation and Relational Empathy (CARE). As associações entre variáveis foram testadas com testes não paramétricos (Mann-Whitney, Kruskal-Wallis) e correlação de Pearson. O nível de significância adoptado foi de 0,05. RESULTADOS: Foi obtida uma amostra de 353 questionários. O valor médio de empatia global entre os MF incluídos foi de 41,1 pontos, numa escala de 1-50 (IC 95%, 40,1-42,2). A única associação estatisticamente significativa foi com a escolaridade (p=0,02). Pacientes com baixo nível de escolaridade atribuíram pontuações mais baixas de empatia no seu MF. CONCLUSÃO: Os utentes deste CS pontuaram um elevado grau de empatia aos seus MF. Pacientes com baixo nível de escolaridade atribuíram menor pontuação, uma associação que não foi encontrada noutros estudos. <![CDATA[<b>O uso de lubrificante na citologia cervico-vaginal</b>: <b>Revisão baseada na evidência</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objectivos: Avaliar se a utilização de lubrificante interfere no resultado da citologia cervico-vaginal. Fonte de dados: Sítios de medicina baseada na evidência e Índex de Revistas Médicas Portuguesas. Métodos de revisão: Foi realizada uma pesquisa de artigos usando os termos MeSH vaginal smears e lubricants, publicados entre Janeiro de 2000 e Janeiro 2011; foram usadas também algumas referências cruzadas. Foi utilizada a Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence para avaliação da qualidade dos estudos e posterior atribuição de níveis de evidência e forças de recomendação. Resultados: Dos 41 artigos identificados, foram seleccionados oito: sete ensaios clínicos aleatorizados e controlados (ECAC) e um estudo retrospectivo. Seis dos estudos (três de nível de evidência 1b e três de nível 2b) concluem que o uso de lubrificante na citologia cervico-vaginal não altera a qualidade do resultado das amostras citológicas obtidas. Os restantes dois artigos (nível 2b) apontam para uma interferência do lubrificante no resultado citológico. Conclusões: Os conhecimentos actuais relativos a este tema são escassos e os estudos apresentam protocolos heterogéneos quanto ao desenho e técnicas usadas. No entanto, os estudos cujas metodologias mais se aproximam da prática clínica apontam para que o uso de uma pequena quantidade de lubrificante aquoso não interfira com o resultado da citologia cervico-vaginal (Força de Recomendação A), pelo que poderá ser um procedimento a ter em conta nas situações avaliadas pelo clínico como sendo de interesse para a mulher.<hr/>Objectives: To review recent evidence on the effect of lubricant on the cytological result obtained from cervical smears. Data sources: Evidence-based medicine websites and Índex de Revistas Médicas Portuguesas. Methods: A search for articles using the MeSH terms vaginal smears and lubricants published between January 2000 and January 2011 was conducted. Citations were also searched. The Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence was used to assess the quality of studies, the levels of evidence and the strength of recommendations. Results: Of the 41 articles identified, eight were selected for this review. These included seven randomized controlled trials (RCT) and one retrospective study. Six of them (three with evidence level 1b and three with level 2b) conclude that lubricant does not affect the quality of the cytological samples obtained. The remaining two articles (level 2b) found interference with the cytological result by lubricant. Discussion: The use of lubricant in obtaining cervical smears is controversial and is usually not advised. Current knowledge in this area is limited. Clinical trials are heterogeneous with regard to design and techniques used. Trials with protocols that most resemble current clinical practice demonstrate no interference by lubricant with the quality of cytological samples. There is evidence that a small amount of water-based lubricant does not compromise the quality of cervical cytology results (Strength of recommendation A). <![CDATA[<b>Intervenção precoce no enfarte da relação</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: O doente coronário tem procurado o seu médico de família (MF) em busca de aconselhamento relativo à actividade sexual (AS). Porém, até hoje, a abordagem desta tem permanecido algo deficitária. Descrição do caso: Rui, 56 anos, antecedentes de angina estável classe I. Em Março/2010, na primeira consulta com actual MF, nega queixas, porém a esposa documenta irritabilidade desde 2009, data do diagnóstico da doença coronária. Em Setembro/2010, a esposa refere um agravamento da irritabilidade de Rui, com isolamento social progressivo e prejuízo na relação conjugal. Em Outubro/2010, Rui confirma que esta alteração comportamental coincidiu com o diagnóstico da cardiopatia isquémica. Faz-se um aconselhamento para a prática de exercício, actividade intraconjugal de lazer e sexual e retoma do convívio social. Uma semana depois, volta por dúvidas relativamente às actividades a praticar, questionando «mesmo a actividade sexual?!». Diz que o seu médico anterior o teria informado que possuía um risco aumentado de enfarte agudo do miocárdio (EAM) associado à AS e recomendado «ter cuidado!». Uma intervenção precoce é iniciada, explicando o baixo risco absoluto de EAM associado ao acto sexual e reiterando a segurança da AS num doente com angina estável classe I. O casal volta posteriormente, permitindo o reforço da confiança na sua AS. Comentário: O impacto da cardiopatia isquémica na AS é compreendido pela diminuição da auto-estima e pelos efeitos laterais da farmacoterapia. O aconselhamento constitui importante parte da terapêutica não-farmacológica. Se desadequado, pode ser iatrogénico. Constituindo a sexualidade uma artéria de suprimento afectivo num casal, um aconselhamento inseguro foi o trigger de um processo bloqueador deste suprimento e, assim, de um enfarte da relação conjugal. Uma trombólise foi realizada para eliminar o trombo de receios. A revascularização foi conseguida posteriormente, intervindo-se no casal com a doença afectiva coronária.<hr/>Introduction: Patients with coronary artery disease may seek advice from their general practitioner (GP) regarding sexual activity. However, this advice might sometimes be deficient. Case Description: A 56 years-old man presented with a history of class I stable angina. In March, 2010, in his first consultation with his current GP, he had no complaints. His wife stated that he had been irritable since 2009, the date of the diagnosis of coronary artery disease. In September, 2010, his wife complained of his worsening of irritability with progressive social isolation and deterioration in the marital relationship. In October, 2010, he confirmed that this behavioral change coincided with the diagnosis of ischemic heart disease. He was counselled at this time regarding exercise, leisure, sexual activities and the resumption of his social life. A week later, he returned to the clinic with questions about permitted activity including sexual relations. He said that he has been told by a doctor in the past that he was at increased risk of acute myocardial infarction associated with sexual activity and had been told to “be careful”. He then received an additional explanation of the low absolute risk of infarction associated with sex and reassurance regarding the safety of sexual activity in the class I angina patient. The couple returned to the clinic at subsequent visits reporting increased confidence in their sexual activity. Comment: The impact of ischemic heart disease on sexual activity is believed to be due to both diminished self-esteem and the side effects of pharmacotherapy. Counseling is an important part of non-pharmacological therapy. Inadequate counselling can be harmful. Sexuality is compared to an artery serving as an emotional conduit for a couple. Ineffective counseling may be a trigger blocking this pathway causing infarction of the marital relationship. Counselling is like thrombolysis performed to eliminate the thrombus of fears. Revascularization of the relationship was achieved subsequently. <![CDATA[<b>Abordagem da vida sexual feminina nos Cuidados de Saúde Primários</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objectivo: Identificar obstáculos à abordagem da vida sexual nas consultas de Planeamento Familiar/Saúde da Mulher da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Castelo, na perspectiva das utentes, a fim de desenvolver estratégias facilitadoras dessa mesma abordagem. Tipo de Estudo: Estudo transversal, descritivo e observacional Local: USF do Castelo - Agrupamento de Centros de Saúde Seixal e Sesimbra População: Mulheres com 18 ou mais anos frequentadoras das consultas de Planeamento familiar/Saúde da Mulher da USF do Castelo Métodos: Aplicação de questionário auto-preenchido, anónimo e confidencial em consultas de planeamento familiar entre 15 de Março e 15 de Maio de 2010. Base de dados e tratamento estatístico realizados no Microsoft® Office Excel 2007. Resultados: Foram analisados 161 questionários em que 5% das mulheres referiram ter problemas a nível sexual. Do total das analisadas, 76% consideram importante abordar a sexualidade na consulta médica, sendo que 19,3% afirmam fazê-lo frequentemente. Relativamente às razões apontadas como barreiras à abordagem deste tema, destacam-se a vergonha por parte das utentes (42,5%), o receio de que o médico não considere o tema importante (12,6%) e a falta de tempo na consulta (10,3%). Conclusões: Ao conhecermos as principais barreiras apontadas pelas utentes da USF do Castelo à inserção do tema vida sexual na consulta, concluímos que é necessário que o médico mostre que existe à-vontade, disponibilidade e necessidade de o fazer.<hr/>Objective: To identify women’s attitudes to attention to sexuality in women’s health consultations in the Castelo Family Health Unit (USF do Castelo), in order to develop strategies to promote attention to this issue. Study type: Cross-sectional study. Setting: USF do Castelo - ACES Seixal e Sesimbra Population: Women over 18 years of age, attending woman’s health consultations in USF do Castelo Methods: Anonymous questionnaires were distributed to women attending woman’s health consultations between March 15th and May 15th, 2010. Data entry and analysis were performed using Microsoft® Office Excel 2007. Results: Completed questionnaires were received from 161 women. In 5%, women referred to sexual problems. In the sample, 76% consider it important to address sexuality in the medical consultation, but only 19.2% discuss this frequently. Barriers identified include embarrassment (42.3%), fear that the doctor finds the theme unimportant (12.4%) and lack of time in the consultation (10.3%). Conclusions: Given the barriers identified by patients of USF do Castelo to the discussion of sexuality in the consultation, we suggest that doctors should demonstrate confidence and willingness to discuss sexuality with their patients. <![CDATA[<b>Relato de um caso de Síndrome de Ramsay Hunt</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A otalgia é um sintoma comum em Medicina Geral e Familiar. Este caso serve para alertar para uma etiologia rara de otite. O síndrome de Ramsay Hunt é uma complicação rara da infecção pelo vírus herpes zóster. O quadro clínico é caracterizado por paralisia facial periférica, lesões vesiculares no ouvido externo ou orofaringe. Relata-se o caso de uma mulher que se apresentou na consulta com história de otalgia tipo queimadura, paralisia facial periférica homolateral e lesões vesiculares no pavilhão auricular direito. Foi-lhe atribuído o diagnóstico de síndrome de Ramsay Hunt. Este é a segunda causa de paralisia facial atraumática. O diagnóstico é clínico: dor e lesões vesiculares no dermátomo, por vezes, associada a epífora, obstrução nasal, sialorreia e paralisia facial periférica. As complicações incluem: encefalite, mielite, paralisia de nervos cranianos e de nervos periféricos. O maior estudo retrospectivo disponível mostrou benefício no tratamento precoce com aciclovir e prednisolona. O prognóstico é favorável, 75% dos doentes recuperam completamente em sete dias.<hr/>Although earache is a common symptom in General practice, this case report aims to alert the reader to a rare cause of earache. The Ramsay Hunt syndrome is a rare complication of herpes zoster infection. Its clinical features are peripheral facial paralysis and vesicular lesions of the ear or mouth. We report the case of a woman who came to a consultation with her family doctor with a three day history of a burning sensation in her right ear. The following day she had a right-sided facial paralysis and vesicular lesions in the right ear. The diagnosis of Ramsay Hunt syndrome was made. Ramsay Hunt syndrome is the second most common cause of non-traumatic peripheral facial paralysis. The diagnosis is clinical and is made in the presence of pain, vesicular lesions, lacrimation, nasal congestion, salivation and peripheral facial paralysis. The main complications are encephalitis, myelitis and cranial and peripheral nerve palsies. The largest retrospective study published to date showed benefit from early treatment with acyclovir and prednisolone. The prognosis is good and 75% of all patients have a full recovery in one week. <![CDATA[<b>Disfonia crónica numa criança</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Os sintomas associados ao refluxo gastroesofágico (RGE) nas crianças variam com a idade, atingindo uma prevalência de 1,8% a 8,2%. Os principais sintomas em crianças mais velhas e adolescentes são azia e regurgitação. Uma complicação possível é a disfonia crónica devido à laringite por refluxo (refluxo laringo-faríngeo - RLF). O objectivo deste caso é alertar para o RLF/RGE como uma causa de disfonia crónica em idade pediátrica. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma menina de seis anos que recorreu ao seu médico de família (MF) para uma consulta de rotina. O MF detectou disfonia cuja cronicidade foi confirmada pela mãe. A menina foi referenciada à Otorrinolaringologia (ORL), onde efectuou uma nasofaringolaringoscopia. Detectaram hipertrofia das adenoides, edema da corda vocal direita e sulcus glottidis, tendo diagnosticado RLF. Prescreveram esomeprazol e terapia da voz, tendo a disfonia remitido após nove meses. Comentário: O RLF condicionou lesão das cordas vocais, originando disfonia. O tratamento adequado resolveu os sintomas. A disfonia é pouco reconhecida pelos doentes, pelos seus pais e mesmo pelos médicos. No entanto, pode ser o único sintoma de RLF/RGE. Não detectar a disfonia atrasa o diagnóstico e o tratamento, aumentando as complicações e piorando o prognóstico.<hr/>Introduction: Symptoms associated with gastroesophageal reflux (GER) in children vary according to age. The prevalence ranges from 1,8% to 8,2%. The cardinal symptoms among older children and adolescents are heartburn and regurgitation. One possible complication is chronic hoarseness due to reflux laryngitis (laryngopharyngeal reflux - LPR). The goal of this case report is to alert physicians to the possibility of LPR/GER as a cause of chronic hoarseness in children. Case Report: We report the case of a six year old girl who consulted her general practitioner (GP) for a routine visit. The GP noticed hoarseness that her mother confirmed to be chronic. The girl was referred to an otorhinolaryngologist (ORL) who performed a nasopharyngolaryngoscopy. He found adenoid hypertrophy, right vocal fold edema and sulcus glottidis, and diagnosed LPR. The ORL prescribed esomeprazole and speech therapy. Nine months later the hoarseness was resolved. Comment: LPR caused trauma to the vocal folds resulting in hoarseness. Appropriate treatment resolved the symptoms. Hoarseness is insufficiently recognized by young patients, their parents and even by physicians. It may be the only symptom of LPR/GER. Failure to recognize it may delay diagnosis and treatment, increase complications and worsen prognosis. <![CDATA[<b>Incidence and outcome of first syncope in primary care</b>: <b>a retrospective cohort study</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Os sintomas associados ao refluxo gastroesofágico (RGE) nas crianças variam com a idade, atingindo uma prevalência de 1,8% a 8,2%. Os principais sintomas em crianças mais velhas e adolescentes são azia e regurgitação. Uma complicação possível é a disfonia crónica devido à laringite por refluxo (refluxo laringo-faríngeo - RLF). O objectivo deste caso é alertar para o RLF/RGE como uma causa de disfonia crónica em idade pediátrica. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma menina de seis anos que recorreu ao seu médico de família (MF) para uma consulta de rotina. O MF detectou disfonia cuja cronicidade foi confirmada pela mãe. A menina foi referenciada à Otorrinolaringologia (ORL), onde efectuou uma nasofaringolaringoscopia. Detectaram hipertrofia das adenoides, edema da corda vocal direita e sulcus glottidis, tendo diagnosticado RLF. Prescreveram esomeprazol e terapia da voz, tendo a disfonia remitido após nove meses. Comentário: O RLF condicionou lesão das cordas vocais, originando disfonia. O tratamento adequado resolveu os sintomas. A disfonia é pouco reconhecida pelos doentes, pelos seus pais e mesmo pelos médicos. No entanto, pode ser o único sintoma de RLF/RGE. Não detectar a disfonia atrasa o diagnóstico e o tratamento, aumentando as complicações e piorando o prognóstico.<hr/>Introduction: Symptoms associated with gastroesophageal reflux (GER) in children vary according to age. The prevalence ranges from 1,8% to 8,2%. The cardinal symptoms among older children and adolescents are heartburn and regurgitation. One possible complication is chronic hoarseness due to reflux laryngitis (laryngopharyngeal reflux - LPR). The goal of this case report is to alert physicians to the possibility of LPR/GER as a cause of chronic hoarseness in children. Case Report: We report the case of a six year old girl who consulted her general practitioner (GP) for a routine visit. The GP noticed hoarseness that her mother confirmed to be chronic. The girl was referred to an otorhinolaryngologist (ORL) who performed a nasopharyngolaryngoscopy. He found adenoid hypertrophy, right vocal fold edema and sulcus glottidis, and diagnosed LPR. The ORL prescribed esomeprazole and speech therapy. Nine months later the hoarseness was resolved. Comment: LPR caused trauma to the vocal folds resulting in hoarseness. Appropriate treatment resolved the symptoms. Hoarseness is insufficiently recognized by young patients, their parents and even by physicians. It may be the only symptom of LPR/GER. Failure to recognize it may delay diagnosis and treatment, increase complications and worsen prognosis. <![CDATA[<b>Anti-hipertensor no doente diabético, qual o melhor período do dia para a sua toma?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Os sintomas associados ao refluxo gastroesofágico (RGE) nas crianças variam com a idade, atingindo uma prevalência de 1,8% a 8,2%. Os principais sintomas em crianças mais velhas e adolescentes são azia e regurgitação. Uma complicação possível é a disfonia crónica devido à laringite por refluxo (refluxo laringo-faríngeo - RLF). O objectivo deste caso é alertar para o RLF/RGE como uma causa de disfonia crónica em idade pediátrica. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma menina de seis anos que recorreu ao seu médico de família (MF) para uma consulta de rotina. O MF detectou disfonia cuja cronicidade foi confirmada pela mãe. A menina foi referenciada à Otorrinolaringologia (ORL), onde efectuou uma nasofaringolaringoscopia. Detectaram hipertrofia das adenoides, edema da corda vocal direita e sulcus glottidis, tendo diagnosticado RLF. Prescreveram esomeprazol e terapia da voz, tendo a disfonia remitido após nove meses. Comentário: O RLF condicionou lesão das cordas vocais, originando disfonia. O tratamento adequado resolveu os sintomas. A disfonia é pouco reconhecida pelos doentes, pelos seus pais e mesmo pelos médicos. No entanto, pode ser o único sintoma de RLF/RGE. Não detectar a disfonia atrasa o diagnóstico e o tratamento, aumentando as complicações e piorando o prognóstico.<hr/>Introduction: Symptoms associated with gastroesophageal reflux (GER) in children vary according to age. The prevalence ranges from 1,8% to 8,2%. The cardinal symptoms among older children and adolescents are heartburn and regurgitation. One possible complication is chronic hoarseness due to reflux laryngitis (laryngopharyngeal reflux - LPR). The goal of this case report is to alert physicians to the possibility of LPR/GER as a cause of chronic hoarseness in children. Case Report: We report the case of a six year old girl who consulted her general practitioner (GP) for a routine visit. The GP noticed hoarseness that her mother confirmed to be chronic. The girl was referred to an otorhinolaryngologist (ORL) who performed a nasopharyngolaryngoscopy. He found adenoid hypertrophy, right vocal fold edema and sulcus glottidis, and diagnosed LPR. The ORL prescribed esomeprazole and speech therapy. Nine months later the hoarseness was resolved. Comment: LPR caused trauma to the vocal folds resulting in hoarseness. Appropriate treatment resolved the symptoms. Hoarseness is insufficiently recognized by young patients, their parents and even by physicians. It may be the only symptom of LPR/GER. Failure to recognize it may delay diagnosis and treatment, increase complications and worsen prognosis. <![CDATA[<b>Novas recomendações na prevenção da morte súbita do lactente</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000600015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Os sintomas associados ao refluxo gastroesofágico (RGE) nas crianças variam com a idade, atingindo uma prevalência de 1,8% a 8,2%. Os principais sintomas em crianças mais velhas e adolescentes são azia e regurgitação. Uma complicação possível é a disfonia crónica devido à laringite por refluxo (refluxo laringo-faríngeo - RLF). O objectivo deste caso é alertar para o RLF/RGE como uma causa de disfonia crónica em idade pediátrica. Descrição do caso: Relata-se o caso de uma menina de seis anos que recorreu ao seu médico de família (MF) para uma consulta de rotina. O MF detectou disfonia cuja cronicidade foi confirmada pela mãe. A menina foi referenciada à Otorrinolaringologia (ORL), onde efectuou uma nasofaringolaringoscopia. Detectaram hipertrofia das adenoides, edema da corda vocal direita e sulcus glottidis, tendo diagnosticado RLF. Prescreveram esomeprazol e terapia da voz, tendo a disfonia remitido após nove meses. Comentário: O RLF condicionou lesão das cordas vocais, originando disfonia. O tratamento adequado resolveu os sintomas. A disfonia é pouco reconhecida pelos doentes, pelos seus pais e mesmo pelos médicos. No entanto, pode ser o único sintoma de RLF/RGE. Não detectar a disfonia atrasa o diagnóstico e o tratamento, aumentando as complicações e piorando o prognóstico.<hr/>Introduction: Symptoms associated with gastroesophageal reflux (GER) in children vary according to age. The prevalence ranges from 1,8% to 8,2%. The cardinal symptoms among older children and adolescents are heartburn and regurgitation. One possible complication is chronic hoarseness due to reflux laryngitis (laryngopharyngeal reflux - LPR). The goal of this case report is to alert physicians to the possibility of LPR/GER as a cause of chronic hoarseness in children. Case Report: We report the case of a six year old girl who consulted her general practitioner (GP) for a routine visit. The GP noticed hoarseness that her mother confirmed to be chronic. The girl was referred to an otorhinolaryngologist (ORL) who performed a nasopharyngolaryngoscopy. He found adenoid hypertrophy, right vocal fold edema and sulcus glottidis, and diagnosed LPR. The ORL prescribed esomeprazole and speech therapy. Nine months later the hoarseness was resolved. Comment: LPR caused trauma to the vocal folds resulting in hoarseness. Appropriate treatment resolved the symptoms. Hoarseness is insufficiently recognized by young patients, their parents and even by physicians. It may be the only symptom of LPR/GER. Failure to recognize it may delay diagnosis and treatment, increase complications and worsen prognosis.